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Análise dos perfis fenotípico, suscetibilidade aos antimicrobianos e genotípico

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.5 Análise dos perfis fenotípico, suscetibilidade aos antimicrobianos e genotípico

dos isolados de Escherichia coli

Os isolados de E. coli foram testados frente a oito antimicrobianos, resultando em 40 perfis de suscetibilidade ou antibiotipos (Tabela 8). Foram selecionados os isolados por paciente e por material que apresentaram semelhança dos perfis fenotípicos para as análises de suscetibilidade aos antimicrobianos e genotípica pelo método de eletroforese de campo pulsado (PFGE).

Tabela 8: Perfis de suscetibilidade a oito antimicrobianos dos isolados de E. coli

Antibiotipo Perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos

NA AMP SAM KF CN F NOR STX

1 S S S S S S S S 2 S S S S S S S R 3 S R S S S S S S 4 S R S S S S S R 5 S R S S S S R S 6 S R S S S R S S 7 S R S R S S S S 8 S R S R S S S R 9 S R S R S R S S 10 S R S R R S S S 11 S R R R S R S S 12 S R R R S R S R 13 S R R R S S R R 14 S R R R S S S R 15 S R R R R S S R 16 S S S R S S S S 17 S S S R S S S R 18 S S S R R S S S 19 S S S R S R S S 20 S S S R R S S R

S: sensível; R: resistente; NA: ác.nalidíxico; AMP: ampicilina; SAM: ampicilina- sulbactam; KF: cefalotina; CN: gentamicina; F: nitrofurantoína; NOR: norfloxacina; STX: sulfametoxazol-trimetoprim

Tabela 8 (cont.): Perfis de suscetibilidade a oito antimicrobianos dos isolados de E. coli

Antibiotipo Perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos

NA AMP SAM KF CN F NOR STX

21 S S S R S S R R 22 S S S R R R S S 23 S S S S R S S S 24 S S S S R R S R 25 S S S S R S S R 26 S S S S S R S S 27 S S S S S S S R 28 R S S S S S S R 29 R R S R S S S S 30 R R S R S S S S 31 R R S S S R S S 32 R R S R R S S R 33 R R S R S S R S 34 R R R R S S S S 35 R R R R S S R S 36 R R R R S S R R 37 R R R R S R R S 38 R R R R R S R S 39 R R R R R S R R 40 R R R R R R R R

S: sensível; R: resistente; NA: ác.nalidíxico; AMP: ampicilina; SAM: anpicilina- sulbactam; KF: cefalotina; CN: gentamicina; F: nitrofurantoína; NOR: norfloxacina; STX: sulfametoxazol-trimetoprim

4.5.1 Grupo colonização

Na Tabela 9, observa-se os resultados obtidos dos isolados de E. coli de origem uretral/periuretral e intestinal de 15 mulheres do Grupo de colonização, sem histórico recente de ITU ou uso recente de antimicrobianos, quanto aos perfis fenotípico, de suscetibilidade aos antimicrobianos e o suas respectivas genotipagens.

A análise dos resultados mostrou que através do PFGE foi possível determinar um porcentual de 40,0% (6/15) na identidade clonal do isolados de E. coli provenientes dos dois sítios anatômicos (casos C-1, C-3, C-4, C-6, C-13 e C-14).

Foi verificado também que para estes seis casos, a análise do perfil fenotípico (fatores de virulência) em associação com o perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos mostrou ser adequada, no presente trabalho, para reconhecer cepas de um mesmo clone.

Tabela 9: Distribuição dos isolados de Escherichia coli do Grupo colonização de acordo com o perfil fenotípico, suscetibilidade aos antimicrobianos e PFGE

Grupo colonização

Perfil fenotípico 1 / Perfil de

suscetibilidade 2 Perfil genotípico (PFGE) 3

Uretral e periuretral Intestinal Clonal ( = ) Não clonal ( ≠ ) * C-1 E / 1 E / 1 E = E C-2 F / 1 O / 1 F ≠ O * C-3 T / 1 T / 1 T = T * C-4 F / 1 F / 1 F = F C-5 E / 1 F / 4 E ≠ F * C-6 F / 16 F / 16 F = F C-7 F / 1 F / 16 F ≠ F C-8 Q / 1 D / 1; S / 1 D = S Q ≠ D; Q ≠ S C-9 F / 4 F / 1 F ≠ F C-10 D / 4; H / 1 O / 1 D ≠ O ≠ H C-11 D / 26 D / 9 D ≠ D C-12 J / 1 J / 16 J ≠ J * C-13 D / 4 D / 4 D = D * C-14 S / 1 S / 1 S = S C-15 Q / 1 C / 16 Q ≠ C

1 Perfil fenotípico de acordo com as provas de hemólise, aerobactina, vermelho congo, pili

1, pili P e mobilidade (Tabela 3, p. 38); 2 Antibiotipos conforme o perfil de suscetibilidade

a oito antimicrobianos (Tabela 8, p. 48 e 49) ; 3 Técnica de eletroforese em campo pulsado

(PFGE); * casos com perfil genotípico idêntico para isolados de E. coli em nível uretral/periuretral e intestinal.

Na Figura 8 observa-se os diversos padrões de PFGE encontrados nos isolados de

E. coli de três casos deste grupo. Nesta Figura é possível observar que padrões de PFGE

distintos nas colunas 1 e 2 (caso C-7), colunas 3 e 4 (caso C-9), colunas 5 e 6 (caso C-10) e idênticos nas colunas 7 e 8 (caso C-10).

