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3.1 SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO PROJETO DE APRENDIZAGEM – TESTEMUNHO:

3.1.5 A análise do painel – Questionário II

Esta é parte final da proposta de atividade, mas é de extrema relevância devido à importância que o retorno dos alunos, em relação ao projeto desenvolvido, tem para que a análise seja efetiva em relação a futuros projetos que envolvam o testemunho e a memória em sala de aula para o ensino dos processos históricos sensíveis e/ou traumáticos.

Esse questionário foi elaborado de forma simples redirecionando os alunos para que ao solicitado houvesse relação com os objetivos iniciais da proposta de atividade. Mesmo sendo orientado, eles terão a oportunidade de livremente escreverem a respeito da relevância do projeto, das atividades desenvolvidas e das suas percepções individuais a respeito dos testemunhos dos sobreviventes. Precisa- se compreender o entendimento dos alunos sobre o tema, sobre o projeto, para que, assim, seja possível adaptá-lo a outros eventos traumáticos. Esse questionário, em questões dissertativas, poderá ser alterado conforme necessidades do tema proposto, lembrando-se que a essência dessa atividade e justamente no retorno apresentado pelos alunos, nos seus elogios, nas suas críticas, nas suas considerações e percepções individuas, só assim consegue-se chegar ao objetivo final, a compreensão da história através do uso do testemunho, subjetivo, em sala de aula.

[...] a escola precisa contar com professores que conheçam bem os fundamentos de sua disciplina e que saibam comunicá-la aos jovens, para fazê-los pensar historicamente. Dentre os desafios essencialmente relevantes que conformam a história escolar, podemos enumerar, sinteticamente, as tarefas de interrogar os distintos contextos contemporâneos em uma perspectiva histórica, de interpretar esses contextos com o aporte da metodologia histórica e de construir a consciência cidadã sob a perspectiva da História. (CAIMI, 2015, p. 108-109).

Uma outra proposta a ser utilizada nessa atividade seria a de uma espécie de “diário” em que o aluno descrevia sobre todas as atividades desenvolvidas dentro do projeto, como uma forma de transcrição de suas memórias.

Ao desenvolver-se o projeto de aprendizagem Testemunho: o uso da memória em espaços de aprendizagem, inicialmente, via-se, o projeto, apenas como uma atividade que contribuísse para o entendimento a respeito das questões que envolvem

a Shoah, em sala de aula. Percebe-se que o mesmo, dentro do contexto geral de todas as atividades a serem desenvolvidas, para que o projeto possa ser concluído, se tornará gratificante para o professor e para o aluno, pois ambos poderão construir, no coletivo, a aprendizagem, levando-se em consideração que a aprendizagem individual e significativa também pode ser desenvolvida aqui. A busca por mudanças no ensino de História tem cooperado para que se possa desenvolver estratégias que envolvam os alunos de forma que a história tenha uma representação e significação diante ao presente, que essa possa adentrar na vida do educando contribuindo para a formação do mesmo como agente ativo da história.

As reformas educativas implementadas no Brasil nos anos 1990 e 2000, notadamente, também trazem demandas específicas aos professores de História, como, por exemplo, a incorporação de novos temas e conteúdos no currículo escolar, oriundos da renovação historiográfica, face ao incremento da produção acadêmica na área específica; o reconhecimento do novo lugar que ocupam os conteúdos escolares, entendidos como meios e não como fins em si mesmos, exige que se operem recortes na vastidão de conhecimentos históricos disponíveis; as exigências de trabalhar com metodologias ativas do campo pedagógico, que assegurem maior protagonismo dos estudantes em seus percursos de aprendizagem, de modo a superar a perspectiva enciclopedista, verbalista e assentada apenas na memorização do passado que tem marcado esta disciplina; o uso de metodologias próprias do campo da investigação historiográfica, que aproximem os estudantes do ofício do historiador, como o trabalho com fontes históricas em sala de aula; a atenção a temas que dizem respeito aos novos sujeitos que adentram à escola, especialmente à diversidade de grupos étnicos e culturais e às questões de gênero, por exemplo. (CAIMI, 2015, p. 110).

Dentro do contexto atual, surge um desafio de ensinar história de forma que os alunos possam se apropriar, compreender e relacionar com a contemporaneidade. Seguindo a ideia de Caimi (2015, p. 11), o professor necessita de conhecimentos pedagógicos que lhe permitam mobilizar estratégias e recursos que transforme os conhecimentos científicos em “saberes escolares ensináveis, ou seja, em conhecimentos que serão validos dentro da sociedade que o aluno está inserido”. Dentro dessa perspectiva, Caimi (2015) apresenta, ainda, a respeito de conhecimentos que produzam sentidos àqueles/naqueles que são os aprendentes. Direcionando tal argumentação para o projeto de aprendizagem apresentado, tem-se um exemplo claro que, mesmo diante as dificuldades encontradas nas escolas públicas, um projeto pode ser desenvolvido tendo uma representação significativa na vida escolar dos estudantes.

Tendo em vista os testemunhos dos sobreviventes como fonte de ensino sobre a Shoah, a interação dentro da sala de aula iniciou-se de forma constante, o envolvimento do docente enquanto articulador da proposta focado em gerar um conhecimento acerca de elaboração e prática de um projeto de aprendizagem, a aproximação dos alunos com a disciplina de História mostra-se muito relevante, identificado posteriormente, a apresentação da proposta, através dos questionamentos dos alunos e devido aos interesses dos mesmos, em apropriar-se de conhecimentos históricos em relação com a subjetividade da história e a contemporaneidade.

Uma alternativa ao questionário poderia ser a confecção de painéis que possibilitassem a relação entre os testemunhos apresentados acerca da Shoah com elementos de preconceitos e eventos relacionados com a atualidade em que o aluno está inserido, como forma de conscientização, explicitando a ligação existente entre o projeto inicial do Instituto Marc Chagall, painel Compromisso Moral e Lições de Solidariedade, contribuindo, assim, para a formação social dos estudantes e para a construção de um conhecimento, relacionando a história da Segunda Guerra Mundial aos eventos mundiais atuais.

Ao desenvolver-se o projeto de aprendizagem Testemunho: o uso da memória em espaços de aprendizagem não está se buscando um projeto fechado, tão pouco restrito em relação à Shoah, mas sim, propõe-se uma ampliação das possibilidades de uso dos testemunhos em sala de aula, contribuindo na construção do conhecimento e fomentar o desenvolvimento de novas propostas para o ensino de História que englobe o uso da memória, através dos testemunhos, em suas variadas formas, como possibilidades na aprendizagem e formação humana dos alunos.

3.2 A VALIDAÇÃO DO PROJETO DE APRENDIZAGEM – TESTEMUNHO: O USO

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