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2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.4 I NTERFACE H UMANA

2.4.1.3 Análise

O sistema desenvolvido para análise relaciona visualmente os sinais armazenados pelo sistema de aquisição e permite gerar indicadores de acordo com o transdutor analisado.

Para isto, na tela inicial, o usuário deve selecionar o caminho da pasta em que os dados do teste foram armazenados (Figura 35). A partir desta seleção, o sistema carrega a lista de pacientes cadastrados e permite que o usuário selecione um item para prosseguir com a análise.

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Figura 35. Tela inicial do sistema de análise

A diferenciação entre os testes é feita pelos critérios: perna, data e horário. Assim, é possível identificar grupos de arquivos, em caso de mais de uma repetição por teste. Para isto, durante a seleção, é necessário manter a tecla CTRL pressionada. A organização dos resultados depende da escolha destes dados, bem como da escolha do momento do teste em relação ao tratamento realizado, por meio do botão disponível com as opções PRÉ e PÓS. Em caso de uma nova análise, os dados armazenados devem ser apagados por meio do botão “Limpar Análise”.

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Uma pré-visualização do sinal é oferecida ao usuário, por meio de um duplo clique sobre o item selecionado. Também são permitidas alterações nas configurações do filtro para o sinal do acelerômetro.

A partir da seleção feita, o sistema segue uma rotina de tratamento do sinal para o cálculo dos indicadores desejados. Pelo fato de o sinal possuir inúmeras oscilações desprezíveis, o sinal é tratado ponto a ponto, conforme as etapas mostradas na Figura 36.

Eletrogoniômetro Acelerômetro

Figura 36. Diagrama de tratamento dos sinais Suavização de Sinal

Preenchimento de pontos (Δt=0,005s)

Identificação de ponto de início

Identificação de picos, vales e ponto de término

Determinação de A1, A0, R1, R2, R2n e Integral de envoltória do

sinal

Preenchimento de Pontos (Δt=0,01s)

Identificação do ponto de início e término

Filtragem

Identificação de Picos e Vales

Determinação de Integral de envoltória e valor RMS para os eixos

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ELETROGONIÔMETRO

Suavização do Sinal: consiste em atenuar as oscilações de amplitude

insignificante, compreendendo as seguintes etapas:  Execução de média móvel, com N=5;

 Atribuição de sentido - pontos adjacentes (crescente(1)/ decrescente(-1)/ patamar(0));

 Preparação para identificação de picos e vales: exclusão de pontos que não atendam à condição de no mínimo três pontos anteriores ao atual seguirem uma tendência (1, -1 ou 0).

Figura 37. Suavização do sinal (eletrogoniômetro)

Preenchimento de pontos: como compensação pelos pontos excluídos na fase

anterior, são adicionados novos pontos para preenchimento do sinal (Figura 38). Para isto, a cada par, é considerada a diferença entre ponto final e inicial e, de acordo com o intervalo definido, neste caso, 0,005s, são realizados os cálculos das respectivas médias e são inseridos novos pontos ao sinal original.

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Figura 38. Preenchimento de pontos (eletrogoniômetro)

Identificação do ponto de início: é realizado o cálculo do coeficiente angular a

cada par de pontos até o momento em que este valor supera o definido. Neste caso, considera-se ponto de início a partir do ponto em que o coeficiente angular se torna maior que 50 (Figura 39).

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Identificação de picos, vales e ponto de término: a partir do sinal já preparado

nas etapas anteriores, é possível identificar os pontos extremos do sinal por meio das seguintes etapas:

 Identificação de patamares, ou seja, diferença entre pontos adjacentes nula. Em caso positivo, os pontos identificados de mesmo valor são agrupados e substituídos por um único ponto (Figura 40);

 Realização de preenchimento de pontos, de acordo com o intervalo de 0,005s (Figura 40);

Figura 40. Exclusão de patamares do sinal (eletrogoniômetro)

 Definição de sentido dos pontos (crescente(1) e decrescente (-1)). Neste momento, não existirão mais patamares (0).

 Verificação de mudança de sentido, ponto a ponto. Assim que ocorrer inversão de sinal, são verificados os N pontos posteriores e anteriores, neste caso N=5, para comprovação de que o sentido se mantém invertido, sinalizando assim este ponto como um extremo.

 Considerando o ponto identificado, verifica-se se o ponto anterior possui sentido igual a 1 e os seguintes igual a -1, concluindo-se assim que este ponto representa um pico. Caso contrário, será considerado um vale (Figura 41).

