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Análise de “Técnicas de Estado-Maior”

2.7 Revisão de Literatura relativa à FA

2.7.3 Análise de “Técnicas de Estado-Maior”

O RFA 300-1 (A), Técnicas de Estado-Maior, abrange o funcionamento e as responsabilidades de um Estado-Maior e tem como finalidade “definir conceitos, procedimentos e normas básicas aplicáveis ao trabalho de estado-maior na Força Aérea”. Apesar da publicação deste RFA datar de 1997 grande parte dos procedimentos descritos no mesmo são regularmente utilizados.

Em primeiro lugar salienta-se que o estado-maior tem como principal função apoiar diretamente o comandante no desempenho das suas responsabilidades, sendo estas: “aconselhar, trocar informações, elaborar estudos e planos, organizar recursos, coordenar, tomar decisões, preparar e transmitir diretivas, e controlar”. Deste modo torna-se relevante salientar a definição de dois pontos:

 Tomar decisões - “Um estado-maior bem orientado pode tomar muitas decisões sobre os assuntos para os quais tenha diretivas adequadas do comandante. O oficial que toma essas decisões deve ter sempre presente que o faz em nome do comandante e não de si próprio”.

 Preparar e transmitir diretivas – “Uma decisão do comando, tomada pelo comandante ou pelo estado-maior, deve ser difundida adequada e oportunamente. Essa difusão, para ser efetiva, pode ser feita através de diretivas, ordens de operações, ordens administrativas, manuais, regulamentos, notas e mensagens”.

Segue-se então uma breve definição de cada ferramenta de apoio à decisão:

 Envio de documento – Envio de documento a outra área do mesmo órgão, sem comentários ou instruções. Nele consta quem envia, a quem, para quê e quando.

 Nota de serviço interno (NSI) – Contrariamente ao que foi referido no ponto anterior neste caso o documento contém comentários ou instruções.

 Informação – “Documento interno do estado-maior no qual é feita a apresentação formal, concisa e precisa do estudo de um problema específico. Destina-se a fornecer ao comandante ou chefe todos os dados de

que ele necessita para tomar uma decisão sobre um problema”. Salienta-se na estrutura deste documento a capa devido a constituir em si mesma uma ferramenta de decisão, isto é, a capa “contém os elementos identificadores e o espaço reservado para os pareceres e para o despacho ou decisão final sobre o assunto”. Identifica-se também neste meio um ciclo de decisão compreendendo as seguintes etapas:

Tabela 3 - Etapas de uma Informação

 Memorando – Pode ser apresentado por escrito ou oralmente ou em ambas as formas e pode ter as seguintes finalidades:

o Informar um escalão superior da situação atual de um problema;

o Fornecer a um superior que vai participar numa conferência ou reunião as informações de que necessita;

o Preparar a receção de uma personalidade na sua unidade ou comando o Preparar uma visita.

O memorando deve obedecer a algumas características: “ser tão curto quanto possível, ser preciso, fazer realçar os pontos importantes, ser imparcial, apresentar críticas, sugerir soluções alternativas ou propor a forma de aproximação a um problema, quando necessário ou adequado”. O memorando apresenta o mesmo modelo de capa da informação.

 Planos e ordens – “Têm por finalidade a transmissão de informações e instruções para regular a condução das operações a que dizem respeito”, refletindo o desenvolvimento de uma linha de ação para cumprir a missão,

sendo assim a “expressão da decisão e conceito comandante”. Distinguindo planos de ordens, tem-se que:

o “Um plano é, por natureza, a expressão de um processo detalhado de planeamento indispensável à preparação de ações futuras ou de execução no futuro;

o Uma ordem pode ser fruto da necessidade premente de atuar, face às circunstâncias do momento e, portanto, não refletir um profundo trabalho de planeamento em que, no entanto, deverá sempre e tanto quanto possível basear-se”.

Refere-se que os termos “diretivas”, “normas”, e “instruções” são na prática sinónimos de uma ordem.

 Relatórios – Forma corrente de controlo que se traduz num mecanismo que compara a realidade com o planeamento.

 Exame/Estudo de Situação do Comandante – Serve como base ao planeamento operacional, constituindo assim uma análise sistemática da situação, apoiando desta forma o comandante a definir a linha de ação mais apropriada na resolução de um problema que lhe é imposto na missão. Mais uma vez também aqui é possível identificar um ciclo de decisão visto que o exame/estudo de situação do comandante desenvolve-se em cinco passos:

o 1º Passo – Missão e sua Análise; o 2º Passo – Situação e seus Fatores;

o 3º Passo – Análise das Linhas/Modalidades de Ação (opostas); o 4º Passo – Comparação das nossas Linhas/Modalidades de Ação; o 5º Passo – Decisão.

 Reuniões – Sendo que os diferentes tipos de reuniões estão descritos no RFA 300-1 (A). É de salientar que tirando poucas exceções, a decisão não pertence ao grupo.

Em suma algumas das ferramentas de apoio à decisão acima abordadas implicam que o oficial de Estado-Maior proceda segundo o seguinte ciclo:

 “Definir corretamente o problema;  Pesquisar os fatores determinantes;

 Proceder a análise e discussão desses fatores;  Identificar as soluções possíveis;

 Escolher e propor a melhor solução”.

Por último, para garantir que uma decisão não fica pendente devido à inexistência de um indivíduo responsável pelo tomar de determinada ação, estipulou-se no RFA 300-1 (A) a existência de duas entidades que garantem a responsabilidade de levar uma ação ao seu devido efeito. Desta forma, o ponto 403 refere a definição de Entidade Primariamente Responsável (EPR) consistindo na entidade que garante e tem responsabilidade num determinado assunto para que o mesmo “não seja ignorado, parcialmente resolvido ou tratado descoordenadamente”. Em complementaridade, o ponto 404 define Entidades Colateralmente Responsáveis (ECR) como aqueles que nomeados pela EPR têm a função de aconselhar a EPR e auxiliar no estudo, desenvolvimento, coordenação e conclusão de uma ação.

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