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4 CONCLUSÕES

3.3 Análise econômica da operação

No Gráfico 3.1 está apresentada a composição do custo horário da operação de aplicação de fertilizantes e corretivos. O custo horário total calculado no presente trabalho está de acordo com o valor encontrado por Cunha et al. (2016), de 50,10 R$h-1. Ainda, ao avaliarem os custos de todas as operações mecanizadas realizadas na cafeicultura, os autores notaram que a operação de aplicação de fertilizantes foi a que apresentou menor custo horário.

Gráfico 3.1 - Composição do custo horário da operação de aplicação de fertilizantes e corretivos.

D+J - Depreciação e juros; Seg. - Seguro; Aloj. - Alojamento; Comb. - Combustível; Lub. - Lubrificantes; RM - Reparos e manutenção; MO - Mão de obra.

Fonte: Do autor (2018).

Dentre os custos fixos e variáveis, as despesas com depreciação e juros do conjunto mecanizado representaram a maior parcela do custo horário total, sendo que os dois foram calculados conjuntamente, por meio do método de amortização do capital, proposto por Hoji (2006). Esse resultado diverge do que foi verificado por Cunha et al. (2016) e Simões, Silva e Fenner (2011), em que o gasto com combustível foi o fator que teve maior impacto sobre o custo operacional.

O custo elevado com depreciação e juros pode ter ocorrido devido às considerações que foram feitas no presente trabalho, em que os valores iniciais utilizados no cálculo foram de equipamentos novos, tanto para o valor do trator quanto da máquina para aplicação de

fertilizantes e corretivos. O gasto reduzido com combustível se deve ao modelo de trator utilizado na propriedade, que apresenta uma economia substancial de combustível, especialmente quando o mesmo trabalha com uma rotação mais baixa do motor, por volta de 1500 rpm, chamada de “rotação econômica”. Observa-se que a média de consumo de combustível na fazenda para a operação de aplicação de fertilizantes e corretivos, considerando diversos talhões, foi de 2,31 litrosh-1 (TABELA 3.1).

Ao relacionar o custo horário com o tempo efetivo, encontrou-se o custo efetivo (GRÁFICO 3.2). Esse custo representa o gasto despendido com a máquina enquanto em operação no talhão, considerando-se apenas as atividades que resultam em trabalho efetivo.

Gráfico 3.2 - Custo efetivo determinado para as duas formas de trabalho estudadas.

FA1 - Forma de trabalho em que a aplicação é realizada apenas de um lado do cafeeiro; FA2 - Forma de trabalho em que a aplicação é realizada dos dois lados do cafeeiro.

Fonte: Do autor (2018).

Na prática, as propriedades consideram o custo operacional, o qual leva em conta todos os custos improdutivos, como deslocamento até o talhão, tempo de reabastecimento do reservatório, horário de almoço do operador, entre outros. Porém, o tempo improdutivo pode variar de uma propriedade para a outra, pois fatores de gerenciamento da operação têm influência nesse resultado, como a adoção de pontos de apoio móvel para reabastecimento em campo. Nesse sentido, o custo efetivo fornece a informação necessária para comparação entre as duas formas de trabalho avaliadas, já que a diferença na forma de trabalho afeta diretamente a capacidade de campo efetiva, parâmetro ligado ao desempenho do conjunto mecanizado dentro do talhão.

O custo efetivo na forma de trabalho FA1 foi de 50,1% do valor encontrado na forma de trabalho FA2, resultado esse que já era esperado pelo custo efetivo ser determinado em função do tempo efetivo, o qual demonstrou a mesma proporção entre as duas formas de trabalho. De forma lógica, a maior largura de trabalho desempenhada na forma de trabalho FA1 faz com que a capacidade de campo aumente e, consequentemente, o custo da operação por unidade de área seja menor.

Portanto, pode-se afirmar que a forma de trabalho FA1 apresentou maior viabilidade técnica e econômica que a forma de trabalho FA2, do ponto de vista da mecanização, contribuindo com o aumento de performance e redução de custos da operação de aplicação de fertilizantes e corretivos.

Esse resultado contribui com o que foi encontrado no Capítulo 2 do presente trabalho, onde a aplicação realizada apenas de um lado do cafeeiro apresentou bons resultados em termos qualitativos da distribuição de fertilizantes na planta, quando observadas as regulagens adequadas da máquina. Dessa forma, as informações aqui apresentadas podem ser úteis no gerenciamento da operação de aplicação de fertilizantes e corretivos, servindo de referência e facilitando a tomada de decisão.

4 CONCLUSÕES

A capacidade de campo efetiva na forma de trabalho FA1 foi superior à forma de trabalho FA2, ao passo que o tempo efetivo teve um comportamento inverso, na mesma proporção.

O custo efetivo da operação seguiu a tendência do tempo efetivo, sendo que o valor na forma de trabalho FA1 foi 50,1% do valor na forma de trabalho FA2. Esse resultado se deve à maior capacidade de campo efetiva apresentada na forma de trabalho FA1.

A forma de trabalho FA1 foi a mais indicada devido à sua maior viabilidade técnica e econômica em relação à forma de trabalho FA2. Essa informação é útil para o gerenciamento da operação mecanizada de aplicação de fertilizantes e corretivos na cafeicultura.

REFERÊNCIAS

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