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3. FUNDOS DE INVESTIMENTOS FINANCEIROS

3.4 Análise e Gestão nos Fundos

A análise de fundos de investimento nada mais é do que uma análise dos retornos ajustados para risco da carteira de investimentos. Isso porque a análise de retorno ajustado reflete o conceito de "otimização de carteira de investimento", de que ao escolher os ativos que compõem a carteira de investimentos do fundo, o gestor deve procurar aqueles que minimizam o risco para um objetivo específico de rentabilidade.

Existem vários indicadores de risco ajustado, sendo que a principal diferença entre eles é a forma de cálculo do retorno (absoluto ou em relação a um benchmark) e a metodologia de

cálculo da volatilidade (ou risco) da carteira. A seguir discutimos os principais indicadores de risco ajustado usados no mercado financeiro.

3.4.1. Índices de retorno ajustado

Índice de Modigliani Î Um dos primeiros índices de retorno ajustado utilizado pelo mercado,

e certamente o mais simples, já que compara o retorno absoluto da carteira do fundo (médio pela rentabilidade diária média) com a sua volatilidade, sendo que a volatilidade da carteira é medida pelo desvio padrão dos retornos da carteira do fundo.

Índice Modigliani = Retorno do fundo

Desvio padrão do retorno do fundo

Índice de Sharpe Î Sem dúvida o mais conhecido índice de retorno ajustado no mercado

brasileiro, que compara o retorno relativo do fundo contra o ativo de risco livre com a volatilidade da carteira de fundos de investimento. Quanto maior o retorno e menor o risco do investimento, melhor será o Índice de Sharpe.

A volatilidade é uma das possíveis medidas de risco de um ativo; no caso dos índices de retorno ajustado divide-se o retorno diário médio da carteira do fundo pela sua volatilidade (ambos no mesmo período). A volatilidade diária é calculada como o desvio padrão dos retornos diários da carteira do fundo, durante um período de 252 dias. Alguns analistas utilizam o método de alisamento exponencial (EWMA) para atribuir pesos mais altos aos retornos mais recentes. A volatilidade então é calculada como o desvio padrão do produto entre a rentabilidade diária e seu respectivo peso.

Í ndice de Shar pe = ( Ret orno do Fundo - Ret or no da t axa livr e de risco) Desvio padr ão do r et or no do fundo

Beta Î Medida de risco diversificável de uma ação. O coeficiente beta pode ser visto como

um índice do grau do retorno relativo de uma ação em relação ao retorno do mercado. O beta do mercado é igual a 1 e todos os outros betas são calculados em relação a esse valor. Um beta positivo sugere que a ação mova na mesma direção do mercado, enquanto um negativo sugere um movimento na direção oposta. Betas positivos são mais comuns que negativos. Uma ação com um beta igual a 2.0, reage duas vezes mais que o mercado, ou seja, experimenta uma mudança de 2% em seu retorno para cada mudança de 1% no retorno do mercado.

3.4.2.Índices de retorno relativo

Retorno relativo ao benchmark Î Além da análise de retorno ajustado, a maioria dos

de fundos de renda-fixa cujo benchmark é o CDI, o retorno relativo é calculado como a divisão entre o retorno do fundo pelo retorno do benchmark, como ilustrado abaixo:

Retorno relativo fundo = Retorno do fundo x 100 Retorno do CDI

Já no caso de fundos cujo benchmark é o dólar ou índices de ações o retorno relativo é calculado como a subtração do retorno do fundo pelo retorno do benchmark, como ilustrado abaixo:

Ret. relativo fundo = (1+Retorno do fundo) -1 x 100

(1+ Retorno do benchmark)

Índice de Sucesso Î É um índice que mede a freqüência com que cada fundo conseguiu

gerar retornos superiores ao seu índice de referência. Quanto maior o índice, melhor é o desempenho do fundo. Uma vez calculado o retorno relativo do fundo, muitos analistas contam o número de meses em que esse retorno ficou acima ou abaixo do benchmark. Alguns vão mais além e calculam esse retorno diariamente desde o início do fundo, o que permite o desenvolvimento de um histograma, mostrando quantos dias (para um determinado período) o investidor poderia comprar cotas do fundo, e obter um retorno acima do benchmark. Por exemplo, vamos assumir que o fundo exista há um ano e que a distribuição do histograma é a seguinte:

Até 95% (20 dias)

De 95% até 100% (35 dias)

De 100% até 102% (75 dias) de 100% até 105% (200 dias) Acima de 105%(35 dias)

Isso significa que durante 55 dias no ano passado as pessoas que compraram cotas do fundo tiveram um retorno relativo ao benchmark negativo, isso equivale à soma do número de dias entre os intervalos de abaixo de 95% e de 95% até 100%.

Na gestão de risco, entre as metodologias de controle utilizadas pelos gestores de carteiras é o VaR (Value at RisK), pois é importante uma medida que mensurasse todos os riscos em um único número, em moeda nacional e que o resultado fosse um valor de fácil compreensão, facilitando o processo de tomada de decisões. Assim o VaR ou V@r é a perda máxima possível para uma carteira, em um intervalo de tempo bem definido (1 dia), calculado com um grau de confiança também bem definido. O VaR é hoje a melhor e mais utilizada forma de quantificar a exposição de uma carteira ou de toda uma instituição a risco de mercado.

A grande vantagem do VaR é traduzir o risco em valor e responder à pergunta: até que nível as coisas podem ficar ruins? O valor sob risco é estimado tomando-se como base às

volatilidades das variáveis, as correlações entre elas, as medidas de sensibilidade das variáveis e o valor das posições. Apesar de sua larga utilização, há muita discussão quanto aos limites do método, pois segundo especialistas, o mesmo é mais recomendado para situações de “normalidade de mercado”. Em momentos de crises intensas ele perde parte de sua finalidade, haja vista que em tais situações passam a valer mais as providências que o gestor de ativos tomou antes do surgimento da situação de crise.

A análise da performance de uma carteira de fundo de investimentos em situações extremas deve ser feita utilizando-se de ferramentas de análise de cenários. O Stress Testing permite simular a perda máxima para os fundos de investimentos em cenários de crise. Essa ferramenta em conjunto com o VaR ajuda a compreender o que poderia acontecer com as carteiras dos fundos em um momento de turbulência econômica e reduz a exposição ao risco, se necessário for.