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7. Características Psicométricas do SON-R 2½-7[a]

7.2 Análise por hipótese

Juntamente com os coeficientes de correlação estão os intervalos de confiança. Miles e Shevlin (2001) assinalam que é útil verificar se um coeficiente de correlação é estatisticamente significativo. Não obstante, um teste de significância diz apenas a probabilidade deste ser ou não diferente de zero. Uma correlação é apenas outro meio de expressar a inclinação. O valor da probabilidade para uma correlação apenas indica que a correlação é maior ou igual a zero – nunca deve ser interpretado como um indicativo da força da associação, pois uma correlação pequena, por exemplo 0,10, poderá ser estatisticamente significativa (0,05 de significância) com uma amostra de 400 sujeitos, mesmo que uma correlação desse tamanho não possua qualquer significância prática.

Por sua vez, Rosnow e Rosenthal (1996) sugerem que sejam construídos intervalos de confiança de 95% para cada coeficiente de correlação obtido. Assim, no presente estudo pretende-se, por meio desse procedimento, verificar com esse nível de confiança, em qual intervalo encontra-se o verdadeiro coeficiente de correlação populacional.

Idade

A idade foi utilizada como um dos critérios para a validação de construto do SON-R 2½-7[a], pois a inteligência está intrinsecamente ligada a mudanças no desenvolvimento cognitivo dos indivíduos. Esperava-se encontrar correlações positivas e substanciais entre os escores brutos nos subtestes e a idade, pois crianças mais velhas devem ter maiores escores no teste do que crianças mais novas. A Tabela 7.13 apresenta os resultados.

Tabela 7.13 Coeficientes de correlação entre a idade e o escore bruto nos subtestes do SON-R 2½-7[a] (N = 1200)

Mosaicos Categorias Situações Padrões

Idade (meses) r 0,76 0,71 0,66 0,78

IC 95% 0,74-0,78 0,68-0,74 0,63-0,69 0,76-0,80

Como pode ser observado nessa tabela há correlação positiva e alta entre a idade e o escore bruto nos subtestes do SON-R 2½-7[a]. Os intervalos de confiança mostram que o menor limite inferior é no subteste Situações e o maior limite superior é no subteste Padrões. Tal resultado dá suporte à validade do SON-R 2½-7[a].

Estudo de validade convergente

Com o objetivo de verificar a validade convergente do SON-R 2½-7[a] foram realizadas análises de correlação r de Pearson entre os três tipos de QI do SON-R 2½-7[a] calculados com as normas brasileiras e outros testes de inteligência. Dessa forma, foram feitos três estudos de validação com outros testes de inteligência. Inicialmente, verificou-se a correlação entre as três escalas do SON-R 2½-7[a]: Total, Execução e Raciocínio e as escalas do WPPSI-III, avaliadas segundo as normas estadunidenses. Os resultados podem ser vistos na Tabela 7.14.

Tabela 7.14 Coeficientes de correlação entre as escalas do SON-R 2½-7[a] e do WPPSI-III e o intervalo de confiança de 95% das correlações (N = 49)

SON QI Total SON QI EE SON QI ER WPPSI-III FSIQ r 0,75 0,59 0,78 IC 95% 0,60-0,85 0,37-0,75 0,64-0,87 WPPSI-III VIQ r 0,66 0,48 0,73 IC 95% 0,47-0,80 0,23-0,67 0,57-0,84 WPPSI-III PIQ r 0,73 0,61 0,70 IC 95% 0,57-0,84 0,40-0,76 0,52-0,82 WPPSI-PSIQ r 0,70 0,56 0,69 IC 95% 0,52-0,82 0,33-0,73 0,51-0,82

Nota: FSIQ = Full Scale IQ; VIQ = Verbal IQ; PIQ = Performance IQ; PSIQ = Processing Speed IQ.

