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7 MATERIAL E MÉTODOS

7.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram apresentados sob a forma de média±desvio padrão. A distribuição normal dos valores encontrados foi avaliada através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Verificando-se a normalidade dos dados, estes foram comparados por meio do teste t Student para amostras independentes. Nos resultados que não apresentaram distribuição normal, aplicou-se o teste não paramétrico de Wilcoxon. A significância em todos os testes foi estabelecida ao nível de p 0,05. As análises estatísticas foram realizadas pelo programa S-Plus 8.0.

8 RESULTADOS

Composição Centesimal das Rações Experimentais

As médias dos valores encontrados na composição centesimal das rações preparadas para o ensaio estão apresentadas na tabela 3.

Tabela 3 - Composição centesimal da semente de linhaça e das rações experimentais (17%), representada em g∕100g de dieta.

Os valores apresentados correspondem à média de três determinações. * calculado pela diferença.

Composição química

Semente de linhaça

Linhaça 17% Caseína 17% Linhaça 10% Caseína 10%

Umidade % 6,10 7,99 8,74 6,08 5,49 Proteína % 23,46 19,00 19,68 11,32 11,44 Extrato Etéreo % 34,87 7,71 6,54 11,7 7,79 Cinzas % 3,32 0,07 0,06 0,08 0,07 Carboidratos %* 32,25 65,22 64,98 70,82 75,21 Valor calórico (Kcal/100g) 414,11 406,27 397,53 433,86 416,71

Avaliação do valor biológico das rações

Na avaliação do valor biológico das rações utilizadas neste ensaio verificamos que o GL apresentou, durante os 28 dias pós desmame, resultados inferiores em relação ao PER (p<0,000) e ao CEA (p<0,000) (Tabela 4). O consumo de ração (p<0,000) e de proteína (p<0,000) durante este período foi significativamente inferior no GL. O consumo acumulado foi diferente até os 250 dias de vida (Tabela 4). Com relação ao IC, ambos os grupos se comportaram de modo similar (Tabela 4). Aos 250 dias de vida, o GL apresentou peso corporal menor do que o do GC (Tabela 4).

Tabela 4- Efeito das dietas sobre o Protein Efficiency Ratio, o Coeficiente de Eficácia Alimentar, o consumo acumulado de ração e de proteína, o índice de crescimento e o peso corporal final dos animais.

GL (n=12) GC (n=12) P valor

Protein Efficiency Ratio 3,02±0,33 3,84±0,14 p<0,000 Coeficiente de Eficácia Alimentar 0,30±0,034 0,38±0,014 p<0,000 Consumo acumulado de ração (g) 3318,06±205,90 3929,76±268,74 p<0,000 Consumo acumulado de proteína (g) 331,81±20,59 392,98±26,87 p<0,000 Índice de crescimento 1,56±0,21 1,65±0,14 p=0,276 Peso corporal final (g) 522,36±54,29 654,18±77,24 p<0,000 GC = grupo-controle; GL = grupo linhaça

A significância em todos os testes foi estabelecida ao nível de p ≤ 0,05.

O gráfico 1 mostra a evolução do peso corporal dos ratos desde o parto até o 21º dia de vida. O gráfico 2 apresenta a evolução do peso corporal, e o gráfico 3 mostra o consumo dos ratos desde o período pós-lactação até os 250 dias de vida, momento em que foram sacrificados.

Gráfico 1- Evolução do peso corporal (g) dos animais desde o parto até 21 dias de vida.

Sendo GC- grupo controle, GL – grupo linhaça

Gráfico 2- Evolução do peso corporal (g) dos animais desde o 22º até os 250 dias de vida.

Gráfico 3- Consumo (g) dos animais desde o 22º até os 250 dias de vida.

Sendo GC - grupo controle, GL – grupo linhaça.

Com relação à massa de gordura visceral, o GL apresentou uma redução de 44% (GL = 40,29±10,95 g; GC = 71,97±22,20 g; p=0,0016). Esta redução se manteve mesmo após o cálculo da MGV relativa, -29% (GL = 7,66±1,69 g/100 g peso corporal; GC = 10,81±2,27g/100 g peso corporal; p= 0,0016).

Gráfico 4- Massa de gordura visceral (g) e massa de gordura visceral relativa (g/100 g peso corporal) dos animais ao final do experimento.

