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4.3 ANÁLISE MULTIVARIADA

4.3.1 Análise fatorial confirmatória (AFC)

Após a preparação dos dados (realização de testes de normalidade, multicolinearidade), procedeu-se a Análise Fatorial Confirmatória (AFC), a qual, após algumas exclusões que serão detalhadas em seguida. Como critérios, na análise fatorial confirmatória, a

cada inserção de um grupo de questões, seguia-se os seguintes passos: Rotação Varimax, ordenação dos fatores em ordem crescente, suprimir coeficientes menores do que 0,499, conforme indicam Hair Jr. et al. (2009).

Referente às variáveis excluídas no pré-teste, no constructo capacidade organizacional, em primeira analise fatorial, a distribuição foi de 2 fatores no constructo. A partir deste resultado, removeu-se a variável CAOR7 que deslocou para um segundo fator, sendo que o objetivo é que as variáveis meçam um único fator representativo de 1 (um) constructo. A variável CAEM20 também foi retirada, percentual de variância teve o índice esperado conforme a literatura.

Após, com todos os índices de carga fatorial e de comunalidades adequados (acima de 0,499) ao que a literatura sugere (HAIR JR. et al., 2009), procedeu-se o cálculo da confiabilidade interna dos construtos. O cálculo do Alfa de Crombach tem por base a média, desvio padrão e correlação dos itens que integram os fatores (PESTANA; GAGEIRO, 2005). Conforme classificam Pestana e Gageiro (2005), a consistência interna se classifica em:

Quadro 4 – Valores e classificações do Alfa de Crombach

Índice Classificação

Acima de 0,900 Muito boa

Entre 0,800 e 0,899 Boa

Entre 0,700 e 0,799 Razoável

Entre 0,600 e 0,699 Aceitável

Fonte: Pestana e Gageiro (2005).

Por meio desses parâmetros, foi possível identificar que os Alfas encontrados são classificados como “muito boa” (DEEA, CAEM, URET, UEII, MIUE) e como “boa” (LIAD, CAOR), o que evidencia a confiabilidade do instrumento, após tradução para a língua portuguesa. O Alfa geral da escala também se destaca, ao passo que atingiu α0,979, indicando alta confiabilidade.

Tabela 9 – Análise fatorial confirmatória Alfa

(α0,979)↘ Variável

LIAD CAOR DEEA CAEM URET UEII MIUE

α 0,849 α 0,884 α 0,921 α 0,904 α 0,935 α 0,914 α 0,934 LIAD1 0,707 LIAD2 0,748 LIAD3 0,657 LIAD4 0,514 LIAD5 0,516 CAOR6 0,526 CAOR7 0,642 CAOR8 0,631 CAOR9 0,592 CAOR10 0,691 CAOR11 0,724 DEEA12 0,743 DEEA13 0,688 DEEA14 0,797 DEEA15 0,766 DEEA16 0,552 DEEA17 0,769 CAEM18 0,673 CAEM19 0,787 CAEM20 0,801 CAEM21 0,717 CAEM22 0,650 CAEM23 0,447 URET24 0,730 URET25 0,825 URET26 0,708 URET27 0,775 URET28 0,706 URET29 0,794 UEII30 0,631 UEII31 0,774 UEII32 0,795 UEII33 0,766 UEII34 0,759 MIUE35 0,790 MIUE36 0,832 MIUE37 0,868 MIUE38 0,791 MIUE39 0,694 KMO 0,822 0,861 0,912 0,888 0,887 0,887 0,891 Variância Explicada 62,839% 63,427% 71,916% 67,918% 75,658% 74,497% 79,470%

Foi realizado o cálculo do KMO que indicou adequação ao que a literatura sugere, em todos os construtos. O KMO e Bartlet, segundo Fávero et al. (2009) consistem em uma forma de

[...] examinar a matriz de correlações e verificar a adequação da AF consiste na aplicação do teste de esfericidade de Bartlett. [...] A estatística KMO, cujos valores variam entre 0 e 1, avalia a adequação da mostra quanto ao grau de correlação parcial entre as variáveis, que deve ser pequeno. O valor de KMO próximo à 0 indica que a análise fatorial pode não ser adequada, pois existe uma relação fraca entre as variáveis. Por outro lado, quanto mais próximo de 1 o seu valor, mais adequada é a utilização da técnica (FÁVERO et al., 2009, p. 241).

Após essas aferições indicarem adequações, procedeu-se a análise por fator da análise fatorial confirmatória.

4.3.1.1 Dimensão liderança e administração

A dimensão LIAD manteve as 5 questões originalmente especificadas no Plano de Orientação das Universidades Empreendedoras criado pela OCDE. O índice de confiabilidade interna (α0,849) é considerado alto pela literatura utilizada, o que significa que as respostas deste grupo são consistentes. A variável LIAD2 obteve destaque com a maior carga fatorial da dimensão (0,748) que de acordo com a questão, dimensiona confiabilidade dos stakeholders com o alto comprometimento da UCS em implementar a estratégia empreendedora na instituição.

A variável LIAD04 obteve a carga fatorial de 0,514, a mais baixa desta dimensão. Esta questão aborda sobre a autonomia do corpo docente e das unidades para agir e este resultado aponta menor confiabilidade por parte dos stakeholders sobre este assunto, pela baixa percepção da autonomia existente, ou por julgar uma eventual falta desta autonomia junto ao corpo docente e unidades.

