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79 Todos os valores referentes as mensurações da angulação das fibras de colágeno, nos dois grupos da pesquisa, foram analisados através do teste estatístico ANOVA a dois critérios com o valor de P ≤ 0,05.

Como resultado, foi encontrada diferença estatísticamente significante apenas para a variável grupo, não houve diferença para os valores referentes as faces avaliadas e sua interação.

Tabela 8 – Valores da avaliação estatística – ANOVA a dois critérios

Df Effect Ms Effect Df Error Ms Error F P

Grupo 1 15547,6 16 315,7644 49,23797 0,0000 S

Face 1 405,8882 16 280,3777 1,447648 0,2464 NS

Interação 1 689,4125 16 280,3777 2,458871 0,1364 NS

Quando analisamos os valores médios, o grupo III, com implantes do tipo Cone Morse apresentou um valor de 70,20 graus para a face vestibular e 54,73 graus para a face lingual, as amostras do grupo I, com implantes do tipo Hexágono externo, apresentaram valores médios de 19,88 graus para a face vestibular e 21,92 graus para a face lingual.

Tabela 9 – Valores Médios e Desvio Padrão – ANOVA a dois critérios

Media Desvio Padrão

Vest Ling N Vest Ling N

C.M. 70,20 54,73 9 C.M. 29,89 10,58 9

80 A partir dos resultados obtidos, foi realizado o teste de Tukey para comparação múltipla, sendo encontrada diferença estátisticamente significante apenas entre os grupos estudados.

Tabela 10 – Valores da comparação múltipla – Teste de Tukey

Interação Principal - Grupos

C.M. 32,46278 0,00016 S

83 Neste estudo foram avaliadas amostras contendo implantes dentários com dois diferentes tipos de conexão protética, visando investigar a sua influência sobre o tecido peri-implantar em cães, através do uso de luz polarizada.

Não houve a perda de nenhum dos 42 implantes utilizados na pesquisa, estando todos osseointegrados no momento do sacrifício dos animais, fato esse confirmado posteriormente através da análise histológica.

Apesar de utilizarmos 3 diferentes tipos de tratamento de superfície nos implantes, para a avaliação apresentada neste trabalho foram coletados dados de apenas dois dos grupos teste, já que ambos apresentavam tratamentos semelhantes, esta escolha se deveu ao fato que um terceiro tratamento de superfície, presente nas amostras do grupo II, poderia ser entendido como uma variável adicional, e que possivelmente, causaria uma dificuldade na interpretação dos dados.

Neste estudo, avaliamos apenas a influência da interface protética sobre o tecido conjuntivo e suas fibras de colágeno, para tal, o uso da luz polarizada se mostrou adequado devido a possibilidade de visualização dos grupos de fibras mais superficiais presentes nas amostras.

A espessura das amostras utilizada neste trabalho, para o processamento histológico de tecidos não desmineralizados, em torno de 80µm, era muito superior aquela indicada para avaliação de tecido desmineralizado, que fica em torno de 4 a 10µm, criando assim a possibilidade de visualização de diversas camadas de fibras de colágeno, fato este, minimizado pela coloração aplicada e o método adotado para avaliação.

Quando analisamos os resultados referentes as amostras do grupo I, com implantes do tipo hexágono externo, 8 destas amostras apresentavam fibras de colágeno que originavam-se do epitélio queratinizado, corriam paralelamente ao cilindro de proteção e o componente protético em direção a porção mais apical do implante, basicamente neste grupo, só foram observadas fibras classificadas como paralelas-obliquas.

Este resultado está de acordo com aqueles apresentados por outros autores (Comut et al.; 2001), que encontraram basicamente fibras paralelas ao redor de implantes que utilizavam o mesmo tipo de interface.

Quando observamos as amostras do grupo I, com implantes com conexão protética do tipo hexagonal de forma generalizada, nossos resultados parecem estar

84 de acordo com os dados encontrados por diversos autores (Buser et. al., 1992; Ruggeri et. al., 1992; 1994; Weber; Cochran; 1998), que encontraram fibras predominantemente paralelas correndo lateralmente a superfície do implante e seu componente, assim como nestes estudos, aparentemente ao redor destes implantes, se forma um ligamento circular, em forma de um copo e que não apresenta nenhum sinal de inserção a superfície do componente protético.

Assim como nestes estudos, foram observadas em nossas amostras, um denso grupo de fibras colágenas, livres de inflamação e correndo paralelamente ao redor de implantes que se originavam da crista óssea e mucosa queratinizada que convergiam para o implante.

