• Nenhum resultado encontrado

3. FATORES QUE INFLUENCIAM NA QUALIDADE DA CARNE DE FRANGO

4.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para análise dos resultados foi utilizado o programa Statistica for Windows 10.0. O teste de Tukey à nível de 5% de significância foi utilizado para comparar as médias de cada análise físico-química.

30

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de pH, capacidade de retenção de água (CRA) e Dripping test das carcaças de frango obtidas de supermercados estão apresentados na Tabela 2. A análise de cor não foi realizada neste experimento para auxiliar na classificação das amostras em PSE ou Normal por se tratar de amostras congeladas e que passariam pela metodologia de Dripping test, que submete as carcaças a um descongelamento em banho-maria sob temperatura de 42°C, por um período determinado pela legislação. Esta temperatura resulta em uma alteração da cor da carcaça, o que interfere no resultado da análise de cor.

Tabela 2. Resultados das análises físico-químicas: pH, CRA, Dripping test, das carcaças de frango congeladas obtidas em supermercados.

Marcas Ph CRA (%) Dripping test (%)

A 5,70 ± 0,10c 62,98 ± 6,05b 8,32 ± 3,04a

B 5,92 ± 0,07ab 68,87 ± 2,32ªb 4,79 ± 0,90bc

C 5,90 ± 0,13b 66,98 ± 1,87ªb 3,75 ± 0,88c

D 5,91 ± 0,07b 69,26 ± 2,78ªb 6,69 ± 0,49ab

E 6,07 ± 0,07a 71,94 ± 5,13ab 6,66 ± 1,59ab

*Médias seguidas de mesma letra na mesma coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade.

A marca A revelou os menores valores de pH (5,70) e CRA (62,98%). Estes resultados foram característicos para carnes PSE (SOARES et al., 2002; GUARNIERI et al., 2004; OLIVO et al., 2001; BARBUT et al., 2008; WILHELM, 2010), apresentando valores de pH ≤ 5,8 e uma menor CRA, comparada com as demais amostras classificadas como Normais. De acordo com Huff-Lonnergan (2005), essa baixa capacidade de retenção de água está relacionada com uma glicólise acelerada e pH final baixo. Esse declínio rápido de pH enquanto o músculo ainda está quente provoca a desnaturação de proteínas tanto as miofibrilares quanto as sarcoplasmáticas (perda de funcionalidade e capacidade de ligação de água), resultando em características típicas de carnes que apresentam o fenômeno PSE.

31

Em contraste, a marca E revelou os maiores valores de pH (6,07) e CRA (71,94%). Resultados característicos de uma carne classificada como Normal. Já as demais marcas (B, C e D), apresentaram valores de pH e CRA semelhantes, não apresentando diferenças significativas.

A legislação brasileira estabelece o limite máximo de 6% de água resultante do descongelamento das carcaças congeladas (BRASIL, 1998), das 5 marcas analisadas, 3 marcas (A, D e E) (Tabela 2) apresentaram valores acima do limite permitido, sendo que a marca A obteve a maior média (8,32%). De acordo com a legislação (BRASIL, 1998), as amostras que ultrapassaram o valor estabelecido absorveram um excesso de água (acima de 6%) durante o resfriamento (nos chillers) por imersão em água. Observou-se que as marcas D e E apresentaram valores de

dripping test acima de 6%, indicando aparentemente possibilidade de fraude, todavia

fatores estudados por Carciofi e Laurindo (2007), complementa a legislação, indicando que os parâmetros: temperatura da água, pressão hidrostática, agitação da água e tempo de imersão são determinantes na quantidade de água absorvida pelas carcaças de aves durante o processo de resfriamento por imersão. Os valores obtidos acima de 6% não geram duvidas para os auditores/fiscais que o frigorífico deve ser autuado por excesso de água nas carcaças. Cabe ao estabelecimento verificar as causas do ocorrido para justificar os valores apresentados. A autuação é realizada de qualquer maneira, onde a empresa terá que aguardar os tempos legais de finalização da comprovação da não existência da fraude para que a multa não seja aplicada.

