• Nenhum resultado encontrado

4 RESULTADOS

4.2 ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL E AMBIENTAL

Foram gerados 15 modelos com diferentes combinações entre

as covariáveis. Ao analisar os valores de AIC, observa-se que os três

primeiros modelos são muito próximos entre si e é possível constatar

que os modelos 1 e 2 suportam os dados, com ∆AIC<2. Já o terceiro

modelo possui ∆AIC próximo a dois suportando os dados

consideravelmente menos, este modelo incluiu a covariável velocidade

do vento (Tabela 5). Esta proximidade entre os valores de AIC pode ter

ocorrido, possivelmente, porque outras variáveis ambientais não

mensuradas estejam influenciando na frequência de ocorrência de

baleias francas na costa catarinense.

Serão apresentados os coeficientes estimados do modelo 1, já

que este apresentou maior valor do peso de AIC, mostrando maior

probabilidade deste modelo estar correto entre o conjunto de modelos

candidatos. Os modelos mais parcimoniosos incluíram as covariáveis

local, ano, mês, quadrante do vento e TSM. O valor do fator de inflação

da variância foi igual a 1,10, mostrando que a sobredispersão foi

corrigida.

Através dos coeficientes estimados para os parâmetros e os

intervalos de confiança (Tabela 6) é possível observar que o número

total de indivíduos avistados nas praias de Torres e Solidão foi menor do

que na praia da Ribanceira. Nos meses de setembro e outubro foi

possível observar um maior número de indivíduos que agosto e

novembro (Figura 10). Foram construídos boxplots do CPUE do número

total de indivíduos observados em função dos meses para cada área em

estudo, a fim de observar se existe variação ao longo dos meses nos

diferentes locais. Nas praias da Solidão e Torres (extremos da APA da

Baleia Franca) a maior frequência de ocorrência foi encontrada nos

meses de agosto e setembro com uma diminuição significativa nas

avistagens de baleia franca a partir dos meses de outubro e novembro

(Figura 11A, C). Não se detectou nenhum indivíduo na praia da Solidão

nos meses de outubro e novembro durante os dois anos de

monitoramento (Figura 11A). Já a praia da Ribanceira teve o pico do

número de indivíduos avistados nos meses de setembro e outubro

(Figura 11B), e o mês de novembro manifestou grande variação na

frequência de ocorrência em relação aos outros meses (Figura 11B).

Houve flutuação no número de indivíduos avistados entre os anos, onde

foram registrados maiores ocorrências nos anos de 2007 e 2008 seguido

por um decréscimo em 2012 (Figura 12). O quadrante do vento

aparentemente apresentou maior importância nos registros de baleias

48

que a TSM, já que um dos modelos selecionados não incluiu a TSM.

Quando sopravam ventos sul e sudoeste (quadrante 3) foi registrado um

maior número de indivíduos. Já quando os ventos predominantes eram

de oeste e noroeste (quadrante 4) foi registrado um menor número de

indivíduos. (Figura 13).

Como a TSM não apresentou um padrão linear com o número

de indivíduos avistados. Foi construído somente um modelo a fim de

analisar de maneira exploratória a possível relação entre as variáveis. O

ajuste da função foi significativo (χ

2

=115,3; graus de liberdade

estimado=2; p<0,05) embora o desvio explicado tenha sido baixo

(2,68%). A Figura 14 mostra a curva de suavização ajustada para o

número total de indivíduos em função da temperatura da superfície do

mar (TSM). Existe um bom ajuste dos dados entre as temperaturas de

17° a 21°C que provavelmente está relacionado com uma maior

amostragem entre estes valores. Nestas temperaturas foi possível

observar uma alta frequência de ocorrência de baleias (Figura 13).

Também foi possível detectar que ao chegar próximo aos 20°C, o

número de indivíduos avistados de baleias francas diminui (Figura 15).

A partir dos 21ºC o esforço amostral é menor e, portanto os dados

devem ser vistos com cautela.

Figura 21. Log x+1 da CPUE total de indivíduos avistados ao longo dos meses (agosto, setembro, outubro e novembro) durante a temporada reprodutiva de 2005-2008, 2011 e 2012 nas três áreas de estudo. No gráfico é possível observar a mediana, os valores máximos e mínimos assim como os quartis.

49

Figura 11. Log(x+1) da CPUE total de indivíduos em função dos meses (agosto, setembro, outubro e novembro) avistados durante a temporada reprodutiva de 2005-2008, 2011 e 2012 nas três áreas de estudo: A) praia da Solidão; B) praia da Ribanceira; C) praia de Torres.