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Figura 41. Identificação de extremos (eletrogoniômetro)

 Diferenças entre picos e vales menores que 2,5 são desprezados, a fim de desconsiderar pequenos tremores. Desta forma, encontra-se o ponto de término, ou ângulo de descanso (Figura 42).

Figura 42. Identificação de picos, vales e ponto de término (eletrogoniômetro)

Para a determinação da integral de envoltória, considera-se no início e final do sinal um ponto de mesmo valor no eixo X, para os sinais de picos e vales (Figura 43).

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Figura 43. Definição de faixa para cálculo de integral de envoltória (eletrogoniômetro)

ACELERÔMETRO

Preenchimento de pontos: assim como realizado no eletrogoniômetro, são

adicionados novos pontos para preenchimento do sinal (Figura 44). Neste caso, é definido o intervalo como 0,01s, e são inseridos novos pontos ao sinal original.

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Identificação do ponto de início e término: inicialmente é realizada a média móvel

do sinal, com N=5, para redução de oscilações desprezíveis (Figura 45).

Figura 45. Método de média móvel aplicado ao sinal (acelerômetro)

Em seguida, é realizada uma média dos 100 pontos iniciais para se definir um ponto de referência.

Figura 46. Identificação do ponto de início e término (acelerômetro)

Percorre-se todos os pontos realizando a diferença em relação à média calculada e define-se como ponto de início, o ponto cuja diferença for maior que 5 (yn-y0). É

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possível ver pela Figura 46 que o ponto se aproxima consideravelmente ao início determinado por meio do sinal do eletrogoniômetro. A partir deste ponto, são selecionados para análise os próximos 500 pontos (5 segundos) do sinal.

Filtragem: a faixa selecionada passa por um filtro passa-faixa Butterworth de ordem

4, com frequências de corte de 3Hz a 5Hz (Figura 47).

Figura 47. Filtragem do sinal (acelerômetro)

Identificação de picos e vales: a partir do sinal já preparado nas etapas anteriores,

o sinal passa pelo processo descrito anteriormente para detecção de picos e vales, necessários para o cálculo da integral de envoltória (Figura 48).

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Figura 48. Identificação de picos e vales (acelerômetro)

Os sinais tratados são então mostrados para o usuário, conforme Figura 49. Um menu lateral oferece a possibilidade de habilitar/desabilitar legenda e paleta dos gráficos, o que permite manusear, aumentar/diminuir o zoom e percorrer o sinal com o cursor, caso habilitado por meio do botão disponível. A funcionalidade de adicionar ou remover pontos (picos e vales) do sinal permite a correção dos pontos definidos, caso o sistema tenha realizado as identificações de forma errônea. Também está disponível a opção de visualização e modificação dos parâmetros para cálculo dos picos, como número de pontos adjacentes, coeficiente angular e amplitude mínima. Os indicadores resultantes do sinal em questão podem ser consultados ao se pressionar o botão inferior localizado no menu lateral.

Após a realização das modificações necessárias nos sinais, ao se clicar no botão lateral direito, é carregado o próximo teste (em caso de mais de uma seleção). Ao término da análise dos sinais de um grupo “pré”, é necessário retornar à tela de pacientes para carregar os arquivos do momento “pós”.

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Figura 49. Tela de visualização e ajuste dos sinais

O resumo dos indicadores calculados é indicado na tela final, conforme Figura 50. Nela, podem-se avaliar os resultados por teste e o resultado médio final de cada momento. Um gráfico de barras permite a comparação entre os momentos e apresenta o valor numérico da razão entre valores “pós” e “pré”. Com relação ao eletrogoniômetro, as colunas destacadas em verde e laranja correspondem aos indicadores calculados por meio de dados da curva. Já os destacados em verde e rosa, correspondem aos parâmetros calculados por meio do resultado destes indicadores.

O usuário tem a opção de exportar estes dados para um arquivo texto, ao clicar no botão localizado a direita, logo acima dos gráficos de barra. Desta forma, pode-se realizar uma análise mais complexa na comparação de vários pacientes.

