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Os questionários têm por objetivo examinar a existência de ganho social, em decorrência da participação no BSF. Esses questionários foram aplicados a 100 alunos e respondidos por todos eles. Esse número corresponde a 10% do total dos participantes, alunos dos CILs.

O questionário consta de 13 perguntas, sendo 12 fechadas e 01 aberta. O questionário foi aplicado via Google Forms e possui a seguinte estrutura:

1. No momento em que você participou da sua edição do BSF, você: ( ) cursava o Ensino Médio.

( ) havia concluído o Ensino Médio, mas ainda não ingressara no ensino superior. ( ) cursava o ensino superior.

2. Qual tipo de instituição de Ensino Superior você ingressou? ( ) pública ( ) privada

3. Qual a instituição de Ensino Superior que você ingressou?

Nome da instituição: _____________________________________________. 4. Atualmente, você já concluiu o Ensino Superior?

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5. O fato de você ter participado do BSF (re)direcionou a escolha da sua carreira acadêmica ou profissional?

( ) sim ( ) não

6. Você estava empregado ou cursava estágio remunerado antes de sua participação no BSF?

( ) sim ( ) não

7. No caso de você já ter tido um emprego ou cursado algum estágio remunerado, você contribuía financeiramente para renda de sua família?

( ) sim ( ) não ( ) não se aplica

8. Você conseguiu algum emprego após a sua participação no BSF? ( ) sim ( ) não

9. No caso de você ter conseguido um emprego logo após sua participação no BSF, o seu trabalho se relacionava diretamente com algum aspecto desenvolvido ou vivenciado no BSF?

( ) sim ( ) não ( ) não se aplica

10. A sua participação no BSF contribuiu para que você conseguisse esse emprego? ( ) sim ( ) não ( ) não se aplica

11. Você consegue verificar algum reconhecimento por parte da sua comunidade (escola, vizinhança, família) acerca da sua participação do BSF?

( ) sim ( ) não

12. Você passou a desenvolver alguma atividade em/para sua comunidade a partir da sua experiência no BSF?

( ) sim ( ) não

13. Você recomendaria a outras pessoas para que participassem do BSF? ( ) sim ( ) não

Para a análise dos dados aqui tratados, analiso as respostas a partir dos dados quantitativos, apresentados em porcentagem, a partir das respostas dos respondentes dos questionários. A análise desta parte visa relacionar as respostas com as perguntas sobre o ganho social.

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Essa primeira pergunta aponta para o fato que a maioria dos participantes, 81,9%, ou cursava o Ensino Médio, ou já ingressara no Ensino Superior, quando viajou pelo BSF. Apenas 18,1% haviam concluído o ensino médio e não ingressara ainda no ensino superior. Para esses 18,1%, o interstício acadêmico foi preenchido com uma experiência que proporcionou não somente uma imersão cultural e linguística, mas o contato com um ambiente acadêmico de ensino superior em instituições renomadas internacionalmente. O contato com esse ambiente acadêmico pode contribui para que esses alunos refaçam seus objetivos educacionais. Uma outra maneira de analisar esses números é que 64,8% dos alunos não havia ingressado no Ensino Superior. No caso da participação no BSF sugerir um fomento no ingresso desses alunos na educação superior, um parcela considerável do total de alunos, podem ter sido beneficiados.

Dos 100 respondentes, atualmente, apenas um ainda não ingressou na educação superior. Dentre os que ingressaram, a maioria, 61,6%, ingressou em instituições

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públicas, situadas dentre as mais prestigiadas do Brasil. Veremos a seguir, em quais instituições esses alunos se distribuíram.

Essas são as instituições privadas de Ensino Superior onde estudam 38,4% do total dos respondentes.

• Escola de Direito de Brasília: 01 aluno • Faciplac: 02 alunos

• Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete: 01 aluno • Faculdade Projeção: 02 alunos

• Icesp: 01 aluno • IESB: 05 alunos

• Instituto Brasileiro de Direito Público: 02 alunos • UDF: 01 aluno

• Unicesumar: 01 aluno • Uniceub: 09 alunos • Unieuro: 02 alunos

• Universidade Católica de Brasília: 05 alunos • Universidade Estácio de Sá: 01 aluno

• Universidade Paulista: 03 alunos • UPIS: 01 aluno

Essas são as instituições públicas de Ensino Superior, onde estudam 61,6% do total dos respondentes.

• Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS): 01 aluno • Instituto Federal de Brasília (IFB): 03 alunos

• Universidade de Brasília (UnB): 57 alunos • Universidade de São Paulo (USP): 01 aluno

• Universidade Federal de Alagoas (UFAL): 01 aluno • Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): 01 aluno

Os dados acima nos trazem algumas conclusões. Durante a participação no programa, quase metade dos respondentes ainda cursava o Ensino Médio. No presente

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momento, dos 100 participantes, apenas um não ingressou no Ensino Superior. Juntando aqueles 46,7% ainda no ensino médio com os 18,1% que terminaram o Ensino Médio, mas que ainda não cursavam o Ensino Superior, percebemos que 64,8% dos alunos não cursavam nenhuma graduação durante a participação no BSF.

Não é possível afirmar categoricamente que a participação no BSF seja responsável pelo ingresso desses alunos no Ensino Superior. No entanto, 99% do total dos respondentes, matriculados em instituições de Ensino Superior, é um número bastante representativo. Há de se considerar a capacidade destacada desses participantes. Isso sugere que após a participação do BSF, as experiências acumuladas e o desempenho linguístico alcançado, possivelmente, favoreceram esses alunos nos processos seletivos para ingressarem nas IESs.

Há um outro dado relevante. Mais da metade dos respondentes ingressou na UnB, a mais prestigiada da região e a 4ª melhor do país, de acordo com o ranking 2015 da Quacquarelli Symonds30. A maioria dos participantes do BSF está cursando a educação superior em instituições de excelência do Brasil como a UnB, USP e UFRJ, três entre as 10 melhores instituições da América Latina de acordo com a mesma Quacquarelli Symonds.

Essas três primeiras questões revelaram aspectos referentes ao ingresso desses participantes no Ensino Superior. As próximas questões abordam aspectos relativos ao ingresso no mercado de trabalho em consequência da participação no BSF.

Até o término do primeiro semestre letivo de 2016, 95% dos alunos ainda cursavam o ensino superior.

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Esse quadro nos traz informações sobre o impacto do programa na decisão da carreira acadêmica ou profissional dos participantes. Vemos que 42% dos alunos tomaram suas decisões em função da experiência vivida no programa. No entanto, esse número deve ser analisado à luz daqueles alunos que ainda não haviam ingressado no ensino superior à época em que participaram do BSF.

Quarenta e dois por cento de alunos tiveram sua escolha influenciada pelo BSF, isso corresponde a 65% de todos os alunos que não haviam ingressado no ensino superior.

Em suma, a participação no BSF pode ter sido determinante na escolha acadêmica e profissional para a maioria dos respondentes que ainda não haviam ingressado no ensino superior.

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As questões 6 e 7 nos apresentam informações interconectadas. Apenas 16% dos respondentes exerciam alguma atividade remunerada quando participaram do BSF. Vinte e oito por cento contribuíam de alguma maneira para a renda familiar.

Os números aqui apresentam um desvio. Na questão 6, 16% de todos os respondentes exerciam atividade remunerada. Na questão 7, 28% dos respondentes contribuíam para renda de suas famílias. Analisando objetivamente esses números, a quantidade de alunos que contribuía para a renda familiar se mostrou maior que do que aqueles que exerciam uma atividade remunerada.

Por isso, é prudente considerar somente os 16% para a questão da contribuição financeira na renda familiar. Certamente os alunos se confundiram ao se depararem com essa questão e com isso a responderam de forma inadequada. A redação da pergunta 06, contribuiu para esse equívoco. Para evita-lo, a pergunta deveria conter a seguinte opção: em caso de resposta “não”, dirija-se à pergunta 08.

Ainda assim, prevalece o seguinte entendimento: poucos alunos exerciam atividade remunerada e contribuíam para a renda familiar antes do BSF.

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Após a participação no programa, cresce o número de alunos que conseguiram algum emprego. Dos 16% anteriores que exerciam alguma atividade em seguida ao programa, temos 55%, ou seja, a maioria dos alunos exercia alguma atividade remunerada. Com isso, seria possível deduzir que cresceu o número de participantes que passaram a contribuir para a renda familiar.

Contudo, é preciso entender como o ganho desse emprego e a natureza da atividade exercida se relacionam com a participação no BSF.

