• Nenhum resultado encontrado

4. Apresentação e discussão dos resultados

4.1. Análise microestrutural

Na Figura 31 apresentam-se as imagens, obtidas por microscopia ótica, da microestrutura da secção transversal dos filmes produzidos por corrente contínua, com densidades de corrente entre 5 (Figura 31a) e 100 mA/cm2 (Figura 31e). Na Figura 32 é possível observar-se o refinamento gradual da microestrutura à medida que a densidade de corrente aumenta, sendo possível notar numa clara distinção entre o tamanho de grão dos filmes produzidos com 5 e 10 mA/cm2 (os dois filmes de cima) e as restantes densidades de corrente.

A observação da microestrutura da secção transversal dos filmes após deposição revela uma microestrutura de crescimento colunar, como é possível observar nas imagens obtidas por microscopia ótica da Figura 31a. As imagens mostram um tamanho de grão menor junto à interface substrato-filme relativamente ao tamanho de grão em zonas mais afastadas desta interface, o qual se torna mais grosseiro e colunar.

As imagens mostram uma diminuição do tamanho médio de grão à medida que a densidade de corrente aumenta. Isto deve-se ao facto de densidades de corrente maiores expressarem taxas efetivas de deposição do cobre na superfície do substrato também maiores. Para a mesma distância à interface entre o filme e o substrato, taxas de deposição superiores produzem microestruturas mais finas relativamente às produzidas com taxas menores. Isto resulta do fenómeno de difusão atómica à superfície dos cristais formados, em que, caso haja tempo suficiente, os átomos irão difundir-se pela superfície do cristal até atingir um nível de baixa energia na rede cristalina já formada. Contudo, se não houver tempo suficiente, ao invés de os átomos serem incorporados na rede cristalina já existente, haverá a nucleação de

um novo grão. Pelo que, taxas de deposição elevadas alteram o equilíbrio nucleação- crescimento dos grãos, promovendo mais a nucleação de novos grãos em prejuízo do crescimento dos já existentes, o que se traduz numa microestrutura com tamanho

de grão mais reduzido.

Figura 31 - Imagens da microscopia ótica da secção transversal de filmes produzidos por corrente contínua, com densidades de corrente, j, de 5 (a), 10 (b), 20 (c), 50 (d) e 100 mA/cm2 (e).

(a)

(d)

(c)

(b)

(e)

Interface filme-substrato 50 mA/cm2 100 mA/cm2 20 mA/cm2 10 mA/cm2 5 mA/cm2

Figura 32 - Imagens da microscopia ótica da secção transversal de filmes produzidos por corrente contínua, com densidades de corrente, j, entre 5 mA/cm2 (em cima) e 100 mA/cm2 (em baixo).

Na Figura 33 apresentam-se as imagens, obtidas por microscopia ótica, da microestrutura da secção transversal dos filmes produzidos por corrente pulsada, com densidades de corrente fixa de 1 000 mA/cm2. As Figuras 33a a 33c traduzem a microestrutura de filmes produzidos com ton de 10 ms e toff de 333, 500 e 1000 ms,

respetivamente. Já nas Figuras 33d a 33f é possível observar a microestrutura de filmes produzidos com ton de 20 ms e toff de 333, 500 e 1 000 ms, respetivamente.

Tal como nas amostras obtidas por corrente pulsada, a observação da microestrutura da secção transversal dos filmes após deposição revela uma microestrutura de crescimento colunar, como é possível observar nas imagens obtidas por microscopia ótica da Figura 32.

As imagens mostram uma diminuição do tamanho de grão com o aumento do tempo de relaxação, para o mesmo tempo de pulso, e para a mesma espessura, isto é, a mesma distância à interface filme-substrato. O equilíbrio nucleação-crescimento dos grãos descrito anteriormente depende no caso do modo pulsado quer do tempo

de pulso, quer do tempo de relaxação. Neste caso, fixando o tempo de pulso, e variando apenas o tempo de relaxação, entre 333 e 1 000 ms, um maior tempo de relaxação promoverá a difusão atómica e de agregados atómicos através da superfície do filme e a incorporação dos átomos numa posição de menor energia nos grãos já existentes, resultando no seu crescimento em detrimento da nucleação de novos grãos. Contudo, a observação microestrutural destes filmes contraria o mecanismo descrito anteriormente, conforme reportado num trabalho anterior [18], não sendo encontrada uma justificação alternativa plausível para as diferenças de tamanho de grão observadas

Quando comparados os filmes produzidos com ton de 10 e 20 ms é possível

observar que o tamanho de grão é inferior quando se aplica um tempo de pulso mais longo, pois, tal como acontece no modo contínuo, um aumento de tempo em que se procede à difusão dos átomos na superfície do filme durante a deposição, resulta na nucleação de novos grãos em detrimento do crescimento dos já existentes e, por conseguinte, numa microestrutura mais fina.

Deste modo, para a mesma densidade de corrente (1 000 mA/cm2), o aumento do tempo de pulso de 10 ms para 20 ms leva a um aumento da taxa de deposição, promovendo, desta forma, mais a nucleação do que o crescimento do grão, o que explica um tamanho médio de grão mais pequeno para os filmes produzidos com um ton de 20 ms relativamente aos produzidos com ton de 10 ms.

Figura 33 -Imagens da microscopia ótica da secção transversal de filmes produzidos por corrente pulsada a 1 000 mA/cm2, para tempos de pulso, t

on, de 10 ms e tempos de relaxação, toff, de 333 (a),

500 (b) e 1 000 ms (c); assim como para ton de 20 ms e toff de 333 (d), 500 (e) e 1 000 (f).

ton = 10 ms ton = 20 ms

(a)

(d)

(b)

(e)

(c)

(f)

toff = 333 ms toff = 500 ms toff = 1 000 ms toff = 1 000 ms toff = 333 ms toff = 500 ms Interface filme-substrato

Comparando as microestruturas obtidas entre os dois modos de deposição, é possível observar que o tamanho médio de grão que se verifica nos filmes produzidos por corrente pulsada é bastante superior ao dos filmes produzidos por corrente contínua, exceto para j = 5 e 10 mA/cm2, em corrente contínua.

Documentos relacionados