• Nenhum resultado encontrado

Após a realização das baterias de testes, os dados foram tabulados e submetidos à análise estatística (Teste t de Student e Mann-Whitney, com nível de significância de 5%).

29 F o a m á x im a (g f) 5 RESULTADOS

Como podemos observar no gráfico 1, em relação à força máxima (FM), a média (±DP) para G1 foi de 787,8gf ± 40,8 e para G2 foi de 517,9gf ± 89,4. Quando realizada a comparação entre os grupos, houve diferença estatística significativa (p<0,001). 900,0 800,0 700,0 600,0 500,0 400,0 300,0 200,0 100,0 0,0 787,8 518,7 Clarity Transcend

Gráfico 1 – Médias obtidas (±DP) para a força máxima para os dois grupos avaliados. Letras distintas significam diferença estatisticamente significativa (p<0,05).

Observando o gráfico 2, em relação ao atrito estático (AE), a média (±DP) para G1 foi de 681,2gf ± 26,4 e para G2 foi de 442,3gf ± 67,5. Quando realizada a comparação entre os grupos, houve diferença estatística significativa (p<0,001).

A tr it o D in â m ic o (g f) A tr it o E s ti c o (g f) 800,0 700,0 600,0 500,0 400,0 300,0 200,0 681,2 442,3 100,0 0,0 Clarity Transcend

Gráfico 2 – Médias obtidas (±DP) para o atrito estático para os dois grupos avaliados. Letras distintas significam diferença estatisticamente significativa (p<0,05).

Representado no gráfico, em relação ao atrito dinâmico (AD), a média (±DP) para G1 foi de 717,2gf ± 38,5 e para G2 foi de 466gf ± 77. Quando realizada a comparação entre os grupos, houve diferença estatística significativa (p<0,001).

800,0 700,0 600,0 500,0 400,0 300,0 200,0 717,2 466,0 100,0 0,0 Clarity Transcend

Gráfico 3 – Médias obtidas (±DP) para o atrito dinâmico para os dois grupos avaliados. Letras distintas significam diferença estatisticamente significativa (p<0,05).

31

6 DISCUSSÃO

Alguns estudos têm avaliado o atrito em braquetes ortodônticos em ensaios laboratoriais. Para tanto, a maioria deles têm utilizado a máquina de ensaio universal (EMIC DL2000) para fazer a avaliação de atrito. Entretanto, poucos trabalhos têm avaliado segmentos de arcos com braquetes fixados, o que segundo Martins et al. (2008) e Burrow (2009), não é o ideal para este tipo de ensaio uma vez que não se aproxima das condições clínicas do tratamento ortodôntico. No sentido de aprimorar este tipo de dispositivo, estudos como o de Zamora et al. (2008) e Ioh et al. (2009) utilizaram um dispositivo que favorece uma maior simulação de posicionamento para o braquete. No presente estudo, este tipo de simulador também foi utilizado, o que segundo estes autores, é um método preciso e eficaz para este tipo de análise.

O resultado do presente estudo para os coeficientes de atrito estático (o atrito inicial gerado no movimento de deslize), atrito dinâmico (o atrito feito durante toda a movimentação de deslize), e força máxima (a maior força necessária para conseguir o movimento de deslize do fio) foi menor atrito nos braquetes Transcend® - alumina policristalina sem canaleta metálica (p<0,001). Estes dados não corroboram com os autores Keith et al. (1993), Tselepis et al. (1994) e Wadhwa et al. (2004), que encontraram resultados opostos ao presente estudo, onde os braquetes que tiveram menor atrito foram os braquetes cerâmicos com canaleta metálica.

Estes resultados diferentes em estudos prévios de atrito que podem ser explicados pelas diferentes técnicas empregadas nos ensaios, como por exemplo, a angulação dos braquetes em relação ao fio, sendo que no presente estudo os braquetes estavam todos alinhados e nivelados. Esta situação é mais próxima

clinicamente para uma mecânica de deslize, e é um pré-requisito para tal, estando de acordo com Martins et al. (2008) e Ioh et al. (2009).

Kusy & Whitley (1990) relataram que os braquetes de alumina policristalina são mais ásperos e mais duros (2300 Kg/mm² na escala de dureza Vickers) do que os de aço inoxidável (450 Kg/mm²), porém, o coeficiente de atrito desses dois tipos de braquetes é similar. Estes resultados talvez possam explicar a diferença encontrada no presente estudo de braquetes de alumina policristalina com e sem canaleta metálica. Além disso, Ireland et al. (1991) encontraram menor coeficiente de atrito nos braquetes cerâmicos apesar da maior rugosidade de superfície, corroborando com os resultados do presente estudo.

Em contrapartida, Keith et al. (1993) investigaram o atrito estático de dois tipos de braquetes cerâmicos, Starfire (“A”Company®) e Allure III (GAC®) comparados ao braquete de aço inoxidável (Dentaurum®) revelando um maior atrito dos braquetes cerâmicos. Os autores afirmaram ainda que estes braquetes provocam desgastes abusivos na superfície do fio e conseqüente atrito. Em estudo posterior de Tselepis et al. (1994), os autores também confirmaram este resultado.

