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A implantação de um sistema de cogeração que economize fontes energéticas não garante ao investidor benefícios econômicos. Dessa forma, os custos associados ao uso da cogeração devem ser relativamente menores aos custos de atendimento das demandas de maneira convencional para que esta opção se constitua em uma vantagem.

Contudo, não basta apenas que estes custos sejam menores. É preciso considerar, também, o peso que os investimentos de aquisição dos sistemas de cogeração têm em um projeto. Dessa forma, é preciso ir além da questão da análise de eficiência energética, e analisar os aspectos financeiros e, com isso, verificar a viabilidade do projeto. Para isso, existem métodos usuais, que são aplicados na ferramenta desenvolvida.

2.3.1 Fluxo de caixa

O fluxo de caixa é um instrumento de contabilidade que considera as entradas e saídas de recursos financeiros (SOUZA, 2011). Em um projeto de cogeração, é considerada como entrada a redução anual de custos proveniente da implantação da central de cogeração. As saídas consideradas são impostos, amortizações de dívidas e juros de financiamento.

Os impostos considerados são:

 Imposto de renda (IR);

 Alíquota de 34% incidente sobre o lucro;

 PIS e COFINS que juntos somam uma alíquota de 9,25% (SOUZA, 2011). As outras saídas do fluxo de caixa são os investimentos em aquisição da planta e as parcelas da dívida de financiamento, caso este seja contratado. A parte da parcela relacionada ao pagamento de juros deve ser descontada da entrada de caixa antes do imposto de renda incidir, diminuindo o valor devido.

Além disso, também deve ser considerada a depreciação. A depreciação é um benefício fiscal que contabiliza o desgaste de um bem devido ao uso ao longo do tempo. O valor da depreciação contábil é calculado como o valor total do bem dividido por uma quantidade de anos determinada pela Receita Federal. Essa quantidade de anos varia de acordo com a natureza do bem. No caso de máquinas e equipamentos esse tempo é de 10 anos (SOUZA, 2011), portanto, a cada ano o bem deprecia 10% de seu valor total.

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O pagamento de juros e a depreciação da planta são abatidos do lucro da empresa antes da cobrança do IR incidir, resultando no lucro antes do imposto de renda (LAIR).

Em seguida, o pagamento de amortizações de dívidas deve ser descontado do fluxo de caixa, já que o pagamento de amortizações não pode ser deduzido no LAIR, pois esse valor de amortização refere-se a um capital previamente tomado e que produziu riqueza ao tomador (SOUZA, 2011).

Assim, o fluxo de caixa acumulado é dado pela soma dos valores dos fluxos de caixa anuais do tempo do projeto, corrigidos anualmente. A taxa escolhida para esse reajuste foi equivalente a 80% da taxa Selic (SOUZA, 2011). O uso da correção faz com que, quando o fluxo de caixa é positivo, o mesmo será investido e renderá dividendos. Contudo, as taxas reais de aplicação de capital não são necessariamente igual à taxa Selic, portanto, foi considerado um valor de 80% sobre a taxa Selic como forma de considerar essa defasagem e o pagamento de impostos (SOUZA, 2011).

2.3.2 Tempo do Projeto

O tempo do projeto também é um fato que deve ser considerado na análise econômica de um projeto. O tempo do projeto pode ser definido como o período máximo que o empreendedor considera aceitável para recuperar o valor investido no projeto.

Para a seleção adequada de qual será o tempo do projeto, a empresa deve levar em consideração a vida útil dos equipamentos e o investimento inicial realizado. Valores mais baixos de investimento inicial e de vida útil exigem um menor tempo de retorno, enquanto que investimentos de grande porte e equipamentos de longa vida útil, aceitam tempos maiores para retorno do capital investido.

2.3.3 Métodos de avaliação do fluxo de caixa

A análise econômica de um projeto é realizada através de três métodos:

 Método do Valor Presenta Líquido (VPL);

 Método da taxa interna de retorno (TIR);

 Método do Pay-back.

