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Para a realização da análise preliminar foram coletados dados por 15 dias, em Outubro de 2016, totalizando aproximadamente 106 mil tweets. Uma quantidade muito próxima à des- crita pelos autores Silva e Graeml (2016). Embora uma grande quantidade de tweets tenha sido coletada, para efeitos da análise, foram considerados somente os tweets que continham infor- mações de geolocalização. A Figura 11 apresenta os locais de todos os tweets geolocalizados coletados durante esse período.

Assim como constatado por Silva e Graeml (2016), é possível perceber que o Untappd é um aplicativo muito popular nos Estados Unidos e Europa. Embora o Brasil não forneça uma grande quantidade de dados na base, ainda é capaz de fornecer informações valiosas sobre o perfil do consumidor de cerveja artesanal. Conforme apresentado pelos autores do artigo, os tweetsnão são distribuídos uniformemente pelo país. Grande parte desses dados encontram-se no sudoeste do país, e com maior frequência em grandes capitais como: São Paulo - Capital (38,9%), Rio de Janeiro (11%), Brasília (8,2%), Belo Horizonte (4,4%), Porto Alegre (4,1%) e Curitiba (3%).

Seguindo a mesma técnica adotada por Silva e Graeml (2016), foi possível identificar algumas das preferências dos consumidores de cada uma das quatro cidades através do mapa de palavras. O uso desta ferramenta é recomendado para uma análise preliminar, pois os ma- pas apresentados a seguir não são proporcionais entre si e somente destacam as palavras que aparecem com maior frequência na base de dados.

(a) Cervejas - Curitiba (b) Cervejas - Belo Horizonte

(c) Cervejas - São Paulo (d) Cervejas - Rio de Janeiro

Figura 12: Mapa de palavras com as cervejas

Quando comparadas as quatro cidades com o trabalho realizado por Silva e Graeml (2016), é possível perceber que houveram mudanças na forma de consumo de cerveja. As cida- des de Curitiba e Belo Horizonte apresentam menores variedades quanto aos tipos de cervejas, se comparadas a São Paulo e Rio de Janeiro. Isso deve-se ao fato de que as duas primeiras cidades representam apenas 3% e 4,4%, respectivamente, da base de dados referente ao Brasil. Se comparadas à pesquisa realizada por Silva e Graeml (2016) a cidade de Curitiba

continua chamando atenção por ter um público mais sofisticado, dados os tipos de cervejas contidos nos tweets desta região. Por outro lado, Belo Horizonte sofreu pequenas mudanças nos padrões de consumo, apresentando maiores quantidades de cervejas de escala industrial que no estudo anterior.

Ainda, é possível perceber que no Rio de Janeiro, mesmo com algumas das cervejas industriais, uma maior variedade de cervejas artesanais fazem parte do mapa de palavras. Con- tudo, não é uma mudança significativa no padrão de consumo dos usuários do Untappd. Pois no artigo de Silva e Graeml (2016) isso já acontecia. Por fim, São Paulo foi outra cidade que chamou bastante a atenção devido à diversidade de cervejas artesanais ou premium comparti- lhadas. Ressaltando uma possível mudança na forma de como os usuários estão consumindo as cervejas. No artigo anterior era visível a preferência por cervejas industrializadas, enquanto no presente estudo torna-se claro que as artesanais e premium estão ganhando espaço no mercado cervejeiro de São Paulo.

Uma das possibilidades que chamaram a atenção na análise preliminar foi a de que possivelmente alguns dos tweets coletados do Rio de Janeiro venham a ser de turistas passeando naquela região, já que o mapa de palavras apresenta um grande percentual de checkins com “Rio de Janeiro” como o local onde os usuários estariam consumindo suas cervejas. Além disso, o Rio de Janeiro foi o local que apresentou maior percentual de locais residenciais. Isto pode indicar que o público do Rio de Janeiro é mais suscetível a consumir suas cervejas em suas próprias residências aos bares da região. Para a análise preliminar essa situação não foi considerada como um problema, portanto, foram considerados os diversos tweets coletados sem realizar filtros quanto aos locais de consumo.

Os mapas de palavras, na Figura 13, apresentam os locais onde os usuários marcaram que estavam consumindo suas cervejas. Se combinadas as informações do mapa de palavras de tipos de cervejas e dos locais, torna-se possível perceber que Curitiba e Belo Horizonte possuem uma grande diversidade de locais onde são oferecidas cervejas artesanais. Uma vez que poucos tweets mencionando cervejas industrializadas populares no mercado brasileiro foram encontrados. Outra observação interessante é de que possivelmente os consumidores de cerveja artesanal em São Paulo são mais fiéis a locais específicos, entretanto, são propensos a explorar novos tipos de cervejas. Isso é possível pois conforme as informações do site e redes sociais do local mais popular na base de dados de São Paulo, “Empório Alto dos Pinheiros” , possui 33 torneiras de chope e 650 rótulos diferentes. Isso pode ter influenciado a análise, visto que uma grande variedade de cervejas artesanais foi encontrada nos tweets desta região, enquanto que uma pequena variedade de locais foi encontrado na base de dados.

(a) Locais - Curitiba (b) Locais - Belo Horizonte

(c) Locais - São Paulo (d) Locais - Rio de Janeiro

Figura 13: Mapa de palavras dos locais

Através da análise preliminar, foi possível identificar mudanças significativas no perfil de consumo de cerveja artesanal em todas as cidades analisadas. As mudanças apresentadas talvez não representem todo o mercado cervejeiro, dadas as condições do aplicativo usado para a realização desta análise. Entretanto, foi possível observar que o consumo da cerveja artesanal em alguns locais do Brasil vem aumentando - considerando a comparação entre o período de 2012 à 2016. Sendo assim, essas informações podem apresentar aspectos relevantes em uma análise mais aprofundada.

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