Não foi possível a observação desta zona circular de fibras de colágeno, já que no nosso estudo, os cortes foram feitos longitudinalmente ao implante, tornando inviável a detecção e avaliação desta zona.

Foram encontradas fibras que poderiam ser classificadas como perpendiculares em apenas 3 amostras deste grupo, mesmo neste caso, estavam localizadas abaixo da plataforma protética, estes grupos de fibras se originavam da crista óssea marginal e também do epitélio queratinizado, estas fibras caminhavam em direção as espiras dos implantes, este comportamento pode ser atríbuido ao fato desta região não apresentar micromovimentação, fator esse apontado entre outros como um dos possíveis causadores da remodelação óssea da crista após a exposição do implante ao meio bucal.

Não foram observados em nenhuma das amostras deste grupo, sinais de inserção das fibras de colágeno, nas regiões do cilindro de proteção ou componente protético, estando de acordo com os achados relatados por diversos autores (Buser et. al., 1992; Ruggeri et. al., 1992; 1994; Schierano et. al., 2002), ao contrário, foram observados sinais de inserção em 7 amostras, inserções estas sempre localizadas abaixo da plataforma do implante.

Esses achados nos levam a crer, que a instabilidade mecânica comumente atribuída a este tipo de conexão associada a perda óssea marginal, pode exercer alguma influência sobre a qualidade e a possibilidade de inserção destas fibras, pois as mesmas sempre se inserem abaixo da plataforma do implante, região aonde o implante fica circundado pelo tecido ósseo.

Em outro trabalho, foram avaliados diferentes tipos de tratamento de superfície e sua influência sobre o direcionamento das fibras de colágeno (Comut et

85 al.; 2001), em nosso trabalho apesar de utilizarmos tratamentos de superfície diferentes, estas diferenças não foram avaliadas, pois estas superfícies estavam presentes nos implantes dentários e não nos componentes protéticos, outro aspecto importante, no nosso estudo estas superfícies estavam localizadas abaixo da crista óssea marginal, ao contrário do estudo citado, onde os implantes de um estágio foram instalados supra-ósseos para tal avaliação.

Nevins et. al. (2008), realizou um estudo onde o objetivo era investigar o potencial de inserção do tecido conjuntivo a superfície dos implantes, para isso, criaram microcanais na região da plataforma do implante, estes autores encontraram fibras de colágeno correndo em direção a este microcanais e a presença de inserção destas fibras a superfície, no nosso estudo, foram observadas fibras perpendiculares com sinais de inserção diretamente aos implantes nas amostras do grupo I, ao contrário do estudo citado, os implantes utilizados pela nossa pesquisa não apresentavam nenhum tratamento adicional a sua superfície.

Quando analisamos os resultados referentes ao grupo III, com interface protética do tipo cone Morse, foram observadas fibras que poderiam ser classificadas como obliquas ou perpendiculares, distribuídas lateralmente a região mais profunda do componente protético e acima da plataforma dos implantes em 6 amostras.

Estes diferentes grupos de fibras eram oriundos de diversas estruturas, epitélio oral e crista óssea marginal, diferentemente do comportamento citado quando analisamos o grupo I, estas fibras se união na região da crista e se direcionavam ao componente protético, enquanto no grupo I estas fibras seguiam em direção as roscas dos implantes.

Podemos crer que a estabilidade mecânica presente neste tipo de implante, associada a sua capacidade de manutenção da crista óssea marginal, assim como o seu protocolo de inserção infra-ósseo, podem criar uma condição melhor para inserção das fibras diretamente ao componente protético, favorecendo assim a proteção do tecido ósseo.

Contrariamente ao protocolo desenvolvido para os implantes com interface hexagonal, onde a manutenção desta interface ao nível ósseo tem como objetivo evitar que a contaminação oriunda do “microgap” leve a uma maior reabsorção óssea marginal.

86 Nossos achados para o grupo III, com implantes com conexão protética do tipo cone Morse, também apresentaram fibras perpendiculares inserindo-se diretamente a superfície do componente protético em 8 amostras deste grupo, similarmente ao achados descritos por Nevins et. al. (2009), diferentemente do estudo citado, os componentes protéticos utilizados não apresentavam tratamento de superfície.

