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Na Tabela 10 encontram-se os resultados dos participantes no estudo, nas provas de MBC-leitura oral de textos, nomeadamente os resultados referentes às duas aplicações assim como a diferença entre aplicações e o crescimento semanal. O crescimento semanal do número de palavras corretas por minuto (pcpm) foi calculado com base no quociente entre a diferença entre aplicações e o número de semanas entre as duas aplicações (Fuchs et al., 1993; Graney, Missall, Martínez, & Bergstrom, 2009), que neste estudo foi de 25 semanas.

A média dos resultados dos alunos na primeira aplicação das provas de MBC-leitura oral de textos foi de 85,21 pcpm (DP=28,41), com resultados entre as 29 e as 173 pcpm. Na segunda aplicação a média foi de 97,46 (DP=30,07), com resultados entre as 35 e as 123 pcpm. Os valores mínimos e máximos foram atingidos na primeira aplicação. A diferença entre aplicações foi de 12,25 (DP=9,57) com valores a variarem entre -14 e 40 pcpm. Os alunos tiveram um crescimento semanal em média de 0,49 (DP=0,38) com valores a variarem entre -0,56 e 1,60 pcpm.

A análise de frequência dos resultados permite indicar que 11 (7,53%) alunos tiveram um crescimento negativo e que dois (1,37%) alunos mantiveram o seu desempenho. Ao passo que 12 (8,22%) alunos tiveram um crescimento de pelo menos uma pcpm por semana, ou seja

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um pouco mais do dobro da média da amostra e que dois alunos (1,37%) obtiveram o triplo do crescimento em relação à média da amostra.

Tabela 10.Estatística descritiva dos resultados da MBC-leitura oral de textos obtidos pela amostra

MBC – leitura oral de textos Média Desvio padrão Moda Mínimo Máximo

Primeira aplicação 85,21 28,41 57 29 173

Segunda aplicação 97,46 30,07 106 35 172

Diferença entre aplicações 12,25 9,57 8 -14 40

Crescimento semanal 0,49 0,38 0,32 -0,56 1,60

Nota: N=146

Distribuição dos resultados

As Figuras 5, 6, 7 e 8 mostram a distribuição dos resultados da MBC-leitura oral de textos para cada uma das aplicações, para a diferença entre aplicações e para o crescimento semanal, respetivamente.

A distribuição dos resultados na primeira aplicação é assimétrica positiva (Skewness=0,458), ou seja, observe-se a maior frequência para resultados menores, o grau de achatamento, ou curtose (Kurtosis=0,486) indica que a curva é leptocúrtica ou alongada (ver Figura 5). Na segunda aplicação a distribuição de resultados continua a ser assimétrica positiva (Skewness=0,247) e o grau de achatamento, ou curtose (Kurtosis=-0,005) indica que a curva é platicúrtica ou achatada (ver Figura 6).

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Figura 5.Distribuição dos resultados da amostra na primeira aplicação

Figura 6.Distribuição dos resultados da amostra na segunda aplicação

A diferença entre aplicações e o crescimento semanal têm uma distribuição de resultados assimétrica negativa (Skewness=-0,080), ou seja, observe-se a maior frequência para os resultados maiores, o grau de achatamento, ou curtose (Kurtosis=0,584) indica que a curva é leptocúrtica ou alongada (ver Figuras 7 e 8).

Figura 7.Distribuição dos resultados da amostra na variável “diferença entre aplicações”

Figura 8.Distribuição dos resultados da amostra na variável “crescimento semanal”

Resultados relativos aos percentis

Os valores dos percentis dos resultados da amostra podem servir de norma para este agrupamento, uma vez que foram avaliadas todas as escolas e turmas do 3º ano do

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agrupamento e quase todos os alunos. O valor do risco na primeira aplicação foi de 58,40 pcpm e o valor do risco na segunda aplicação foi de 74,40 pcpm (ver Tabela 11).

Tabela 11.Valores dos percentis dos resultados da MBC-leitura oral de textos obtidos pela amostra Percentis 10 20 25 50 75 90 Primeira aplicação 48,00 58,40 68,75 84,50 100,00 123,60 Nº alunos 15 29 36 73 111 132 Segunda aplicação 55,80 74,40 79,00 96,50 114,00 142,30 Nº alunos 14 29 37 73 111 132 Nota: N=146

Resultados relativos aos alunos em risco em ambas as monitorizações

Na primeira parte desta secção são apresentados os resultados dos alunos em risco nas duas aplicações. Na segunda parte desta secção são apresentados os resultados dos alunos que estavam em risco na primeira aplicação e continuaram em risco na segunda aplicação, bem como daqueles que na segunda aplicação deixaram de estar em risco (obtiveram resultados acima do percentil 20) e dos que não estando em risco na primeira aplicação passaram a estar na segunda.

Os alunos que se encontram abaixo do percentil 20 (inclusive) no que respeita aos resultados obtidos na MBC-leitura oral de textos estão em risco de apresentarem DAE na leitura (Deno, 2003). Deste modo dos 146 alunos que compõem a amostra 29 (19,86%) encontram-se em risco (ver Tabela 11).