Análises bioquímicas

Verifica-se na Tabela 5 que o GL apresentou valores maiores de hemoglobina (p=0,019). Não se observaram alterações no percentual do hematócrito, nem tampouco nas proteínas totais, aos 250 dias de vida. Encontrou-se um maior teor de albumina (p=0,030) no grupo alimentado com a ração contendo 25% de semente de linhaça.

Tabela 5 - Efeito das dietas sobre os indicadores hematológicos dos animais, ao final do experimento. GL (n=12) GC (n=12) P Valor Hemoglobina (g/dL) 13,20±1,24 11,89±1,23 p=0,019 Hematócrito (%) 42,27±4,34 38,60±4,78 p=0,081 Albumina (g/dL) 3,94±0,26 3,42±0,69 p=0,030 Proteínas Totais (g/dL) 6,85±0,78 6,64±0,35 p=0,425 GC = grupo-controle; GL = grupo linhaça

A significância em todos os testes foi estabelecida ao nível de p ≤ 0,05.

Na tabela 6 estão demonstrados os resultados da contagem diferencial de leucócitos dos ratos ao final do experimento. Foi observado menor percentual de linfócitos (p=0,016) nos ratos do GL e maior percentual de leucócitos segmentados (p=0,023) quando comparados ao GC. Não foram verificadas diferenças nas médias em nenhum dos seguintes parâmetros analisados: bastões, monócitos, basófilos e mielócitos.

Tabela 6 - Efeito das dietas sobre a contagem diferencial de leucócitos dos animais ao final do experimento. GL (n=12) GC (n=12) P Valor Linfócitos (%) 66,71±8,98 79,27±10,37 p=0,016 Segmentados (%) 26,00±10,38 13,73±8,05 p=0,023 Bastões (%) 2,00±1,41 2,45±1,86 p=0,744 Monócitos (%) 4,57±2,23 3,91±3,56 p=0,634 Basófilos (%) 0,71±1,88 0,27±0,65 P=0,828 Mielócitos (%) 0±0 0,36±0,67 P=0,130

GC = grupo-controle; GL = grupo linhaça

A significância em todos os testes foi estabelecida ao nível de p ≤ 0,05.

Verifica-se na Tabela 7 que o grupo linhaça apresentou alterações em todos os parâmetros do perfil lipídico. No GL encontraram-se menores valores para o colesterol (-36%,p<0,000), triglicerídeo (-29%,p<0,000), HDL (-31%,p=0,046) e VLDL (-30%,p=0,028).

Tabela 7- Efeito das dietas sobre o perfil lipídico dos animais ao final do experimento. GL (n=12) GC (n=12) P Valor Colesterol (mg/dL) 68,94±10,63 108,54±21,54 p<0,000 Triglicerídeo (mg/dL) 46,41±8,95 66,21±8,47 p<0,000 HDL (mg/dL) 57,91±11,68 84,25±37,33 p=0,046 VLDL (mg/dL) 8,43±3,27 12,14±4,15 P=0,028

GC = grupo-controle; GL = grupo linhaça

O GL apresentou menores valores de glicose, quando comparado ao GC (-7%, p=0,004) (Gráfico 5).

Gráfico 5- Glicose (mg/dL) dos animais ao final do experimento.

Sendo GC- grupo controle, GL – grupo linhaça.

Foram encontrados maiores valores para as concentrações de 17-β estradiol no GL (+17%, p=0,001) e sem diferença estatística para as concentrações de testosterona (tabela 8). Porém, foram encontrados menores valores numéricos para testosterona (-8%) no GL quando comparados ao GC.

Tabela 8 – Concentração sérica de 17-β estradiol (pg/mL) e testosterona (ng/dL) dos ratos aos 250 dias de vida.

GL (n=12) GC (n=12) P Valor

17 β-estradiol (pg/mL) 39,50±3,55 32,57±3,51 p=0,001 Testosterona (ng/dL) 303,35±66,31 331,14±66,92 p=0,397 GC = grupo-controle; GL = grupo linhaça

Peso e análise histomorfométrica da próstata

Não foram encontradas diferenças no peso absoluto (GL= 1,00±0,06 g; GC= 1,04±0,12 g; p = 0,53) ou relativo a 100 g de peso corporal (GL = 0,184±0,02 g/100g peso corporal; GC = 0,183±0,02 g/100g peso corporal; p=0,93) da próstata, entre os grupos. O GL apresentou maiores valores para a altura epitelial média (p=0,001), não se verificando diferenças na área total média ou na área alveolar média, quando comparado ao GC (Tabela 9).

