• Nenhum resultado encontrado

A análise dos frutos foi feita através do calibre médio tendo sido avaliado através da divisão do peso seco dos frutos da cuvete pelo número total de framboesas proveniente da mesma. Observou-se uma enorme diferença entre as repetições sujeitas a longos e curtos tempos de armazenamento em frio.

O calibre da fruta proveniente das plantas STPt e STHol foi bastante superior ao das plantas LTPt e LTHol, como podemos verificar no gráfico representado em baixo (Figura 22). Os frutos provenientes dos tratamentos de curta duração foram desenvolvidos em melhores condições de luminosidade e temperatura, uma vez que estas plantas produziram na época convencional.

Figura 22. Representação do peso seco médio por fruto, que foi obtido em cada tratamento. LTPt - longa duração Portugal, LTHol - longa duração Holanda, STPt – curta duração Portugal, STHol – curta duração Holanda

55

6- Conclusão

Após a análise dos dados inerentes ao ensaio, foi possível verificar que existem diferenças entre os sistemas de produção de framboesa em long-cane.

Ao nível do sistema radicular, verificamos que as plantas LTHol tinham as raízes mais desenvolvidas do que as restantes, possivelmente devido ao facto dos lançamentos principais já terem originado uma produção, uma vez que eram mais baixos e tinham a estrutura lenhosa mais espessa e matura. Relativamente às reservas de amido radicular, observaram-se diferenças significativas entre os tratamentos de longa e curta duração no frio. As plantas que foram armazenadas em câmara frigorífica por mais de 40 semanas, gastaram praticamente todas as reservas energéticas, uma vez que permaneceram demasiado tempo em dormência sem repor os nutrientes na sua estrutura. Esta condição poderá estar relacionada com uma debilitação no abrolhamento e crescimento dos lançamentos laterais e consequentemente com uma produção final aquém do que era esperado.

O número de lançamentos laterais e o seu comprimento é um fator decisivo para a obtenção de uma produção rentável. O seu número por lançamento principal, o comprimento do mesmo e principalmente o número de nós frutíferos do lateral tiveram uma grande variabilidade entre os tratamentos. As plantas LTHol desenvolveram menor número de laterais e mais pequenos, o que já era de esperar uma vez que tinham lançamentos principais mais pequenos e consequentemente menor número de nós. Os restantes tratamentos apresentaram um número médio de laterais semelhante, porém, os laterais dos tratamentos de curta duração no frio eram mais vigorosos, longos e tinham menor número de nós vegetativos, sendo estas as características que se pretende par a obtenção de produções altas.

A produção comercial de cada sistema também foi extremamente distinta, principalmente entre os tratamentos de longa (LTHol e LTPt) e curta duração no frio (STHol e STPt). Plantas que permaneceram 11 e 15 semanas no frio, obtiveram produções totais sensivelmente 4 vezes superiores às plantas que foram armazenadas durante 41 e 45 semanas. Esta diferença na produção total pode estar relacionada com o esgotamento das reservas radiculares e consequente impacto negativo no abrolhamento e desenvolvimento da planta ou pode ser justificado com a altura do ano em que a zona de frutificação se desenvolveu e produziu fruta. As plantas STPt e STHol não tinham como principal objetivo, a produção fora de época como as LTHol e LTPt, foram plantadas mais tarde tendo a época produtiva coincidido com dias mais

56 longos (maior fotoperíodo) e temperaturas mais elevadas. A maior disponibilidade luminosa e temperatura teve certamente um papel fulcral para a obtenção do aumento de rendimento e qualidade do fruto, uma vez que os frutos provenientes das plantas STPt e STHol tinham maior calibre e menos deformações. Resultado importante é a semelhança de produção entre as plantas de curto termo da Holanda e Portugal, facto que nos permite concluir que é possível produzir long-canes com qualidade no Sudoeste Alentejano, semelhantes ao material vegetal importado da Holanda. Este deverá ser um parâmetro a ser alvo de desenvolvimento, uma vez que irá permitir reduzir os custos na obtenção de plantas e aumentar o rendimento dos produtores nacionais.

Relativamente ao valor da produção comercial, conseguimos concluir que apesar do maior preço ao produtor na produção fora de época a produção de Primavera e Verão gera maior receita. Fica ao encargo do produtor, analisar os custos de produção e funcionamento da exploração e decidir se é economicamente viável a utilização de long-canes submetidas a um longo armazenamento em câmara frigorífica.

No futuro, deverão ser feitos estudos mais aprofundados e padronizados sobre a influência do armazenamento em frio na produtividade e desenvolvimento das plantas, sendo crucial obter o historial da planta antes da plantação de forma a melhorar a qualidade do material vegetal obtido.

57

Bibliografia

Brennan, R., 1999. Factors Affecting Out-off-season Rubus Production. Scottish Crop Research Institute, n.d.

Christensen, J. R. 1947. Root Studies. XI. Raspberry Root Systems. Journal of Pomology and Horticultural Science 23 (4): 218–26. https://doi.org/10.1080/03683621.1947.11513671. Cline, M.G., and Deppong, D.O. 1999. The Role of Apical Dominance in Paradormancy of

Temperate Woody Plants: A Reappraisal. Journal of Plant Physiology 155: 350–56. Cold Requirements of Field and Artificially Chilled Raspebby Cultivars. n.d. Não Publicado. Crandall P.C. 1974. Influence of Cane Number and Diameter, Irrigation, and Carbohydrate

Reserves on the Fruit Number of Red Raspberries. Journal American Society for Horticultural Science. http://agris.fao.org/agris-search/search.do?recordID=US19750006728.

