• Nenhum resultado encontrado

34 escola EB 2/3 Z que viriam a tornar-se “as facilitadoras” do processo de recolha de informações junto das crianças e jovens do ensino básico, pois, afinal:

“(…) a ideia é integrar-me no projeto que elas já têm, ou seja, no projecto Fénix – projeto da rede de bibliotecas nacionais. Como são professoras bibliotecárias que colaboram em projetos a nível da rede e do agrupamento, têm como objetivo melhorar as capacidades das crianças/jovens. Esta biblioteca faz parte da rede de bibliotecas nacionais e, desta forma, dentro do projeto Fénix, elas desenvolvem subprojectos como por exemplo: (Re) Nascer com as Histórias. (…) Como as professoras dizem, o lema é: “o sonho comanda a vida”, por isso acham que é muito proveitoso que o projeto “A nossa voz vale +” se desenvolva junto com elas. É através dos sonhos das crianças que se pode recolher os “sonhos transformadores da realidade”. Por isso, em parceria com as professoras bibliotecárias vou recolher a informação dos diferentes ciclos. (N.T. - 26 de outubro, 2010).

Ou seja, o processo de recolha de dados para o Projeto “A nossa voz vale +” coincidiria com a realização de uma série de “atividades dinâmicas” propostas pelas professoras bibliotecárias no âmbito da sua intervenção no projeto Fénix – projeto da rede de bibliotecas nacionais. Neste sentido, dada a natureza das ditas “atividades dinâmicas” e a sua organização em função dos grupos de crianças e jovens, bem como a familiaridade que já tinham com elas/eles, as mesmas foram inteiramente dinamizadas pelas professoras bibliotecárias da Escola EB 2/3 Z. No caso, da recolha de dados através de composições escritas pelas crianças e jovens, as “facilitadoras” para o acesso às crianças e jovens foram três professores/as dos respetivos níveis de escolaridade.

Acerca da organização da recolha de informações

A realização das “atividades dinâmicas” ocorreu em quatro sessões, entre os meses de outubro e novembro de 2010, e foram desenvolvidas i) na Escola A, implicando a produção individual de um desenho pelas crianças sobre a “Escola dos meus sonhos…” proposto pela educadora, seguido do registo escrito da sua descrição pelo(a) respetivo(a) autor(a), pela educadora; ii) no contexto da Biblioteca da Escola da A, através do uso de um power point, com versos sobre a “Escola com dias de todas as cores”29 seguido da auscultação das crianças em torno dos dias na escola que são bons e/ou maus - atividade concebida e dinamizada pelas

29

“Cada dia é diferente, e cada um sua cor tem/Mas todos são importantes, pois nos levam mais além!/Há dias

que são amarelos como o sol e como as flores/Nesses dias há alegria, não há lágrimas nem temores/ Outros são cor-de-laranja como o sumo, tão docinhos/Esses são dias bem cheios, de brincar com os amiguinhos!/Também há dias vermelhos como o sol, ao fim da tarde/Neles não há tempo para tudo, são cheios de actividade!/Por vezes vêm os dias azuis cheios de calma e de paz/Quando tudo está tranquilo e corre bem o que se faz./Os dias verdes são cheios de criatividade e imaginação, há projectos a nascer e ideias até mais não!/Mas também há dias roxos, um pouco tristes, por vezes, quando não correm tão bem/quando acontecem revezes!” (Actividade 1º CEB, 28 de Outubro, 2010).

35 professoras bibliotecárias; iii) no contexto da Biblioteca da Escola EB2/3 Z, envolvendo o uso de cartões com diversas imagens30, a partir das quais se previu a sua transposição, através da imaginação das crianças e jovens, seguido da sua auscultação para captar as representações que detêm acerca da escola e comunidade - atividade igualmente concebida e dinamizada pelas professoras bibliotecárias (cf. quadro 2).

Quadro 2 – Processo de recolha de informações - datas, locais, atores e atividades desenvolvidas - Síntese

Data e Local Atores envolvidos Atividade desenvolvida Adultos Crianças/ Jovens 21 Out JI - Escola A 1 Educ. infª 20 crs

Elaboração de um desenho intitulado como “A escola dos meus

sonhos…”.

Descrição de cada desenho pelo/a respetivo/a autor/a.

28 Out Biblioteca Escola A 2 profªs bibl 1 prof. turma 18 crs 4ºa/1º CEB

Apresentação de um power point intitulado como “Uma escola

com os dias de todas as cores”.