Tabela 9- Análise histomorfométrica da próstata dos ratos aos 250 dias.

GL (n=10) GC (n=10) P Valor

Área total média (mm2) 15,43±6,17 15,05±5,18 p=0,89 Altura epitelial média (μm) 16,74±1,82 13,09±0,60 p=0,001 Área alveolar média (mm2) 0,05±0,015 0,04±0,013 p=0,70 GC = grupo-controle; GL = grupo linhaça.

A significância de todos os testes foi estabelecida ao nível de p ≤ 0,05.

Análise histomorfométrica do pênis

Não foram verificadas diferenças na área do corpo cavernoso ou na túnica albugínea. O GL apresentou menores valores para a área do corpo esponjoso (p=0,001, Tabela 10).

Tabela 10- Análise histomorfométrica do pênis dos ratos aos 250 dias.

GL (n=10) GC (n=10) P Valor Área corpo cavernoso (mm2) 2138,80±286,02 2178,89±264,92 p=0,331 Área corpo esponjoso (mm2) 277,76±26,20 342,43±37,24 p=0,001 Espessura da túnica albugínea

(μm)

197,51±40,66 194,12±28,24 p=0,823

GC = grupo-controle; GL = grupo linhaça.

9 DISCUSSÃO

As medidas de senso comum empregadas na prevenção das alterações cardiovasculares e de outras doenças incluem as seguintes estratégias: a manutenção de um peso saudável; a pratica de atividades físicas; o consumo de uma dieta equilibrada e variada, incluindo grandes quantidades de grãos inteiros, cereais, frutas, vegetais e, com moderação, lipídeos poliinsaturados (DIVISI et al., 2006; UAUY e SOLOMONS, 2005; FAGHERAZZI et al., 2008). Estas medidas de prevenção devem persistir ao longo da vida, iniciando-se com a dieta materna durante a gestação e a lactação, e continuando durante a infância, adolescência, até a idade adulta (UAUY; SOLOMONS, 2005). Neste contexto, a ingestão de alimentos funcionais como a linhaça têm aumentado, justificando a elucidação da segurança do seu consumo prolongado.

Com relação à composição centesimal das rações (17% de proteína) utilizadas neste trabalho, verificamos que as mesmas atenderam às recomendações do American Institute of Nutrition e podem ser consideradas como isocalóricas e isoprotéicas. O perfil de ácidos graxos das rações experimentais foi previamente analisado no LabNE, tendo se demonstrado, na ração contendo linhaça, que os maiores teores são os de ALA, seguindo-se os de ácido graxo monoinsaturado (ômega-9) e, depois, um valor menor de AL; já na ração à base de caseína encontrou-se maior quantidade de ácido alfa-linoléico, seguido pelo de ômega-9, e um menor teor de ALA (ALMEIDA, 2007). Estes resultados demonstram que podemos modificar o perfil de ácidos graxos dos alimentos conforme a matéria prima utilizada nas dietas.

Proteínas de origem vegetal têm sido amplamente utilizadas para a alimentação humana, em razão do baixo custo e do menor teor de gordura saturada, quando comparadas aos alimentos de origem animal (RIBEIRO et al, 2007). É importante, no entanto, avaliar a sua qualidade nutricional. De acordo com os

resultados encontrados neste trabalho, pode-se perceber, com base no PER e no CEA, que a ração contendo semente de linhaça apresentou aproveitamento inferior, no que se refere à promoção do crescimento durante os 28 dias de vida pós- desmame. Porém, de acordo com Friedman (1996) as duas dietas apresentaram alta qualidade protéica, uma vez que este relaciona valores de PER acima de 2 como correspondentes a uma proteína de boa ou alta qualidade, valores entre 2 e 1,5 a uma proteína de qualidade intermediária e valores abaixo de 1,5 a proteínas de baixa qualidade. Soares et al. (2009) ofertaram uma dieta contendo 10% de linhaça como fonte exclusiva de proteína a animais durante esta fase da vida, e encontraram valores de PER de 0,8 para o GL e 2,3 para o GC, demonstrando que a linhaça possui baixa qualidade protéica e interferiu de forma negativa no crescimento dos ratos. Almeida et al. (2008), em estudo com ratos, concluíram que a linhaça teve aproveitamento inferior à dieta à base de caseína, indicando que esta não pode ser utilizada como fonte protéica exclusiva na alimentação humana.