Conforme observado nessa tabela, todas as correlações entre as escalas do SON-R 2½- 7[a] e do WPPSI-III são altas, o que aponta para a validade convergente do SON-R 2½-7[a]. Os intervalos de confiança mostram que as menores correlações possuem intervalos menos precisos. Pode-se verificar também que o menor coeficiente de correlação observado é com o QI verbal do WPPSI-III e o maior com a escala total. Tal resultado é consistente com os encontrados na Austrália entre o SON-R 2½-7 e o WPPSI-R (Tellegen & Cols., 1998). A correlação na Austrália com o WPPSI-R foi r = 0,75 para a FSIQ, r = 0,54 para a VIQ e r = 0,73 para a PIQ, similar à relação forte entre o WPPSI-III e o SON-R 2½-7[a] encontrada no Brasil. Tal resultado corrobora o fato de que o SON-R 2½-7[a] é um teste que mede uma área ampla de inteligência, assim como o WPPSI-III. Este último afere um construto mais amplo de inteligência devido à parte verbal que está ausente no SON-R 2½-7[a].

A validade convergente do SON-R 2½-7[a] também foi verificada por meio da sua correlação com o WISC-III. A Tabela 7.15 apresenta os resultados.

Tabela 7.15 Coeficientes de correlação entre as escalas do SON-R 2½-7[a] e do WISC-III e o intervalo de confiança de 95% das correlações (N = 50)

SON QI Total SON QI EE SON QI ER

WISC-III QI Total r 0,67 0,56 0,59 IC 95% 0,48-0,80 0,34-0,73 0,38-0,75 WISC-III QI Verbal r 0,51 0,36 0,51 IC 95% 0,27-0,69 0,09-0,58 0,44-0,78 WISC-III QI de Execução r 0,64 0,53 0,56 IC 95% 0,30-0,71 0,34-0,73 0,30-0,71 WISC-III QI de Compreensão Verbal

r 0,53 0,39 0,50

IC 95% 0,30-0,71 0,13-0,61 0,26-0,69 WISC-III QI de Organização perceptual

r 0,68 0,61 0,54

IC 95% 0,50-0,81 0,22-0,76 0,31-0,71

As correlações entre as escalas do SON-R 2½-7[a] e do WISC-III são moderadas ou altas, a menor correlação observada (r=0,36) é entre o QI da Escala de Execução do SON-R 2½-7[a] e a Escala Verbal do WISC-III. Os intervalos de confiança mostram que as correlações inferiores a 0,40 são pouco confiáveis.

Considerando as correlações do SON com a parte verbal do WISC-III pode-se inferir que estas foram as menores devido ao fato de que a parte verbal do WISC-III é muito sensível à escolarização. Por sua vez, as correlações com o WPPSI-III foram melhores, pois este é menos verbal que o WISC-III. Ademais, a correlação com o WISC-III é inferior à encontrada com o WPPSI-III devido, parcialmente, aos problemas na normatização brasileira do WISC- III. A amostra de normatização desse teste foi exclusivamente de crianças de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Tal fato prejudicou a representatividade das normas para o Brasil.

Por fim, a validade convergente do SON-R 2½-7[a] foi testada por meio da sua correlação com as Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPC) e com o Columbia (EMMC), conforme observado na Tabela 7.16.

Tabela 7.16 Coeficientes de correlação entre as escalas do SON-R 2½-7[a], as MPC de Raven e o EMMC (Colúmbia) e o intervalo de confiança de 95% das correlações (N = 120)

TESTES SON QI Total SON QI EE SON QI ER

Raven r 0,68 0,61 0,56

IC 95% 0,57-0,80 0,49-0,71 0,43-0,67

Columbia r 0,56 0,43 0,54

IC 95% 0,43-0,67 0,27-0,57 0,40-0,66

Verifica-se nessa tabela que todas as correlações são moderadas ou altas, indicando a validade convergente do SON-R 2½-7[a]. As maiores correlações são com a escala completa e, no caso do Columbia, também com a Escala de Raciocínio. Considerando a natureza desses testes, é razoável esperar correlações mais altas com a Escala de Raciocínio.

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