Resgatando o resultado na pergunta 08, 55% dos participantes conseguiram um emprego após o BSF, no entanto o quadro acima aponta 53% que respondem sim ou não. Deveriam ser 55%.

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Novamente, fica claro que os alunos se confundiram ao se depararem com as questões 09 e 10 e com isso a responderam de forma inadequada. O problema reside na redação da pergunta 08. Para evita-lo, a pergunta deveria conter a seguinte opção: em caso de resposta “não”, dirija-se à pergunta 11.

No entanto, a diferença é de apenas dois pontos percentuais, estando dentro da margem de erro para uma amostragem aplicada 10% do total de participantes do BSF.

Portanto, esse desvio não compromete a confiabilidade ao considerar os 53% dos respondentes que conseguiram um emprego após a participação no BSF. Desses, 30% do total afirmam que o trabalho que passaram a exercer se relacionava diretamente com algum aspecto relativo à participação no BSF.

Esses 30% correspondem a 58% daqueles que conseguiram um emprego logo após o BSF. Ou seja, dos alunos que conseguiram alguma atividade remunerada, a maioria afirma que essa atividade tem relação com aspectos desenvolvidos e vivenciados no BSF. Eles puderam exercer atividades cuja natureza dialogava com as experiências obtidas no programa.

Para a questão 10, vamos considerar 52% de respondentes que conseguiram um emprego após a participação no BSF. Desses, 39% afirmam que a participação no BSF foi determinante para conseguir esse emprego, ou seja, 75% dos respondentes que conseguiram um emprego após o BSF afirmam que a participação no BSF contribuiu para que conseguissem seu primeiro emprego.

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É possível depreender que a participação no BSF favoreceu a maioria dos alunos conseguir um emprego. Além do mais, a atividade exercida nesse emprego está relacionada às experiências adquiridas nesse programa.

Dessa maneira, enxergo a relevância desse programa como um possível fomentador de conquistas sociais para seus participantes.

Além dos benefícios mais tangíveis como ingresso ao ensino superior, inserção no mercado de trabalho e consequente contribuição para renda familiar, há outros aspectos que foram observados, em decorrência da participação no BSF. Dentre eles, trato a questão do reconhecimento, por parte comunidade na qual esses alunos convivem, no que concerne a essa participação no BSF.

Quase de 92% afirmam ter percebido esse reconhecimento em suas famílias, escolas ou faculdades e vizinhança. A própria mídia local, (jornais, TV, redes sociais, veículos) na época realizou reportagens, contando a trajetória de alguns alunos e explicitando como essa experiência agregou valores positivos a eles.

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Com relação ao engajamento em atividades voltadas para suas comunidades, ou o retorno daquilo que foi adquirido durante e a partir da experiência no BSF, 33% dos alunos afirmam ter algum envolvimento em ações voltadas a suas comunidades. É um número expressivo, considerando que o Brasil ainda dá passos modestos em relação ao trabalho voluntário, bem próximo a média mundial. O percentual de engajamento dos participantes do BSF está ligeiramente acima da média brasileira.

Uma pesquisa do Instituto Datafolha, realizada em dezembro de 2014, encomendada pela Fundação Itaú Social, mostrou que somente 28% das pessoas já participaram de algum tipo de trabalho voluntário e que 11% continuam atuando neste tipo de iniciativa. “O percentual brasileiro está abaixo da média mundial que é de 37%. China e Canadá, por exemplo, possuem, respectivamente, 55% e 50% da população envolvida em atividades voluntárias”, conta Lourdes Karoline Almeida Silva, pesquisadora em Políticas Públicas e professora da Universidade Estadual do Piauí (UFPI).

Talvez, como parte integrante das ações desses programas, se devesse estabelecer a contrapartida do investimento, feito pelo governo, por parte daqueles que foram beneficiados com o programa. Ao retornarem, esses alunos desenvolveriam projetos voltados para suas comunidades ou se engajariam em ações acadêmicas, relacionadas às experiências obtidas no programa.

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Por fim, temos a constatação, quase unânime, por parte dos alunos, de que outras pessoas devessem participar em iniciativas como essa. 99% consideram pertinente essa experiência ser vivenciada por outras pessoas.

As questões, aqui já descritas, constituem-se como fundamentação para responder a seguinte pergunta de pesquisa: houve ganho social como consequência da participação no BSF?

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