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Análise quantitativa da pesquisa

No documento RiUfes (páginas 82-91)

CAPÍTULO IV – PESQUISA DE CAMPO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.3 ANÁLISE DOS DADOS

4.3.1 Análise quantitativa da pesquisa

A seguir é apresentada a interpretação dos dados coletados na pesquisa quantitativa junto aos alunos matriculados no curso Técnico em Ferrovias, na modalidade concomitante ao ensino médio, do campus Cariacica do IFES. São dados que possibilitam a constatação dos índices do problema pesquisado. De acordo com Gatti (2004), os dados quantificados, contextualizados e trabalhados metodologicamente com responsabilidade contribuem para a compreensão dos fenômenos investigados na área da educação.

A partir de dados quantificados, contextualizadas por perspectivas teóricas, com escolhas metodológicas cuidadosas, trazem subsídios concretos para a compreensão de fenômenos educacionais indo além de casuísmos e contribuindo para a produção/enfrentamento de políticas educacionais, para planejamento, administração/gestão da educação, podendo ainda orientar ações pedagógicas de cunho mais geral ou específico (GATTI, 2004, p. 26).

Os dados obtidos foram analisados por meio da estatística descritiva através da organização, sumarização e descrição do conjunto de dados, com o objetivo de identificar o quantitativo de alunos evadidos do curso e as caracterizações de seu perfil à época em que se efetivou a desistência. Visando melhor visibilidade das informações, optou-se pela apresentação através de tabelas e gráficos mesclando as informações quantitativas em dados numéricos e percentuais, seguidos das devidas análises do autor.

Dessa forma, as informações descritas inicialmente na Tabela 1 explicitam o registro dos números referentes ao quantitativo total de alunos matriculados, de alunos evadidos e o percentual de evasão verificado em cada período no qual houve ofertas de turmas para o referido curso, separados por semestre de entradas de discentes, desde o ano de 2006 até o ano de 2014.

Tabela 1 – Dados numéricos de matrículas e evasão no Curso Técnico em Ferrovias ENTRADAS DE

TURMAS MATRICULADOS EVADIDOS % EVASÃO

2006/2 64 15 23,44% 2007/1 64 26 40,63% 2007/2 64 15 23,44% 2009/1 32 15 46,87% 2013/1 40 21 52,50% 2013/2 35 22 62,85% 2014/2 43 13 30,23% TOTAL 342 127 37,13%

Fonte: Coordenadoria de Registros Acadêmicos – Ifes Campus Cariacica/2015.

Analisando os índices de evasão escolar estratificados por período de entradas de turmas é possível observar que em 2006/2, das 64 matrículas efetivadas, 15 não concluíram o curso, assim como na turma de 2007/2. Já dos 64 alunos matriculados em 2007/1, 26 evadiram-se. Na turma de 2009/1 foram detectadas 15 desistências dos 32 alunos matriculados e para o ingresso em 2013/1 foram 21 discentes não concluintes dos 40 matriculados.

Para as turmas de 2013/2 e 2014/2 foram, respectivamente, matriculados 35 e 43 alunos e detectadas 22 e 13 desistências até o momento. Destaca-se que para elas

são parciais os dados expostos, pois o período de duração do curso, que são quatro semestres ou dois anos, ainda não terminou.

Ao se verificar os números expostos é possível observar que a evasão está presente em todas as turmas ofertadas, em maior ou menor proporção, mas nunca pouco relevante. O quantitativo total global dos dados do abandono escolar remete-se a 127 alunos dos 342 matriculados no curso.

Visualiza-se com maior clareza no Gráfico 1 a variação dos índices da evasão escolar ao longo dos anos, entre 2006 e 2014, período que houve entradas de turmas para o curso em questão:

Gráfico 1 - A evasão no Curso Técnico em Ferrovias

Fonte: elaborado pela autora/2015

Observa-se que os dados para os ingressantes no primeiro semestre de oferta do curso, em 2006/2, apontam para um percentual de evasão igual a 23,44%, igualmente verificado para as turmas ingressantes em 2007/2. Este percentual foi o menor verificado entre as turmas ofertadas para o Curso de Ferrovias. Para as demais, os percentuais de abandono escolar se apresentam da seguinte forma:

40,63% (2007/1), 46,87% (2009/1), 52,50% (2013/1), 62,85% (2013/2) e 30,23% (2014/2).

