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4. Resultados

4.1.4 Análise Parte V

A parte V refere-se à avaliação das características situacionais da negociação, com base no guião da entrevista e o quadro teórico (Anexos 3 e 4). Os objectivos foram:

 Perceber se na perspectiva do grupo, a parcimónia de recursos da mesma tipologia (no

CS referência) é uma condição que pode fomentar o stress, solidão, propiciando conflitos com o utente;

 Analisar, a visão do grupo, face à influência de estarem em representação de um grupo de

constituintes (superiores hierárquicos), com estruturas bem definidas, na gestão de conflitos e negociação com o utente do CS;

 Analisar a visão do grupo face à influência prazos/factor tempo para a gestão de conflitos

e negociação com o utente do CS;

 Verificar a visão do grupo quanto ao poder que sentem ou acham poder colocar na

interacção/negociação com o utente (Anexo 4).

Ambos os profissionais de Radiologia do Cartaxo, e de Rio Maior, referiram que, actualmente, é muito bom ter um colega da mesma profissão a trabalhar directamente consigo, na medida, em que é muito fácil articular o tempo, o serviço, pela boa relação e pela entreajuda que existe. O entrevistado nº 10 referiu-se a esta questão mencionando que “os

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Também os três profissionais de Saúde Ambiental, do Centro de Saúde de Santarém, referem que esta prática de trabalho em equipa é muito boa. Na entreajuda, no esclarecimento de dúvidas, no facto de as situações mais complexas serem resolvidas em conjunto, e umas estarem mais especializadas numa área, e outras noutras.

O entrevistado nº 16, relativamente a este assunto referiu:

“É muito bom…estive fora noutro sítio a trabalhar…mas pedi para voltar pela forma de trabalhar em equipa….a ajuda do grupo…é muito bom”.

Também, de mencionar a boa prática do grupo profissional das Higienistas Orais. Estas profissionais apesar de serem elementos únicos nos Centros de Saúde de referência, têm uma prática de entreajuda enquanto grupo profissional, mencionada pelo entrevistado nº14:

“É um grupo muito organizado, com os mesmos procedimentos, fazem-se reuniões e trabalhasse da mesma forma, o que não me faz sentir sozinha, basta mandar um e-mail e todas ou quase todas as colegas me respondem. Estou sozinha, mas não só. Estamos longe, sozinhas aqui, mas há este apoio”.

O quadro nº18 sintetiza as razões boas e más, no que se refere ao facto de se ter um colega de profissão no mesmo Centro de Saúde, mencionadas pelos sete profissionais que estão nesta situação.

Estes parecem ter e privilegiar nas suas respostas, subcategorias, tais como: autonomia com sete unidades de registo, quer dos superiores, quer dos colegas, a gestão do serviço ser mais facilitada com sete unidades de registo e o poder negocial que detêm com sete unidades de registo.

As possíveis razões mencionadas, para que seja mau ter um colega da mesma profissão afecto ao mesmo Centro de Saúde, prendem-se com a não articulação do trabalho e não haver sintonia nas atitudes, ou seja na forma de agir, de gerir o serviço. Actualmente estas razões negativas não se verificam (Quadro 18).17

86 Quadro 18- Vantagens/Desvantagens de se ter um colega de profissão

CATEGORIA SUB-CATEGORIA UNIDADES REGISTO

Bom Autonomia 7 Gestão de serviço 7 Poder negocial 7 Discussão de dúvidas 5 Entre ajuda 5

Gestão de decisões serviço 3 Trabalho em grupo 3 Gestão de horários 2

TOTAL 39

Mau

Se não houver sintonia nas atitudes 2 Se não existir articulação do serviço 2

TOTAL 4

Sobre este aspecto, veja-se o que foi mencionado pelo entrevistado nº 9:

“Um colega da mesma área é uma mais-valia neste momento, pois é uma situação boa, pois há o mesmo método, a mesma forma de estar, trabalhando-se na mesma linha, da mesma forma…Durante muitos anos não trabalhei assim, pois o colega que cá estava antes não me facilitava a vida, e o serviço não corria tão bem, cada um trabalhava à sua maneira. Nunca tive um mau relacionamento com o colega, mas talvez, porque eu achei, que não valia a pena chatear-me, apesar de muitas vezes me prejudicar, tentei sempre levar as coisas a bem, sem prejudicar o utente”.

Já o facto, de se ser elemento único, é um aspecto que preocupa os restantes doze entrevistados. É mencionado que por vezes, é um factor de stress, principalmente por não se conseguir dar resposta às pessoas, dentro do tempo razoável. Apesar de notória a preocupação destes profissionais, em não descarregar este stress no utente, não é um assunto de fácil gestão. É muito claro, que as dificuldades em se ser elemento único se prendem essencialmente, com a gestão do tempo com nove unidades de registo, a gestão das necessidades, as suas e as dos utentes com nove unidades de registo, relembrando a escassez e a parcimónia com que estes profissionais se podem deparar. Apesar dos aspectos menos bons que foram mencionados, também é referida muita coisa boa, com destaque para a: autonomia,

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a gestão do serviço, a gestão dos horários e o poder negocial, todos com doze unidades de registo cada (Quadro 19).18

Quadro 19- Vantagens/Desvantagens de ser elemento único

CATEGORIA SUB-CATEGORIA UNIDADES REGISTO

Bom

Autonomia 12

Gestão de serviço 12 Gestão de horários 12 Gestão de decisões serviço 12 Poder negocial 12 TOTAL 60 Mau Gestão de tempo 9 Gestão necessidades 9 Isolamento 5 No tirar duvidas 3 Stress 2 TOTAL 28

Sumarizando, todo o grupo mencionou ter autonomia para gerir o trabalho e para desempenhar as funções, organizar prioridades. Foi referida por todos como uma grande mais-valia.

No que se refere ao facto de estarem em representação de um superior hierárquico, não parece influenciar a forma de actuação dos profissionais junto dos utentes, pois têm autonomia para actuar e tomar decisões.

No que se refere à Golegã, estas questões não se colocam por ser um concelho mais pequeno. O trabalho é sempre muito, mas parece que de certa forma a gestão do tempo e do trabalho que há para fazer, decorre dentro da normalidade.

Em suma, os profissionais que têm um colega de profissão no mesmo Centro de Saúde, ou que enquanto profissão se organizam em termos de grupos de trabalho parecem estar em vantagem, sobre os profissionais que são elementos únicos. De forma a terminar a análise destes assuntos, veja-se, o que foi mencionado pelos profissionais (nº3 e nº 6):

“Chego a ter lista de espera de um mês, e há situações que era absolutamente desnecessário estarem um mês à espera, mas sou elemento único e tento explicar às pessoas,

88 que por norma até entendem…já me conhecem também como pessoa. Também há a questão da organização geográfica, organizo o serviço em termos da geografia, no caso dos domicílios, as pessoas esperam mais, pois tento juntar pessoas da mesma zona, de forma a não fazer deslocações só por um utente”.

“Enquanto consegues dar resposta tudo bem, se não consegues…já és mau profissional, eu ouço isto no dia-a-dia…a seguir às férias…é o caos, ou seja ser único é complicado”.

Considera-se que os objectivos para este grupo de perguntas foram conseguidos.

Por fim, e antes de passarmos ao capítulo referente à discussão dos resultados, destacamos que as entrevistas auxiliaram, à rectificação do campo de investigação das leituras, realizadas no enquadramento teórico.

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