2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.4 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
4.4.2 Análise por meio de Qui-quadrado
O Teste Qui-quadrado é usado para descobrir se existe uma associação entre duas variáveis e testa a hipótese nula (H0) de que as variáveis não estão associadas, ou seja,
são independentes. Caso o p-valor esteja abaixo de um nível pré-determinado, rejeita-se essa hipótese, dizendo então que as variáveis estão associadas (Magalhães & Lima, 2008). Para realização desse teste, as variáveis escalares foram categorizadas em baixas, médias e altas. Os dados da ONG foram analisados em conjunto com as Casas Lares, exceto pelas variáveis Punição Corporal da Mãe, Punição Corporal do Pai e Punição Corporal do Pai e da Mãe (pois não aparecem dados de punição corporal nas Casas Lares). Novamente ressalta-se que, quando os dados forem analisados juntos, onde se lê “mãe e pai” inclui-se também pai e mãe sociais/cuidadores.
Foram encontradas relações entre as crianças frequentarem a ONG com a categoria alta de envolvimento com a mãe (X2= 6,14, p<0,05) e a categoria baixa de regras
e monitoria da mãe (X2= 10,41, p<0,05). Nesse sentido, 67,6% das crianças que
frequentam a ONG apresentaram um valor alto para o Envolvimento da Mãe e 73,2% um baixo valor para Regras e Monitoria da Mãe. 72,7% das respostas das crianças da ONG acerca do clima conjugal dos pais estão na categoria baixa, revelando uma percepção de relacionamento pouco positivo entre o casal (X2= 10,22, p<0,05).
Foi encontrada relação entre o gênero feminino e baixos valores na Escada de Percepção de Vida (X2= 8,71, p<0,05). Ou seja, as meninas têm uma percepção mais
negativa de suas vidas e 60,0% delas tem uma baixa percepção da vida, enquanto, nos meninos, a baixa percepção está presente em apenas 37,0% deles.
Identificou-se relação entre a categoria baixa de estresse e levar no foguete um membro da família nuclear (FOGUETE 1) (X2= 17,13, p<0,05), sendo que 70,4% das
crianças que levariam os membros da família apresentam valores de estresse mais baixos.
Levar a família extensa quando o foguete é um pouco maior (FOGUETE 2) está relacionado a altos valores de Esperança (X2= 11,23, p<0,05) e à categoria baixa de
Regras e Monitoria da Mãe (X2= 10,81, p<0,05). Ou seja, 76,2% das crianças que
escolhem levar a família extensa, quando possuem a possibilidade de levar mais pessoas no foguete, apresentam maiores valores na escala de esperança, e 81% apresentam valores
baixos de regras e monitoria da mãe. Uma hipótese é que a confiança mais alta na família extensa pode ser uma forma de buscar algo que não exista na família nuclear.
Os dados evidenciam a relação entre a esperança e a família extensa elucidando que tios, avôs, primos, meio irmãos podem agir como forte apoio às crianças e adolescentes. Como aponta Oliveira (2011), a família extensa é uma opção que deve ser considerada para a proteção de crianças e de adolescente que estão em alguma situação
risco, como forma de evitar a institucionalização, promover proteção e garantir direitos, como o da convivência familiar, preconizado no Estatuto da Criança e do Adolescente.
A categoria baixa para valores de estresse está relacionada a valores altos de Envolvimento do Pai e da Mãe (X2= 6,52, p<0,05), sendo que 63,2% das crianças que
mostraram estar pouco estressadas sentem-se mais envolvidas emocionalmente com seus pais. Há relação entre altos valores de estresse com baixos valores de Modelo Parental da Mãe (X2= 7,42, p<0,05), sendo que 51,7% dos participantes que apresentaram estar muito
estressados percebem não ter um modelo parental adequado.
Altos valores de Autoestima estão relacionados com as seguintes categorias: categoria alta de Percepção de Vida (X2= 17,42, p<0,05), alta de Envolvimento do Pai e
da Mãe (X2= 4,88, p<0,05), alta de Comunicação Positiva do Pai (X2= 9,23, p<0,05), alta
de Comunicação Positiva do Pai e da Mãe (X2= 9,05, p<0,05), alta do Modelo Parental
da Mãe (X2= 0,04, p<0,05) e alta do Modelo Parental do Pai e da Mãe (X2= 5,39, p<0,05).
Os percentuais de relação estão apresentados na Tabela 8.
Tabela 8 - Percentuais das relações significativas com categoria de Autoestima Alta.