Entretanto, o presente trabalho sugere outro fator a ser considerado, o fenômeno PSE. A marca A apresentou as características do fenômeno PSE nas amostras, que consequentemente poderia aumentar o volume de água do processo de descongelamento devido à desnaturação proteica (HUFF-LONNERGAN, 2005), justificando o maior valor da análise de Dripping test. Como as amostras deste estudo foram obtidas em supermercados, e as práticas industriais das marcas testadas não foram monitoradas, mais estudos nesta área são necessários para intensificar as hipóteses de que o fenômeno PSE poderia influenciar nos resultados da análise de Dripping test.

32

6 CONCLUSÃO

A análise de dripping test apresentou três amostras acima do valor permitido pela legislação, podendo ser considerada a marca A com características de carnes de frango PSE, anomalia que tem a possibilidade de influenciar no resultado devido a desnaturação proteica, e consequentemente maior volume de exsudato.

33

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, L. S. Competitividade de empresas de abate e processamento de

frangos da cadeia avícola do oeste do Paraná: uma análise sob a ótica da Swto.

Lavras: UFLA, 2004. 91p.

AVISITE. Projeções agrícolas para 2023. Curitiba, jun. 2014. Disponível em: <http://www.flip3d.com.br/web/pub/avisite/index2/index.jsp?ipg=124329>. Acesso em: 20 jun. 2014.

AVISITE. Fiscalização – Governo vê excesso de água em frango de três

indústrias. São Paulo, ago. 2010. Disponível em:

<http://www.avisite.com.br/clipping/default.asp?codnoticia=15231>. Acesso em: 15 jun. 2014.

BAIÃO, N. C. Efeitos da alta densidade populacional sobre o ambiente das

instalações avícolas. In. SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE AMBIENCIA E

INSTALAÇÕES NA AVICULTURA INDUSTRIAL, 1998, São Paulo. Anais...Campinas: Facta, p. 67-75, 1998.

BARBOSA FILHO, J.A.D. Caracterização quantiqualitativa das condições

bioclimáticas e produtivas nas operações pré-abate de frangos de corte. 2008.

174p. Tese (Doutorado em Física do Ambiente Agrícola) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz', Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2008

BARBUT, S. Pale, soft, and exudative poultry meat: Reviewing ways

to manage at the processing plant. Poultry Science, 88, p. 1506-1512. 2009.

_____. Occurrence of pale soft exudative meat in mature turkey hens. British

Poultry Science, v. 38, n. 1, p. 74-77, 1997.

_____, et al. Progress in reducing the pale, soft and exudative (PSE) problem in pork and poultry meat. Meat Science, v. 79, p.46-63, 2008.

BECKER, B. G. Bem Estar Animal em Avicultura. VII Simpósio Brasil Sul de Avicultura 04 a 06 de abril de 2006 – Chapecó, SC – Brasil.

BERAQUET, N. J. Influência de Fatores ante e post mortem na qualidade da carne de aves. Revista Brasileira de Ciência Avícola. pag. 155-156, 1999.

34

BRANCO, J.A.D. Manejo pré-abate e perdas decorrentes do processamento de

frango de corte. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

AVÍCOLAS, 2004, Santos, SP. Anais... Campinas: FACTA, 2004. V.2, p.129-142.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Departamento de inspeção de produtos de origem animal. Secretaria de defesa agropecuária.

Regulamento técnico de inspeção tecnológica e higiênica sanitário de carnes de aves. Portaria n. 210, 26 nov. 1998. Disponível em:

<http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis/action/detalhaAto.do?method=consultarLe gislacaoFederal>. Acesso em: 15 abr. 2014.

BRASIL. Associação Brasileira de Proteína Animal. História da Avicultura no

Brasil, 2014. Disponível em:

<http://www.ubabef.com.br/a_avicultura_brasileira/historia_da_avicultura_no_brasil>. Acesso em: 12 jun. 2014.

CARCIOFI, B. A. M.; LAURINDO, J. B. Water uptake by poultry carcasses during cooling by water immersion. Chemical Engineering and Processing, v. 46, p. 444- 450, 2007.

CASTILLO, C.J.C.; RUIZ, N.J. Manejo pré-abate, operações de abate e qualidade

de carne de aves. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

AVÍCOLAS, 2010, Santos SP. Anais… São Paulo: FACTA 2010. p.171-190.

