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CAPÍTULO III: Análise de risco ecológico de ecossistemas aquáticos lóticos e lênticos

2.4. Análise da linha de evidência química

Nos sistemas lóticos as amostras de água foram coletadas diretamente na sub- superfície da água, em galões plásticos previamente lavados, em função da reduzida profundidade dos tributários, utilizando-se de amostras integradas (com bomba de sucção) nas estações de coleta do reservatório. Após coletadas as amostras fora m mantidas em baixa temperatura até o momento das análises, o que inclui u a determinação de material em suspensão, clorofila, formas nitrogenadas e fosfatadas, silicato reativo, metais (ferro, níquel, cromo, zinco, chumbo, cobre, cádmio, manganês, magnésio e cobalto) e agroquímicos organoclorados e organofosforados. Ainda e m campo foram realizadas as medidas de pH, temperatura da água, condutividade elétrica, turbidez e oxigênio dissolvido, utilizando uma sonda multi parâmetros da marca Horiba®, modelo U10. As variáveis e métodos utilizados encontram-se descritas na Tabela 1.

Os resultados obtidos na análise da água (pH, oxigênio dissolvido, turbidez, nitrito, nitrato, clorofila a, ferro, níquel, zinco e chumbo) foram comparados com a resolução CONAMA 357/05, a qual dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como as condições e padrões de lançamento de efluentes. Os ambientes aquáticos da bacia hidrográfica do Lobo são enquadrados como Classe 2, sendo águas destinadas ao abastecimento para consumo humano (após tratamento convencional), proteção das comunidades aquáticas e recreação.

Todas as análises, exceto as de agroquímicos (que foram determinadas no Instituto de Química da Universidade de São Paulo, em São Carlos/SP), foram realizadas nos laboratórios do Núcleo de Estudos em Ecossistemas Aquáticos, do Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada, da Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. Para seguir as normas da instituição local, os resíduos líquidos e sólidos gerados nos procedimentos laboratoriais foram armazenados e encaminhados ao Laboratório de Resíduos Químicos da EESC/USP para tratamento e disposição adequada.

Tabela 1. Metodologias e referências utilizadas nas análises das variáveis físicas, químicas e biológicas

da água.

Variável Unidade Metodologia Referência

pH - Multi-sensor Horiba® U-10 -

Condutividade S.cm-1 Multi-sensor Horiba® U-10 -

Oxigênio dissolvido mg.L-1 Multi-sensor Horiba® U-10 -

Temperatura ºC Multi-sensor Horiba® U-10 -

Material em suspensão mg.L-1 Gravimetria WETZEL & LIKENS

(1991)

Nitrito e nitrato µg.L-1 Espectrofotometria MACHERETH et al.

(1978)

Íon amônio µg.L-1 Espectrofotometria KOROLEFF (1976)

Nitrogênio orgânico total mg.L-1 Espectrofotometria APHA (1995)

Fosfato total dissolvido e

fosfato inorgânico g.L

-1

Espectrofotometria GOLTERMAN (1978)

Fósforo Total g.L-1 Espectrofotometria APHA (1995)

Silicato reativo mg.L-1 Espectrofotometria GOLTERMAN (1978)

Clorofila a µg.L-1 Espectrofotometria NUSCH (1980)

Índice de estado trófico - - Lamparelli (2004)

Metais totais (Fe, Ni, Cr, Zn,

Pb, Cu, Cd, Mn e Co) mg.L -1 Espectrofotometria APHA (1995) Agroquímicos (organoclorados e organofosforados) µg.L -1 Cromatografia gasosa

(extração em fase sólida) LANÇAS (1997)

2.4.2. Compartime nto sedime nto

As amostras de sedimento foram coletadas por de meio de core (nos tributários) e draga de Eckman-Birge no reservatório. Após coletadas, as amostras fora m armazenadas em potes plásticos, sendo transferidas ao laboratório para as análises da matéria orgânica, granulometria, fósforo total, nitrogênio orgânico total e metais potencialmente biodisponíveis, segundo as metodologias e referências apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2. Metodologias utilizadas nas análises das variáveis físicas e químicas do sedimento.

