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3. PROPOSIÇÃO

3.6. Análise da Proposta

Os exemplos apresentados tiveram como objetivo demonstrar os resultados e os efeitos que a incorporação do cálculo do Goodwill gerado internamente, com base na métrica proposta, impactaria as Demonstrações Contábeis de duas hipotéticas entidades: a primeira, que apura Goodwill gerado internamente em todos os anos de sua atividade e, a segunda, que alterna entre períodos em que há o

Goodwill gerado internamente, com períodos em que não há.

A proposta é demonstrar os efeitos do registro em duas circunstâncias possíveis e que poderiam ocorrer com frequência (não foi incluída uma situação em que não haveria o Goodwill gerado internamente porque este fato não altera as Demonstrações Contábeis).

A incorporação desta informação nas Demonstrações Contábeis tem como efeito prover aos usuários um elemento não disponível atualmente, possibilitando que se projete o futuro de uma entidade sob a perspectiva de sua capacidade de geração de lucros acima daqueles considerados normais e isto é útil para quem se

utiliza dessas demonstrações, porque incorpora no dia a dia as perspectivas de uma entidade a partir de um critério técnico e objetivo, contribuindo para ampliar o conjunto de dados que são apresentados ao mercado pelas entidades.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As alterações introduzidas a partir da criação do Conselho Federal de Contabilidade e do Comitê de Pronunciamentos Contábeis em 2005 e a promulgação da Lei nº 11.638/07, que alterou a Lei das Sociedades Anônimas, além da conversão da Medida Provisória nº 449/08 na Lei nº 11.941/09, propiciaram a oportunidade de rever boa parte dos conceitos contábeis e das regras então vigentes, fazendo, ainda, que os profissionais da Contabilidade e os usuários das Demonstrações Contábeis se obriguem a uma efetiva reciclagem e a uma revisão de seus conceitos.

Isto permitiu que a Contabilidade no Brasil experimentasse alterações significativas, em especial porque está se exigindo de seus operadores muito mais que aquilo que estavam acostumados a fazer, com a incorporação de conceitos econômicos relevantes e que passam a merecer destaque neste “novo” mundo contábil.

A presente proposta é uma análise da questão do Goodwill, a partir dos conceitos de Ativo, sua mensuração e dos conceitos de Ativo Intangível para, ao final, tratar, conceitualmente da questão do Goodwill nas suas diversas facetas, tendo em vista as principais questões apresentadas pelos diversos estudiosos do tema.

A partir daí, e procurando apresentar uma contribuição ao tema, foi avaliada a questão do Goodwill Adquirido (ou comprado) e a importante questão da impossibilidade de registro do chamado Goodwill Gerado Internamente (ou não adquirido).

Assumindo a tese de que o Goodwill é um Ativo Intangível, capaz de gerar fluxos de caixa para uma entidade e assumindo que tal ativo decorre do efeito sinérgico dos Ativos Tangíveis e dos Ativos Intangíveis de uma entidade reunidos naquelas circunstâncias, limitar seu registro ao momento em que a entidade adquira outra por combinação, como quer as normas, é impedir ou limitar que os usuários das Demonstrações Contábeis incorporem um importante elemento em sua avaliação de longo prazo, que é a capacidade de geração de lucros acima do normal por parte da entidade, os chamados superlucros.

Assim, objetivou uma análise teórica do tema desde os conceitos de ativo, até a proposição de uma métrica capaz de permitir que os usuários das Demonstrações Contábeis sejam informados a capacidade, ou não, de geração de superlucros.

Os autores e doutrinadores pesquisados concordam que o Goodwill é um Ativo Intangível, mas argumentam que seu registro somente é possível quando se está diante de uma compra de uma entidade por combinação, momento em que o adquirente atribui valor capaz de ser materializado e, assim, registrado.

Embora reconheçam que o Goodwill deva ser registrado quando há a aquisição por terceiros, também observam que tal registro, realizado no adquirente apenas materializa um ativo que já existe latente, como bem observam Hendriksen e Van Breda (1999) – em geral se admite a natureza residual do Goodwill, sobretudo quando se está diante de sua apuração em uma aquisição por combinação de entidades, nos termos previstos no Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1) Combinação de Negócios.

Os pesquisadores dividem os Ativos Intangíveis em Identificáveis (ou aqueles que podem ser identificados e, assim, ser alienados a terceiros porque são destacáveis dos demais ativos e possuem vida própria, como as marcas e as patentes), e em Ativos Intangíveis Não Identificáveis, cujo principal exemplo é o

Goodwill que não pode ser destacado ou alienado a terceiros, lembrando que este é

o critério que as normas contábeis brasileiras e internacionais incorporaram.

Diante estes fatos, é consenso a impossibilidade do registro do Goodwill gerado internamente ou não comprado, porque há também consenso que seu registro acrescentaria pouco às Demonstrações Contábeis e porque os princípios contábeis do conservadorismo (prudência) e da correlação entre as receitas e despesas não estariam sendo observados, além da efetiva incerteza quanto a sua mensuração, apesar de alguns estudiosos, em especial Monobe (1986) e Martins (1972) admitirem a existência do Goodwill gerado internamente e apresentam argumentos consistentes em favor de seu registro.

Usar estes dois conceitos como razão para evitar a incorporação do Goodwill gerado internamente corresponde a privar o leitor das Demonstrações Contábeis de uma informação muito relevante para sua tomada de decisão; até porque tais usuários devem estar informados das perspectivas da entidade de forma efetiva e a proposta apresentada tem este objetivo, sem ferir os princípios contábeis, na medida em que sugere o registro sem efeito direto nos resultados do período. Este estudo

objetiva, portanto, questionar, justamente, a falta de registro do Goodwill gerado internamente, na medida em que seu apontamento seria de grande valia para os usuários das Demonstrações Contábeis, em especial os investidores que passariam a contar com uma informação adicional representada pela expectativa de geração de lucros de um negócio acima do chamado lucro normal, ou o sobrevalor proposto por Ornelas (2003).