Não foram observadas fibras se inserindo diretamente aos implantes pertencentes a este grupo, isso se deve a menor reabsorção óssea, já que em nenhuma das amostras deste grupo, foram observadas perdas abaixo da plataforma dos implantes.

Estes achados estão em desacordo com aqueles apresentados por Degidi et. al. (2011), onde avaliando implantes com interface do tipo cone Morse, não foram encontradas fibras perpendiculares próximas a superfície dos implantes e componentes protéticos, estes autores citaram que estavas fibras se tornavam paralelas a medida que se aproximavam do implantes e sem apresentarem sinais de inserção.

Neste estudo foram avaliadas 9 amostras de implantes do tipo cone Morse, ao contrário do estudo citado, onde foram avaliadas somente 3 amostras, outra diferença que devemos considerar, é o fato que o nosso estudo foi realizado em animais, enquanto o estudo citado foi feito em humanos, apesar do estudo em animais servirem de base para várias afirmações, os resultados obtidos em animais não podem ser considerados como idênticos ao comportamento apresentado pelo tecido peri-implantar em humanos, outros estudos devem ser feitos para esclarecer este comportamento.

Quando todos os valores correspondentes aos dois grupos avaliados, podemos observar a maior predominância de fibras classificadas como paralelas – obliquas no grupo I, com 16 amostras, duas outras amostras deste grupo poderiam ser classificadas como obliquas, já no grupo III, a maior predominância das amostras se encontram classificadas como obliquas, com 11 amostras, outras 5 amostras deste grupo podem ser classificadas como obliquas-perpendiculares, duas amostras apresentaram valores acima de 100° graus, não sendo nominadas na classificação feita por Comut et al. (2001), e que foi adotada para esta avaliação.

Quando analisamos os valores médios, o grupo III, com implantes do tipo Cone Morse apresentou um valor de 70,20 graus para a face vestibular e 54,73

87 graus para a face lingual, as amostras do grupo I, com implantes do tipo Hexágono externo, apresentaram valores médios de 19,88 graus para a face vestibular e 21,92 graus para a face lingual, estes resultados apontaram diferença estatísticamente significante quando comparamos os dois grupos.

Nossos resultados nos levam a crer que existe uma diferença no comportamento do tecido conjuntivo marginal frente as características mecânicas apresentadas pelos sistemas estudados, o sistema hexagonal vem sendo apontado na literatura como suscetível a falhas, entre elas, fratura de parafusos, afrouxamento dos componentes protéticos, presença de “microgap” e micromovimentação do seu componente, todas estas características parecem ter alguma influência sobre a disposição das fibras de colágeno, que buscam sua inserção na porção mais estável do sistema, o corpo do implante, basicamente, neste implantes encontramos fibras paralelas, que não apresentam inserção diretamente ao componente protético, deste modo, não criam uma barreira de proteção ao tecido ósseo, permitindo a invasão de bactérias.

Nos implantes que apresentam interface protética do tipo cônica, não observamos estas características, pesquisas demonstram que este tipo de interface apresenta uma estabilidade mecânica superior, é raro o relato de afrouxamento dos componentes protéticos, não apresentam “microgap”, estas características associadas são responsáveis pela manutenção óssea marginal, o que permite um protocolo de inserção infra-ósseo, está manutenção das cristas marginais pode ser apontado com um dos fatores responsáveis pela presença de fibras de diverso grupos ao redor e em contato com o componente protético, apresentando uma faixa de tecido conjuntivo maior, livre de inflamação, formando assim uma barreira de proteção contra a invasão de bactérias.

91 Neste estudo foram avaliadas histológicamente 18 amostras contendo implantes dentários com interface hexagonal e cônica analisando o comportamento e o direcionamento das fibras de colágeno através de luz polarizada.

Baseado na metodologia empregada e nos resultados encontrados, podemos concluir que:

- Ao redor dos implantes dentários é possível encontrar diversos grupos de fibras de colágeno, que parecem formar uma importante barreira de proteção para o tecido ósseo.

- O tipo de interface protética parece influenciar no comportamento do tecido conjuntivo.

- A utilização de implantes que permitam a manutenção da crista óssea marginal é importante, já que a sua presença ao redor da interface parece propiciar o surgimento de fibras inseridas diretamente ao componente protético.

- A maior estabilidade fornecida pelos implantes que utilizam interface cônica, parece permitir a inserção de fibras de colágeno diretamente ao componente protético, proporcionando uma melhor estabilidade tecidual e proteção aos implantes.

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