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Análise e interpretação dos resultados do teste (cloze)

A apresentação dos resultados do experimento de nossa pesquisa é feita na seguinte ordem Primeiramente, analisamos e interpretamos os resultados do teste cloze

3.11. Análise e interpretação dos resultados do teste (cloze)

A técnica do cloze introduzida por Taylor (1953), tem sido tratada como medida de avaliação da compreensão leitora dos sujeitos, basicamente, através do lacunamento de um texto. A variação de acertos no teste discrimina o leitor fluente do leitor fraco.

O teste do tipo cloze além de medir a inteligibilidade (readability) do texto, é um instrumento válido e confiável para medir a proficiência de leitura e também fácil de ser quantitativamente analisado. Além disso, para preencher corretamente as lacunas ou assinalar a alternativa que completa a lacuna, o leitor deve interagir com o texto, negociando com ele formas e significados na reconstrução de sua mensagem. Esse tipo de teste de compreensão leitora imbrica-se, desse modo, dentro da concepção de leitura como um processo interativo que orienta este trabalho.

Julgamos os dois testes do tipo cloze padrão adequados à verificação de nossas hipóteses, pois ambos mostraram-se capazes de sinalizar diferenças de desempenho entre os sujeitos.

Em termos dos resultados obtidos, a tabela um (1) apresenta as médias numéricas e percentuais de acerto nos dois testes do tipo cloze padrão obtidos pelos sujeitos descritos anteriormente.

TABELA 1. Resultado geral da aplicação dos testes do tipo Cloze. Sujeitos Acertos (AE) Acertos (AD)

Nível de Compreensão

% n % n (AE) (AD)

LF 01 40 20 42 21 Frustrante / Frustrante

LI 02 60 30 60 30 Independ. Independ.

LI 03 64 32 64 32 Independ. Independ.

LIns04 54 27 56 28 Instrutivo Instrutivo

LI 05 62 31 62 31 Independ. Independ.

Lins 06 50 25 52 26 Instrutivo Instrutivo

LI 07 66 33 66 33 Independ. Independ.

LI 08 62 31 62 31 Independ. Independ.

Lins 09 48 24 50 26 Instrutivo Instrutivo

LF 10 38 19 40 20 Frustrante Frustrante

LEGENDAS:

(01 a 10) Sujeitos que participaram dos testes do tipo cloze. (AE) Texto Argumentativo Expositivo.

(AD) Texto Argumentativo Dialógico (%) Média Percentual.

(n) Média Numérica (Nº de lacunas preenchidas).

Observamos na tabela acima, um aumento progressivo nas médias de acertos para o texto argumentativo dialógico. Observe-se que os sujeitos do TAD (LF01) e (LF10) com nível de compreensão frustrante respectivamente, obtiveram 21 e 20 acertos para o texto em questão, oscilando apenas 01 ponto ou uma lacuna em relação ao TAE (que foram 20 e 19); os sujeitos do TAD (LIns04), (LIns06) e (LIns09) obtiveram respectivamente 28, 26 e 26 acertos desse texto para 27, 25 e 24 do TAE, havendo oscilação apenas de um ponto (acerto) para o (LIns04) e (LIns06) e dois pontos (acertos) para o (LIns09). Os demais sujeitos com nível de compreensão independente (indica que o sujeito ou aluno (leitor) pode ler o texto sem esforço e dificuldade, compreendendo-o sem ajuda do professor), obtiveram os mesmos escores para as seqüências tipológicas (TAE e TAD). Isso demonstra que o leitor independente faz suas inferências independentemente dessa tipologia.

Somando-se os fatos de que essa oscilação de média numérica está imbricada a outras inferências do sujeito e que a compreensão de textos é um processo complexo no qual interagem diversos fatores, como por exemplo, conhecimento lingüístico, conhecimento prévio do assunto, conhecimento geral a respeito do mundo, motivação e interesse na leitura: de que os textos TAE e TAD são equânimes em grau de legibilidade (facilidade ou dificuldade do texto) e de que essa oscilação ocorreu somente com os sujeitos leitores com nível de compreensão instrutivo (indica que o sujeito ou aluno leitor pode estudar o texto com proveito e sem tensões, mas precisa da orientação do professor) e frustrante (indica que o aluno não possui habilidade para ler o texto, ou que o material é inadequado para ele), conduzem à conclusão de que tal oscilação justifica-se por conta da ocorrência de palavras polissílabas encontradas em maior número no TAE. Segundo Alliend (1987) as palavras polissílabas são mais difíceis de ler por conterem mais letras que a maioria das palavras. Para Alliend a ocorrência de palavras polissílabas está eminentemente correlacionada à ocorrência de palavras pouco freqüentes e, portanto, menos conhecidas. A aceitação dessas premissas implica dizer que quanto maior for a freqüência de palavras polissílabas em um texto mais difícil será a sua compreensão.

3.12. Resultados dos Resumos (TAE)

Ao estudar o dialogismo dos textos argumentativos Boissinot (1992) assevera que o texto argumentativo é essencialmente, o local de um discurso contraditório sobre o real. Dois pontos de vista se cruzam e se exprimem de maneira mais ou menos explícita: o do argumentador e o dos que defendem a tese que está sendo refutada.

Boissinot (1992), assevera ainda que os textos expositivos trazem informações ou propõem afirmações sem engajar-se em uma problemática global. Sua organização é na maior parte das vezes, mais livre e é facilmente analisável em termos de articulação tema/proposta ou tema/propósito, utilizando, por exemplo, uma progressão com tema constante que se permite simplesmente justapor observações.

Para efeito de análise da identificação das sentenças principais, o texto AE apresenta originalmente 13 sentenças. O parâmetro de identificação das idéias principais foi obtido a partir da quantidade de vezes que um determinado número de sentenças do texto-resumo (macroestrutura) foi selecionado.

Desse modo, a totalidade foi encontrada dividindo-se o número de sentenças encontradas pelo número total de sentenças, inicialmente propostas na macroestrutura do texto-base. Nesta linha de análise, detectamos as evidências do uso da apreensão da informação relevante a partir da idéia principal do parágrafo ou da palavra-chave, levando-se em conta ainda os nove tipos de identificação da informação relevante de um texto proposta por Cunningham & Moore (1986).

Da análise dos dados resultantes dos resumos executados nesta pesquisa, foi possível depreender de 38, 46 a 76, 92% de identificação de idéias principais para o texto argumentativo de tendência expositiva em relação ao de tendência dialógica (23, 52% a 52, 94%).

Os resultados confirmam a nossa hipótese básica de que leitores resumidores proficientes identificam com maior facilidade as idéias principais do texto argumentativo de tendência expositiva do que do texto argumentativo de tendência dialógica.

A prática dos vários aspectos depreendidos da identificação de idéias principais do texto em questão ocorreu nos termos dos resultados obtidos, a saber: a) uso da chamada