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CURITIBA LÊ

3.2 Análise dos dados quantitativos do PCL

Importa informar que, de 2010 a 2013, a FCC coletava somente, ano a ano, para publicar em seu banco de dados, o número de participantes (sem discriminar idade, sexo, grau de instrução), o número de bairros atendidos e o número de instituições contempladas com ações do PCL

3.2.1 Bairros atendidos pelo PCL: 56,4

A média de bairros atendidos ao ano pelo PCL perfaz 56,4 bairros. O município de Curitiba conta hoje com 75 (setenta e cinco) bairros, segundo informação disponibilizada pelo sítio do IPPUC (Instituto de Pesquisa e

Planejamento Urbano de Curitiba)10. Vale ressaltar que, somente no ano de

2014, o PCL atendeu a 71 (setenta e um) bairros, como se depreende da Tabela 3, acima, ou seja, com o passar dos anos aumentou o número de bairros contemplados pelas ações de leitura. A média extraída é de 75,2% (setenta e cinco, vírgula dois por cento) dos bairros de Curitiba atendidos, por ano, pelo PCL. Contudo, observa-se um aumento do número de bairros atendidos a cada ano.

3.2.2 Habitantes (cidadãos) atingidos/participantes – percentual de habitantes atingidos pelo PCL em cinco anos (31,61%)

Em pesquisa realizada pelo IBGE, em 2010 Curitiba tinha 1.751.907 (um milhão, setecentos e cinquenta e um mil, novecentos e sete) habitantes, sendo que se estima que a cidade tenha hoje, segundo dado fornecido pelo IBGE na mesma página do referido sítio, 1.879.355 habitantes (um milhão, oitocentos e setenta e nove mil e trezentos e cinquenta e cinco). Diante dessas informações, pode-se afirmar que um número equivalente a 31,61% dos habitantes de cidade foram, ativa ou passivamente, atingidos pelas ações de incentivo à leitura; número esse alcançado pela divisão do número estimado de habitantes do município de Curitiba pelo número de habitantes da cidade que foram atingidos pelo PCL. Essa porcentagem confirma o poder de ramificação e democratização do PCL.

10 Cf. em:

http://www.ippuc.org.br/visualizarfoto.php?doc=http://admsite.ippuc.org.br/arquivos/f otos/F131/F131_001_BR.jpg

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3.2.3 Investimento – custo benefício

3.2.3.1 Investimento por pessoa: R$ 7,17 a.a.

No que diz respeito ao investimento dispendido pelos editais da PMC por meio da FCC para a realização das ações nos cinco anos avaliados pela presente pesquisa, o valor médio foi de R$ 7,37 a.a. (sete reais e dezessete centavos) gasto por cidadão envolvido no PCL por ano; quando se divide o total do valor investido no período estudado pelo número de pessoas atingidas ao todo.

Em 2012 a FCC não lançou nenhum edital, porém no decorrer desse ano ações oriundas dos editais lançados em 2011 cobriram os 12 meses de 2012, sem prejuízo do atendimento ao público referente às ações de leitura do PCL.

Em 2013, a FCC lançou seis editais, o que proporcionou no decorrer do ano de 2014 a concretização de muitas ações e grande número de atendimentos, tanto no que tange ao número de bairros atendidos (setenta e um dos setenta e cinco bairros da cidade foram contemplados com ações, ou seja, quase 100% dos bairros da cidade) quanto no número de participantes, que perfez o total de 115.546 (cento e quinze mil, quinhentos e quarenta e seis) pessoas.

Lembra-se que a média de participantes do PCL ao ano é de 118.806 (cento e dezoito mil, oitocentos e seis) habitantes, quando somados os participantes dos anos ora analisados de PCL e divididos por cinco.

3.2.3.2 Média de investimento anual no programa

O custo benefício do PCL fica estampado se for levado em conta que, ao longo de cinco anos de duração (2010 a 2014), o valor total dispendido pelo Município para o programa foi de R$ 4.259.500,00, como se depreende da Tabela 3. Esse valor dividido pelo período ora analisado perfaz uma média de R$ 851.900,00 (oitocentos e cinquenta e um mil e novecentos reais) investidos no PCL ao ano11.

Assim, para este estudo foi efetuada uma média do PIB de Curitiba referente aos anos de 2010, 2011 e 2012, que perfez o total de 56.899.204 mil reais (cinquenta e seis bilhões, oitocentos e noventa e nove milhões e duzentos e quatro mil reais).