Entretanto, Downing et al. (1994) comentaram que a composição do braquete tem pouco efeito sobre a resistência friccional, relatando em seu estudo não haver diferença significativa entre as forças de atrito geradas pelos braquetes de aço inoxidável e cerâmicos, confirmando os dados encontrados na presente pesquisa.

Contudo, vários estudos recentes têm mostrado que a composição dos braquetes influencia diretamente no atrito destes (Tanne et al.,1991; Kusy, Withley, 2001; Kapur Wadhwa et al., 2004; Baggio et al., 2007; Whitley, Kusy, 2007, Burrow, 2009). Esta controvérsia a respeito da composição do braquete e atrito podem ser

33

explicados pelo fato de que a maioria dos estudos envolvendo o tema avaliou os braquetes fixados em segmentos que não permitiam uma mecânica de deslize.

Wadhwa et al. (2004) encontraram menor atrito com o braquete Clarity® do que com o braquete sem a canaleta metálica, o Transcend®, não corroborando com os dados do presente estudo. Entretanto, nesta pesquisa foram utilizados apenas braquetes de pré-molares, diferindo-se do presente estudo, o qual foi utilizado uma hemi-arcada aproximando-se mais das características clínicas reais. Em outro estudo, Reichneder et al. (2007) demonstraram que o braquete Transcend® teve maior atrito entre os braquetes avaliados. Entretanto, estes autores compararam o braquete Transcend® com braquetes auto-ligados, o que segundo Ioi et al. (2009), apresenta atrito significativamente menor do que qualquer tipo de braquete.

Angolkar et al. (1990) afirmaram que os braquetes cerâmicos geram maior atrito do que quando comparados aos braquetes metálicos, concluindo ainda que o atrito aumentou quando houve um aumento da espessura do fio. Seu resultado foi questionado em pesquisa posterior por Ireland et al. (1991), quando afirmaram que os braquetes cerâmicos apresentam maior força de atrito somente quando combinados com fios retangulares menores. Na presente pesquisa foi utilizado o fio de espessura .019” x .025”, o qual clinicamente é usado com mais segurança na mecânica de deslize na preservação da bateria anterior em relação ao torque, sendo assim confirmado pelo autor citado anteriormente.

Portanto, considerando o melhor posicionamento dos braquetes para a avaliação da mecânica de deslize, os resultados do presente estudo sugerem que os braquetes cerâmicos com canaletas metálicas proporcionam um atrito maior e significativo. Desta forma, novos estudos são necessários para avaliar este tipo de

braquetes utilizando-se dispositivos que permitam um maior número de ajustes e posições na simulação de ensaios de atritos.

35

7 CONCLUSÃO

Concluiu-se que a presença da canaleta metálica nos braquetes aumentou o coeficiente de atrito.

REFERÊNCIAS1

Angolkar PV, Kapila S, Duncanson MG Jr, Nanda RS. Evaluation of friction between ceramic brackets and orthodontic wires of four alloys. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990 Dec;98(6):499-506.

Baggio PE, Telles CS, Domiciano JB. Avaliação do atrito produzido por braquetes cerâmicos e de aço inoxidável, quando combinados com fios de aço inoxidável. Rev Dent Press Ortodon Ortop Facial. 2007 jan-fev;12(1):67-77.

Bednar JR, Gruendeman GW, Sandrik JL. A comparative study of frictional forces between orthodontic brackets and arch wires. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1991 Dec;100(6):513-22.

Burrow SJ. Friction and resistance to sliding in orthodontics: A critical review. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2009 april;135(4):442-447.

Cash A, Curtis R, Garrigia-Majo D, McDonald F. A comparative study of the static and kinetic frictional resistance of titanium molybidenium alloy archwires in stainless steel brackets. Eur J Orthod. 2004 Feb;26(1):105-11.

Dickson JA, Jones SP, Davies EH. A comparison of the frictional characteristics of five initial alignment wires and stainless steel brackets at three bracket to wire angulations-an in vitro study. Br J Orthod. 1994 Feb;21(1):15-22.

Downing A, McCabe JF, Gordon PH. A study of frictional forces between orthodontic brackets and archwires. Br J Orthod. 1994 Nov;21(4):349-57.

Drescher D, Bourauel C, Schumacher HA. Frictional forces between bracket and arch wires Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1989 Nov;96(5):397-404.

Edwards GD, Davies EH, Jones SP. The ex vivo effect of ligation technique on the static frictional resistance of stainless steel brackets and archwires. Br J Orthod. 1995 May;22(2):145-53.

Ehsani S, Mandich MA, El-Bialy TH, Flores-Mir C. Frictional resistance in self-ligating orthodontic brackets and conventionally ligated brackets. Angle Orthod. 2009; 79(3):592-601.