Dale, A. 1979. Varietal Differences in the Relationships Between Some Characteristics of Red Raspberry Fruiting Laterals and Their Position on the Cane. Journal of Horticultural Science 54: 257–65.

Dominguez, A. 2007. El Cultivo del Frambueso en Huelva.

https://articulo.mercadolibre.com.ar/MLA-605557235-el-cultivo-del-frambueso-en-huelva- antonio-flores-dominguez-_JM.

Funt, R. C., and Hall, H.K. 2013. Raspberries. CABI.

Halevy, A. H. 1985. CRC Handbook of Flowering. CRC Press.

https://books.google.pt/books/about/CRC_handbook_of_flowering.html?id=4RNJAQAAIAAJ &redir_esc=y.

Hudson, J.P. 1059. Effects of Environment on Rubus Idaeus L.: I. Morphology and Development of the Raspberry Plan

Hodnefjell, Randi. 2017. Growth and Flower Initiation in Red Raspberry (Rubus idaeus L.) Cultivars. https://brage.bibsys.no/xmlui/bitstream/handle/11250/2449181/Hodnefjell%2C Randi. 2017.pdf?sequence=1.

Kalt, W., Howell, A.W., Duy,J., Forney, C.F.and McDonald, J.E.. 2002. Horticultural Factors Affecting Antioxidant Capacity of Blueberries and Other Small Fruit. https://www.semanticscholar.org/paper/Horticultural-Factors-Affecting-Antioxidant-of-and- Kalt-Howell/548cc36796dfff0b5456d14abd458e97fb94686f.

58 https://doi.org/10.1080/00221589.1961.11514013.

Liaqat, A., Svensson, B., Alsanius, B.W. and Olsson, M.E. 2011. Late Season Harvest and Storage of Rubus Berries-Major Antioxidant and Sugar Levels. Scientia Horticulturae 129: 376–381.

Neto, C. B. 1997. Evolução dos Hidratos de Carbono e Proteína Solúvel em Framboesas Remontantes em Cultura Protegida. Relatório final. Instituto Superior de Agronomia.

Oliveira, P. B., Lopes-da-Fonseca, L. and Monteiro, A. A. 2002. Combining Different Growing Techniques for All Year Round Red Raspberry Production in Portugal. Acta Horticulturae 585: 545–55.

Oliveira, P.B. 2007. A Planta de Framboesa Morfologia e Fisiologia.

http://www.iniav.pt/fotos/gca/1_a_planta_de_framboesa_morfologia_e_fisiologia_136912826 4.pdf.

Oliveira, P.B. 2007. Framboesa Tecnologias de Produção.

http://www.iniav.pt/fotos/gca/3_framboesa_tecnologias_de_producao_1369130376.pdf. Oliveira, P.B., 2018. O setor dos pequenos frutos, cenário actual e desafios futuros. Frutas

Legumes e Flores 186: 58.

Perkins-Veazie, P, and Collins, J.K. n.d. Contributions of Nonvolatile Phytochemicals to Nutrition and Flavor. Accessed October 6, 2018.

https://pdfs.semanticscholar.org/71b2/779a1dbedfd240203a0a7c10be14b8878574.pdf. Scheerens, Joseph C. n.d. Phytochemicals and the Consumer: Factors Affecting Fruit and

Vegetable Consumption and the Potential for Increasing Small Fruit in the Diet. Accessed October 6, 2018.

https://pdfs.semanticscholar.org/552c/0e8c8443ee98540571ae467f7aa28a3dceb6.pdf. Sønsteby,A. and Heide, O.M. 2008. Environmental Control of Growth and Flowering of Rubus

Idaeus. Scientia Horticulturae

Sønsteby, A., and Heide, O.M.. 2014. Cold Tolerance and Chilling Requirements for Breaking of Bud Dormancy in Plants and Severed Shoots of Raspberry (Rubus Idaeus L.). Journal of Horticultural Science and Biotechnology 89: 631–38.

Sønsteby, A., Stavang, J.A. and Heide, O.M. 2013. Production of High-Yielding Raspberry Long Canes: The Way to 3 Kg of Fruit per Cane. Journal of Horticultural Science and

Biotechnology 88: 591–599.

Sønsteby, A., and Heide, Ola M. n.d. Environmental Control of Growth and Flowering of Rubus Idaeus L. Cv. Glen Ample. Accessed June 26, 2018.

59 Sønsteby, A., Myrheim, U., Heiberg, N. and Heide, O.M.. 2009. Production of High Yielding Red

Raspberry Long Canes in a Northern Climate. Scientia Horticulturae https://doi.org/10.1016/j.scienta.2009.02.016.

White, J. M., H. Wainwright, and C. R. Ireland. 1998. Interaction of Endodormancy and

Paradormancy in Raspberry (Rubus Idaeus L.). Annals of Applied Biology 132 (3): 487–95. https://doi.org/10.1111/j.1744-7348.1998.tb05224.x.

Williams, I. H. 1959. Effects of Environment on Rubus Idaeus L.: IV. Flower Initiation and Development of the Inflorescence. Journal of Horticultural Science 34 (4): 219–28. https://doi.org/10.1080/00221589.1959.11513962.

Documentos relacionados