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As lixeiras, constituíam até à última década, o principal destino dos resíduos sólidos urbanos produzidos nos diversos agregados populacionais servidos por sistemas de recolha.

Figura 12 - Evolução do n.º de lixeiras activas (Fonte: INR, 2006).

Figura 13 - Evolução da cobertura de serviço com recolha e destino final (Fonte: INR, 2006).

Em 2002, Portugal encetou uma revolução no domínio dos RSU com a implementação de 29 sistemas de resíduos sólidos (14 intermunicipais e 15 multimunicipais) e

encerramento das 341 lixeiras inventariadas, cobrindo integralmente o país com adequado tratamento dos resíduos produzidos. Estes passaram a ser o destino final da maioria dos RSU’s. Cumpriu-se assim, embora com atraso o estipulado no Plano Estratégico dos RSU (PERSU).

Os sistemas de tratamento de RSU, municipais e multimunicipais, assentam em modernas estruturas de recepção, enfardamento e compactação de resíduos para posterior deposição em alvéolos dos respectivos aterros sanitários, drenando e tratando os lixiviados produzidos.

2.3.1. Produção e destino final

Resíduos sólidos são todos os materiais que não fazendo falta ao seu detentor, este se queira desfazer. Compreende resíduos resultantes da actividade humana e animal, normalmente sólidos, sem utilização ou indesejáveis pelo seu detentor, no entanto com capacidades de valorização.

No âmbito dos resíduos sólidos gerados pela sociedade nos nossos dias, cabe aos resíduos sólidos urbanos a maior e mais volumosa fatia desses desperdícios, motivo porque tem vindo a constituir um factor de crescente preocupação.

Segundo a definição adoptada pelo Diploma Resíduos, entende-se por resíduo urbano “o resíduo proveniente de habitações bem como outro resíduo que, pela sua natureza ou composição, seja semelhante ao resíduo proveniente de habitações” (alínea dd) da aliena u) do art.º 3.º). Nesta designação, encontram-se abrangidos os materiais de origem doméstica, bem como os que provêm do sector de serviços, de estabelecimentos industriais ou mesmo de unidades prestadoras de cuidados de saúde, desde que apresentem uma composição característica de resíduo doméstico. Concretamente, a produção diária de resíduos não superior a 1100 litros por produtor corresponde a uma produção de resíduo urbano, pelo que a respectiva gestão é assegurada pelos municípios (n.º 2 do art.º 5.º do diploma resíduos).

Dados estatísticos reunidos no sítio do INR/ANR, indicam que a produção de RSU em Portugal Continental excedeu, no ano de 2005, os 4,7 milhões de ton., o equivalente a uma capitação diária de 1,30 kg por habitante, por dia (cerca de 475 kg/hab. ano). (PERSU II, 2007)

A evolução verificada desde 1995 até 2005 está expressa na Fig. 15.

Figura 14 - Produção de RSU (Fonte PERSU II).

A figura seguinte mostra a produção total de resíduos em 2005 por sistema. É demarcada a heterogeneidade apresentada pelos valores de produção de RSU em Portugal Continental, para os diferentes sistemas. Os valores mais elevados correspondem às cidades de Lisboa e Porto e regiões envolventes.

Figura 15 - Produção de RSU por Sistema (Fonte PERSU II).

Importa sublinhar que, a par do progressivo aumento do número de aterros e restantes infra-estruturas de apoio à gestão de resíduos preconizada no PERSU I, destaca-se o

encerramento desde 1996 das 341 lixeiras existentes no território português e sua erradicação alcançada em 2002. De referir ainda que o aumento registado no número de aterros existentes permitiu a cobertura de 100% da população.

Quanto ao destino final atribuído aos RSU em Portugal Continental, a tendência verificada no período entre 1999 e 2005 (Fig. 14) acompanha a evolução apresentada na Fig. 13 com o total desaparecimento de lixeiras até 2002 (categoria “Outros”), em contraste com o aumento da deposição em aterros sanitários (63% nesse ano) e do aumento das restantes alternativas – recolha selectiva multimaterial, valorização energética e valorização orgânica (PERSUII).

A recolha selectiva multimaterial também teve um aumento de 5% pelo respectivo aumento de ecopontos de cerca de 10% entre 2000 e 2005, perfazendo um total de 25379 ecopontos distribuídos pelo país.

2.3.2. Sistemas de Gestão

Em Portugal, a gestão de resíduos processa-se de acordo três grupos distintos:

• Gestão de resíduos por entidades públicas ou por concessionários (RSU); • Gestão de resíduos integrados em fluxos específicos/fileiras (pneus,

embalagens, veículos em fim de vida, pilhas, entre outros);

• Gestão descentralizada (resíduos não urbanos: industriais, agrícolas e hospitalares).

No presente contexto, interessa-nos focar a atenção sobre os dois modelos de gestão integrada de RSU, sustentados pela existência de dois tipos de entidades gestoras que, de acordo com o constante no PERSU II são definidos da seguinte forma:

• Os Sistemas Municipais (SM) ou Intermunicipais (Municípios isolados ou em associação): aqueles que podem ter operação directa ou concessionada, por concurso, a entidade pública ou privada de natureza empresarial;

• Os Sistemas Multimunicipais – SMM (por atribuição e concessão): os que apresentam gestão de natureza empresarial atribuída pelo Estado a sociedades concessionárias de capitais exclusiva ou maioritariamente público, resultantes da associação de entidades do sector público, designadamente a Empresa Geral de Fomento (EGF) e as autarquias.

Os sistemas gestores de RSU existentes em Portugal Continental perfazem um total de 29, 15 SMM e 14 SM, servindo uma população que em 2006 rondava os 10 110 271 habitantes, distribuindo-se por cerca de 89 000 km2 do território nacional continental (Fig.17).

Figura 16 - Sistemas de Gestão (Fonte PERSUII).

2.3.3. Infra-estruturas e equipamentos de gestão

Em simultâneo com a erradicação das lixeiras, registou-se um aumento das infra- estruturas de gestão de resíduos, nomeadamente de aterros sanitários, estações de transferência e centrais de triagem como podemos observar na figura seguinte (PERSUII).

Em relação à cobertura de ecopontos verifica-se um aumento de equipamentos de recolha selectiva na ordem dos 100% entre 2000 e 2005, segundo os dados fornecidos no PERSUII.

Figura 18 - Cobertura de ecopontos ao longo dos anos.

Figura 19 - Cobertura de ecopontos por habitante.

A maior parte dos sistemas apresenta um grau de cobertura inferior a 500 habitantes por ecoponto.

2.4.

Importância Económica da Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos