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A análise preliminar de risco (APR), segundo Mattos (2011), consiste no estudo, durante a fase de concepção ou desenvolvimento prematuro de um novo sistema, ou processo operacional, com o objetivo de se determinar os riscos que poderão estar presentes na sua fase operacional. Na fase de projeto de um silo, a APR induz o projetista a conhecer sistematicamente o processo de operação do equipamento, e assim relacionar as necessidades e atributos de segurança a ser consideradas.

O APR pode ser apresentado na forma de uma tabela, são elencadas todas das etapas do processo estudado, relacionando os eventos indesejados, suas consequências e as medidas de correção cabíveis.

No projeto de um produto, o APR pode ser utilizado como uma ferramenta de auxílio aos projetistas, possibilitando a rápida identificação dos atributos de segurança necessários, sendo também uma ferramenta de revisão final, que pode ser anexada à documentação do projeto.

O APR, normalmente é apresentado em uma tabela. No apêndice A, encontra-se o APR completo elaborado para o projeto de um silo metálico, conforme apresentado a seguir.

Primeiramente é elencado as macro atividades envolvidas no processo de armazenagem de grãos em silos metálicos. Para cada atividade busca-se identificar os possíveis eventos indesejados, suas causas, as consequências, e as medidas de controle.

• Atividade 1: Carregar Silo

A atividade inicial na armazenagem em silo é o carregamento. Nesta etapa, são utilizados os transportadores de grãos, que podem variar conforme a disposição dos silos A Tabela 3 apresenta a sistematização desta atividade na planilha do APR.

Tabela 3 – APR para a atividade de carga do silo Descrição da

atividade

Evento

indesejado Causas possíveis

Consequências previstas

Medidas de controle de risco

e emergência Carregar silo. Silo não

carregar Falha no transportador de carga; Registro de entrada no silo fechado. Parada do fluxo de grãos na UBG. Embuchamento do transportador, necessitando de manutenção imediata. Dimensionamento adequado do transportador de carga; Registro de entrada no silo motorizado com sensor de posição. Fonte: Próprio autor.

Neste caso um evento indesejado é o não carregamento do silo, causado por falha no transportador, ou no registro de entrada do silo. Isto interrompe o fluxo de grãos e acarreta em problemas para os outros equipamentos da UBG, gerando a necessidade manutenção imediata.

A medida de controle para evitar tais problemas, é o dimensionamento adequado do transportador de carga do silo, assim como utilização de registro motorizado e com sensor de posição.

• Atividade 2: Armazenar grãos.

Em seguida destaca-se a atividade principal do processo, que é a armazenagem dos grãos propriamente dita. Esta atividade é sistematizada na Tabela 4.

Tabela 4 – APR para a atividade de armazenagem de grãos Descrição da atividade Evento indesejado Causas possíveis Consequências previstas Medidas de controle de risco e emergência Armazenar grãos Grão estragar Aquecimento da massa de grãos no interior do silo Vitrificação da massa de grãos, produção de gases explosivos.

Delimitação das condições do grão a armazenar Dimensionamento adequado do sistema de aeração, se for o caso, controle de temperatura e umidade no interior do silo.

Silo romper Falha estrutural Inutilização do silo e equipamentos periféricos, grandes prejuízos financeiros. Dimensionamento estrutural e especificações de projeto adequadas, verificação das condições ambientais de instalação (ventos, zona sísmica). Fonte: Próprio autor.

A principal função do silo é armazenar grãos sob condições pré-determinadas, a delimitação das condições de umidade do grão, temperatura e umidade relativa do ar ambiente, variedade do grão, tempo máximo de estocagem, são alguns fatores que influenciam no processo de armazenagem.

Os silos podem ou não ser equipados com sistema de aeração, depende das condições citadas no parágrafo anterior, todos estes fatores devem ser observados para evitar que o grão estrague.

• Atividade 3: Descarregar o silo.

Após certo período armazenado, o grão segue para outras etapas de seu beneficiamento e para isto é necessário que sejam descarregados os grãos dos silos. A Tabela 5, apresenta a sistematização desta atividade na APR.

Tabela 5 – APR para a atividade de descarga do silo Descrição da

atividade

Evento

indesejado Causa possíveis

Consequências previstas Medidas de controle de risco e emergência Descarregar silo Silo não descarregar Falha no transportador de carga; Registro de saída no silo fechado. Parada do fluxo de grãos na UBG. Transportador rodando em vazio. Dimensionamento adequado do transportador de carga; Registro de saída no silo motorizado com sensor de posição. Descarga descentralizada Registros auxiliares (na periferia) acionados antes do principal (na região central do silo) Rompimento do silo Controle automático do nível de grãos dentro do silo, e interligação com o acionamento dos registros. Silo não descarregar por completo Não possuir rosca varredora Necessidade de auxiliar manualmente a descarga no interior do silo Prover rosca varredora

Fonte: Próprio autor.

Como um dos eventos indesejados nesta fase é o silo não descarregar, devido à falha no transportador ou no registro de saída do silo. Como consequência tem-se uma parada no fluxo da UBG e equipamentos posteriores ao silo rodando em vazio. O dimensionamento adequado dos transportadores e a utilização de registros automatizados são soluções para estes eventuais problemas.

A descarga descentralizada pode acarretar em graves problemas. Quando massa de grãos permanece em um dos lados, a estrutura do silo fica sobrecarregada e esta pode romper. As consequências disto podem ser catastróficas, visto os tamanhos do silo e sua disposição na UBG. Na intuição de prevenir tal problema, tem-se a opção de controle de nível dos grãos no silo, com e comunicação com os registros de saída do silo.

O descarregamento incompleto do silo gera a necessidade de complementar, de forma manual, o direcionamento dos grãos ate o registro, ou seja, o trabalhador terá que entrar no interior do silo, o que é uma operação de risco. Atualmente existem dispositivos, como a rosca varredora que direciona os grãos até os registros de saída do silo.

• Atividade 4: Inspeção

Por último, temos a atividade de inspeção e manutenção no silo. A Tabela 6 apresenta a sistematização na APR.

Tabela 6 – APR para a atividade de inspeção e manutenção do silo Descrição da atividade Evento indesejado Causas possíveis Consequências previstas Medidas de controle de risco e emergência Inspeção e/ou manutenção Queda em altura, Falta de linha de vida, escadas e plataformas inadequadas nas regiões de inspeção. Acidentes graves, óbito. Prover áreas de acessibilidade de acordo com as exigências normativas. Destacar tópicos para elaboração futura de procedimento operacional padrão de trabalho em altura. Lesões Contato com

equipamentos em movimentos, regiões quentes. Acidentes graves, óbito.

Prover proteções nos equipamentos Intoxicação por gases tóxicos Acesso a espaços confinados, sem ventilação adequada. Acidentes graves, óbito.

Prover ventilação adequada nos tuneis e no interior do silo.

Destacar tópicos para elaboração futura de procedimento operacional padrão de trabalho em altura.

Fonte: Próprio autor.

Os acessórios, tais como transportadores, registros, sistema de termometria e aeração, necessitam ter acesso para possibilitar a realização da tarefa (inspeção e manutenção). No detalhamento desta atividade, deve ser feito uma profunda analise dos riscos consequências e medidas de controle, pois esta fase do processo é a que mais envolve mão de obra, portanto as condições seguras de realização do trabalho devem ser garantidas.

5.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo apresentou as observações de segurança durante a execução das atividades do projeto informacional, projeto conceitual e projeto preliminar de um silo metálico. Essas

observações agregam segurança ao produto, com o mínimo impacto, pois são realizadas na fase de desenvolvimento do produto.

A aplicação da Análise Preliminar de Risco (APR) durante o projeto gera a visão sistêmica do processo operacional que envolve o equipamento, auxiliando o projetista na identificação de pontos fundamentais a respeito da segurança do produto.

CONCLUSÃO

A presente monografia buscou analisar o problema da segurança e a saúde do trabalho nas unidades de beneficiamento e armazenagem de grãos, e propor soluções para projeto de sistemas através de observações de segurança incorporadas às fases iniciais do processo de projeto de um silo metálico.

A execução da Análise Preliminar de Risco (APR) durante o processo de projeto traz uma visão sistêmica do processo e operação do equipamento, possibilitando ao projetista identificar as necessidades e atributos de segurança a serem consideradas durante o desenvolvimento do projeto.

A visão sistêmica dos aspectos de segurança do trabalho no desenvolvimento de equipamentos para beneficiamento e armazenagem de grãos contribui para eliminar os riscos nos processos produtivos, e possibilita a identificação dos pontos críticos na operação dos equipamentos, dando provimento para o treinamento de pessoas.

Verifica-se também importância do conhecimento das normas de segurança, tanto no âmbito nacional como internacional, para o desenvolvimento de um projeto seguro.

Demais pareceres conclusivos foram apresentados durante os estudos realizados nos capítulos anteriores.

Como continuidade do presente trabalho sugere-se fazer o levantamento das observações de segurança incorporadas às fases iniciais do processo de projeto, assim como a aplicação da APR, para os equipamentos e processos do recebimento, limpeza, secagem e expedição das unidades de beneficiamento e armazenagem de grãos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE

A

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO

Objeto da análise: Armazenar grãos em silo metálico Empresa: Folha: 1/2

Fases do processo: Carregar silo, armazenar grão, descarregar silo, inspecionar equipamentos Setor: Engenharia Data: 15/11/2013

Executado por: Edson

Baal

Descrição da atividade Evento

indesejado

Causas possíveis Consequências previstas Medidas de controle de risco e emergência

Carregar silo Silo não

carregar

Falha no transportador de carga;

Registro de entrada no silo fechado

Parada do fluxo de grãos na UBG.

Embuchamento do transportador, necessitando de manutenção imediata.

Dimensionamento adequado do transportador de carga;

Registro de entrada no silo motorizado com sensor de posição.

Armazenar grãos Grão estragar Aquecimento da massa

de grãos no interior do silo

Vitrificação da massa de grãos, produção de gases explosivos

Delimitação das condições do grão a armazenar

Dimensionamento adequado do sistema de aeração, se for o caso, controle de temperatura e umidade no interior do silo

Silo romper Falha estrutural Inutilização do silo e

equipamentos periféricos, grandes prejuízos financeiros

Dimensionamento estrutural e especificações de projeto adequadas, verificação das

condições ambientais de instalação (ventos, zona sísmica).

Descarregar silo Silo não

descarregar

Falha no transportador de carga;

Registro de saída no silo fechado

Parada do fluxo de grãos na UBG.

Transportador rodando em vazio

Dimensionamento adequado do transportador de carga;

Registro de saída no silo motorizado com sensor de posição.

Descarga descentraliza da

Registros auxiliares (na periferia) acionados antes do principal (na região central do silo)

Rompimento do silo Controle automático do nível de grãos dentro

do silo, e interligação com o acionamento dos registros

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO

Objeto da análise: Armazenar grãos em silo metálico Empresa: Folha: 2/2

Fases do processo: Carregar silo, armazenar grão, descarregar silo, inspeção Setor: Engenharia Data: 15/11/2013

Executado por: Edson Baal

Descrição da atividade Evento

indesejado

Causas possíveis Consequências

previstas

Medidas de Controle de risco e emergência

Inspeção e /ou manutenção Queda em

altura,

Falta de linha de vida, escadas e plataformas inadequadas nas regiões de inspeção

Acidentes graves, óbito

Prover áreas de acessibilidade de acordo com as exigências normativas. Destacar tópicos para elaboração futura de procedimento operacional padrão de trabalho em altura.

Lesões Contato com

equipamentos em movimentos, regiões quentes

Acidentes graves, óbito.

Prover proteções nos equipamentos

Intoxicação por gases tóxicos Acesso a espaços confinados, sem ventilação adequada. Acidentes graves, óbito.

Prover ventilação adequada nos tuneis e no interior do silo.

Destacar tópicos para elaboração futura de procedimento operacional padrão de trabalho em altura.

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