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Figura 50. Tela resumo de indicadores

2.5

PROTOCOLO EXPERIMENTAL

Os testes clínicos foram realizados no Laboratório de Biomecânica e Reabilitação do Aparelho Locomotor – LABRAL (UNICAMP), local onde já são realizados procedimentos similares ao teste pendular e metodologias para garantir o bem estar dos pacientes lesados medulares, bem como recuperar movimento e sensibilidade. Um dos métodos de reabilitação consiste no treinamento de marcha realizado em conjunto com a aplicação de Estimulação Elétrica Neuromuscular (EENM) (Azevedo, 2011). Um dos benefícios é a diminuição da espasticidade, melhorando a condição de vida do paciente.

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Testes para avaliar os efeitos deste método já vêm sendo realizados e o projeto em questão compõe o conjunto de trabalhos, cuja Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp corresponde ao Nº 882/2010 - Análise Clínica da Espasticidade antes e após Estimulação Elétrica Neuromuscular e Marcha em Esteira em Lesados Medulares.

O desenvolvimento da parte técnica do sistema foi realizado com o auxílio do Laboratório de Biocibernética e Engenharia de Reabilitação - LABCIBER (EESC/USP), o qual disponibilizou a instrumentação e material necessários.

A aplicação do teste foi realizada em cinco pacientes homens, conforme Tabela 2. São indicados os níveis neurológicos de lesão de cada paciente, sua idade, tipo de treinamento a que são submetidos, causa da lesão e a medicação administrada.

Tabela 2. Características dos pacientes participantes

Paciente Nível Neurológico da Lesão Idade (anos) Tipo de Treinamento Causa da Lesão Medicação 1 C4 A 37 EENM Acidente de moto Frontal (1x ao dia) 2 C5 C 25 Marcha em Esteira com EENM Mergulho Baclofen (1x ao dia) 3 T4 A 43 EENM Acidente de Moto --- 4 T4 A 47 Marcha em Andador com EENM Acidente de Carro ---

5 C6 A 24 EENM Mergulho Baclofen

(4x ao dia)

A realização do teste pendular foi executada por uma única pessoa. O teste consiste em posicionar o paciente sentado em uma cadeira, desenvolvida especialmente para este objetivo, elevar a perna estirada até o limite permitido pelo paciente, e em seguida liberá-la para balanço livre.

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O eletrogoniômetro foi posicionado lateralmente à perna, de forma a poder transmitir as alterações de ângulo da articulação do joelho durante o balanço. O acelerômetro foi posicionado sobre o quadríceps, sendo os eixos x, y e z definidos como na Figura 51. Os sinais dos transdutores foram enviados para o sistema de aquisição, que, comunicando-se com o computador, possibilitou que analisador e paciente visualizassem os sinais em tempo real.

A execução do teste foi feita momentos antes e momentos após a realização do treinamento de reabilitação (Carvalho et. al., 2006) de cada paciente, nas pernas direita e esquerda.

Figura 51. Posicionamento dos sensores na perna do paciente

Para cada perna, foi necessário calibrar o eletrogoniômetro, já que o padrão de ângulos definidos deveria ser seguido, de forma a ser considerado ângulo 0° quando a perna é estirada, e 90° quando a perna está em posição de descanso.

A equação (2) corresponde à perna esquerda e a equação (3), à perna direita. Ângulo = (0,68 x Tensão) - 271,36 (1) Ângulo = (-1,4 x Tensão) + 559,69 (2) x z y Acelerômetro Eletrogoniômetro

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3. RESULTADOS

A avaliação do sinal de vibração se torna dificultoso pelo fato de o sinal ser composto por uma sobreposição de inúmeros sinais de frequências diferentes, dentre os quais também estão presentes os sinais de ruído. Levando em consideração este fato e a dificuldade de se encontrar um sinal que realmente represente a vibração do quadríceps, foi realizado um teste controle, ou seja, um teste pendular em um indivíduo que não apresentasse lesão medular.

A delimitação de uma faixa de frequências para análise foi então definida com base na comparação do sinal controle e de sinais de um paciente com espasticidade severa, momentos antes e após o treinamento de reabilitação realizado. Cada teste foi realizado cinco vezes sucessivamente, o que explica as várias linhas desenhadas nos gráficos. A linha de cor preta corresponde ao primeiro teste. A Figura 52, Figura 53 e Figura 54 mostram a composição de frequências do espectro dos sinais dos eixos x, y e z, respectivamente. Como as amplitudes referentes às frequências de 10Hz a 50Hz não eram significativas, não são mostradas nos gráficos.

