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Para que os objetivos pudessem ser concretizados, foi necessário investigar, realizar contatos com profissionais dos CSP e proceder a revisão da literatura, através da qual resultou todo o suporte teórico para a realização do atual processo e consequente Relatório.

4.1. OBJETIVOS DA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL

Na nossa prática profissional fomos detetando que vários são os casais que vivenciam o puerpério com grande ansiedade. Atualmente, a alta precoce no puerpério é uma tendência que afeta cada vez maior número de utentes das maternidades, tendo consequência também na organização e prestação de cuidados pelas enfermeiras. Quando vão para casa, os casais transportam consigo dúvidas e muitas vezes não têm os apoios familiares necessários para a resolução dos problemas. Além de ensinos, durante o internamento na maternidade incute-se no casal sentimentos de confiança e segurança, para que o puerpério decorra sem qualquer constrangimento. Qualquer intercorrência que seja detetada ainda durante o período de internamento é comunicada aos colegas de cuidados de CSP através da Carta de Alta.

A actual Carta de Alta, onde são transmitidos quais os ensinos realizados, não evidencia, na maior parte das vezes, se o casal apreendeu as competências necessárias para que este seja um período de harmonia e segurança para a nova família. Verifica-se que a Carta de Alta, quando entregue ao enfermeiro de CSP, ocorre tardiamente, aquando da consulta do RN realizada no 1º mês de vida. Ou seja, o tempo ótimo de resolução de alguns problemas já foi ultrapassado. Não raras vezes, a Carta de Alta é perdida, não chegando a cumprir a sua função.

Os CSP, tal como refere Graça (2010a), têm como pressupostos a proximidade, a continuidade, a sustentabilidade, a acessibilidade, a eficiência, a participação e a equidade, visando a promoção da saúde, ajudando os indivíduos e famílias a melhorar, manter ou recuperar a saúde, para conseguir a melhor qualidade de vida possível. Desta forma, torna-se fundamental a existência de uma forte comunicação e articulação entre estes e a maternidade. Partindo desta premissa e de que é uma das competências do EESMO, cuidar da mulher inserida na família e comunidade durante o período pós-natal, no sentido de potenciar a saúde

37 da puérpera e do recém-nascido, apoiando o processo de transição e adaptação à parentalidade (Portugal, 2011a) delineamos como objetivo geral para este trabalho:

 Melhorar a articulação da rede dos cuidados centrados na família em fase

procriativa na área de abrangência da sub-região de saúde do Baixo Alentejo.

4.2. OBJETIVOS A ATINGIR COM A POPULAÇÃO-ALVO

No âmago do atual projeto está a qualidade dos cuidados oferecidos e auferidos pela população, já que 1) na vertente dos enfermeiros são os profissionais mais próximos que interagem com as utentes que são o centro de atenção e objeto de interesse, 2) na vertente das clientes, a razão de existência das instituições de saúde.

Tentar perceber o que falha na comunicação, quais os motivos principais da quebra deste elo de ligação entre CD e CSP no momento alta, levou-nos a explorar todo o percurso que os casais percorrem após a alta da maternidade. Perante uma sociedade cada vez mais competitiva, que nos encaminha para uma maternidade tardia, torna-se importante perceber quais seriam as expetativas da mulher no momento da alta,identificar as expetativas de apoio das mães à data da alta hospitalar e identificar a perceção de apoio das mães no período pós- parto.

- Objetivo específico: “Capacitar os enfermeiros do Serviço Obstetrícia da

ULSBA para a facilitação de competências das figuras parentais”

As puérperas são informadas nas ações de educação para a saúde, mas a informação é muita e ocorre num período frágil, facto que pode resultar em descontentamento quando necessitam de aplicar os conhecimentos. Por outro lado, os apoios posteriores podem ser tardios, dado que a revisão puerperal só vai realizar-se nas seis semanas após o parto. Se os enfermeiros do Serviço de Obstetrícia se encontrarem mais preparados, mais atentos, mais capacitados para preparar o regresso a casa das utentes, melhor será o desempenho dessas mulheres nos desafios que a maternidade coloca. Sublinhando o papel dos EESMO, já especialistas na matéria, o desenvolvimento da sua capacitação através de formação em serviço, é um movimento contínuo desejável na medida da necessária atualização em contexto real de cuidados. Desta maneira, podem também enriquecer o desempenho de cada puerpera nesta nova etapa da sua vida.

38 - Objetivo específico: “Fomentar a continuidade de cuidados centrados na

mulher que vive o ciclo gravídico-puerperal”

Os internamentos na maternidade da ULSBA têm muitas vezes uma duração inferior a 3 dias; se o parto foi antes das 23h30, muitas vezes o internamento não passa das 51h de internamento (das 72h previstas). No papel de mães, as puérperas procuram esclarecer as suas dúvidas junto de amigos, quando seria preferível que o realizassem junto dos profissionais de saúde. Ir ao encontro das necessidades destas novas famílias, respondendo eficazmente às necessidades de saúde das mulheres pós-parto requer objetivos nacionais relevantes de saúde, sistemas de vigilância e programas de atendimento adaptados a cada comunidade (Cheng et al, 2006). A continuidade dos cuidados revela-se assim como um prolongamento desejável da interação entre os dois níveis de cuidados (i.e. CSP e CSD).

- Objetivo específico: “Estabelecer protocolos de atuação entre os Cuidados

Diferenciados e Primários”

Os protocolos facilitam as interações entre as unidades de saúde. Estabelecê-los é tentar garantir um rumo e ritmo uniformes, através de definições que prescrevem as atuações dos profissionais. A existência de protocolos, por outro lado responsabiliza individual e coletivamente os profissionais e as organizações. Criar normas, orientações, metas para execução, facilita ainda a possível e futura avaliação dos cuidados, e consequentemente a sua manutenção ou reformulação. Hoje em dia a preocupação com a qualidade dos cuidados é reiteradamente uma exigência das instituições.

- Objetivo específico: “Criar uma rede de apoio entre os Cuidados

Diferenciados e Primários”

Na ULSBA há um potencial de recursos que permitem a ligação entre os CSD e os CSP. De facto o(a) utente, é beneficiário de um sistema, não de instituições isoladas que funcionam em sentidos diferentes ou não complementares. As redes de cuidados são desejáveis, facilitam a mobilidade do cliente e tal justifica-se precisamente no caso da família em transição, pois os cuidados da mesma mulher na gravidez, parto e puerpério possuem exigências diferentes. Por outro lado, avivar essa comunicação interinstitucional, utilizá-la para o bem das clientes é desejável na medida da natureza e missão das próprias instituições.

39 Atualmente a definição dos próprios cuidados de saúde, em Agrupamentos de Centros de Saúde, justifica e está subjacente nas ligações em rede.

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