Fernandez L, Canut JA. In vitro comparison of the retention capacity of new aesthetic brackets. Eur J Orthod. 1999 Feb;21(1):71-7.

Gottlieb EL, Nelson AH, Vogels DS 3rd. 1990 JCO study of orthodontic diagnosis and treatment procedures. 1. Results and trends J Clin Orthod. 1991 Mar;25(3):145-56. Huffman DJ, Way DC. A clinical evaluation of tooth movement along arch wires of two different sizes. Am J Orthod. 1983 Jun;83(6):453-9.

1 De acordo com o Manual de Normatização para Dissertações e Teses do Centro de Pós-Graduação CPO São Leopoldo Mandic, baseado no modelo Vancouver de 2007, e abreviaturas dos títulos de periódicos em conformidade com o Index Medicus.

37

Ioi H, Yanase Y, Uehara M, Hara A, Nakata S, Nakasima A et al. Frictional resistance in plastic preadjusted brackets ligated with low-friction and conventional elastomeric ligatures. J Orthod. 2009 Mar;36(1):17-22; discussion 13.

Ireland AJ, Sherriff M. McDonald F. Effect of bracket and wire composition on frictional forces. Eur J Orthod. 1991 Aug;13(4):322-8.

Iwasaki LR, Beatty MW, Randall CJ, Nickel JC. Clinical ligation forces and intraoral friction during sliding on a stainless steel archwire. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2003 Apr;123(4):408-15.

Johnson G, Walker MP, Kula K. Fracture strength of ceramic bracket tie wings subjected to tension. Angle Orthod. 2004 Jan;75(1):95-100.

Kapur Wadhwa R, Sinha PK, Nanda RS. Comparison of frictional resistance in titanium and stainless steel brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999a Sep;116(3):271-4.

Kapur Wadhwa R, Sinha PK, Nanda RS. Frictional resistance in orthodontic brackets with repeated use. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999b Oct;116(4):400-4.

Kapur Wadhwa R, Kwon HK, Sciote JJ, Close JM. Frictional resistance in ceramic and metal brackets. J Clin Orthod. 2004 Jan;38(1):35-8.

Keith O, Jones SP, Davies EH. The influence of bracket material, ligation force and wear on frictional resistance of orthodontic brackets. Br J Orthod. 1993 May;20(2):109-15.

Kusy RP, Whitley JQ. Coefficients of friction for arch wires in stainless steel and polycrystalline alumina bracket slots. I. The dry state. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990 Oct;98(4):300-12.

Kusy RP, Whitley JQ. Frictional resistance of metal-lined ceramic brackets versus conventional stainless steel brackets and development of 3-D friction maps. Angle Orthod. 2001;71(5):364-74.

Kusy RP, Whitley JQ. Thermal and mechanical characteristics of stainless steel, titanium-molybdenum, and nickel-titanium archwires. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007 Feb;131(2):229-37.

Maltagliati LA, Feres R, Figueiredo MA, Siqueira DF. Braquetes estéticos-considerações clínicas. Rev Clin Ortodon Dental Press. 2006 jun-jul;5(3):75-81.

Martins MF. Proposição de dispositivos para testes de atrito e força para sistemas de arcos [dissertação]. Campinas: Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic; 2008.

Meling TR, Odegaard J, Holthe K, Segner D. The effect of friction on the bending stiffness of orthodontics beams: a theoretical and in vitro study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1997 Jul;112(1):41-9.

Pratten DH, Popli K, Germane N, Gunsolley JC. Frictional resistance of ceramic and stainless steel orthodontic brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990 Nov;98(5):398-403.

Prososki RR, Bagby MD, Ericson LC. Static frictional force and surface roughness of nickel- titanium arch wires. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1991 Oct;100(4):341-8.

Reicheneder CA, Baumert U, Gedrange T, Proff P, Faltermeier A, Muessig D. Frictional properties of aesthetic brackets. Eur J Orthod. 2007;29(4):359–65.

Tanne K, Matsubara S, Shibaguchi T, Sakuda M. Wire friction from ceramic brackets during simulated canine retraction. Angle Orthod. 1991 Winter;61(4):285-90; discussion 291-2.

Tselepis M, Brockhurst P, West VC. The dynamic frictional resistance between orthodontic brackets and archwires. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1994 Aug;106(2):131-8.

Thorstenson GA, Kusy RP. Resistance to sliding of self-ligation brackets versus conventional stainless steel twin brackets with second-order angulation in the dry and wet (saliva) states. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2001 Oct;120(4):361-70.

Whitley JQ, Kusy RP. Resistance to sliding of titanium brackets tested againt stainless steel and beta titanium archwires with second-order angulation in the dry and wet states. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007 Mar;131(3):400-11.

Zamora MSM, Grillo VR, Giacomini C, Martins MF, Flório FM, Vedovello-Filho M. Avaliação das forças de atrito geradas por três diferentes tipos de braquetes metálicos pré-ajustados. In: Anais da 25a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica; 2008; Atibaia. São Paulo: SBPqO; 2008.

Documentos relacionados