Estes métodos se baseiam na comparação dos valores de cada um dos fluxos de caixa futuros com o valor do fluxo de caixa inicial, ocorrido no primeiro período.

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2.3.3.1 Método do valor presente líquido

O método do valor presente líquido (VPL) é uma técnica de análise de fluxo de caixa, que é calculado a partir da diferença entre a receita e as despesas da empresa, do investimento inicial, e de uma taxa, chamada de taxa mínima de atratividade (TMA), que representa a menor taxa de valorização do capital a qual a empresa aceita aplicá-lo, e deve ser sempre ajustada ao risco do empreendimento. Assim, o VPL é calculado conforme a equação (2.4): 0 1 (1 ) I TMA D R VPL n t t t t    

 (2.4)

Se o valor do VPL for negativo, o projeto deve ser rejeitado, se o valor do VPL for positivo, tem-se um argumento para aceitar o projeto (SOUZA, 2011). A utilização desta técnica divide o fluxo em duas fases: período de construção e período de operação, como pode ser visto na Figura 13 (COELHO, 2001).

Figura 13 – Ciclo de vida do investimento de um sistema energético (COELHO, 2001).

2.3.3.2 Método da taxa interna de retorno

A taxa interna de retorno (TIR) é a taxa, i, que iguala o valor presente de um ou mais equipamentos, com o valor de um ou mais recebimentos do caixa. Em outras palavras, o TIR iguala as entradas com as saídas do caixa. A equação (2.5) mostra como é realizado o cálculo do TIR:

0 1 (1 ) I i D R n t t t t   

 (2.5)

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Se o valor do TIR for menor que o custo de capital ajustado ao risco, ou seja, se o TIR for menor que o TMA rejeita-se o projeto. Caso o valor do TIR seja maior que TMA tem-se um argumento para aceitar o projeto.

2.3.3.3 Método do Pay-back

O método do Pay-back determina o tempo decorrido até que o valor do investimento realizado no projeto seja recuperado pelo empreendedor. Este talvez seja o método mais importante na analise de viabilidade econômica de um projeto (BRANDÃO, 2004). Se o valor do Pay-back for menor que o tempo do projeto, tem-se um argumento para aceitar o projeto. Caso o valor do pay-back, em anos, supere o tempo do projeto, pode- se rejeitar o projeto.

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3 A ferramenta de análise técnica-econômica

Com o intuito de facilitar a análise de viabilidade de um sistema de cogeração, foi desenvolvida a ferramenta computacional COGENERA M12. A planilha COGENERA M12 foi elaborada em plataforma Microsoft Excel. O software foi escolhido para desenvolver a ferramenta por ser tratar de uma plataforma capaz de desenvolver análises complexas de forma simples, além de possuir uma interface amigável ao usuário.

A ferramenta desenvolvida possui nove abas. Estas abas são:

 “Entradas”;  “Demandas”;  “Análise Técnica”;  “Qualificação ANEEL”;  “Custo combustível”  “Custo EE”;  “Análise Financeira”;  “Banco de dados”;  “Resultados”.

Na entrada de dados, o usuário deve inserir os dados de demanda de energia, tanto elétrica quanto térmica, e outras informações relevantes para a análise: tipo de combustível utilizado nas caldeiras (gás natural ou óleo combustível), poder calorífico do combustível, preço, etc. Após essa etapa, o usuário deverá selecionar, a partir do banco de dados do programa, os equipamentos que deseja analisar para utilização no projeto de cogeração. A partir dos dados de entradas inseridos pelo o usuário, é gerado um relatório com o resultado da análise do projeto da cogeração para a planta. O resultado apresenta ao usuário informações sobre o desempenho energético da planta selecionada, além de realizar a comparação dos custos de operação da planta com e sem cogeração indicando a economia operacional da utilização da cogeração. Ao final do relatório, também são apresentados resultados dos métodos de avaliação de fluxo de caixa, que indicam informações sobre o retorno do investimento realizado.

Nos itens seguintes serão descritas mais detalhadamente as principais abas da ferramenta COGENERA M12. A Figura 14 apresenta a aba de apresentação da planilha.

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