Dos dados dos ingressantes em 2006/2 para 2007/1 houve o aumento no percentual de evasão verificado, de 23,44% para 40,63%, reduzindo novamente para 23,44% em 2007/2. Para a turma 2009/1 o percentual subiu novamente alcançando 46,87% de abandono e continuou subindo na turma 2013/1 quando atinge 52,50%.

Já para as turmas de 2013/2 e 2014/2, atualmente com percentuais de 62,85% e 30,23%, respectivamente, há a linha pontilhada do gráfico a qual indica a sua situação não finalizada, já que os dados efetivos de quantitativo de evadidos podem ser alterados após o término do curso para essas turmas, com mudança na linha de variação dos índices de evasão apresentados até o momento.

Podemos afirmar que os números apresentados se mostram crescentes e preocupantes. Para tal análise utilizamos como parâmetro o último relatório apresentado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que entre agosto de 2011 e abril de 2012 realizou uma auditoria operacional na Rede Federal de Educação Profissional, cujo objetivo foi avaliar a atuação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e um dos cinco aspectos avaliados era referente à caracterização da evasão e medidas de como reduzi-la.

Com base nos dados do Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica (SISTEC), o TCU calculou as taxas médias de evasão no país e destacou como os cursos com a pior situação de abandono escolar aqueles de nível médio: principalmente cursos de Proeja (24%) e cursos médios concomitantes e subsequentes (19%), considerados pelo estudo como sendo de taxas elevadas. Em nossa pesquisa, o menor percentual de evasão verificado para as turmas ofertadas para o Curso de Ferrovias, que se enquadra na categoria concomitante, foi de 23,44% e uma evasão global equivalente a 37,13%.

A partir dessas informações buscou-se conhecer as características do perfil dos alunos evadidos, já que compreender o fenômeno da evasão envolve um estudo mais aprofundado de suas perspectivas. De acordo com o que afirmam Schargel e Smick (2002), após a definição e a identificação do problema, é necessário o

“delineamento do perfil” dos alunos desistentes, o que contribuirá na busca de estratégias para a solução ou amenização das situações de abandono escolar.

Portanto, em seguida são apresentados alguns dados sobre o perfil dos 127 alunos evadidos pesquisados a partir de informações disponíveis em suas fichas acadêmicas, com os dados da época em que desistiram do curso. Descrevem-se aqui os principais resultados encontrados que compõem as características pessoais desses alunos, abrangendo: turno de estudo, gênero, idade, estado civil, local de moradia e renda. Espera-se com esta análise obter um perfil geral da população de evadidos.

Para a verificação da ocorrência da evasão escolar por turno é relevante destacar que não houve a mesma proporção de oferta de vagas entre o turno vespertino e o turno noturno, com menos vagas efetivadas para o primeiro. Portanto, para a identificação do real quantitativo de desistências por turno é necessário que seja feita uma comparação entre o quantitativo de evadidos com o total de alunos matriculados no curso por turno.

Gráfico 2 – A evasão por turno

Dessa forma, em uma análise global de acordo com a oferta de vagas para cada turno é possível verificar que das 96 matrículas efetivadas para o turno vespertino, 22 alunos evadiram-se, ou seja, 22,91%. E para o turno noturno, dos 246 alunos matriculados 105 desistiram do curso, o correspondente a 42,68%.

E ainda, dentre os 127 alunos evadidos ao longo do curso, 17,32% correspondem aos desistentes matriculados no turno vespertino e 82,68% no turno noturno. Assim, constatamos que o índice de evasão escolar para o turno noturno teve incidência muito maior que aquele apresentado para o turno vespertino.

Caracterização também relevante a se conhecer do perfil dos alunos desistentes diz respeito à verificação dos índices de evasão por gênero. Segundo Brito e Vianna (2006), por gênero entende-se um conjunto de atributos socialmente instituídos para categorizarem e classificarem homens e mulheres.