Apesar do consumo de ração e de proteína ter se mantido inferior no GL durante todo período do ensaio, o IC dos dois grupos não foi diferente aos 250 dias de vida. Este resultado sugere que, mesmo tendo consumido menor quantidade de proteína e de ração, o GL conseguiu crescer de forma igual após o período inicial, avaliado pelo PER. Um resultado similar foi encontrado ao ofertar-se ração contendo semente de linhaça por 180 dias a ratos recém desmamados (DALEPRANE et al, 2010).

Ao final do período experimental, verificou-se menor peso corporal no GL. Diversos autores atribuem este efeito na redução ou controle de peso ao consumo da semente inteira e também dos seus componentes isolados. A semente de linhaça contém 28% de fibras, sabe-se que as fibras podem promover o controle da ingestão de energia e reduzir o risco de desenvolver obesidade. Estas funções podem ser atribuídas às suas propriedades físico-químicas das fibras que sinalizam uma sensação de saciedade precoce e prolongada devido à formação de um gel (KRISTENSEN; JENSEN, 2011). Pesquisa realizada em seres humanos demonstrou que o grupo que não recebeu semente de linhaça teve maior ganho de peso ao final, apesar de ter consumido dieta isocalórica (TAYLOR et al, 2010). Ratas Wistar apresentaram menor ganho de peso quando sua dieta foi suplementada por 4 semanas com o SDG e o secoisolariciresinol da linhaça, quando comparadas ao grupo controle (FELMLEE et al., 2009). Verificou-se também menor ganho de peso

em ratos alimentados com dietas hiperlipídicas acrescidas de óleo de linhaça (VIJAIMOHAN et al, 2006). Um outro estudo em seres humanos, no qual três grupos receberam por seis semanas margarina suplementada com ALA, EPA ou DHA, demonstrou-se que os efeitos sobre peso corporal e sobre o índice de massa corporal parecem restringir-se ao tempo da suplementação, uma vez que os autores não encontraram diferenças após o tratamento (EGERT et al, 2009).

O envelhecimento tem sido relacionado a uma redistribuição da gordura corporal, com um aumento preferencial na gordura visceral, o que pode em parte explicar as alterações metabólicas e a redução na gordura subcutânea que se observam nos idosos (DESPRES; LEMIEUX, 2006; KOTANI et al, 1994). Um estudo realizado no Japão com 2200 adultos saudáveis demonstrou que o aumento da gordura visceral tinha correlação positiva com a idade em todos os estratos do IMC, e em ambos os sexos (SUGIHARA et al, 2011). Heredia et al (2008), ao estudarem as mudanças causadas pela idade em ratas, observaram aumento do peso corporal e da adiposidade visceral. No presente estudo, além do menor peso corporal, verificou-se também menor acúmulo de gordura visceral (figura 4), fato este que demonstra a importância da utilização da semente de linhaça como fator de proteção contra este tipo de redistribuição da gordura, que ocorre com o aumento da idade e que vem sendo apontado como um fator de risco para diversas alterações, entre as quais a doença arterial coronariana (HAMAGAWA et al, 2010), a síndrome metabólica (KNOWLES et al, 2011), o aumento na mortalidade quando associada a doenças (LEITZMANN et al, 2011) e a intolerância a glicose (INDULEKHA et al, 2011).

Não se observaram diferenças estatísticas na MGV de ratos que receberam os componentes da semente apenas durante a lactação, embora tenha havido, no GL, uma redução numérica de 21,43% nesse valor (CARDOZO et al, 2010a). Esta mesma tendência foi demonstrada em ratos que receberam dieta contendo óleo de linhaça, quando comparados a ratos alimentados com uma dieta rica em gorduras saturadas (TZANG et al, 2009). Já se comprovou que a nutrição materna durante a lactação é um fator determinante na programação do peso que a prole terá na idade adulta (PASSOS et al, 2000). De acordo com o resultado obtido nesses trabalhos, a nutrição materna parece programar também a composição corpórea. Os pesquisadores avaliaram a relação entre o peso na infância e o risco de doenças na idade adulta. Ylihärsilä et al.(2008) verificaram que um rápido aumento do IMC após

os 2 anos de vida está relacionado, em seres humanos, a um maior acúmulo de massa adiposa na idade adulta. A administração a camundongos, por quatro semanas, de SDG em uma dieta rica em lipídios reduziu o acúmulo da massa de gordura visceral, de gordura hepática, a hiperinsulinemia e a hiperleptinemia (FUKUMITSU et al, 2008).