Nota-se que em todos os eixos, as amplitudes dos sinais referentes ao controle são insignificantes. As frequências mais baixas apresentadas correspondem ao movimento natural da perna durante o balanço, não caracterizando vibração. Com referência ao eixo x (Figura 52), ao analisar os sinais do paciente pós (c), nota- se que há um aumento significativo em torno da frequência de 1Hz após o treino de reabilitação. Provavelmente isto se deve ao fato que o sinal passa a ter uma frequência que se destaca, suavizando o sinal e diminuindo a característica de vibração. Entretanto, como medida a ser analisada, nota-se que entre as frequências 3Hz e 4Hz, há uma diminuição considerável da amplitude dos sinais, definindo assim uma faixa para análise.

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Figura 52. Espectro de frequências – Eixo X

Com relação ao eixo y (Figura 53), nota-se o aparecimento de maioria de picos em torno das frequências 3Hz e 4Hz, demonstrando, assim como no eixo x, uma tendência de predominância de determinadas frequências. Considera-se, assim como em x, a faixa entre 3Hz e 5Hz para análise.

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Figura 53. Espectro de frequências – Eixo Y

O eixo z (Figura 54) não apresenta muito bem definido uma predominância de sinais. Entretanto, pode-se notar que há uma diminuição, de forma geral, na faixa de frequências entre 3Hz e 5Hz, adotando-se, assim, este intervalo para análise. Os sinais de frequências muito baixas são, portanto, desconsiderados.

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Figura 54. Espectro de frequências – Eixo Z

Além da análise do espectro, também foi feita uma varredura sobre o sinal, variando a frequência de 0,5Hz a 12Hz, com intervalo inicial de 0,5Hz e o restante de 1Hz. A Figura 55 comprova o destaque das baixas frequências no sinal controle. A Figura 56 mostra a diferença entre os momentos pré (0) e pós (1), o que ratifica as faixas definidas por meio dos espectros.

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Figura 55. Gráfico de barras Amplitude x Frequência - Controle

Figura 56. Gráfico de barras Amplitude x Frequência – Lesado medular Pré (0) - Pós (1)

Considerando a definição das faixas de frequência para filtragem dos sinais e a delimitação dos pontos pelo usuário no sinal do eletrogoniômetro, os dados da Tabela 3 foram obtidos para os cinco pacientes.

De acordo com os parâmetros resultantes a partir o sinal do eletrogoniômetro podem ser calculados rR2n (razão R2n1/R2n0), rR1 (razão R11/R10) e integral de envoltória dos pontos selecionados. A partir do acelerômetro, são calculadas as razões resultantes dos valores RMS e a integral de envoltória para cada eixo, além da média entre os eixos. Para cada teste, a primeira linha corresponde à média

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resultante das repetições do momento pré, a segunda, à média das repetições do momento pós e a terceira, à razão pós/pré.