Existem duas teorias a respeito da origem intestinal da E. coli responsável pela alta freqüência nas infecções urinárias. A primeira, seria devido à prevalência da E. coli nas fezes; e a segunda seria em virtude da presença de fatores de urovirulência dessas

Figura 8: Padrões de PFGE dos isolados de E.

coli de três casos do Grupo colonização: coluna –

nº caso (origem do isolado): 1 – 7 (uretral/periuretral); 2 – 7 (intestinal); 3 – 9 (uretral/periuretral); 4 – 9 (intestinal); 5 -10 (uretral/periuretral); 6 -10 (uretral/periuretral); 7- 10 (intestinal) e 8 -10 (intestinal) λ: marcador de peso molecular lambda ladder 48,5 Kb

bactérias que teriam uma maior capacidade adaptativa ao trato urinário. Uma teoria não exclui a outra, entretanto ambas estão considerando a estabilidade da cepa dominante em nível intestinal ao longo do tempo, contudo trabalhos como os de Schlager et al. (2002), ao examinarem a diversidade clonal de E. coli de origem intestinal de uma população sadia que não estava fazendo uso de antimicrobianos e sem atividade sexual, encontraram freqüentes flutuações na composição da microbiota intestinal ao longo de três a quatro semanas de estudo.

4.5.2 Grupo com ITU recorrente

Na Tabela 10, observa-se os resultados dos 14 pacientes do Grupo com ITU recorrente, de acordo com os perfis fenotípico, de suscetibilidade aos antimicrobianos e ao genotípico.

O encontro da mesma cepa bacteriana nos tratos intestinal e urinário simultaneamente, foi observado em 5 (35,7%) dos 14 casos estudados.

Nestes cinco casos (R-4, R-5, R-9, R-13 e R-14) se verificou a concordância também quanto aos parâmetros de fatores de virulência e perfil de suscetibilidade aos antimicrobianos. Entretanto, se fossem considerados a análise dos perfis (fenotípico e suscetibilidade aos antimicrobianos) em associação, a concordância bacteriana seria de 42,9% (6/14).

Analisando isolados de E. coli de urina dos casos R-4, R-6 e R-7, foi possível identificar em cada um deles, dois perfis fenotípicos distintos com diferenças para os fatores de virulência relacionados à produção de aerobactina, pili 1 e mobilidade, mas que pela análise do perfil molecular se mostraram, em cada caso, idênticos (Figura 9, colunas 9 e 10), assim como para os antibiotipos. Já para o caso R-14, foram isoladas da urina e,

portanto, de uma paciente com ITU, duas cepas de E. coli (Figura 9, colunas 12 e 13) com distintos perfis fenotípicos.

Tabela 10: Distribuição dos isolados de Escherichia coli do Grupo com histórico de ITU recorrente de acordo com o perfil fenotípico, suscetibilidade e genotípico

Grupo com ITU recorrente

Perfil fenotípico 1 / Perfil de

suscetibilidade 2 Perfil genotípico (PFGE) 3

Urina Intestinal Clonal ( = ) Não clonal ( ≠ ) R-1 L / 40 J / 16 L ≠ J R-2 O / 10 O / 22 O ≠ O R-3 F / 9 F / 9 F ≠ F * R-4 S / 1; T / 1 S / 1 S = S; S = T * R-5 O / 16 O / 16 O = O R-7 G / 7; E / 7 J / 16 G = E G, E ≠ J R-8 Q / 25 J / 8 Q ≠ J * R-9 L / 10 L / 10 L = L R-10 F / 1 F / 9 F ≠ F R-11 D / 26 J / 14; F / 1 D ≠ J, F R-12 D / 9 I / 26 D ≠ I * R-13 N / 16 N / 16 N = N * R-14 T / 1; O / 1 T / 1 T = T T ≠ O

1 Perfil fenotípico de acordo com as provas de hemólise, aerobactina, vermelho congo, pili

1, pili P e mobilidade (ver Tabela 3, p. 38); 2 Antibiotipos conforme o perfil de

suscetibilidade a oito antimicrobianos (ver Tabela 8, p.48 e 49); 3 Técnica de eletroforese

em campo pulsado (PFGE). R: recorrente; * casos com perfil genotípico idêntico para isolados de E. coli da urina e intestinal.

Na Figura 9 observa-se os diversos padrões de PFGE encontrados nos isolados de

E. coli de seis casos do Grupo com ITU recorrente. Nesta Figura foi possível observar

padrões idênticos nas colunas 7 e 8 (caso R-5), 9 e 10 (caso R-7), 13 e 14 (caso R-14) e distintos para os demais casos.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 λ

Figura 9: Padrões de PFGE dos isolados de E. coli de seis casos do Grupo com ITU recorrente: coluna – nº caso (origem do isolado): 1 – 1 (urina); 2 – 1 (intestinal); 3 – 2 (urina); 4 – 2 (intestinal); 5 -3 (urina); 6 -3 (intestinal); 7 -5 (urina); 8 -5 (intestinal); 9 – 7 (urina);

10 – 7 (urina); 11 – 7 (intestinal); 12 – 14 (urina); 13 – 14 (urina) e 14 – 14 (intestinal). λ: marcador de peso molecular lambda ladder

Observações de alguns trabalhos, tais como de Foxman et al. (1995), Jantunen et

al. (2002) e Ejrnaes et al. (2006) constataram que a bactéria, associada à ITU recorrente,

era em muitos casos fenotípica ou genotípica idêntica à cepa bacteriana que causou a infecção inicial. Baseado nestes achados tem sido investigado como uma das explicações da natureza recorrente da infecção, o ressurgimento da cepa uropatogênica a partir de reservatórios quiescentes, estabelecidos no interior da mucosa vesical, após uma infecção aguda (Mulvey et al. 2001; Anderson et al. 2004; Justice et al. 2004).

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