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Capítulo III | Avaliação do Impacto Social do programa Chave de Afetos

3.2 Análise dos stakeholders (partes envolvidas) – Referente a ambas as metodologias

Como refere Ulrich (2006), “Um stakeholder de um projeto é uma pessoa ou grupo que possui relações com o projeto ou é, de algum modo, afetado por ele – directa ou indirectamente, positiva ou negativamente. Todas estas pessoas ou grupos possuem interesses no projeto, na medida em que têm algo a ganhar ou a perder com as atividades, resultados e/ou impactes do mesmo” (Schiefer, 2006).

Uma análise de Stakeholders consiste numa apreciação de quem será afetado pelo projeto e de que forma. Existem alguns grupos de Stakeholders óbvios que é necessário ter em conta: o grupo-alvo, as organizações parceiras, e as entidades financiadoras. O autor anteriormente mencionado acrescenta ainda no seu livro que, se revela importante deixar bem clara a expressão clientes do projeto pois frequentemente esses clientes confundem-se com o grupo-alvo da intervenção. Os clientes do projeto são aqueles que pagam pelo projeto, ou seja, a(s) entidade(s) financiadora(s). Já o(s) grupo(s)-alvo são aqueles com quem o projeto trabalha diretamente de modo a produzir algum tipo de mudança, em concordância com as suas necessidades. Os beneficiários diretos de um projeto são aqueles indivíduos ou grupos que beneficiam diretamente dos serviços desse projeto e que são frequentemente, mas não necessariamente, coincidentes com o(s) grupo(s)-alvo (Schiefer, 2006).

O resultado de uma análise de Stakeholders deve ser um sumário do seguinte, para cada um dos stakeholders identificados: (i) O seu interesse previsível no projeto (incluindo o interesse mesmo que este não se concretize); (ii) O seu contributo provável (positivo ou negativo) para o projeto; (iii) A sua importância para o sucesso do projeto; (iv) O seu grau de influência no projeto; (v) Os efeitos prováveis do projeto para os seus interesses.

Como referido anteriormente, a análise dos stakeholders será feita da mesma forma para ambas as metodologias, na medida em que, a forma como abordam esta etapa é bastante semelhante. A escolha de determinadas técnicas e métodos de envolvimento e recolha de informação fica a cargo do próprio investigador.

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3.2.1 Identificação dos stakeholders

Após a identificação dos Stakeholders, considerando as suas características e atividade no Programa Chave de Afetos, foram agrupados segundo os seguintes grupos de Stakeholders:

 Idosos isolados (público-alvo)

São os beneficiários diretos e dessa forma experienciam a mudança de forma intencional e positiva.

 Empresa de teleassistência

A empresa de teleassistência presta um serviço que é fundamental para o programa e dessa forma afeta as suas atividades de forma intencional e positiva.

 Voluntários

Afetam a atividade através das suas visitas e acompanhamento regular aos idosos. O programa Chave de Afetos tem voluntários da Santa Casa da Misericórdia do Porto, que são, coordenados pelo próprio programa. No entanto, o número de voluntários não é suficiente para cobrir todos os idosos abrangidos pelo programa, e dessa forma trabalham em conjunto com o G.A.S. Porto (Grupo de Ação Social do Porto) e a Associação Coração Amarelo de forma a que mais idosos possam ser acompanhados por voluntários.

 Entidades sinalizadoras

A sinalização dos idosos em situação de isolamento e solidão é feita pelas Juntas de Freguesia do Concelho do Porto, pela Policia de Segurança Pública, pelos Centros Sociais e Paroquiais e outras instituições de apoio local.

 Rede de Suporte (Familiares, amigos, vizinhos, etc)

Experienciam a mudança através da melhoria da qualidade de vida dos idosos.

 Financiadores (Banco Montepio e Santa Casa da Misericórdia)

O Montepio financiou inicialmente o Programa CA e atualmente é a Santa Casa da Misericórdia que assegura a sustentabilidade do programa. Desta forma, os

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financiadores afetam a atividade de forma positiva, constituindo-se essenciais para a continuidade de uma das atividades do programa.

3.2.2 Mudanças esperadas pelos gestores do programa

 Idosos (beneficiários diretos/público-alvo)

Mudanças positivas – Sentem-se mais seguros e tranquilos; Sentem-se menos isolados; Minimização de diferentes problemas que os idosos vivem (saúde, habitação, serviços, etc); Maior qualidade de vida dos idosos; Retardamento da institucionalização dos idosos quando os mesmo assim pretendem; Diminuição de fatores de risco; Diminuição do tempo de espera de uma resposta a uma emergência.

Mudanças negativas – A necessidade da utilização dos serviços leva à consciencialização do seu estado de dependência (que se materializa com o próprio objeto «pulseira» que na maioria dos casos é visível a todos).

 Empresa de teleassistência

Mudanças positivas – Aumento do volume de negócios através das sinalizações realizadas pela SCM; Maior número de parcerias; Reconhecimento Social.

Não verifica mudanças negativas.

 Voluntários

Mudanças positivas – Têm acesso a casos de idosos com interesse e necessidade de serem acompanhados por voluntários; Sentimento de utilidade; desenvolvimento de novas atividades através do Programa.

Mudanças negativas – Não se verifica.  Entidades sinalizadoras

Mudanças positivas – Mais um serviço disponível para dar resposta a necessidades – minimizar os riscos de isolamento e solidão – sem encargos; Reposta a diversos problemas dos idosos através das parcerias do programa (habitação,

Mudanças negativas - Não se verifica.  Rede de Suporte

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 Financiadores (SCM do Porto e Montepio)

Mudanças positivas: Demonstrar responsabilidade social; Contribuir para a diminuição do isolamento e solidão dos idosos na cidade do Porto;

Primeira parceria com a PSP com uma SCM – alargou a rede, ajudou a colmatar outros problemas dos idosos; Permitiu descobrir novos problemas e a criação de novas parcerias para responder a determinadas necessidades dos idosos.

Mudanças negativas: Encargos financeiros.

A análise dos stakeholders engloba uma análise da importância e influência de cada stakeholders. Deste modo foi utilizada a matriz de análise de Stakeholders de Schiefer et al (2006) considerando os seus interesses, influência e importância (Schiefer, 2006: 129). No programa Chave de Afetos, foi possível verificar que são os idosos e os financiadores os stakeholders mais importantes e mais influentes para o desenvolvimento do programa. 8

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