Tabela 3. Resultados do teste pendular

Paciente Perna Teste

Eletrogoniômetro Acelerômetro R2n R1 IntEnv RMS (x) IntEnv (x) RMS (y) IntEnv (y) RMS (z) IntEnv (z) Média RMS Média Env 1 Direita 1 0,91 4,03 420,30 1,44 11,17 3,90 35,61 0,75 7,48 2,03 18,09 1,00 5,41 462,37 1,15 9,69 2,79 25,54 0,76 7,77 1,57 14,33 1,10 1,34 1,10 0,80 0,87 0,72 0,72 1,01 1,04 0,77 0,79 Esquerda 2 1,03 3,28 351,50 0,92 8,19 1,53 15,40 1,41 12,11 1,29 11,90 0,99 4,10 408,59 0,87 8,24 1,88 17,29 1,05 9,07 1,27 11,53 0,96 1,25 1,16 0,95 1,01 1,23 1,12 0,74 0,75 0,98 0,97 2 Direita 3 0,44 1,94 78,15 31,58 57,98 248,81 157,69 27,99 53,82 102,79 89,83 1,05 3,50 287,63 0,95 9,09 6,17 23,55 1,02 8,99 2,71 13,88 2,39 1,80 3,68 0,03 0,16 0,02 0,15 0,04 0,17 0,03 0,15 Esquerda 4 0,48 1,48 176,44 42,09 71,85 191,90 156,66 54,35 79,84 96,11 102,78 1,12 3,21 294,05 0,41 5,93 4,62 19,45 0,92 8,20 1,98 11,19 2,33 2,17 1,67 0,01 0,08 0,02 0,12 0,02 0,10 0,02 0,11 3 Direita 5 1,03 6,63 500,95 0,36 4,91 4,41 18,01 0,35 6,27 1,71 9,73 0,91 5,47 536,88 1,10 9,01 6,21 22,29 0,89 9,76 2,73 13,69 0,88 0,83 1,07 3,06 1,84 1,41 1,24 2,54 1,56 1,60 1,41 Esquerda 6 1,14 6,51 515,54 0,93 8,27 7,17 23,09 0,24 5,71 2,78 12,36 1,11 7,58 532,45 1,40 9,82 13,07 31,84 0,35 5,96 4,94 15,87 0,97 1,16 1,03 1,51 1,19 1,82 1,38 1,46 1,04 1,78 1,28 4 Direita 7 1,16 9,79 535,58 2,56 13,18 11,10 28,70 1,19 11,06 4,95 17,65 1,08 5,87 531,99 0,67 7,39 8,59 24,52 5,31 18,68 4,86 16,86 0,93 0,60 0,99 0,26 0,56 0,77 0,85 4,46 1,69 0,98 0,96 Esquerda 8 1,09 8,12 580,66 1,50 10,43 3,38 18,70 0,58 7,78 1,82 12,30 0,75 2,61 467,79 0,34 5,96 1,67 12,97 2,23 13,37 1,41 10,77 0,69 0,32 0,81 0,23 0,57 0,49 0,69 3,84 1,72 0,78 0,88 5 Direita 9 1,06 4,76 463,45 2,56 13,55 7,52 26,40 2,16 14,45 4,08 18,13 1,18 5,57 482,58 2,50 14,71 12,03 32,38 7,34 22,72 7,29 23,27 1,11 1,17 1,04 0,98 1,09 1,60 1,23 3,40 1,57 1,79 1,28 Esquerda 10 1,11 3,14 285,17 2,34 12,17 9,87 27,46 4,21 15,89 5,47 18,51 1,36 7,64 597,53 1,84 12,92 13,52 31,98 7,07 23,25 7,48 22,72 1,23 2,43 2,10 0,79 1,06 1,37 1,16 1,68 1,46 1,37 1,23

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O índice R2n permite definir os membros como espásticos, quando o valor é menor que um, e não-espásticos, quando ocorre o contrário. Assim, as linhas destacadas em negrito na Tabela 3 correspondem aos membros que transitaram entre essa classificação. O restante dos testes não será considerado na análise, pois, embora tenha ocorrido mudança de valores, os membros permaneceram não-espásticos. Os indicadores coloridos em verde representam um resultado positivo, ou seja, diminuição da espasticidade. Os indicadores em vermelho representam resultado negativo.

Uma análise visual permite identificar os sinais típicos para níveis de espasticidade severa e leve.

Por meio da Figura 57 e Figura 58, é possível observar os sinais referentes à perna direita do paciente 2, que apresenta espasticidade severa. Neste caso, o índice de relaxamento se aproximou, após o treinamento, ao de um indivíduo normal, praticamente dobrando seu valor, enquanto os valores RMS diminuíram em mais de 50%. Devido à forma do sinal não se aproximar de um sinal senoidal amortecido, o cálculo dos parâmetros sobre o sinal do eletrogoniômetro se torna duvidoso, entretanto, o valor RMS, quantificando a vibração, se mostra adequado.

A Figura 59 e Figura 60 mostram os sinais referentes à perna direita do paciente 1, apresentando uma espasticidade mais leve. Nota-se que a diferença entre os índices de relaxamento pré e pós treinamento, é consideravelmente pequena, entretanto, o valor RMS evidencia o aumento de tremor pós treinamento.

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Figura 57. Sinais pré treinamento referentes a um paciente com espasticidade severa

Figura 58. Sinais pós treinamento referentes a um paciente com espasticidade severa

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Figura 60. Sinais pós treinamento referentes a um paciente com espasticidade leve

Tendo como foco a aplicabilidade do acelerômetro para a realização do teste pendular, foi necessária a verificação de seus resultados, relacionando-os com os resultados do eletrogoniômetro, já consolidados. A Figura 61 permite a visualização da relação entre os parâmetros do eletrogoniômetro. Observa-se que há uma tendência, embora em alguns testes os indicadores se contraponham, quando relacionados à linha base igual a 1 (espasticidade/não espasticidade).