Na primeira aplicação a média dos resultados dos alunos em risco foi de 46,59 (DP=9,60), ao passo que a média dos outros alunos foi de 94,79 (DP=22,84), o que corresponde a mais do dobro da média obtida pelos alunos em risco. Em média, os resultados dos alunos em risco na segunda aplicação foi de 56,38 (DP=12,92), mais de 9,79 pcpm do que na primeira aplicação e os resultados dos outros alunos foi de 107,64 (DP=23,73), mais de 12,85 pcpm do que na primeira aplicação e quase o dobro da média obtida pelos alunos em risco. Os alunos que não estão em risco alcançaram em média, resultados superiores aos do total da amostra nas duas aplicações (ver Tabela 12).

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Tabela 12. Estatística descritiva dos resultados da MBC-leitura oral de textos dos alunos em risco e que não estão em risco por aplicações

Alunos Em Risco (N=29) Não estão Em

Risco (N=117)

Total da Amostra (N=146)

MBC Média DP Média DP Média DP

Primeira aplicação 46,59 9,60 94,79 22,84 85,21 28,41

Segunda aplicação 56,38 12,92 107,64 23,73 97,46 30,07

Dos 29 alunos em risco identificados na primeira aplicação constata-se que 24 alunos continuam em risco na segunda aplicação, que cinco deles deixaram de estar em risco; cinco alunos, que na primeira aplicação não estavam em risco passaram a fazer parte desse grupo após a segunda aplicação (ver Tabela 13).

Para os alunos que continuam em risco, em média, a diferença entre aplicações foi de 8,54 (DP=6,93) o que perfaz um crescimento semanal de 0,34 (DP=0,28); mesmo que estes alunos crescessem de acordo com a média de crescimento da amostra continuavam em risco.

Os cinco alunos que deixaram de estar em risco alcançaram em média uma diferença entre aplicações de 21,00 (DP=2,34) pcpm o que correspondeu a um crescimento semanal em média de 0,84 (DP=0,09). O crescimento semanal foi mais de 2/3 superior ao do total da amostra e quase 2,5 vezes maior relativamente ao crescimento dos alunos que continuam em risco e quase 13,5 vezes maior que os alunos que passaram a estar em risco.

Em média, os cinco alunos que passaram a estar em risco, tendo por base os resultados da segunda aplicação, tiveram uma pequena diferença entre aplicações, ou seja 1,40 (DP=5,77) o que corresponde a um crescimento semanal de 0,06 (DP=0,23). Estes alunos alcançaram em média na segunda aplicação menos de 5,2 palavras que os alunos que deixaram de estar em risco. De referir ainda que os resultados destes alunos na segunda aplicação indicam que estão em média a 1,9 pcpm de pertencer ao grupo dos alunos que não estão em risco.

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Tabela 13. Estatística descritiva dos resultados da MBC-leitura oral de textos dos alunos que estavam em risco na primeira aplicação e dos que passaram a estar em risco na segunda aplicação MBC – leitura oral de textos Primeira aplicação Segunda aplicação Diferença entre aplicações Crescimento semanal

Risco N Média Desvio

Padrão Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Em risco na 1ª e 2ª aplicações 24 44,46 9,20 53,00 11,57 8,54 6,93 ,34 ,28 Deixaram de estar em risco na 2º aplicação 5 56,80 1,09 77,80 2,59 21,00 2,34 ,84 ,09 Passaram a estar em risco na 2º aplicação 5 71,20 5,07 72,60 1,34 1,40 5,77 ,06 ,23 Total da amostra 146 85,21 28,41 97,46 30,07 12,25 9,57 ,49 ,38

Como os alunos em risco não são os mesmos nas duas aplicações torna-se pertinente fazer a análise descritiva dos resultados destes alunos (ver Tabela 14). Os alunos em risco identificados após a primeira aplicação tiveram em média um crescimento semanal maior em comparação com o crescimento dos alunos em risco identificados após a segunda aplicação e um crescimento muito próximo em relação aos alunos identificados na primeira aplicação como não estando em risco. Os alunos em risco identificados após a segunda aplicação tiveram em média um crescimento de quase metade do crescimento dos alunos identificados na segunda aplicação como não estando em risco.

Tabela 14. Estatística descritiva dos resultados da MBC-leitura oral de textos tendo em conta os alunos em risco e que não estão em risco em cada uma das aplicações

Aplicações Alunos Em Risco N=29 Não estão Em Risco N=117 MBC – leitura oral de

textos Média DP Média DP

Resultados dos alunos identificados após a primeira aplicação Primeira aplicação 46,59 9,60 94,79 22,84 Segunda aplicação 57,28 14,20 107,42 24,03