A

B

C

B

Solidão

Ribanceira

Torres

50

Tabela 9. Seleção do modelo mais parcimonioso que explica a variação no número total de indivíduos segundo as variáveis espaço-temporais e ambientais, de 2005-2008, 2011 e 2012 nas três áreas de estudo. A tabela apresenta as covariáveis utilizadas na construção de cada modelo, os valores de AIC, o ∆AIC que indica a diferença entre os valores de AIC, K o número de parâmetros de cada modelo e o peso de AIC que indica a probabilidade do modelo se ajustar aos dados.

Modelo

Covariáveis

AIC

∆AIC

K

Peso AIC

1

Local+Mes+Ano+Qua_V+TSM

1557,214

0,000

16

0,48

2

Ano+Local+Mes+Qua_V

1558,086

0,872

15

0,31

3

Local+Mes+Ano+Qua_V+Vel_V+TSM

1559,368

2,154

21

0,16

4

Ano+Local+Mes+Vel_V+Qua_V+Visib+TSM

1562,342

5,128

25

0,04

5

Local+Mes+Ano+Qua_V*Visib

1564,305

7,091

28

0,01

6

Local+Mes+Ano+Vel_V*Qua_V

1580,229

23,015

34

<0,01

7

Local+Mes+Ano+Vel_V+TSM

1590,685

33,471

18

<0,01

8

Ano+Local+Mes+Vel_V+Visib

1590,835

33,621

21

<0,01

9

Local+Mes+Ano+Visib

1591,396

34,182

16

<0,01

10

Ano+Local+Mes+Vel_V

1591,440

34,226

17

<0,01

11

Local+Mes+Ano+TSM

1592,752

35,538

13

<0,01

12

Ano+Local+Mes

1593,317

36,103

12

<0,01

13

Ano+Local

1626,267

69,053

9

<0,01

14

Local+Mes

1649,081

91,867

7

<0,01

15

Ano+Mes

1799,334

242,120

10

<0,01

51

Tabela 6. Parâmetros estimados a partir o modelo linear mais parcimonioso, com suas respectivas estimativas (coeficientes) e intervalos de confiança (IC). As variáveis incluídas no modelo selecionado foram: ano (2005-2008, 2011 e 2012), mês (agosto, setembro, outubro e novembro) e local (Solidão, Ribanceira e Torres), quadrante do vento (1, 2, 3 e 4) e TSM.

Estimativa IC (2,5%) IC (97,5%)

(Intercepto)

3,6347

0,9268

6,3573

Local Solidão -1,9728

-2,4488

-1,4928

Local Torres

-3,5774

-4,0312

-3,1377

Mês setembro 0,9147

0,5320

1,2979

Mês outubro

0,6139

0,0785

1,1455

Mês novembro 0,0361

-0,7134

0,7817

Ano 2006

-0,3842

-0,9097

0,1417

Ano 2007

0,9450

0,4890

1,4032

Ano 2008

1,3090

0,8435

1,7788

Ano 2011

0,4142

-0,0645

0,8943

Ano 2012

0,0433

-0,4691

0,5561

Quadrante 2

-0,0350

-0,6699

0,6492

Quadrante 3

-0,0225

-0,3123

0,2694

Quadrante 4

-0,8792

-1,3234

-0,4181

TSM

-0,1313

-0,2834

0,0204

52

Figura 12. Log x+1 da CPUE total de indivíduos avistados durante a temporada reprodutiva de 2005-2008, 2011 e 2012 nas três áreas de estudo. No gráfico é possível observar a mediana, os valores máximos e mínimos assim como os quartis.

Figura 13. Log x+1 da CPUE total de indivíduos avistados em função do quadrante do vento. No gráfico é possível observar a mediana, os valores máximos e mínimos assim como os quartis. N-NE são ventos de norte e nordeste, E-SE de leste e sudeste, S-SO de sul e sudoeste e O-NO de oeste e noroeste

53

Figura 14. Estimativa da curva suavizada (smoothing) do GAM. O eixo x mostra os valores da temperatura da superfície do mar (TSM) e no eixo y os valores ajustados do número de baleias avistadas, de 2005-2008, 2011 e 2012 nas três áreas de estudo. As linhas pontilhadas são uma aproximação para o intervalo de confiança (95%) da curva de suavização. Cada barra vertical no eixo das abscissas representa uma observação.

54

Figura 15. Média da temperatura da superfície do mar (cinza escuro) e média do número total de indivíduos registrados (cinza claro) em função dos meses (agosto, setembro, outubro e novembro), durante a temporada reprodutiva de 2005-2008, 2011 e 2012.

Documentos relacionados