CONY, A. V. ZOOCCHE, A. T. Manejo de frangos de corte. Produção de Frangos

de corte. Campinas: FACTA, 356p. 2004.

CURTIS, S. E. Environmental manangement in animal agriculture. AMES. The Lowa State University, 409 p. 1983.

DENADAI, J. C. et al. Efeito da Duração do período de jejum pré-abate sobre

rendimento de carcaça e a qualidade da carne do peito de frangos de corte. Revista

Brasileira de Ciência Avícola, v. 4, n. 2, mai., 2002.

FORREST, J.C. et al.Fundamentos de ciencia de la carne. Ed. Acribia. 363 p. 1979.

FRONING, G.W.; BABJI, A.S.; MATHER, F.B. The effect of preslaughter temperatures, stress, struggle and anesthetizatioin on color and textural

35

GUARNIERI, P. D. et al. Preslaughter handling with water shower spray inhibits pse(pale, soft, exudative) broiler breast meat in a commercial plant. Biochemical

and ultrastructural observations.Journal of Food Biochemistry, v. 28, n. 4, p.

269-277, out. 2004.

_____. Bem-estar animal e qualidade da carne: uma exigência dos consumidores.

Revista Nacional da Carne, n. 301, p. 36-44, 2002.

GONÇALVES, J. S.; MACHADO, R. S. Consumo e hierarquia dos relativos de preos de protena animal no Brasil, 1997-2006. Informaıes Econmicas, vol. 37, n.9, São Paulo: IEA, 2008, pp. 33-40.

HAMM, R. Biochemistry of meat hydration. Advances inf Food Research, v. 10, p. 355-362, 1960.

HUFF-LONERGAN, E.; LONERGAN, S. M. Mechanisms of water-holding capacity of meat: The role of postmortem biochemical and structural changes. Meat Science, v.71, p.194-204, 2005.

INMETRO. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e qualidade Industrial.

Programa de análise de produtos: Relatório Provisório da análise em frangos

congelados peito com osso com pelo e peito sem osso sem pele. p.1-13, 2010.

JORGE, P.S. Avaliação do bem-estar durante o pré-abate e abate e condição

sanitária de diferentes segmentos da cadeia avícola. 2008. 107f. Tese

(Doutorado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal, 2008.

KOMIYAMA, C. M. Caracterização e ocorrência de carne pálida em frangos de

corte e seu efeito na elaboração de produtos industrializados. 88 f. Dissertação

(Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia como parte das exigências para obtenção do Título de Mestre em Zootecnia). UEP, SP, 2006.

KISSEL, C. et al. Propriedades funcionais de PSE (Pale, Soft, exudative), carne de frango na produção de mortadela. Braz. Arco. Biol. Tecnologia, Curitiba. v.52, nov. 2009. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151689132009000700027& lang=pt>. Acesso em: 06 jun. 2014.

36

LARA, J. A. F. et al. Estresse térmico e carne PSE em frangos. In: Conferência Apinco de Ciência e Tecnologia avícola, 2002, Campinas. Anais. Campinas: FACTA, v. 3. 2002. p. 19. Disponível em:

<http://www.cnpsa.embrapa.br/genomafrango/publica/apinco-jorge.pdf>. Acesso em: 17 abril 2014.

LUDKE, J. V. A finalidade da nutriçao animal.2000. Disponível em

www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_artigos/artigos_f3v18x2b.html. Acesso em 04 de abr. de 2014.

McCURDY, R.D., BARBUT,S., QUINTON, M. Seasonal effects on pale, soft exudative (PSE) occurrence in young turkey breast meat. Food Research. Int., Essex,, v.29, p.363-366, 1996.

MENDES, A. A. Jejum Pré-abate em frangos de corte. Revista Brasileira de

Ciência Avícola, v. 3, n. 3, set/dez., 2001.

NÄÄS, I. A. et al. Ambiencia na produção de aves em clima Tropical. Piracicaba – Sp. v.1 p. 200. 2001.

ODA, S. H.I. et al. Carnes PSE (Pale, Soft, Exudative) e DFD (Dark, Firm, Dry) em Aves e Suínos, Diferenças e Semelhanças. Revista Nacional da Carne, São Paulo, mar, 2004.