Verificou-se no presente trabalho uma redução de 36% no colesterol total, de 29% nos triglicerídeos e de 30% no VLDL do GL, quando comparados aos valores do grupo que não consumiu a semente. Pesquisadores e nutricionistas procuram reduzir o risco da doença cardiovascular mediante a normalização do colesterol e dos TG séricos, melhorando a razão do HDL/ LDL através de mudanças na dieta e de medicamentos (TZANG et al., 2008). Dessa forma, o efeito da semente de linhaça sobre o perfil lipídico tem sido amplamente investigado e atribuído não só à farinha da semente, mas também ao SDG, ao seu óleo e à sua proteína.

Em camundongos o SDG reduziu a hiperlipidemia e a hipercolesterolemia (FUKUMITSU et al, 2008). O óleo de linhaça reduziu o colesterol total e o LDL em ratos que consumiram uma dieta rica em gordura, além de protegê-los contra lesões renais associadas à hipercolesterolemia (AKPOLAT et al, 2010).

Riediger et al. (2008) ofertaram óleo de linhaça, juntamente com uma dieta rica em gordura saturada, a camundongos machos e verificaram uma redução dos níveis plasmáticos de triglicerídeos e colesterol, atribuindo este resultado à menor relação n6:n3 na dieta. Em um outro estudo, o uso de 3 g de ALA por doze semanas, feito mediante o consumo de óleo de linhaça, elevou, quando comparado ao azeite de oliva, em 70% a concentração plasmática de ALA, em 60% a de EPA e em 34% a de DPA. Não houve mudanças importantes no grupo que recebeu azeite de oliva (HARPER et al., 2006).

Prasad, em 2005, mostrou que o emprego de 40 mg/Kg peso/dia de SDG associado a uma dieta rica em colesterol reduziu, em coelhos, o colesterol total e o LDL, promovendo uma elevação do HDL. Já em 2008, o mesmo autor verificou que 20 mg/ kg peso/dia do mesmo composto não diminuíram os teores dos lipídeos séricos; no entanto, nos dois trabalhos, o SDG preveniu a progressão da aterosclerose, através da redução do estresse oxidativo.

O consumo de dietas contendo proteínas da linhaça reduziu o colesterol plasmático e os triglicerídeos em ratos com perfil lipídico normal (BHATHENA et al., 2002).

Em homens, a ingestão de 100 mg de SDG por doze semanas resultou em uma significativa diminuição da razão de colesterol LDL / HDL, a qual é um importante preditor do risco de DCV em homens hipercolesterolêmicos (FUKUMITSU et al, 2010). O uso de 20 g de linhaça por 60 dias em pacientes hiperlipidêmicos resultou em modificação dos fatores de risco cardiovascular, com significativa diminuição de colesterol, do LDL e dos triglicerídeos (MANDASESCU et al., 2005). Outra pesquisa também encontrou redução dos triglicerídeos em mulheres (SIMBALISTA et al, 2010).

Apesar da melhora no perfil lipídico, o GL apresentou menores valores no HDL. Uma pesquisa realizada por Bloedon et al. (2008) mostrou efeito negativo do consumo de linhaça sobre os teores de HDL, quando a linhaça era ofertada na dose de 40 g/dia. Resultado semelhante foi encontrado quando mulheres consumiram 25 g de linhaça desengordurada por 12 semanas (SIMBALISTA et al, 2010). Não se verificou nenhuma melhora no HDL de ratos após a utilização do óleo de linhaça associado a uma dieta rica em gordura (AKPOLAT et al, 2010). Um resultado contrário foi encontrado em hamsters diabéticos por indução medicamentosa, visto que consumiram 15% de linhaça por vinte semanas e apresentaram aumento de 91% no HDL, quando comparados ao grupo controle (HALIGA et al, 2007).