Variável Unidade Metodologia Referência

Matéria orgânica % Incineração em mufla TRINDADE (1980)

Granulometria % Peneiramento e densímetro ABNT (1968)

Fósforo total μg.g-1 Espectrofotometria ANDERSEN (1976)

Nitrogênio orgânico total % Espectrofotometria APHA (1995)

Metais potencialmente biodisponíveis (Cd*, Cr*, Cu*,

Fe, Ni, Mn, Zn, Pb e Co)

mg.Kg-1

Espectrofotometria (Absorção Atômica por Chama e Forno de grafite*)

Para o sedimento, devido a não existência de valores de referência para metais biodisponíveis (cobre, cromo, cádmio, níquel, zinco, chumbo e cobalto) por parte das agências e órgãos ambientais nacionais, optou-se pela análise comparativa com os aqueles obtidos por Nascimento & Mozeto (2008) em um amplo estudo realizado na bacia hidrográfica do rio Tietê (SP).

2.4.3. Cálculos do risco linha de evidência química

A linha de evidência química foi calculada através da pressão tóxica para cada um dos compartimentos analisados, água e sedimento.

Para os metais, considerando o compartimento água, o ranqueamento dos dados foi feito tomando-se como referência os valores presentes nas resoluções CONAMA 357/05. Para o sedimento, frente a não existência de valores de referência para metais biodisponíveis por parte das agências e órgãos ambientais nacionais, optou-se pela utilização dos valores de referência médios do estudo com sedimento ao longo da bacia do rio Tietê realizado por Nascimento & Mozeto (2008) (Tabela 3). Além disso fora m atribuídos pesos para cada um dos compostos (0 para os menos relevantes e 1 para os mais relevantes), considerando a importância para a estruturação dos ambientes aquáticos, sendo baseados na literatura.

Para os cálculos, considerando a concentração de eleme ntos e substâncias químicas, o cálculo de R3 foi feito de acordo com a fórmula:

R3 = 1/(1 + exp^((log R2 - log R1)/β)), onde:

R3 = pressão tóxica de cada substância/elemento; R2 = valores de referência para os contaminantes;

R1 = concentração de cada substância/elemento, nos pontos de coleta; β = valor padrão estabelecido por meio de diversos ensaios

ecotoxicológicos/ (β = 0,4)

Cada valor calculado será corrigido em relação ao ponto de referência, por meio da fórmula:

Após a obtenção dos valores de para os compartimentos água e sedimento, foi feito a integração química dentro de cada compartimento, considerando as seguintes etapas:

1) Cálculo dos valores de R1 = log (1 - X), onde X é o valor de risco

2) Os valores foram transformados por meio da fórmula expressa como R3 = 1

- (10^R1), onde R3 representa o risco integrado.

Depois foi realizada a integração final da linha de evidência química com os resultados obtidos para os compartimentos. A integração valeu-se dos procedimentos descritos previamente, com a diferença que X no passo 1 representa o risco associado a cada compartimento, com posterior cálculo da média dos valores obtidos no passo 1 e o valor substituindo R1 em R3.

Tabela 3. Metais e respectivas abreviaturas, valor referência e pesos atribuídos para o compartimento

água e sedimento nos cálculos da linha de evidência química.

Compartimento água

Dados Considerados Referência Peso

Atribuído

Metais Totais CONAMA 357/05 (mg/L)

Cromo (Cr) 0,05 1,0 Chumbo (Pb) 0,01 1,0 Cobre (Cu) 0,02 1,0 Cádmio (Cd) 0,001 1,0 Níquel (Ni) 0,03 0,5 Zinco (Zn) 0,18 0,5 Compartimento sedimento

Dados Considerados Referência

Peso Atribuído

Metais Potencialmente Biodisponíveis

NACIMENTO & MOZETO (2008)

(mg/Kg) Cromo (Cr) 96,00 1,0 Chumbo (Pb) 42,00 1,0 Cobre (Cu) 62,00 1,0 Cádmio (Cd) 0,21 1,0 Níquel (Ni) 45,00 0,5 Zinco (Zn) 94,00 0,5

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