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3.2.3.3 Investimento da PMC a.a. por cidadão participante: A média de investimento da PMC por ano no PCL ficou em 851.900,00 (oitocentos e cinquenta e um mil e novecentos reais). Esse número coincide exatamente com o valor gasto anualmente por cidadão atingido pelo PCL, qual seja, R$ 7,17 a.a. (sete reais e dezessete centavos ao ano).

Em 2014, o investimento financeiro destinado ao PCL foi reduzido na ordem de mais de 50% (cinquenta por cento) do valor destinado em 2013 para o mesmo programa. O número de meses para atendimento das ações caiu de cinquenta e sete para vinte meses, ou seja, quase 1/3 do tempo de ações coberto pelo edital anterior.

O apego dos participantes ativos e passivos às atividades do PCL permitiu que até o ano de 2014 os dados colhidos fossem satisfatórios; todavia, a drástica redução dos investimentos da PMC a projetos da FCC pode ocasionar considerável queda no número de ações de leitura desenvolvidas pelo PCL, para não dizer sua completa extinção, que seria uma possibilidade quando findarem as atividades de leitura propostas pelos editais de 2014. Agora, entretanto, com o advento da V Conferência Municipal de Cultura ter adotado o PCL como programa permanente da área de Literatura da FCC, acredita-se que o PCL deva prosseguir sua trajetória no município de Curitiba de forma contínua e permanente.

Vale dizer que como participantes ativos, para efeitos desta análise, compreende-se o rol de cidadãos que levam as ações de leitura ao público: enquanto participante passivo, o público beneficiado, que recebe e participa igualmente das ações.

No ano de 2015, a Fundação Cultural de Curitiba lançou um edital do tipo “Categoria Livre”, ou seja, esse edital, no valor total de R$ 2 milhões (dois milhões de reais), que servirá para financiar projetos de todas as áreas, quais sejam: de música; artes cênicas – compreendendo teatro, dança, circo e ópera; audiovisual – cinema, vídeo, internet, televisão e rádio; literatura; artes visuais – fotografia, artes plásticas, design e artes gráficas e tecnológicas; patrimônio histórico, artístico e cultural; folclore, artesanato, cultura popular e demais manifestações culturais tradicionais. Os valores, dentro da verba prevista para o ano, foram destinados na proporção das ofertas e aceites de projetos de cada área. Ou seja, para o ano

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de 2016, o valor de dois milhões de reais é o total investido pela PMC, até o presente momento, por meio de edital, para atender toda a demanda de ações culturais na cidade durante esse ano.

Tal constatação nos remete, novamente, à necessidade de que sejam instituídas Políticas Públicas de Cultura em todos os âmbitos – Municipal, Estadual e Federal – para que programas úteis, urgentes e democráticos como o PCL simplesmente não sejam extintos repentinamente e, ainda, possuam verba própria já destinada às suas ações anualmente definidas.

A recente inclusão do PCL nas ações permanentes da área de Literatura da FCC impedirá que algum administrador público resolva deixar de investir nesse programa, que serve e favorece mais de 30% (trinta por cento) da população da cidade. A inclusão do PCL no PMC também possibilitará que ele venha a receber incentivos por parte das outras instâncias governamentais, por estar em consonância com o PELLL e PNLLL, em atendimento aos preceitos do PNC.

Os números demonstram grande envolvimento da população com o PCL, o que revela interesse do povo na área da leitura e literatura, contudo sem que o Poder Público ampare projetos de cultura e estabeleça parcerias com a sociedade para executá-los, eles simplesmente não têm condições de prosseguir em andamento e seguem fadados à extinção.

O administrador público tem prazo de atuação junto à comunidade definido por lei, as políticas públicas não os têm; estas, ao contrário, quando evidentemente benéficas a uma comunidade, devem ter caráter de permanência e continuidade, para que seus benefícios possam, passo a passo, atingir 100% da população.

A pesquisa ora apresentada discorre sobre o direito humano à leitura, considerado fundamental para o pleno desenvolvimento do ser humano e de suas habilidades em uma sociedade globalizada, em que o grau de informação e de técnica definem as chances que uma pessoa tem de sobreviver com dignidade, igualdade e liberdade no mundo de hoje. O programa de leitura analisado tem sido eficaz, tanto pelo seu reconhecimento junto ao público quanto pela sua abrangência, num país onde os níveis de alfabetização e de leitura causam tantos danos e prejuízos aos seus cidadãos. Somente viveremos numa sociedade igualitária, justa e

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livre quando todos os cidadãos e povos, indistintamente, tiverem acesso aos bens e aos direitos culturais.

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