Diversos autores apontam que a linhaça e seus componentes reduzem o risco de doenças cardiovasculares (PATADE et al., 2008; ZHAO et al., 2007), porém os mecanismos desta redução ainda não estão bem estabelecidos. Alguns autores atribuem a diminuição do risco à melhora do perfil lipídico (CALABRESI et al., 2004; LUCAS et al, 2004). Winnik et al.(2011), usando um modelo de ratos que desenvolvem aterosclerose, demonstraram que o ALA diminuiu a formação das placas de ateroma, a infiltração de linfócitos T e os níveis do fator de necrose tumoral e das moléculas de adesão (VCAM-1). A suplementação de linhaça aumentou ainda as concentrações teciduais de ALA, EPA, DPA e DHA. Reduziu, por outro lado, as concentrações de AA na aorta e em outros tecidos, reduzindo as reações inflamatórias, uma vez que o AA é um potente precursor de mediadores inflamatórios.

No presente trabalho, os ratos adultos alimentados com linhaça apresentaram, quando comparados ao grupo controle, uma redução de 7% na glicemia. Já se demonstrou que o extrato de linhaça, quando utilizado por quatro semanas, promoveu redução nas concentrações de glicose, além de redução no

colesterol total e LDL de ratos diabéticos e não diabéticos (ABUELGASSIM, 2010). Este autor encontrou também redução nas concentrações de triglicerídeos, mas somente nos ratos diabéticos.

As proteínas séricas são indicadores de fácil acesso e baixo custo, freqüentemente utilizados na prática clínica para a avaliação do estado nutricional dos pacientes. Além disso, relacionam-se diretamente à ingestão de alguns nutrientes (FUHRMAN et al., 2004). A hipoalbuminemia, por exemplo, parece ser um preditor de mau prognóstico em uma série de diferentes situações, não só em pacientes doentes, mas também numa população saudável (FRANCH-ARCAS, 2001).

O consumo da semente de linhaça pareceu melhorar este indicador, já que o GL apresentou maiores valores, quando comparado ao GC aos 250 dias. Maiores valores de hemoglobina também foram observados no GL. Não se observaram alterações no hematócrito e nas proteínas totais. Em um estudo prévio, realizado em nosso laboratório, um resultado contrário foi encontrado em ratos cujas mães consumiram ração à base de semente de linhaça apenas durante o período de lactação, o que resultou em menores valores de hemoglobina na idade adulta, quando comparados aos do GC (CARDOZO et al, 2010a). A farinha da linhaça, quando oferecida numa concentração de 40% a ratas gestantes, também promoveu redução nos teores de proteína sérica (WIESENFELD et al, 2003). Em seres humanos, a suplementação diária por 12 semanas de cápsulas contendo um complexo de lignanas da linhaça reduziu apenas os valores de hemoglobina, não causando alterações nos teores de albumina, proteínas totais, hematócrito (FUKUMITSU et al, 2010).

O consumo prolongado da linhaça alterou a contagem diferencial de leucócitos como demonstrado nos resultados, visto que encontramos menor percentual de linfócitos e maior de leucócitos segmentados. Pesquisa em ratos verificou inibição da proliferação de linfócitos somente quando a semente estava presente em concentrações muito elevadas (contendo 40%) e este resultado foi atribuído a presença do ALA, pois o grupo que consumiu a semente desengordurada não apresentou diferenças (BABU et al, 2003). O Ácido docosahexaenóico (DHA) é um ácido da família do ALA que tem demonstrado efeitos anti-inflamatórios. Estudo determinou o efeito do DHA na atividade fagocítica e quimiotática de macrófagos peritoneais de ratos, tendo sido encontrado redução nos ratos alimentados com

DHA. Estes resultados demonstraram o efeito do DHA na modulação da atividade do sistema imunológico de ratos (BULBUL et al, 2007). Menor deposição de linfócitos foi encontrada na mucosa intestinal de ratos Wistar que receberam óleo de linhaça (ROSA et al, 2010). A suplementação em humanos com um complexo de SDG não alterou os leucócitos totais (FUKUMITSU et al, 2010). Resultado similar foi encontrado em estudo in vitro onde se concluiu que as lignanas não modulam as

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