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2 APÓS O ACORDO SOCIAL, A ESCOLHA DA DEMOCRACIA UMA ALTERNATIVA SENSATA.

2.2 Análise sucinta das formas de Governo e sua pluralidade de

conceitos.

Paulo Bonavides acentua que de algum tempo vêm as dúvidas sobre nomenclaturas de formas de Governo e formas de Estado. Desde Aristóteles, os estudiosos buscam uniformizar os conceitos de forma de Governo e formas de Estado. Os franceses puseram mais às claras tal nomenclatura. A unidade ou a pluralidade atende ao primeiro ponto de definição da forma de Estado. Anota a existência do Estado singular ou unitário e o agrupamento de Estados em um só conhecido por Estado Federal ou Confederação. Quando se quer definir forma de Governo deve-se atentar a critérios. Se o Estado possui a separação de seus poderes, se este Estado possui um ou mais titulares do poder soberano e se estes governantes têm limites em seu poder.76

Iniciando por Aristóteles, como definidor primeiro do que seja forma de Governo, conceitua Monarquia, Aristocracia e Democracia. Monarquia como sistema unitário de organização do poder político, necessitando grande respeito às leis.

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BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10 Edição. São Paulo: Malheiros, 2001. p.136. 75

Explicando o que seja PRERROGATIVA, Locke analisa que em alguns temas, a lei não é dinâmica, a contento, para dirimir pendências entre indivíduos. Na falta da lei ou em assuntos em que ela não diz respeito, as decisões devem ser dadas por aquele que comanda o Executivo. Palavras de Locke: “Este poder de agir de acordo com a discrição a favor do bem público, sem a prescrição da lei e muita vez mesmo contra ela, é o que se chama prerrogativa”. LOCKE, John. Segundo Tratado Sobre o Governo. Tradução: Anoar Aiex e E. Jacy Monteiro. 3 Edição. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 98..

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Aristocracia, o Governo de alguns dos melhores homens de um determinado Estado. Democracia, a que melhor atende os princípios da liberdade e igualdade.77

Segundo Paulo Bonavides, alguns autores hodiernos defendem a forma mista de Governo. Concebem Estados que mesclam aquelas formas de Governo plantadas por Aristóteles com um senado e câmara democráticos ou aristocráticos.78

Maquiavel elaborou uma classificação de formas de Governo. Considerava que só existia Monarquia e República. Afirmava que as democracias e as aristocracias são formas de República.79 Contudo, a mais aceita definição atualmente, é a de Montesquieu. Paulo Bonavides ensina que aquele pensador francês confirmava a definição de Maquiavel na parte relacionada à República, dizendo ser a Democracia e a Aristocracia espécies daquela.80 Acrescenta Montesquieu o Despotismo, forma tirânica do Governo de um só que não respeita as leis, a lei é o próprio déspota.81 Apesar dos contrários ainda há a preferência nesta pesquisa das formas de Governo elaboradas por Hobbes já citadas neste trabalho.

Paulo Bonavides cita um jurista tedesco, Bluntschli. Segundo Bonavides, aquele pensador elaborou uma classificação das formas de Governo, baseada em Aristóteles. Entretanto, acrescenta uma quarta forma, a Ideocracia, mais conhecida por Teocracia. O Governo tendo como base as divindades.82

Em nossos dias, convivemos diuturnamente com noticiários sobre o conflito na Palestina, território no Oriente Médio. Guerra esta, árabe-judaica, vem, infelizmente, se arrastando desde a metade do século passado. Turcos otomanos, por muito tempo, eram os proprietários daquela terra dita por religiosos santa. Após a Primeira Grande Guerra, os ingleses, vencedores, apoderaram-se do lugar. Desde então Árabes e Judeus residentes não entram em acordo sobre a divisão das terras proposta pelos ingleses. A ONU, pós guerra, em 1948 criou um Estado Judeu nas

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BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10 Edição. São Paulo: Malheiros, 2001. p. 192 e 193. 78

Id. Ibid., p. 194. 79

MACHIAVELLI, Niccolò. O Príncipe.Tradução:Antonio D´Elia. São Paulo: Cultrix , 2002. p.37. 80

BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10 Edição. São Paulo: Malheiros, 2001. p.195. 81

MONTESQUIEU, Charles Louis de Secondat, Baron de la Brède et de. Do Espírito das Leis. Tradução: Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodrigues. 3 Edição. São Paulo: Abril Cultural. 1985. p. 31.

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terras em litígio, denominado Israel. De lá para cá o que se vê é sofrimento, terror, morte e divisão étnica.

A mídia elabora teses, respostas e justificativas sobre estes confrontos. Contudo, a terra é realmente o estopim para tanta agressão. Os israelenses não cedem seu espaço, para eles, prometido por deus.83 Os árabes querem reconquistar áreas perdidas nas guerras contra os israelenses. Concluindo este exemplo histórico, pode-se pensar, no caso do Oriente Médio, Governos e guerras baseados nos mandamentos divinos. Entretanto, é notório que nações que se dizem comandadas por divindades, na verdade, não passam de nações comandadas por uma Aristocracia, uma Monarquia ou uma Tirania, que usa do artifício do medo, da sistematização constante de que deus quer algo, para levar suas vontades e demandas ao caminho que desejam. Certamente, o futuro de um povo está em um Governo laico e suas dificuldades devem ser resolvidas com muito trabalho e educação. O JIHAD Islâmico – não compreendendo esta palavra apenas a guerra, como também toda uma cultura -, tornou o povo árabe adepto da situação do tudo em nome de deus84. Assim, a Teocracia como forma de Governo, classificação criada por Bluntschli é, em uma análise fática, a mais perigosa das formas. O adjetivo perigosa aqui deve ser tomado no sentido do convívio com outras formas de Governo. A prova da existência da forma de Governo Teocracia é o fato dos Governos que a adotam criarem suas leis baseadas nas escrituras sagradas, de acordo com suas crenças religiosas. Outro testemunho sobre o perigo da Teocracia é o fato de nações que a seguem lançarem toda a razão de sua existência na vontade de seu deus, desconhecendo as leis das demais nações. Desrespeitam convenções e acordos internacionais, a única lei válida é a sua escritura sagrada.

Assim, um déspota medieval, a contrário senso, era mais fácil de ser dominado, por ser só um. Quanto às nações hodiernas comandadas pelos ditames de uma religião, tornam-se cegas. Os homens pertencentes a este grupo transformam-se em feras sem limites, deste conjunto místico-humano aparece o terror.

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READ, Piers Paul. Os Templários.Tradução:Marcos Cunha. Rio de Janeiro: Imago, 2001. p. 17. 84