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6 ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A CONSTRUÇÃO DE COMPETÊNCIAS EM ENFERMAGEM COMUNITÁRIA

Neste capítulo pretendeu-se realizar uma reflexão da prática desenvolvida à luz da conceptualização e das Competências Específicas do EEECSP

No decorrer deste estágio foram desenvolvidas atividades no âmbito da intervenção comunitária ao nível dos CSP. Porém, apesar desta experiência profissional ter contribuído para o desenvolvimento de competências, muito há a fazer para a aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de competências, pelo que, tendo em conta a classificação de Benner (2005), considero enquadrar-me numa “fase inicial” do nível de principiante avançado.

O princípio universal de que aprendemos ao longo de toda a vida foi substituído por uma formação profissional ao longo da vida (Canário, 2003). Bernardes (2008) refere que a formação capacita progressivamente para a realização de tarefas de maior complexidade e deve ser uma fonte de satisfação profissional e de melhoria das condições pessoais, ao mesmo tempo que cobre as necessidades dos postos de trabalho. (Bernardes, 2008)

A formação é fundamental para a aquisição de saberes e competências e para melhorar a prática profissional. A necessidade de formação resulta, inicialmente, das dificuldades, problemas e necessidades sentidas no quotidiano profissional.

A aquisição de competências é um processo contínuo em constante desenvolvimento. Posto isto, creio que a realização deste estágio contribuiu para a aquisição e desenvolvimento de competências de EEECSP (OE, 2009).

De acordo com o n.º 1 do anexo I do Regulamento nº 428/2018, de 16 de julho, publicado em Diário da República (DR), 2ª Serie, n.º 135, a primeira competência para o EEECSP é: “Estabelece, com base na metodologia do Planeamento em Saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19355). A obtenção desta competência tem por base a aquisição de cinco unidades de competência (OE, 2018).

Remetendo para a prática, o projeto iniciou-se com a elaboração de um diagnóstico de situação. Como já foi referido o diagnóstico de situação é a primeira etapa do planeamento em saúde, constituindo-se c o m o um instrumento que o EEECSP usa para promover a saúde da comunidade.

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população-alvo. Deste modo, com a formulação do diagnóstico de situação, foi obtida a unidade de competência: “1.1. Procede à elaboração do diagnóstico de saúde de uma comunidade” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19355)

O presente relatório teve por base o Modelo de Sistema de Neuman, sendo uma abordagem de sistema aberto no qual existem diversos “stressores” que poderão atingir as linhas de defesa e de resistência e, desse modo, afetar o equilíbrio do sistema cliente. Assim, após o diagnóstico de situação, de forma a dar prioridades às necessidades da população em estudo, foi necessário recorrer a critérios de hierarquização de Stanhope e Lancaster (2011) onde foi estipulado como diagnóstico prioritário. Deste modo foi alcançada a unidade de competência: ”1.2. Estabelece as prioridades em saúde de uma comunidade” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19355). Posteriormente foram definidos os objetivos e estratégias com o propósito de melhorar o estado de saúde da comunidade.

Assim, foi conseguida a unidade de competência: “1.3. Formula objetivos e estratégias face à priorização em saúde estabelecidas” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19355).

Seguidamente estabeleceu-se um projeto de intervenção de saúde comunitária alcançando assim a unidade de competência: “1.4 Estabelece programas e projetos de intervenção com vista à resolução dos problemas identificados” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19355).

No fim da execução das intervenções foi realizada a sua avaliação através dos indicadores de avaliação de processo e resultado. As estratégias utilizadas foram igualmente avaliadas através de questionários de avaliação. Posto isto, foi alcançada a unidade de competência: “1.5. Avalia programas e projetos de intervenção com vista à resolução de problemas identificados” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19355).

Segundo o n.º 2 do anexo I, do Regulamento nº 428/2018, de 16 de julho, publicado em DR, 2ª Serie, n.º 135, a segunda competência do EEECSO é: “Contribui para o processo de capacitação de grupos e comunidades” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19356). A obtenção desta competência tem por base três unidades de competência: “2.1. Lidera processos comunitários com vista à capacitação de grupos e comunidades de consecução de projeto de saúde e ao exercício da cidadania; 2.2. Integra, nos processos de mobilização e participação comunitária, conhecimentos de diferentes disciplinas: enfermagem, educação, comunicação e ciências humanas e sociais; 2.3. Procede à gestão da informação em saúde aos grupos e comunidade” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19356). Considero que as mesmas foram alcançadas uma vez que liderei um processo comunitário com vista à capacitação de um grupo, mobilizei parceiros e implementei um projeto.

Conforme n.º 3 do anexo I, do Regulamento nº 428/2018, de 16 de julho, publicado em DR, 2ª Serie, n.º 135, a segunda competência do EEECSP é: “Integra a coordenação dos Programas de Saúde de âmbito comunitário e na consecução dos objetivos do Plano Nacional de Saúde” (DR, 2ª

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Serie, n.º 135: 19356). A obtenção desta competência tem por base uma unidade de competência: “3.1. Participa na coordenação, promoção, implementação e monitorização das atividades constantes dos Programas de Saúde conducentes aos objetivos do Plano Nacional de Saúde” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19356). Também esta competência foi alcançada uma vez que o meu projeto de intervenção comunitária se integra em programas nacionais e mobiliza outros programas na sua execução, especificamente o Programa Nacional de Prevenção e Controlo da DPOC, Programa Nacional para as Doenças Respiratórias, Programa Nacional para a Obesidade e Programa Nacional de Vacinação.