Categoria Variável Percentual
Alta Percepção de Vida 86,2%
Alta Envolvimento do Pai e da Mãe 72,0%
Alta Comunicação Positiva do Pai 85,7%
Alta Comunicação Positiva do Pai e da Mãe 93,3%
Alta Modelo Parental da Mãe 71,4%
Alta Modelo Parental do Pai e da Mãe 86,7%
A categoria Esperança nível alto possui relações com as categorias: alta de Envolvimento da Mãe (X2= 4,78, p<0,05), alta de Envolvimento do Pai (X2= 8,94,
p<0,05), alta de Envolvimento do Pai e da Mãe (X2= 11,38, p<0,05), alta de Comunicação
Positiva do Pai (X2= 10,61, p<0,05) e alta de Modelo Parental do Pai (X2= 7, 42, p<0,05).
Na Tabela 9 estão os percentuais de relação.
Tabela 9 - Percentuais das relações significativas com categoria Esperança nível Alto.
Categoria Variável Percentual
Alta Envolvimento da Mãe 66,7%
Alta Envolvimento do Pai 83,3%
Alta Envolvimento do Pai e da Mãe 88,9%
Alta Comunicação Positiva do Pai 83,3%
Alta Modelo Parental do Pai 83,3%
Já a categoria baixa da Esperança relaciona-se significativamente com as categorias: baixa de Comunicação Positiva da Mãe (X2= 4, 54, p<0,05), baixa de
Comunicação Positiva do Pai e da Mãe (X2= 6,08, p<0,05), baixa de Modelo Parental da
Mãe (X2= 7,55, p<0,05), baixa do Modelo Parental do Pai e da Mãe (X2= 6,08, p<0,05) e
baixa de Sentimento dos Filhos em Relação ao Pai (X2= 11,30, p<0,05). Os percentuais
estão na Tabela 10.
Tabela 10 - Percentuais das relações significativas com categoria Baixa da Esperança
Baixa Comunicação Positiva da Mãe 64,9% Baixa Comunicação Positiva do Pai e da Mãe 77,3%
Baixa Modelo Parental da Mãe 72,2%
Baixa Modelo Parental do Pai e da Mãe 77,3% Baixa Sentimento dos Filhos pelo Pai 63,6%
Foram encontradas relações entre baixos valores da escala de Percepção de Vida (escada) com a categoria baixa de Comunicação Positiva do Pai e da Mãe (X2= 8,38,
p<0,05) e com a categoria alta de Clima Conjugal Negativo da Mãe (X2= 13,89, p<0,05),
sendo que 83,3% das crianças que apontaram ter uma percepção negativa da vida percebem que seus pais não se comunicam com elas de forma positiva e 61,8% percebem um clima conjugal negativo por parte da mãe. Já a categoria alta de Percepção de Vida apresentou relação com baixos valores de Comunicação Negativa do Pai e da Mãe (X2=
13,89, p<0,05), ou seja, 78,9% das crianças que apontaram ter uma boa percepção de vida percebem que seus pais se comunicam de forma negativa.
Foi realizada a análise da variável Punição Corporal da ONG; os valores altos de Punição Corporal da Mãe se relacionam com as categorias: alta de Estresse (X2= 9,12,
p<0,05), alta de Comunicação Negativa do Pai e da Mãe (X2= 7,74, p<0,05) e com a
categoria alta da Punição do Pai (X2= 9,17, p<0,05). Os percentuais estão na Tabela 11.
Tabela 11 - Percentuais das relações significativas com categoria Alta da Punição Corporal da Mãe
Categoria Variável Percentual
Alta Eventos Estressores 100,0%
Alta Comunicação Negativa do Pai e da Mãe 100,0%
Alta Punição Corporal do Pai 92,9%
Os altos valores de Punição Corporal do Pai relacionam-se com a categoria baixa de Regras e Monitoria da Mãe (X2= 4,48, p<0,05) e com a categoria alta de Comunicação
Negativa do Pai e da Mãe (X2= 6,30, p<0,05), sendo que 92,9% das crianças que
percebem mais punição por parte do pai, também percebem poucas regras e monitoria por parte da mãe; 90,0% dessas crianças percebem uma maior comunicação negativa de seus pais.
Em relação à categoria alta de Punição Corporal do Pai e da Mãe, foi encontrada uma relação significativa com altos valores de Comunicação Negativa do Pai e da Mãe (X2= 6,24, p<0,05), sendo que 100% das crianças que percebem uma comunicação
negativa com os seus pais percebem também que são punidas corporalmente pelos mesmos.