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1 INTRODUÇÃO

6.4 Análise da estase ciliar traqueal das aves experimentalmente infectadas com

A Tabela 4 mostra que a avaliação do movimento ciliar conforme as diferentes porções cranial, medial e caudal da traqueia das aves vacinadas e não vacinadas indicou que não há diferença de sensibilidade para os efeitos danosos da infecção pelo VBI nas diferentes porções da traqueia.

A análise da estase dos cílios traqueais nos possibilitou a avaliar o efeito da variante IBVPR-12 e da estirpe de referência M41 sobre o movimento ciliar do epitélio traqueal e na origem das lesões traqueais observadas imediatamente após a coleta dos segmentos de traqueia. Também auxiliou na avaliação da proteção traqueal das aves vacinadas e não vacinadas frente ao desafio com a estirpe variante e M41 do VBI.

De início, foi possível detectar moderada paralisia dos cílios traqueais no quarto dia pós-desafio de todos os grupos, com exceção do grupo controle negativo (Figura 2). No entanto, ficou mais evidente a diferença entre os grupos vacinados e não vacinados. O grupo desafiado com a variante IBVPR-12, apresentou menor intensidade de lesões ao epitélio traqueal quando comparado ao grupo desafiado com a estirpe M41.

Os resultados da ciliostase traqueal revelaram que o maior dano foi causado pela estirpe M41 do VBI, que acometeu principalmente as aves do grupo BNV no sétimo dia pós-desafio, ocasião em que foram observados os maiores escores de ciliostase (3,36), período no qual as aves se encontravam em fase aguda da doença, e que as lesões puderam ser mais bem evidenciadas. Da mesma forma, os grupos desafiados com a estirpe IBVPR-12 e não vacinados, demonstraram em suma, uma estase ciliar mais proeminente no sétimo dia pós-desafio. Porém, vale salientar, que a estirpe M41 desenvolveu um escore maior de estase ciliar e lesões ao epitélio ciliado traqueal quando comparada a estirpe variante, de forma semelhante ao quarto dia pós-desafio.

Com relação ao décimo primeiro dpi, a atividade ciliostatica foi inferior quando comparada ao sétimo dpi, em razão das aves já terem desenvolvido respostas imunes humorais, como demonstrado na avaliação do perfil sorológico, com elevada produção de IgA, IgG e IgM, sendo primariamente o aumento do título de IgM sérica

e lacrimal. Além da resposta imune humoral, sabe-se que aves desafiadas com a estirpe M41, com modelo experimental semelhante ao utilizado neste estudo, também desenvolvem uma resposta imune celular, apresentando altas concentrações de marcadores de linfócitos T CD8+ e Granzima A, que podem evitar danos posteriores maiores na traqueia das aves vacinadas e posteriormente desafiadas (SANTOS et al., 2012).

Tabela 4.Avaliação do escore de inibição do movimento ciliar da traqueia (de 0 a 4) de aves do delineamento experimental I e II, nos diferentes intervalos pós- infecção.

pi = intervalo pós-infecção; d= dia; P= porção proximal; M= porção média; D= porção distal; ANV= grupo não vacinado e desafiado com a estirpe IBVPR-12; ANVJ = grupo de aves jovens não vacinado e desafiado com a estirpe IBVPR-12; AV= grupo vacinado e desafiado com a estirpe IBVPR-12; BNV= grupo não vacinado e desafiado com a estirpe M41; BV= grupo vacinado e desafiado com a estirpe M41; C= grupo submetido aos tratamentos com PBS (controle negativo).

4dpi 7dpi 11dpi 14dpi 21dpi 0 1 2 3 4

ANV

ANVJ

BV

C

AV

BNV

* * * * * * * *

Es

co

re

Figura 2. Comparação de escores totais de ciliostase na traqueia das aves dos grupos vacinados e desafiados e apenas desafiados nos diferentes intervalos pós-desafio. Estão indicadas na figura as diferenças significativas pelo teste de Mann-Whitney entre os grupos vacinados e não vacinados para cada intervalo avaliado; p < 0.05*.

No quarto, sétimo e décimo primeiro dia pós-infecção, os resultados indicaram que as aves vacinadas, tanto do grupo desafiado com a variante quanto com a estirpe de referência, apresentaram um significativo grau de proteção, com escores menores e diferentes no quarto dpi, sétimo dpi e décimo primeiro (p<0.05) dos grupos não vacinados, uma vez que a menor media de escores obtidos na ciliostase foram destes grupos (Figura 2). Estas manifestações estão de acordo com os resultados encontrados na histopatologia e na detecção do VBI na traqueia destas aves, sugerindo que, em conjunto com os dados obtidos das respostas imunes humorais, as aves mesmo do grupo não vacinado, possuem neste período pós- infecção, uma resposta imunológica atuante e que parece ser capaz de conferir proteção mais tardia nas aves não vacinadas contra o VBI. A partir do décimo quarto dpi, podemos notar uma queda drástica nos escores de ciliostase, principalmente tratando-se dos grupos vacinados. Assim como demonstrado na análise histopatológica, as traqueias das aves dos grupos AV e BV foram eficientes para que houvesse alguma regeneração tecidual nestas aves, uma vez que escores de ciliostase foram inferiores quando comparados com os escores dos grupos não vacinados. Por fim, aos vinte e um dpi, todos os grupos caminharam para escores

próximos a zero, uma vez que estas aves estavam em fase convalescência da infecção.

Apesar de a vacinação com a estirpe H120 não ter induzido uma proteção integral da estase ciliar, houve proteção, tanto nas aves desafiadas com a estirpe M41 quanto desafiadas com a variante IBVPR-12. Estes resultados estão em concordância com os achados de Darbyshire (1980), que aferiu que a proteção ao desafio estava associada à habilidade de uma estirpe vacinal de VBI em conferir resistência na traqueia frente ao desafio com outra estirpe, observada pela incapacidade de induzir uma completa ciliostase no epitélio traqueal. Ainda neste contexto, pode-se dizer que a vacina Mass foi parcialmente efetiva na proteção do trato respiratório das aves desafiadas com esta estirpe variante e heteróloga. Porém, apenas a proteção traqueal não pode definir uma vacina como hábil e eficaz frente a outras estirpes. Lembrando que como foi demonstrado na análise histopatológica e da carga viral nos diferentes tecidos, esta vacina não conferiu total proteção aos rins, pulmões e intestinos das aves vacinadas com a estirpe H120 e desafiadas com a estirpe variante do VBI.

6.5. Histopatologia