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Segundo Viscardi (2005) a avaliação de um projeto pode ser realizada a partir de diferentes óticas, dependendo dos agentes econômicos interessados. Caso o interessado seja um agente privado, utiliza-se a ótica privada, e de forma semelhante, se o interessado é a própria sociedade como um todo, utiliza-se a ótica social, sendo as principais diferenças entre ambos a tomada de preço e a existência de externalidades positivas ou negativas. Para um estudo na ótica privada os preços devem ser tomados de acordo com os observados nos mercados, enquanto que na ótica social usam-se os preços sombra, ou seja, os preços que seriam observados nos mercados se estes funcionassem em concorrência perfeita.

A localização da planta influi nos custos privados da produção de etanol basicamente pelo próprio local onde a unidade é construída. Sua distância em relação às fontes de matérias-primas também influi nos custos da produção do combustível sob a ótica do investidor.

Capítulo 2– Revisão bibliográfica PINHEIRO, A.D.T

O local pode afetar os custos através dos investimentos em infra-estrutura básica (obras civis) e do próprio terreno. Locais afastados quase sempre demandam vultosos gastos pela necessidade da construção de estradas e vias de acesso, e exigem investimentos em sistemas de captação de água. Caso a unidade não seja auto-suficiente em energia elétrica, investimentos adicionais em estações de força e linhas de transmissão devem ser providenciados (Viscardi, 2005).

A análise econômica não pode ter uma metodologia fixa, pois a resposta necessária pode ser diferente para cada situação de projeto (Casarotto, 2009). Contudo, para todas as situações ela constitui um conjunto de indicadores que permitem a comparação por diferentes critérios. O Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Tempo de Retorno do Investimento (Payback) estão entre os principais indicadores considerados na análise de projetos (Corrêa, 2001). A escolha por esse tipo de indicador se deu pelo fato de apresentarem maior rigor conceitual (Assaf Neto, 2007). A exceção é a utilização do indicador econômico do tempo de retorno do investimento (Payback), o qual, não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. Contudo, o mesmo possui grande importância decisória devido ao fato do mesmo ser um indicador de grande aceitação prática (Assaf Neto, 2007; Woiler e Mathias, 2008).

O Valor Presente Líquido pode ser entendido como a diferença entre o valor investido e o valor dos benefícios líquidos, descontados a uma taxa de desconto pré- determinada, que seria a taxa mínima de atratividade (Silva e Fernandes, 2003). O VPL revela uma expectativa de ganho de capital acima (se positivo) e abaixo (se negativo) do retorno mínimo esperado, considerado na taxa de desconto. Recomenda-se a aceitação do empreendimento quando o VPL esperado for igual ou maior que zero e rejeita-se nos casos em que o VPL for negativo, por não ser atrativo (Marchetti, 1995).

Calcula-se o VPL pela Equação 2.1:

= ∑ + �= .

Onde:

VPL = Valor Presente Líquido

FCt = Fluxo de Caixa do período t (receitas – despesas) FC0 = Investimento inicial do projeto

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i = Taxa de desconto (TMA estabelecida pela empresa)

t (1; n) = Período abrangido pelo projeto

O cálculo do VPL considera o valor do investimento inicial e seu custo alternativo, permitindo assim comparar alternativas de investimento, indicando quanto uma alternativa é mais atrativa que outra. Essas características fazem do VPL a medida mais aceitável para decisão em investimento (Júnior, Coelho, Feil, 2008).

A Taxa Interna de Retorno (TIR) pode ser expressa como a taxa de desconto que iguala a zero o VPL dos fluxos de caixa do projeto, sendo a mesma calculada para determinar se a rentabilidade do projeto excede uma mínima taxa de retorno aceitável, frequentemente chamada de taxa de atratividade (Corrêa, 2001). A equação da TIR é representada pela Equação 2.2.

∑ += = = .

O cálculo do tempo de retorno de investimento ou Pay-back indica o período de recuperação do investimento inicial. É obtido calculando-se o número de anos que será necessário para que os fluxos de caixa futuros acumulados igualem o montante investido inicialmente no projeto (Júnior, Coelho, Feil, 2008). De acordo com Chabalin (1966), o Payback pode ser matematicamente descrito de acordo com as Equações 2.3 e 2.4.

= . De forma que: ∑ + = ∑ + − = .

Assim, observa-se que para determinar o valor do Payback, basta analisar em que período o sinal do somatório dos fluxos de caixa passa a assumir valor positivo. Uma vez determinado, se este prazo de recuperação for um período aceitável pelos proprietários, então o projeto será efetivado, caso contrário será descartado (Fonseca, 2003). O falho nesse

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método é utilizá-lo como um critério de rentabilidade, quando na verdade, ele se caracteriza mais como uma medida de liquidez do capital investido em um projeto (Galesne, 1999).

Os indicadores citados acima devem ser analisados em conjunto, visto que cada um possui características que permite ao investidor visualizar o retorno econômico do projeto ao longo do investimento. Assim, tem-se que o VLP dá uma ideia do montante líquido recebido, a TIR, da rentabilidade por unidade monetária investida e o Pay-back, mostra o tempo necessário para recuperar o capital investido.

Stefanello et al. (2008) utilizaram como indicadores a taxa interna de retorno, o valor presente líquido e o payback para avaliar a viabilidade econômica da implantação de uma micro-usina alcooleira no Rio Grande do Sul. Foi feito um estudo de dimensionamento e viabilidade de instalação de uma micro-usina atendendo as operações unitárias envolvidas na produção de etanol em pequena escala, considerando uma cooperativa de 20 produtores e uma produção de 420 L.dia-1 de etanol. Os autores utilizaram a cana-de-açúcar como fonte de açúcar para a produção de etanol, considerando também a utilização de outros produtos amiláceos (tubérculos) para obtenção do etanol em épocas de entressafra da cana-de-açúcar, bem como a queima do bagaço da cana como biomassa. Para a realização do estudo de viabilidade, foram considerados os preços atuais do mercado e o custo de oportunidade, sendo considerados três cenários: um otimista, um normal (situação esperada) e um pessimista. Os autores obtiveram os seguintes valores para os indicadores de análise econômica: Investimento= R$ 167.973,83; VPL= R$ 160.186,11 Payback (anos)= 2,2 e TIR=48,31%. Assim, concluíram que o projeto apresentou viabilidade econômica em todos os cenários apresentados, diferindo quanto ao Payback que apresenta um maior tempo de retorno de capital quanto maiores forem os investimentos e menor for o preço pago para a mesma taxa de financiamento.

Trabalho parecido foi desenvolvido por Canova (2011), a qual avaliou a viabilidade econômica da implantação de microdestilarias de etanol no Rio Grande do Sul utilizando como indicadores econômicos VPL, TIR e Payback. A autora comparou a viabilidade econômica quando utilizou apenas cana-de-açúcar como fonte de substrato e utilizando a cana-de-açúcar combinada com sorgo sacarino, mandioca e batata doce. A análise econômica realizada para a produção de etanol a partir apenas da cana-de-açúcar mostrou a inviabilidade desta cultura. O autor concluiu que a combinação de diferentes matérias primas pode tornar o processo viável economicamente, mantendo assim a unidade em operação por um período maior do ano.

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