Debate sobre a escola com as crianças. Sala de

aula profª da turma Elaboração de composições pelas crianças

12/18/19 Nov Bibliotec a - Escola EB 2/3 Z 2 profªs bibl 1 prof. da turma 22 crs 6ºa/2º CEB

Uso de cartões com determinadas imagens, as quais tinham de ser transpostas para a realidade da escola/comunidade.

Elaboração de composições pelas crianças 25 jvs

8ºa/3º CEB

Uso de cartões com determinadas imagens, as quais tinham de ser transpostas para a realidade da escola/comunidade.

Elaboração de composições pelos jovens.

Excetuando o grupo de 20 crianças do JI, o material relativo às composições realizadas pelas crianças e jovens do 4º, 6º e 8ºanos nunca corresponde à sua totalidade. Assim, na segunda sessão, o grupo de crianças do 4º ano do 1º CEB, que é constituída por 18 crianças, obtiveram-se, apenas, 17 composições, ficando a faltar a de uma que não participou na primeira sessão da atividade dinâmica do power point. Com o grupo de crianças do 6º ano do 2º CEB, que é composto por 22 crianças, apenas obtiveram 18 composições porque i) duas crianças de ensino especial não foram incluídas na atividade; ii) uma criança nunca participou

30 O primeiro conjunto de cartões mostrava personagens (extra-terrestre, príncipe, lenhador, marinheiro,

donzela); o segundo conjunto representava o estado de espírito dos alunos quando iam para a escola e

comunidade (manhã escura e fria, numa manhã de nevoeiro, brilhante dia de Outono, dia de primavera); o terceiro conjunto de cartões apresentava a forma como se deslocavam para a escola e para a comunidade (num

cavalo branco, numa carruagem, num camelo, nas asas de um pássaro); o conjunto seguinte pretendia expor a

forma como os alunos se sentem no interior e exterior da escola (numa ilha perdida no oceano, jardim

maravilhoso, planeta distante, castelo assombrado, belo palácio, densa floresta) e para finalizar a atividade

era apresentado um conjunto de cartões que se referiam aos adjuvantes e oponentes da escola (um amigo, um

génio bom, uma fada, ou um peixe que fala e uma múmia que fala, um pirata, um génio mau ou uma bruxa muito má, respetivamente).

36 apesar de ter estado presente na realização da atividade; iii) uma criança não esteve na escola no dia em que se desenvolveu a sessão da elaboração das composições na biblioteca. No que se refere ao grupo de jovens do 8º ano, 3º CEB, que é composta por 25 elementos, há simplesmente 24 composições porque um(a) dos jovens não esteve presente na sessão da sua elaboração. Neste sentido, a recolha de informações através da elaboração das composições diz respeito, unicamente, a um total de 35 crianças e 24 jovens (cf. quadro 3):

Quadro 3 – Síntese do total de composições obtidas por grupo-turma Grupo- turma Ano Nº total crianças Nº parcial de composições JI ---- ---- ---- 1º CEB 4º ano 18 17 2º CEB 6º ano 22 18 3º CEB 8º ano 25 24 Nº total de composições 59

Os registos obtidos foram separados por referência ao tipo de instituição (JI e Escola) e, neste último, reagrupados por nível de escolaridade. A cada um destes registos foi atribuída uma letra para assegurar o anonimato das crianças/jovens.

As descrições das crianças do JI acerca dos seus desenhos e a redação de composições pelas crianças

e jovens

A escrita das descrições das crianças do JI foi levada a cabo pela educadora de infância, após as crianças terem acabado o seu desenho: a educadora ia chamando para a sua beira, uma criança de cada vez para que, individualmente, as vinte crianças descrevessem o seu desenho. Desta forma, olhando para o desenho a educadora perguntava à criança como era a sua escola de sonho e o que continha. Por vezes, quando algumas crianças não se mostravam muito recetivas à descrição do seu desenho, a educadora direcionava o seu discurso para alguns aspetos contidos no desenho.

A escrita das composições pelas crianças e jovens ocorreu na escola i) em contexto sala

de aula, apenas com a professora do 1ºciclo; ii) em contexto biblioteca com as professoras

bibliotecárias, e com as professoras dos respetivos níveis de ensino. Em ambos os casos as professoras solicitaram-lhes que procurassem definir a sua escola ideal com base no que a escola precisa para que haja uma melhor aprendizagem. Neste momento, foi referido pelas professoras que as composições não deviam ser elaboradas apenas segundo a vertente diversão mas tendo em consideração as questões: “O que gosto na minha escola? O que

37

mudaria para que ela se transformasse na…. Escola dos meus sonhos.”31. Para além disso, na turma de 2º e 3º CEB, que abordou a vertente Comunidade, foi também pedido que realizassem uma composição segundo as questões: “O que gosto na minha comunidade? O

que mudaria para que ela se transformasse na…. Comunidade dos meus sonhos.”32.

