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4 DESENVOLVIMENTO DOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 4.1 Pesquisa documental

4.4 Análise dos Resultados

O que se denota de imediato é a persistência de duas funções: a mediação e a função social e aderente a esta última estão, principalmente, a função educativa e de transferência do conhecimento; outro ponto que sobressai é o manejo da informação para uso público, e, aqui, se ressalta a missão da biblioteca pública e da biblioteca escolar, e a informação para uso estratégico, voltada para as questões políticas e econômicas, de interesse dos países e das instituições que visam lucro e, deste modo, concorrem no mercado interno ou também no internacional.

A função de preservação do conhecimento, apesar de milenar, permanece; também o fluxo de controle da informação permanece inalterado, ou seja, o registro, o processamento, o armazenamento e disseminação da informação são ainda indispensáveis, mas os procedimentos mudaram radicalmente; a informática, as soluções convergentes de tecnologia da informação e as redes – intranet e internet – imprimiram um novo padrão a estes processos; e estas tecnologias são a cada dia mais refinadas e mudam muito rapidamente, é o que se pode perceber na leitura dos textos; por exemplo, os estudos bibliométricos – passaram a ser chamados de infométricos e, depois, cientométricos - antes realizados, manualmente por métodos estatísticos, são hoje operados pela máquina, usando softwares sofisticados de data mining e cobrindo uma abrangência ilimitada de tempo e lugar.

E os sistemas informatizados continuam servindo a funções tão convencionais como, por exemplo, a seleção de publicações e sua catalogação, como podem, também, ser aplicados para a pesquisa científica, a simulação da realidade, a espionagem industrial etc. As bases de dados utilizam-se de eficientes instrumentos de busca e permitem que a pesquisa bibliográfica seja refinada ao gosto do cliente. Os metadados permitem registro eficiente dos dados em meios digitais; e a digitalização está engolindo acervos inteiros.

Outro ponto observado é o fato de o bibliotecário ainda se considerar integrante de um seleto grupo de profissionais da informação, constituído só dele, de arquivistas e museólogos, em que cada um, supostamente, tem função bem delimitada; desde os trinta últimos anos do século passado, a cena vem mudando e o mundo instalou a competitividade, como padrão a ser perseguido; e as TICs propiciaram um ferramental de alto poder no controle de informações; a informação ganhou caráter estratégico, para os negócios, para a ciência e para a segurança dos países; a informação ganhou tanta aplicação e utilidade que não há como um só profissional preencher este campo. Almado Ascêncio (1997) enunciou este axioma muito bem:

Nenhum profissional da atualidade tem condições de reunir todas as habilidades, conhecimentos e competências necessárias para interagir e equacionar os problemas decorrentes dos fluxos de informação e conhecimento. Para resolvê-lo é necessária a formação de equipes interdisciplinares em todos os níveis e processos: estratégicos, gerencias e operatórios (Almado Ascêncio, 1997, apud ARRUDA, 2000, s.p.) A questão é, então, de ordem: – os bibliotecários têm de estabelecer os limites de seu campo de atuação, para, assim, definir seu perfil profissional e traçar sua formação. Este espaço está sendo definido pela disputa entre profissões e no mercado estabelece-se quem tem competência para realizar os serviços úteis à sociedade, mas em uma sociedade competitiva como a atual, há que se atender a alguns ditames da economia, pelo menos para garantir sobrevivência.

O bibliotecário brasileiro deve, portanto, continuar cumprindo a missão social da biblioteca, por meio da biblioteca pública e escolar, ou mesmo em espaços como ONGs, mas se quer atuar na biblioteca especializada, nos centros de documentação, nos serviços de informação especializados, tem de modificar seu perfil; tem de se tornar competitivo.

Suas funções essenciais de preservar o conhecimento, mediar a informação, suprir o usuário de informação, de contribuir para melhorar o nível de educação e tornar a população mais culta está preservada; ainda assim, ele precisa se atualizar, dominar as tecnologias de informação, procurar ter cultura geral ampla, noções de economia, mercado, pois o mundo hoje gira em torno deste setor do conhecimento e tanto ele quanto o seu leitor precisam estar bem informados.

