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Para investigar as dificuldades relacionadas com diagnóstico e tratamento do câncer gastrointestinal foram coletados dados em uma amostra aleatória de 122 pacientes. Esta amostra foi dimensionada pela aplicação da técnica amostral de Cochrane (1963) aplicada a do universo composto por 175 pacientes que satisfaziam os critérios de inclusão e exclusão, portanto o erro amostral foi estimado em 5%.

Na análise dos dados foram aplicados métodos estatísticos descritivos e inferenciais. As variáveis quantitativas foram apresentadas por distribuição de percentis e por medidas de tendência central e de variação e tiveram a normalidade avaliada pelo teste de D’Agostino-Pearson.

Para descrever as curvas com os tempos da trajetória terapêutica foram aplicadas equações polinomiais para suavizar as curvas de distribuição dos percentis. As variáveis qualitativas foram apresentadas por distribuições de frequências absolutas e relativas. A comparação entre os tempos decorridos em cada fase da trajetória terapêutica foi realizada pelo teste de Friedman (Ayres et. al, 2007, p. 68) pois as variáveis aleatórias não apresentaram distribuição normal. A distribuição das variáveis qualitativas foi avaliada pelo teste do Qui-quadrado. Foi previamente fixado o nível de significância alfa = 0.05 para rejeição da hipótese de nulidade. Todo o processamento estatístico foi realizado no software BioEstat versão 5.4.

III RESULTADOS

Nos pacientes com câncer GI a idade predominante está na faixa de 50-69 anos(54.1%). As proporções entre os sexos não foram diferentes (p=0.2031, diferença não significante). A procedência também não indicou diferença significativa, com 42,6% da amostra pertencentes à região metropolitana de Belém e, 57.4% dos municípios do interior do estado do Pará. Os tipos de câncer GI mais frequentes foram o Gástrico (47.5%) com p-valor <0.0001**, seguido do colón e reto (43.4%) (tabela 6).

Tabela 6 - Características gerais de 122 pacientes com câncer gastrointestinal.

n % p-valor Idade <0.0001* ≤29 2 1.6 30 - 49 37 30.3 50 - 69* 66 54.1 ≥ 70 17 14 Sexo 0.2031 Feminino 54 44.3 Masculino 68 55.7 Procedência 0.1238 Belém 52 42.6 Interior 70 57.4 Tipo de câncer <0.0001* Esôfago 3 2.5 Gástrico* 58 47.5 Colón e Reto* 53 43.4 Fígado e V. biliares 7 5.7 Pâncreas 1 0.8 *Qui-quadrado

A tabela 7 demonstra as atitudes dos 122 pacientes ao se depararem com os sintomas da doença. A automedicação destaca-se como a atitude mais frequente (32%) dos pacientes diante dos sintomas iniciais da doença.

Tabela 7 - Distribuição da atitude dos pacientes ao se depararem com os sintomas iniciais do câncer GI.

Durante a fase para diagnosticar a doença através da realização dos exames especializados, 96\122 (78,7%) pacientes relataram dificuldades para realização dos exames, sendo os custos com os exames a maior dificuldade (74%), considerando que 69,3% dos pacientes utilizaram recursos próprios. Não relataram dificuldades apenas 26 (21,31%) pacientes (tabela 8).

O que fez quando iniciaram os sintomas n %

Automedicação 39 32

Atendimento na UBS 31 25.4

Terapias alternativas 17 14

Consulta na rede particular 12 9.8

Tabela 8 - Distribuição das características gerais da fase de realização de exames especializados pelos 122 pacientes com câncer GI.

n % p-valor

Dificuldades com exames diagnósticos <0.0001*

Custeio com exames particulares* 71 74

Tempo de marcação e de resultados (>1

mês) 23 23.9

Empecilhos do próprio paciente 2 2.1

Meios para realização dos exames <0.0001*

Recursos próprios* 85 69.3

Através do SUS 37 30.7

*Qui-quadrado

O médico especialista consultou 43 pacientes, sendo que 29 vieram encaminhados do médico generalista e 14 foram diretamente consultar o médico especialista. Nessa fase, a dificuldade para realizar atendimento especializado é o tempo de espera para o agendamento da consulta que foi superior a 30 dias para 79.1% dos pacientes. Dos 43 pacientes, 25 aguardaram o agendamento proposto e 18 pacientes procuraram consultório médico particular (tabela 9).