Gráfico 3 – A evasão por gênero

Fonte: elaborado pela autora/2015

Neste caso, é possível constatar um percentual de 80,31% de alunos desistentes do sexo masculino e 19,69% do sexo feminino. Dessa forma, é correto afirmar que há o predomínio de alunos do sexo masculino dentre os evadidos do curso.

Por conseguinte, no gráfico 4 são explicitadas as informações referentes à faixa etária dos alunos desistentes.

Gráfico 4 – A evasão por faixa etária

Fonte: elaborado pela autora/2015

Pode-se constatar por meio dos dados encontrados que a maior parte dos discentes evadidos situa-se na faixa etária entre 17 a 21 anos (39,37%). Já 25,98% dos desistentes tinham entre 22 a 26 anos e 22,83% com idades entre 27 a 31 anos. Apresentando menores percentuais temos 7,09% alunos entre 32 a 36 anos, 3,15% com idades entre 37 a 41 anos e menos de 1% para aqueles entre 42 a 46 anos e acima de 47 anos. Portanto, percebemos nesse contexto que o maior percentual de evadidos se concentra entre os estudantes mais jovens.

Quanto ao estado civil dos 127 alunos evadidos no momento em que abandonaram de forma definitiva o curso foram encontradas as informações expressas no Gráfico 5 a partir das quais percebe-se que 81,89% dos alunos que abandonaram a instituição eram solteiros e 17,32% casados, evidenciando o maior quantitativo de alunos solteiros desistentes.

Gráfico 5 – Estado civil dos alunos evadidos

Fonte: elaborado pela autora/2015

Já em relação ao local de moradia desses alunos, as informações expostas do gráfico 6 identificam a sua cidade de residência.

Gráfico 6 – Cidade de moradia

Nota-se que o maior percentual dos alunos evadidos residia no município de Cariacica, o equivalente a 48,83%, quase a metade do total de desistentes. Neste caso, é válido destacar que se trata da cidade na qual se localiza a instituição pesquisada. Para os outros municípios foram verificados os seguintes dados: residentes em Vitória correspondiam a 12,60%, residentes em Vila Velha o equivalente a 18,90% e moradores de Viana somavam 4,72%. Já no município da Serra moravam 11,02% dos alunos. Dados percentuais menores referiam-se a cidade de Guarapari (0,79%) e outros municípios (1,57%).

E por fim, pretendeu-se verificar a renda familiar desses alunos a partir das informações declaradas nas fichas de matrícula preenchidas ao ingressarem na instituição.

Gráfico 7 – A renda familiar

Fonte: elaborado pela autora/2015

No entanto, para a análise dessa característica do perfil dos discentes evadidos constatou-se que a maioria não havia informado dados a respeito de sua renda familiar, quando 68,50% não declararam tal informação, impossibilitando uma interpretação da real situação dos alunos nesse aspecto.

Das informações registradas foi possível verificar que 3,9% dos alunos apresentavam renda familiar de até 1 salário, para 13,39% deles essa renda compreendia entre 1 a 2 salários e para 3,94% entre 2 a 3 salários. Já englobando entre 3 a 5 salários estavam 5,51% dos alunos, entre 5 a 10 salários eram 3,15% e para mais de 10 salários apenas 1,57%.

Diante dos dados apresentados é possível perfilar os alunos evadidos em sua maioria como matriculados no turno noturno (42,68%), do sexo masculino (80,31%), com faixa etária entre 17 a 21 anos (39,37%), solteiros (81,89%) e residentes no município de Cariacica (48,83%).

Feitas tais considerações, entendemos que os dados obtidos pela parte quantitativa da pesquisa são também norteadores, quando por meio destes será possível delinear um cenário que facilite a identificação dos motivos que culminaram na evasão escolar, os quais serão demonstrados pela parte qualitativa da pesquisa a seguir, enfatizando desde logo que as duas formas de coletar dados – quanti e quali – são complementares.

No documento RiUfes (páginas 82-91)