O n.º 4 do anexo I, do Regulamento nº 428/2018, de 16 de julho, publicado em DR, 2ª Serie, n.º 135, define que a quarta competência para o EEECSP é: “Realiza e coopera na epidemiológica de âmbito geodemográfico” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19357) sendo que a aquisição desta competência tem por base uma unidade de competência: “4.1.Procede à vigilância epidemiológica dos fenómenos de saúde-doença que ocorrem numa determinada área geodemográfica” (DR, 2ª Serie, n.º 135: 19357). Esta competência também foi alcançada uma vez que, foi determinada uma população alvo, que pertence a uma área geográfica, no distrito de Santarém. Depois de definida a população alvo, e com intuito da recolha de dados epidemiológica, foram aplicados instrumentos de recolha de dados e monitorizados fenómenos de saúde-doença.

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7 - CONCLUSÃO

No terminus deste relatório é importante mencionar que a promoção da saúde é contributo do enfermeiro e este é, entre os profissionais de saúde, a classe em posição privilegiada para intervir na melhoria da qualidade de vida das pessoas e das comunidades. (Conselho internacional de Enfermeiros (2012). O EEECSP tem um papel ainda mais demarcado nesta, uma vez que faz parte das suas competências colaborar no desenvolvimento de programas ou projetos com vista à capacitação e “empowerment” das comunidades.

As organizações de saúde e as organizações sociais devem visualizar de forma astuciosa as necessidades, problemas e alterações que advêm das patologias do foro respiratório, concretamente, a Asma e DPOC. As alterações resultantes destas trazem consequências ao nível físico, psíquico e social, implicam a médio e longo prazo o decréscimo da qualidade de vida.

O estágio permitiu a elaboração e implementação de um procedimento de enfermagem e consequente homogeneização de procedimentos, deu ainda lugar à capacitação da equipa de enfermagem através da sessão de partilha. Almejou-se o acompanhamento dos utentes com Asma ou DPOC, a continuidade dos cuidados e a referenciação dos mesmos.

O enfermeiro trabalha com, e para, a comunidade e através deste, da sua intervenção, ocorre a mediação ou seja, a passagem à prática da evidência científica para a vivência da pessoa.

A intervenção comunitária teve como base a formação dos enfermeiros, de forma a aumentar os seus conhecimentos e acrescer valor à sua atuação/intervenção na pessoa com Asma e DPOC em contexto comunitário.

Compete aos EEECSP investir no Empowerment comunitário focando os seus esforços nas capacidades e potencialidades do sistema, diminuindo custos em saúde.

A capacidade de integrar a comunidade na resolução dos seus problemas é uma competência do EEECSP.

Num balanço dos objetivos, é de destacar que, a análise de situações de saúde/doença no contexto da Enfermagem Comunitária, foi efetuada pelo Planeamento em Saúde, o que permitiu desenvolver a intervenção comunitária de forma coerente e rigorosa.

A avaliação dos resultados obtidos proporcionou a crítica reflexiva da intervenção de enfermagem. De referir que apesar de terem sido atingidas as metas no que concerne aos

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indicadores de processo, ficou a convicção que seria produtivo um maior número de horas de formação/partilha, para uma consolidação maior de conhecimentos.

De referir que existe pouca disponibilidade das organizações de saúde para a formação dos seus profissionais, em parte devido ao reduzido número dos mesmos e a não possibilidade de dispensa dos seus serviços para tal. Não é dada relevância ao valor que a formação dos mesmos corresponde a uma melhoria efetiva da qualidade dos cuidados.

Conclui-se que, a não ocorrer a aplicação do procedimento da consulta de enfermagem, não ocorrerá impacto na população alvo final, por forma a capacitar a mesma.

A elaboração deste documento possibilitou a reflexão sobre o percurso realizado, a prática desenvolvida e o planeamento em saúde, o que permitiu a aquisição e o desenvolvimento de competências ao nível de uma enfermagem avançada.

As atividades realizadas em contexto, além de permitirem a aprendizagem, aquisição e desenvolvimento de competências específicas nos vários domínios previstos RCEEECSP, foram na sua globalidade, uma experiência gratificante e enriquecedora a nível pessoal e profissional.

Ao longo de todo este percurso julgou-se indispensável que, aliada a todo um processo de investigação e reflexão para um correto planeamento em saúde, existisse uma visão empreendedora na comunidade e para a comunidade.

Todo este trajeto assentou numa resiliência necessária pelos obstáculos apresentados e as vicissitudes que foram surgindo, sendo exemplo disso o constrangimento do horário laboral que implicou uma dificuldade acrescida de conciliação das horas de estágio e à restrição das atividades desenvolvidas no âmbito da UCC.

Realça-se a importância da intervenção comunitária direcionada aos enfermeiros, seja por parte da UCC ou de outras Unidades de Saúde. Essa intervenção tem sido descurada, essencialmente na área da qualidade, especificamente nos novos indicadores contratualizados.

Este facto consolidou um dos meus objetivos pessoais de desenvolver, no âmbito da enfermagem comunitária, no meu contexto laboral, uma intervenção direcionada aos enfermeiros, que possa ser replicada ou continuada, e que contribua para uma mudança positiva nas suas intervenções, e consequentemente, na capacitação dos cidadãos da comunidade onde prestam cuidados, para que estes se tornem pessoas capacitadas nas suas escolhas de saúde, que participem ativamente para que se tornem pessoas capacitadas nas suas escolhas, particularmente em saúde e que cooperem ativamente na manutenção desta com escolhas saudáveis.

Finalizando, é de relevar a elevação do crescimento pessoal e a constatação, de:

Instituto Politécnico de Santarém – Escola Superior de Saúde de Santarém

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