Tabela 9 - Atendimento médico especializado realizado por 43 pacientes com câncer Gastrointestinal.

n % p-valor

Dificuldades para conseguir a consulta especializada <0.0001* Agendamento de consulta com prazo >30 dias * 34 79.1

Demora para o encaminhamento 8 18.6

Demora do paciente para ir marcar a consulta 1 2.3

Realização da consulta especializada 0.3602

Através do SUS 25 58.1

Recursos próprios 18 41.9

Fonte: Protocolo de pesquisa

Entre 122 pacientes que foram encaminhados as unidades/centros de referencia em oncologia, 56 deles relataram dificuldade para marcar a consulta médica, sendo 53 (94.6%) devido a demora com o agendamento na instituição (tabela 10).

Tabela 10 - Dificuldades para marcar consulta para 56 pacientes com câncer GI nas unidades/centros de referência.

Dificuldades para marcar a consulta n %

Demora do agendamento pela instituição* 53 94.6

Empecilhos do próprio paciente 3 5.4

*p-valor<0.0001

Na unidade de referencia em oncologia, o tratamento inicial indicado (tabela 11) mais frequente foi o cirúrgico (64.8%), seguidos dos demais tipos de tratamento.

De acordo com o relato dos pacientes (tabela 11), as dificuldades mais relevantes para iniciar a terapêutica oncológica proposta na unidade/centro de referência foram a falta de leito para o tratamento cirúrgico (54.4%), a demora em realizar exames de imagem nos casos de quimioterapia (45%) e a existência de uma longa lista de espera para realizar radioterapia (52.4%).

Tabela 11 - Dificuldades relatadas por 122 pacientes com câncer GI para iniciarem o tratamento nas unidades/centros de referencia em oncologia.

Dificuldades para o inicio do tratamento n % p-valor

Tratamento Cirúrgico <0.0001*

Falta de leito* 43 54.4

Realizar Exames por Imagem 13 16.5

Demora para Autorização da AIH 6 7.6

Falta de insumos materiais 6 7.6

Condições clínicas do paciente 3 3.8

Falta de leito no CTI 3 3.8

Quimioterapia n/a

Demora Exame Imagem 9 45.0

Falta de medicamentos 2 10.0

Falta de leito (lista de espera) 1 5.0

Radioterapia 0.0019*

Longa lista de espera 11 52.4

Equipamentos com defeito 7 33.3

Demora exame imagem 3 14.3

Demora resultado exame histopatológico 3 14.3 Fonte: Protocolo de pesquisa

n/a: o teste estatístico não pode ser aplicado

A tabela 12 demonstra a análise comparativa do estadiamento apresentado pelos doentes oncológicos ao iniciarem o tratamento, segundo os tipos de câncer mais frequentes: Gástrico e cólon e reto. Dos 53 pacientes com CCR, 26.2%

estavam no estádio IIIB ao iniciarem o tratamento. Para o CaG, o estádio mais frequente foi o IV (31.6%), com uma tendência significativa.

Tabela 12 - Estadiamento dos 122 pacientes com câncer GI ao iniciarem o tratamento conforme os tipo histológicos de câncer mais frequentes: Cólon e reto (n=53) e Gástrico (n=57).

Cólon e Reto Gástrico

Estadiamento n % n % I 3 5.7 0 0.0 IA 0 0.0 2 3.5 IIA 0 0.0 1 1.8 IB 1 1.9 4 7.0 II 8 15.1 0 0.0 IIA 8 15.1 5 8.8 IIB 0 0.0 12 21.1 III 10 18.9 1 1.8 IIIA 1 1.9 2 3.5 IIIB 14 26.4 7 12.3 IIIC 1 1.9 5 8.8 IV 7 13.2 18 31.6

Cólon e Reto: p-valor <0.0001*, tendência para o estadiamento IIIB Gástrico: p-valor <0.0001*, tendência para o estadiamento IV

III.1 ANÁLISE DAS TRAJETÓRIAS DOS PACIENTES ATÉ O ATENDIMENTO NA

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