Acerca das atividades dinâmicas realizadas com as crianças do 4º ano do 1º CEB

No caso do 1º CEB, a sessão teve início com a leitura de um power point apresentado pelas professoras bibliotecárias sobre “Os dias de todas as cores”. Após a sua leitura, onde referiram todos os dias de cor que consideram existir na escola, estava previsto que as crianças interviessem na atividade mas tal não se verificou. Para tentar cativar a participação das crianças e para as familiarizar com o objetivo pretendido com a sessão, as professoras bibliotecárias viram-se com a necessidade de as questionar sobre quem desejava falar acerca do que tem a escola. Só depois disso, quando as crianças começaram a participar na conversa, as professoras bibliotecárias decidiram abordar os dias apresentados no power point pedindo- lhes que falassem “de um dia vermelho na escola” e assim sucessivamente, a respeito de cada uma das cores.

Terminado este momento, deram início a um novo tema de conversa, abordando desta forma, “o que é necessário para que a escola seja uma Escola de Sonho”.

Acerca das atividades dinâmicas realizadas com as crianças do 6º ano/2º CEB e jovens do 8º ano/3º CEB

Relativamente ao 2º e 3º CEB, a primeira sessão decorreu com base numa actividade com um conjunto de cartões que representavam cinco elementos necessários para elaborar uma narrativa que incluía como tema a abordar a Escola e a Comunidade das crianças e jovens. Com os cartões utilizados para o desenvolver da atividade pretendia-se saber e explorar i) personagens com quem se identificam as crianças e jovens na escola e/ou

comunidade e porquê; ii) edifícios pelos quais a escola e a comunidade podiam ser representados e porquê; iii) qual o estado meteorológico que representa o seu estado de espírito e porquê; iv) quais os meios de transporte que desejariam adquirir para realizar o percurso casa-escola e vice-versa, bem como v) quais os aspetos que considerem oponentes

e/ou adjuvantes na escola.

31

Retirado da capa do documento onde as composições foram elaboradas

32

38 O momento da atividade que implicava a idealização do “meio de transporte” que as crianças e jovens gostariam de utilizar para fazer o percurso casa-escola e escola-casa não foi realizado da mesma forma nos dois ciclos de ensino, por questões de falta de tempo: no 2º CEB esta abordagem só se efetuou sobre o percurso casa-escola. Também o momento da atividade que implicava os cartões que representam os “oponentes e adjuvantes” foram direcionados apenas para a escola, a pedido das professoras bibliotecárias. Finalmente, o seu impacto não foi igual nas duas turmas: contrariamente às crianças do 6º ano, os jovens do 3º CEB mostraram-se muito resistentes à dinâmica. Com a apresentação dos primeiros cartões, os jovens revelam a falta de entusiasmo e recusam-se a participar, sendo somente nos cartões seguintes que começam a compreender a dinâmica e o número de participações a aumentar. Para além da questão das participações, sobressai um outro aspeto que assinala o impacto obtido nos dois ciclos de ensino. Refiro-me à padronização da atividade pois, enquanto as crianças do 6º ano dão o seu contributo focando-se, genericamente, nas opções de resposta fornecidas pelas professoras bibliotecárias, os jovens do 8º ano não seguem este mesmo pensamento e, em todos os momentos da atividade apontam novas hipóteses. Desta análise, pode-se concluir que a padronização das respostas não foi bem aceite, sobretudo, pelos jovens.

Acerca da observação e registo das observações realizadas

Ao longo de todas as sessões que ocorreram na Escola A (JI e biblioteca) e na Biblioteca da Escola EB 2/3 Z, estive presente na qualidade de observadora e a minha principal preocupação foi a de escutar e observar ao pormenor a forma como a atividade estava a ser desenvolvida, ou seja, de tentar compreender as interações ocorridas entre os adultos e as crianças e jovens. Ao mesmo tempo, no decurso de cada uma das observaçõesfoi feita a gravação via áudio, a fim de assegurar o máximo de captação de todos os discursos e todos os pormenores audíveis presentes nas atividades da primeira sessão de cada turma.

No final de cada uma das sessões mencionadas foi efetuada a transcrição, na íntegra, das respetivas gravações33 e procedeu-se à sua análise de conteúdo qualitativa, quantitativa e comparativa.

Documentos relacionados