ODA, S. H. I. et al. Detecção de cor em filés de peito de frango. Revista Nacional

da Carne, São Paulo, v.28, n.321, p. 30-34, 2003.

OLIVO, R. et al. Dietary vitamin E inhibits poultry PSE and improves meat functional properties. Journal of Food Biochemistry, v.25, p.271-283, 2001.

OLIVO, R.; SHIMOKOMAKI, M.; FUKUSHIMA, P. S. Carne PSE em frangos.

Revista Nacional da Carne. n.252, fev, 1998, p.32-34.

_____. Fatores que influenciam as características das matérias-primas e suas implicações tecnológicas. In: SHIMOKOMAKI, et al. Atualidades em Ciência e

37

_____. Carne PSE. In: SHIMOKOMAKI, et al. Atualidades em Ciência e

Tecnologia de carnes. São Paulo: Varela, 2006. Cap. 8, p. 85-93.

_____. Carne PSE em Aves. In: SHIMOKOMAKI, et al. Atualidades em Ciência e

Tecnologia de carnes. São Paulo: Varela, 2006. Cap. 9, p. 95-104.

ORDÓÑEZ, J. A. et al. Tecnologia de Alimentos – alimentos de origem animal. v. 2. Porto Alegre: Artmed, 2005. p. 130-144.

PESSÔA, G. B.S. Avaliação de complexo enzimático em dietas de frangos de

corte. UFV: Dissertação (Mestrado em Zootecnia), 65p. Universidade Federal de

Viçosa, Viçosa, MG. 2010.

PRAXEDES, C. I. S. Exsudação de gel no cozimento em carnes de peito de

frango Normal, “PSE” e “DFD”. 57 f. Dissertação (Mestrado em Higiene

Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal). Centro de Ciências Médicas, UFF, 2007.

RONCHI, C. Principais Práticas de manejo para aves recém nascidas. Revista

Aveword. Ed. Animal Word. Ano 1, n. 6, p. 26-30, 2004.

SARCINELLI, M. F.; VENTURINI, K. S.; SILVA, L. C. Abate das Aves. Boletim

Técnico. Universidade Federal do Espírito Santo. 2007. 6 p. Disponível em:<

http://www.agais.com/telomc/b00607_abate_frandodecorte.pdf>. Acesso em: 27 abr. 2014.

SILVA, W. T. M. et. al. Avaliação de inulina e probiótico para frangos de corte. Acta

Scientiarum Animal Sciences, Maringá, v. 33, n.01, p.19-24, 2011. Disponível em:

<http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciAnimSci/article/view/9979/9979>Aces so em: 14 abr. 2014.

SOARES, A. L. et al. Phospholipase A2 activity in poultry PSE, pale, soft, exudative, meat. Journal of food biochemistry, v. 27, n. 4, p. 309-320, 2003.

_____. Influence of preslaughter handling practices on broiler meat color in a

commercial plant. In: 2003 IFT Annual Meeting and Food Expo, 2003, Chicago. 2003

38

VENTURINI, K. S.; SARCINELLI, M. F.; SILVA, L. C. Características da carne de

frango. Espírito Santo: UFES, p. 7. 2007. (Boletim Técnico: 01307 PIE)

VIEIRA, S.L. Conceitos atuais de qualidade em produtos de frango: Efeito da nutrição inicial. Simpósio Internacional de Tecnologia, Processamento e Qualidade da Carne de Aves, Anais, Concórdia: Embrapa, p. 60-68, 1999.

WILHELM, A. E. et al. Protease activity and the ultrastructure of broiler chicken PSE (pale, soft, exudative) meat. Food Chemistry, v.119, p. 1201-1204, 2010.

39

APÊNDICE – CERTIFICADOS CONQUISTADOS ATRAVÉS DESTA PESQUISA

Apêndice A – Certificado de Apresentação em Banner no XVIII Seminário de Iniciação Cientifica e Tecnológica da UTFPR

Apêndice B – Certificado de Apresentação em Banner no Simpósio Latino Americano de Ciência em Alimentos

Documentos relacionados