É preciso, portanto, responder à questão o que é ser mediador entre a informação – aqui entendida como conhecimento – e o usuário na conjuntura atual, considerando a facilidade de acesso à informação viabilizada pelas tecnologias de informação e as ferramentas virtuais postas à disposição do usuário neste ambiente? Qual a missão social que a biblioteca deve cumprir no contexto da sociedade atual, com ênfase no espaço brasileiro e nordestino, onde as carências são maiores? Que espaço o bibliotecário quer e precisa ocupar?

Ainda assim é pertinente ver a informação com o caráter estratégico que lhe é inerente, em função da competitividade acirrada pela economia, pela globalização, pelo neoliberalismo, enfim, pelo capitalismo voraz. A informação não é estratégica; ela assume este caráter em determinadas circunstâncias.

5 AS DCNs E O ENADE

Para cumprir terceiro objetivo específico, cuja proposta é demonstrar a implicação das condições de ensino na formação do profissional, fez-se uma investigação, tipo survey, usando como fonte os resultados da prova do Enade do curso de Biblioteconomia , de 2009.

ENADE 2009 – Curso de Biblioteconomia

Presença à Prova por Grupo (Ingressantes/Concluintes) de estudantes da Área/Subárea da IES e o total Brasil

IES BRASIL

ingressantes concluintes ingressantes concluintes

Tamanho da População 68 70 1788 1464

Presente 54 65 1476 1318

Fonte: MEC/INEP/DAES-ENADE/2009

Desempenho dos Estudantes: Resultado Geral, Formação Geral e Componente Específico por ingressante e concluintes comparados com o resultado

Comentário: As duas primeiras tabelas mostram que o desempenho do alunado de

Biblioteconomia é relativamente bom, inclusive melhor que o desempenho do Brasil, no entanto, pelo menos no que tange à Bahia, pesquisa realizada em 2010, pelo grupo de pesquisa - Ciência da Informação: Cognição, Mediação e Construção do Conhecimento, apresenta resultados que contradizem este cenário , por exemplo, nesta pesquisa, 56% dos alunos de Biblioteconomia e Arquivologia afirmaram ter dificuldade em organizar dados e informações para argumentar, o que leva a inferir, que a turma consultada não chega, com facilidade, à leitura de textos científicos complexos, o que é testemunhado, cotidianamente, durante as aulas, em atividades de leitura, de apresentações orais e escritas, e, entre outros aspectos, não dominam a expressão oral e escrita da língua, exibem dificuldades na construção de argumentos, em resumir e sintetizar, em detectar e resolver situações-problema, estabelecer relações, tudo isso aliado à falta de técnicas alternativas para estudar, além de demonstrar baixa estima quanto às próprias potencialidades e habilidades. As evidências mostram a necessidade do desenvolvimento de esquemas intelectuais, necessários à abstração, e estratégias de aprendizagem que subsidiem o aluno a solucionar situações-problema. (VARELA; ANJOS; BARBOSA, 2011, s.p.)

Comparação entre as notas médias em Componente Específico dos Estudantes Ingressantes e Concluintes da Área/Subárea na IES e no Brasil

Comentário: Não há uma diferença significativa entre o resultado obtido pelos alunos

concluintes em relação aos ingressantes, o que mostra uma situação de preocupação, tendo em vista que os concluintes deveriam estar muito mais preparados no que toca aos conteúdos específicos da área.

Condições das Instalações físicas, segundo Grupo Ingressante/Concluintes – na Área/Subárea da IES

Comentário: O resultado mostra a situação de precariedade das instalações, onde funcionam

os cursos.

Comentário: Esta questão fica extremamente prejudicada na análise, tendo em vista que o

curso de Biblioteconomia da UFBA não foi reformado após a aprovação da LDB.

Avaliação do nível de exigência do curso segundo Grupo Ingressantes/Concluintes – na Àrea/Subárea da IES

Comentário: As respostas mostram o grau de expectativa do alunado ingressante, que, no

entanto, dificilmente será atendida pelos cursos, em função da precariedade da infraestrutura das organizações de ensino.