4.3.1.2 Dimensão capacidade organizacional, pessoas e incentivo

No que se refere a dimensão CAOR (Capacidade Organizacional, Pessoas e Incentivo), foi retirada a questão original CAOR7 (A universidade tem uma estratégia financeira sustentável disponível para apoiar o desenvolvimento empreendedor); em razão do pré-teste da pesquisa realizado em novembro de 2017, onde a primeira análise fatorial confirmatória apontou que a questão mencionada desmembrou o fator em duas dimensões, o que implicou no

distanciamento na análise do constructo principal. Com a subtração desta questão na aplicação, a segunda análise fatorial resultou em uma consistência interna de α0,884, em um único construto para análise. O resultado observado mostra que a análise fatorial confirmatória desta dimensão atende aos quesitos da literatura. Neste sentido a CAOR11, com a carga fatorial 0,724 ratifica as ações da UCS em relação ao prestígio e reconhecimento que a instituição confere às pessoas e empresas que contribuem com a sua agenda empreendedora.

Em contrapartida, a variável CAOR6, que trata do apoio que a UCS disponibiliza a uma ampla variedade de fontes de financiamentos e/ou investimentos, incluindo pessoas e empresas interessadas aos objetivos empreendedores da instituição, resignou-se ao fator mais baixo da dimensão CAOR, com carga fatorial de 0,526. Mesmo atendendo aos parâmetros de confiabilidade em relação à literatura, o fator aponta deficiência na relação com os stakeholders da instituição.

4.3.1.3 Dimensão desenvolvimento do empreendedorismo no ensino e na aprendizagem

A dimensão DEEA resultou em uma análise fatorial de alta confiabilidade de α0,921. Este construto não apresentou a necessidade de subtrair questões em relação ao instrumento original da OCDE. Neste sentido, a consistência das respostas satisfaz os quesitos da literatura. A variável DEEA14 obteve a carga fatorial mais elevada da dimensão (0,797), o que evidencia a consistência dos stakeholders no apoio através do estímulo de ideias, desenvolvimento e implementação do comportamento empreendedor na instituição.

Porém, a variável DEEA16, que fala sobre a colaboração e o engajamento dos stakeholders externamente à UCS no desenvolvimento do ensino e aprendizagem, apresentou a carga fatorial mais baixa da dimensão (0,552) denotando desconhecimento por parte dos stakeholders da UCS em tais atividades.

4.3.1.4 Dimensão caminhos para empreendedores

A primeira análise fatorial realizada no pré-teste da pesquisa na dimensão CAEM resultou em 2 (dois) constructos. Portanto, a variável CAEM20 originalmente sugerida pelo questionário da OCDE, foi retirada do instrumento de coleta de dados, e a partir disso, o agrupamento resultou em uma única dimensão. Tal questão abordava se a universidade incentivava ativamente os indivíduos a tornarem-se empreendedores. Contudo, a variável CAEM20 havia apresentado uma carga fatorial de 0,801 que corrobora o interesse dos

stakeholders da UCS no apoio para que os indivíduos e grupos passem suas ideias para ação e demonstra consistência junto à literatura.

Outra análise que é possível fazer, é a de que mesmo as atividades de incubadoras de negócios estarem divulgadas no site da instituição1, a variável CAEM23 que trata deste tema, teve uma carga fatorial de 0,447, a mais baixa carga fatorial registrada na pesquisa, o que representa uma baixa percepção dos stakeholders da UCS sobre as incubadoras de negócios.

4.3.1.5 Dimensão universidade-empresa e relações externas para a troca de conhecimentos

Nesta dimensão, todas as questões propostas pelo modelo da OCDE foram mantidas. A variável URET25 que aborda o envolvimento ativo da UCS nas parcerias e relações com os seus stakeholders externos que resultou na maior carga fatorial (0,825). Embora a variável URET28 obter menor carga fatorial desta dimensão (0,706), o índice alcançado satisfaz a confiabilidade sugerida pela literatura, e demonstra elevada percepção dos stakeholders referente às relações externas para a troca de conhecimento.

4.3.1.6 Dimensão universidade empreendedora como instituição internacionalizada

A dimensão UEII (Universidade Empreendedora como Instituição Internacionalizada) manteve as questões do instrumento original da OCDE, e é a busca e atratividade de professores, funcionários e empreendedores de outros países em relação a UCS que obtém a maior carga fatorial (0,795) através da variável UEII32, de acordo com a percepção dos stakeholders. Entretanto, a internacionalização como estratégia empreendedora na variável UEII30 obteve a menor carga fatorial (0,631), o que denota que neste aspecto, os stakeholders tiveram uma percepção com maior dúvida da gestão estratégica no que se refere a internacionalização, o que aponta oportunidades de melhor explorar essa temática.

4.3.1.7 Dimensão medindo o impacto da universidade empreendedora

A análise fatorial do pré-teste preservou todas as questões da dimensão MIUE, em relação ao questionário da OCDE. A variável MIUE37, que trata das avaliações sobre o impacto do ensino empreendedor e da aprendizagem empreendedora, obteve a carga fatorial mais

elevada da dimensão (0,868), que denota a alta percepção dos stakeholders da UCS sobre este tema. A menor carga fatorial desta dimensão foi apurada na variável MIUE39 (0,694) que aborda o impacto no apoio às startups, apontando menor percepção em seus stakeholders. Isso se justifica, devido ao fato de que a UCS começou a trabalhar esse tema junto aos seus stakeholders recentemente, e é algo pouco explorado na região.