Diferença entre aplicações 10,69 7,95 12,63 9,92

Crescimento semanal ,43 ,32 ,50 ,40

Resultados dos alunos identificados

Primeira aplicação 49,07 13,37 94,17 23,63

64 Aplicações Alunos Em Risco N=29 Não estão Em Risco N=117 MBC – leitura oral de

textos Média DP Média DP

após a segunda aplicação

Diferença entre aplicações 7,31 7,20 13,47 9,72

Crescimento semanal ,29 ,29 ,54 ,39

Análise do crescimento por percentil

Na Tabela 15 encontra-se a análise estatística descritiva dos resultados dos alunos agrupados por percentis. Os grupos de percentis foram criados de acordo com os valores dos percentis obtidos na primeira aplicação. Os alunos que tiveram um maior crescimento entre aplicações foram os do percentil de 81 a 90 com uma diferença entre aplicações em média de 15,27 (DP=9,46) e os do percentil de 21 a 30 com uma diferença entre aplicações em média de 14,07 (DP=8,59). Os alunos com um menor crescimento foram os do percentil de 0 a 10 com uma diferença entre aplicações em média de 8,60 (DP=5,63), os do percentil de 31 a 40 com uma diferença entre aplicações em média de 10,57 (DP=7,43) e os do percentil 91 a 100 com uma diferença entre aplicações em média de 10,93 (DP=15,66).

Tabela 15.Estatística descritiva dos resultados da MBC-leitura oral de textos agrupados por percentis, definidos após a primeira aplicação

Percentil N

Primeira aplicação Segunda aplicação Diferença entre

aplicações

Crescimento semanal

Média DP Média DP Média DP Média DP

0 a 10 15 38,73 6,19 47,33 9,25 8,60 5,63 ,34 ,22 11 a 20 14 55,00 3,14 67,93 10,31 12,93 9,57 ,52 ,38 21 a 30 15 67,27 3,67 81,33 7,40 14,07 8,59 ,56 ,34 31 a 40 14 76,29 2,95 86,86 7,27 10,57 7,43 ,42 ,30 41 a 50 15 82,20 1,15 95,60 8,46 13,40 8,76 ,54 ,35 51 a 60 16 87,31 1,66 99,81 6,19 12,50 6,09 ,50 ,24 61 a 70 14 93,29 1,99 104,43 12,21 11,14 11,67 ,45 ,47 71 a 80 14 99,79 2,15 112,64 12,21 12,86 10,95 ,51 ,44 81 a 90 15 111,87 6,22 127,13 12,90 15,27 9,46 ,61 ,39 91 a 100 14 143,00 14,57 153,93 12,39 10,93 15,66 ,44 ,63

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Análise inferencial

Para verificar as diferenças entre os resultados obtidos em cada uma das aplicações, foi utilizado o Teste-t para amostras emparelhadas e foram testadas as seguintes hipóteses:

H0: Não existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos

na primeira aplicação e os obtidos na segunda aplicação.

H1: Existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos na

primeira aplicação e os obtidos na segunda aplicação.

O teste de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos não são estatisticamente diferentes do ponto de vista da variância, F=0,95, p=0,000. O resultado do Teste-t para amostras emparelhadas indicou que existem diferenças estatisticamente significativas entre os resultados das duas aplicações, t(145)=-15,46,

p=0,000. Como p<0,001, rejeita-se a H0. Sublinho o aumento da média dos resultados.

Adicionalmente, foram analisadas as diferenças de crescimento obtidas pelos alunos em risco, identificados em cada uma das aplicações, e os outros alunos através do Teste-t para amostras independentes. Assim, para os alunos em risco detetados após a primeira aplicação as hipóteses a testar foram:

H0: Não existem diferenças significativas entre os resultados dos alunos em risco e os dos alunos que não estão em risco identificados após a primeira aplicação na variável crescimento semanal.

H1: Existem diferenças significativas entre os resultados dos alunos em risco e os dos alunos que não estão em risco identificados após a primeira aplicação na variável crescimento semanal.

O teste de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos não são estatisticamente diferentes do ponto de vista da variância, F=1,00, p=0,32.

O resultado do Teste-t para amostras independentes revelou que não existem diferenças estatisticamente significativas entre os alunos em risco e não em risco após a primeira aplicação no que respeita ao crescimento, t(144)=-0,98, p=0,33. Como p> 0,05, não

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se rejeita a H0. Contudo, os alunos que não estavam em risco após a primeira aplicação

tiveram um crescimento maior.

Para os alunos em risco detetados após a segunda aplicação as hipóteses a testar foram:

H0: Não existem diferenças significativas entre os resultados dos alunos em risco e os dos que não estão em risco identificados após a segunda aplicação na variável crescimento semanal. H1: Existem diferenças significativas entre os resultados dos alunos em risco e os dos que não estão em risco identificados após a segunda aplicação na variável crescimento semanal.

O teste de Levene para verificar a homogeneidade da variância indicou que os grupos não são estatisticamente diferentes do ponto de vista da variância, F=3,35, p=0,07.

O resultado do Teste-t para amostras independentes revelou que existem diferenças estatisticamente significativas entre alunos em risco e não em risco após a segunda aplicação

no que respeita ao crescimento, t(144)=-3,20, p=0,002. Como p< 0,05, rejeita-se a H0. Os

alunos considerados não em risco obtiveram um crescimento semanal maior. Sublinho que ao longo do ano, as diferenças entre os dois grupos tornaram-se estatisticamente significativas.