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PROGRAMADA NO CULTIVO DE TILÁPIA (Oreochromis niloticus) EM VIVEIROS ESCAVADOS.

3.2 Material e Métodos

3.2.10 Análise econômica das estratégias de restrição alimentar

Fez-se a avaliação econômica tomando-se como base para o ensaio e suas respectivas projeções, apenas os custos com alimentação (ração) e os envolvidos com mão de obra, tanto aquela utilizada exclusivamente no arraçoamento como também por meio de dispensas em turnos. Nesse sentido, os demais itens de custo foram entendidos como constantes e similares para os contextos considerados, não sendo dessa forma objetos de análise.

O custo da hora-homem foi aferido a partir do valor de salário mínimo vigente em janeiro de 2014 ((R$ 724,00 + 65 % de encargos sociais diretos)/200 horas), tendo como critério o uso de horas-homem acrescidas de horas extras e ou descanso remunerado quando do cálculo das dispensas de mão de obra em sábados e domingos. Nesse sentido, os valores de remuneração considerados para hora-homem e hora-extra em fins de semana foram R$ 5,97 e R$ 10,45, respectivamente.

O estudo dos indicadores econômicos dos diferentes tratamentos foi realizado a partir de adaptação dos cálculos descritos por Lanna (1999) e Togashi (2004).

Renda Bruta Média (RBM) – valor em reais (R$) obtido em função do ganho em biomassa no período avaliado em quilogramas (GB) e o preço do quilo da tilápia em R$ (PT).

RBM = GB x PT

Custo Médio de Arraçoamento (CMA) ou Custo Alimentar (CuA) – custo total relativo ao consumo de ração no período avaliado (CR) em função do custo médio do quilo da ração e da conversão alimentar (CA) do lote de peixes.

CMA = CR no período x custo ração x conversão alimentar

Margem Bruta Média (MBM) = diferença entre a renda bruta média e os custos com alimentação.

MBM = RBM – CMA

Rentabilidade Média (RM) – divisão entre a margem bruta média e o custo médio de alimentação.

RM = MBM/CMA x 100

Índice Relativo de Rentabilidade (IRR) – relação entre a rentabilidade média dos tratamentos e o controle.

Para o cálculo de índice relativo de rentabilidade foi levado em consideração que os peixes alimentados até a saciedade e sem supressão de quaisquer refeições (tratamento 1) seriam tomados como base, e, por isso, o valor considerado para este tratamento foi de 100. Os demais índices foram calculados em função desse tratamento.

Essa sistemática é similar àquela denominada por Shang (1990) como Sistema de análise parcial de dados na aquicultura (Partial Budget Analysis in Aquaculture). Tal sistema consiste na análise parcial do custo de produção, sendo utilizado em situações onde apenas um item do custo operacional sofre variação.

O preço médio de venda considerado foi de R$ 4,65 para o quilo da tilápia viva. O custo estimado para aquisição da ração comercial de terminação foi de R$ 2,00/kg, sendo esse preço tomado em janeiro de 2014, considerando o preço médio na região de Belo Horizonte, quando o câmbio era de U$ 1,00:R$ 2,20.

O gasto de horas-homem na operação de arraçoamento em piscicultura semi-intensiva em viveiros escavados levou em consideração os coeficientes operacionais estimados por Souza-Filho (2002) e Rockenbach (2005), o que gerou, em média, a dedicação de um tratador por 1,25 h por hectare dia -1.

Para a realização das projeções, foram consideradas pisciculturas hipotéticas com cenários de 1, 8 e 50 hectares, tendo como referência a classificação de portes de empreendimentos aquícolas em viveiros escavados definido pela deliberação normativa do COPAM MG nº182 de abril de 2013.

As projeções de produção se deram em função das produtividades e conversões alimentares encontradas na própria pesquisa e a partir de outras variáveis como densidades de estocagem (1,0 kg/m2) e sobrevivências (93,5 %) para sistema de viveiro escavado.

A otimização da mão de obra em cada uma das projeções foi advinda da redução de horas-homem utilizadas exclusivamente nas operações de arraçoamento e ou dispensa em turnos. Isso foi possível graças à aplicação de método de equivalência mão de obra – ração, que por sua vez permitiu estimar a redução no custo alimentar unitário para cada uma das estratégias alimentares adotadas no presente estudo.

A aferição da produtividade de mão de obra foi realizada com base nos seguintes cálculos:

Horas-Homem (HH) – número de horas dedicadas exclusivamente ao arraçoamento das unidades produtivas, por ciclo (período experimental);

HH = nº horas/homem/dia x nº de dias x nº de meses x nº de hectares  Dias-Homem (DH) = número de dias dedicados exclusivamente ao arraçoamento das

unidades produtivas, por ciclo (período experimental); DH = HH/8

 Produtividade da mão de obra (PMDO) = rendimento da mão de obra dedicada exclusivamente ao arraçoamento das unidades produtivas em função do ganho em biomassa no período avaliado, em quilogramas (GB);

É importante frisar que a análise econômica se baseou na terminação da tilápia adulta e do custo com ração. Os custos inerentes às instalações e mão de obra, além de outros, variam em função das características de cada sistema produtivo, bem como à escala de produção. Nesse sentido, para efeito de análise, considerou-se os custos citados, como sendo “fixos” para os sistemas similares que adotem as estratégias de manejo alimentar descritas nesse estudo. Quanto aos ganhos econômicos, a composição da margem bruta se dá pela diferença entre as receitas geradas em função da biomassa total de peixes de cada tratamento e os respectivos custos operacionais totais da ração. No entanto, entende-se que a margem bruta obtida para cada estratégia alimentar não representa, necessariamente o lucro real, visto que esse tipo de análise identifica as diferenças influenciadas pelos tratamentos.

Costa (2013) esclarece que o custo total de produção (CTP) difere do custo operacional total (COT) por considerar os custos de oportunidade. Esses podem ser definidos como a melhor opção de investimento do valor da terra, capital fixo e circulante e trabalho do empresário. O autor ainda comenta que devido à subjetividade e dificuldade de sua determinação muitos trabalhos desconsideram este item, apresentando somente o custo operacional total.

Nas análises de sensibilidade para incrementos na remuneração básica tomou-se como referência o salário mínimo vigente. Em seguida foram fixadas quatro faixas salariais conforme a remuneração média paga a trabalhador rural mensalista em cada município. A partir daí,

obteve-se quatro grupos de municípios mineiros, classificados da seguinte forma: Grupo 1: 10 % a 20 % de incremento salarial; Grupo 2: 20 % a 30 % de incremento salarial;