ANÁLISE DOS DADOS

De acordo com Minayo (1994), ao contrário da abordagem quantitativa, que não considera os significados como dados de pesquisa, a abordagem qualitativa os elege como foco dos dados. Segundo a autora, os investigadores que fazem uso dessa abordagem estão interessados principalmente no modo com que as pessoas dão sentido às coisas, como elas percebem os fenômenos.

Para Bourdieu (1999), uma transcrição de entrevista não é só aquele ato mecânico de passar para o papel o discurso gravado do informante. De alguma

maneira o pesquisador tem que apresentar os silêncios, os gestos, os risos, a

entonação de voz do informante durante a entrevista. Esses “sentimentos” que não

passam pela fita do gravador são muito importantes na hora da análise. O pesquisador tem o dever de ter fidelidade quando transcrever tudo o que o pesquisado falou e sentiu durante a entrevista.

O autor também considera como dever do pesquisador a legibilidade, ou seja, o alívio do texto de certas frases confusas de redundâncias verbais ou tiques de linguagem. Bourdieu considera ainda como dever do pesquisador o cuidado de nunca trocar uma palavra por outra, nem mesmo mudar a ordem das perguntas. Portanto considera-se ideal que o próprio pesquisador faça a transcrição da entrevista. Neste estudo a pesquisadora adotou como procedimento ela própria realizar todas as transcrições.

É a fase em que mais se percebe o estilo do pesquisador, seu conhecimento teórico, sua criatividade para analisar cada dado e seu bom senso (GOLDENBERG, 2004). Essa fase consiste em: estabelecer uma compreensão dos dados coletados; confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder as questões formuladas; e ampliar o conhecimento sobre o assunto pesquisado, articulando-o ao contexto cultural do qual faz parte (MINAYO, 1994).

Na etapa de análise dos resultados deve-se dar o confronto entre as categorias estabelecidas e a presença ou ausência dos elementos identificados no referencial teórico estudado.

Nessa pesquisa, para a análise dos dados foram utilizados os relatos obtidos através das 24 entrevistas, realizadas no período de abril a setembro de 2009, as quais foram gravadas e transcritas pela pesquisadora, integralmente.

Depois de transcritas todas as entrevistas, os dados foram organizados, foram realizadas leituras exaustivas do material colhido e procedeu-se à análise do material, através da análise do discurso.

Utilizando as respostas dadas pelos diversos agentes sociais para cada tema abordado, foram identificadas as principais idéias transmitidas pelos entrevistados, em resposta a cada tema explorado no roteiro de entrevistas aplicado

pelo pesquisador. São as chamadas idéias centrais, que segundo Lefevre e Lefevre (2003) trata-se da descrição do sentido de um discurso, a mais sucinta e objetiva possível. Para a realização dessa etapa foi de fundamental importância retomar a definição do problema de pesquisa e dos objetivos a serem alcançados.

Em seguida foram identificadas as categorias empíricas presentes em cada elemento de apoio ou barreira à utilização do TSB, citados nas entrevistas. Por fim, com base no aporte teórico que fundamentou a pesquisa, foram identificadas as categorias analíticas correspondentes a uma ou mais categorias empíricas.

Segundo Caregnato e Mutti (2006), o processo de análise do discurso (AD) pretende interrogar os sentidos estabelecidos em diversas formas de produção, verbais e não verbais, bastando que sua materialidade produza sentidos para interpretação.

Os autores afirmam que a AD trabalha com o sentido e não com o conteúdo do texto, um sentido que não é traduzido, mas produzido, sendo o seu corpus constituído pela seguinte formulação: ideologia +história + linguagem. A ideologia é entendida como o posicionamento do sujeito quando se filia a um discurso; a história representa o contexto sócio histórico e a linguagem é a

materialidade do texto gerando “pistas” do sentido que o sujeito pretende dar.

Partindo do princípio de que a AD trabalha com o sentido, sendo o discurso heterogêneo marcado pela história e ideologia, a AD não irá descobrir nada novo, apenas fará uma nova interpretação ou uma re-leitura; outro aspecto a ressaltar é que a AD mostra como o discurso funciona, não tendo a pretensão de dizer o que é certo.

Após ter delimitado o eixo temático o analista irá trabalhar com este, o

que supõe o estabelecimento de “recortes discursivos”, resultante da teoria e

construído pelo analista, onde se representam linguagem e situação.

Para fins de apresentação dos resultados, a participação do TSB será dividida em atividades de prestação direta de ações clínicas e atividades de saúde pública no sentido estrito.

O emprego do TSB nas ações clínicas refere-se às seguintes atividades: remoção do biofilme, de acordo com a indicação técnica definida pelo cirurgião dentista; realização de fotografias e tomadas de uso odontológico exclusivamente em consultórios ou clínicas odontológicas; inserção e distribuição no preparo cavitário de materiais odontológicos na restauração dentária direta, sendo vedado o uso de materiais e instrumentos não indicados pelo cirurgião dentista; ensino de técnicas de higiene bucal e prevenção das doenças bucais por meio da aplicação tópica do flúor, conforme orientação do cirurgião-dentista; limpeza e antissepsia do campo operatório, antes e após os atos cirúrgicos, inclusive em ambientes hospitalares; remoção de suturas; isolamento do campo operatório; instrumentalização do cirurgião-dentista em ambientes clínicos e hospitalares.

Na Saúde Pública, a utilização do TSB ocorre por meio da participação no treinamento e capacitação de Auxiliar em Saúde Bucal e de agentes multiplicadores das ações de promoção à saúde; participação em ações educativas, atuando na promoção da saúde e na prevenção das doenças bucais; participação na realização de levantamentos e estudos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador; ensino de técnicas de higiene bucal e realização de prevenção das doenças bucais por meio da aplicação tópica do flúor, conforme orientação do cirurgião-dentista.