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O parâmetro R2n servirá como referência para comparação. Na análise, os pontos preenchidos em preto significam que não há relacionamento do parâmetro com a referência.

Figura 62. Relação entre parâmetro do eletrogoniômetro e acelerômetro - eixo x

A Figura 62 mostra os indicadores calculados pelo sinal do acelerômetro – eixo x. Neste caso, em relação ao RMS, apenas dois testes tiveram resultado negativo, e em relação à integral de envoltória, apenas um.

A Figura 63 se refere ao eixo y. Neste caso, em relação ao RMS e à integral de envoltória, apenas um teste teve resultado negativo.

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Figura 63. Relação entre parâmetro do eletrogoniômetro e acelerômetro - eixo y

Figura 64. Relação entre parâmetro do eletrogoniômetro e acelerômetro - eixo z

A Figura 64 se refere ao eixo z. Neste caso, em relação ao RMS e à integral de envoltória, dois testes tiveram resultado negativo.

Finalmente, a Figura 65 se refere à média dos eixos x, y e z. Neste caso, em relação ao RMS e à integral de envoltória, dois testes tiveram resultado negativo.

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Figura 65. Relação entre parâmetro do eletrogoniômetro e acelerômetro - média (x,y,z)

Por meio da análise dos gráficos, pode-se observar que o índice de relaxamento não demonstrou efetividade na diminuição da espasticidade após treinamento em alguns dos testes, em sua maioria nos pacientes com espasticidade leve. Temperatura corporal, estado emocional e outras condições fisiológicas são fatores que alteram o comportamento da espasticidade e, por este motivo, o resultado pode não retratar a realidade. Soma-se a isto o fato de que, por se tratar de espasticidade leve, a diferença nos sinais é muito pouco sentida. Ressalta-se que há a necessidade de aumentar a sensibilidade dos testes, por meio de uma frequência de aquisição de dados mais alta e da identificação mais precisa da faixa de frequência analisada, sendo assim um apontamento para um trabalho futuro. Os dados utilizados foram facilmente fornecidos pelo software de análise, que se mostrou de fácil manuseio e possibilitou a avaliação de um número de pacientes maior.

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4. CONCLUSÕES

Por meio deste trabalho foi possível evidenciar que o uso do teste pendular, apesar de ser um conceito antigo, ainda pode ser aplicado com bastante eficiência, somado à possibilidade de serem agregados elementos tecnológicos hoje mais facilmente acessíveis.

O progresso de tratamentos para reabilitação carece de alternativas para avaliação e readequação do processo. Entretanto, a distância entre as áreas de engenharia e medicina é uma barreira para o desenvolvimento de sistemas que sejam aplicáveis na realidade. Durante este trabalho, foram sentidas as necessidades de aprendizado em lidar com o paciente, incluí-lo ao processo e principalmente, de adequar a lógica de funcionamento do sistema, identificando padrões em um mundo de inúmeras particularidades. A relação com os profissionais da saúde também conduziu ao desenvolvimento de um sistema totalmente amigável, fornecendo subsídios para identificar novas ideias e consolidar conceitos.

A inclusão de um acelerômetro no teste pendular garantiu maior flexibilidade ao movimento do paciente e diminuiu o erro de captura do sinal durante a queda livre, consequência da falta de controle do tronco e pernas. Além disso, foi possível avaliar o efeito da espasticidade em 3 eixos simultaneamente.

O índice de relaxamento, indicador já há muito tempo estudado, não se mostrou eficiente para representar diminuição da espasticidade em grande parte dos pacientes com espasticidade leve. Em pacientes com espasticidade severa, a identificação dos pontos para cálculo a partir do sinal do eletrogoniômetro se torna extremamente difícil, além de se tornar suscetível à interferência do usuário. Assim, nestes casos, a utilização do sinal do acelerômetro seria mais adequada, já que se mostrou altamente confiável. Desta forma, foi possível comprovar a redundância do sinal proveniente do acelerômetro ao proveniente do eletrogoniômetro.

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Durante o estudo dos sinais, vislumbrou-se a possibilidade de identificação de tipos de sinais, de acordo com um padrão, o que contribuiria para uma classificação mais específica e a escolha de um tipo de indicador.

Por fim, o sistema de aquisição cumpriu seu papel em garantir a entrega dos dados a um sistema de visualização em tempo real e de forma simples, além de garantir o armazenamento dos dados de forma confiável e estruturada.

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