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As entrevistas foram gravadas e transcritas para ficheiros Word e os textos produzidos decorrentes da transcrição das entrevistas foram sujeitos a análise de conteúdo com o recurso ao programa QSR NVivo 8.

O conceito de análise de conteúdo é considerada por Bardin (2009) como um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Para Moraes (1999) a análise de conteúdo faz parte de uma busca teórica e prática, com um significado especial no campo das investigações sociais e constitui-se num a técnica de análise de dados, e numa abordagem metodológica com caraterísticas e possibilidades próprias. É uma ferramenta, um guia prático para a ação, sempre renovada em função dos problemas cada vez mais diversificados que se apresentam ao investigador.

Para Bardin (2009) esta metodologia de pesquisa é usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão dos seus significados num nível que vai além de uma leitura comum.

109 4.1 – O DIAGNÓSTICO: CARATERÍSTICAS DEFINIDORAS

O diagnóstico de enfermagem de angústia espiritual tal como referimos no enquadramento teórico foi proposto pela North American

Nursing Diagnosis Association, desde 1980, e descreve as respostas do indivíduo relacionadas com a sua dimensão espiritual. Segundo esta associação (NANDA, 2008) “angústia espiritual” é definida como a “capacidade prejudicada de experimentar e integrar significado e objetivo à vida, transcendência e conexão consigo, com Deus/Ser Maior, com os outros e com o mundo ao seu redor”.

Importa referir novamente que as caraterísticas definidoras do próprio diagnóstico foram consideradas como os indicadores válidos para a apreciação, a fim de se encontrar o referido diagnóstico na prática dos enfermeiros entrevistados.

A partir do corpus de análise construído na sequência das entrevistas gravadas, foi utilizado o programa QSR NVivo 8 para tratamento dos dados.

A partir da análise realizada foram encontradas as categorias que se apresentam nos quadros 4 e 5 e que correspondem às caraterísticas definidoras do diagnóstico de enfermagem de angústia espiritual segundo a NANDA, como já foi referido. As “referências” indicam a frequência com que as categorias aparecem referidas nas entrevistas consideradas as “fontes”.

110 Quadro 4 – Organização de dados para o diagnóstico

Tema 1 Categorias Fonte Referencias

Como reconhecer que os doentes apresentam angústia espiritual.

Apresenta preocupação em relação

ao sistema de crenças e/ou Deus 2 2

Expressa raiva de Deus 6 7

Expressa falta de

significado/propósito na vida 14 30

É incapaz de experimentar a

transcendência 0 0

Expressa alienação ou isolamento 7 12

Questiona o sofrimento 8 10

Expressa falta de serenidade 1 1

Expressa desespero 8 11

Expressa necessidade de

assistência espiritual 4 5

Expressa falta de esperança 5 5

Expressa falta de amor 0 0

Sente-se abandonado 1 1

Expressa sentimentos de culpa 1 1

Recusa interagir com pessoas

significativas 0 0

Expressa alteração do

comportamento: tristeza e Choro 3 3

Expressa falta de coragem 0 0

É incapaz de expressar criatividade 0 0

Expressa sentimento de pesar 0 0

Expressa alteração do

comportamento: raiva 0 0

Não se interessa pela

natureza/ambiente 0 0

Expressa revolta 8 10

Fonte: Tratamento dos dados - QSR NVivo 8

Podemos verificar que existiam vinte e um indicadores em análise, sete indicadores não foram referidos pelos enfermeiros e surgiram treze caraterísticas definidoras do diagnóstico de angústia espiritual identificadas pelos enfermeiros a partir da sua prática profissional. De referir que as caraterísticas definidoras tiveram pesos muito variados que foram relacionadas com o número enfermeiros que as enunciaram e a frequência com que foram referidas.

111 Apresentam-se também os dados agora ordenados para melhor perceção da evidência encontrada.

Quadro 5 - Ordenação de dados para o diagnóstico

Tema 1 Fonte Referências

Expressa falta de significado/propósito na vida 14 30

Expressa alienação ou isolamento 7 12

Expressa desespero 8 11

Expressa revolta 8 10

Questiona o sofrimento 8 10

Expressa raiva de Deus 6 7

Expressa falta de esperança 5 5

Expressa necessidade de assistência espiritual 4 5 Expressa alteração do comportamento: tristeza e Choro 3 3 Apresenta preocupação em relação ao sistema de crenças e/ou Deus 2 2

Expressa falta de serenidade 1 1

Expressa sentimentos de culpa 1 1

Sente-se abandonado 1 1

É incapaz de experimentar a transcendência 0 0

Expressa falta de amor 0 0

Recusa interagir com pessoas significativas 0 0

Expressa falta de coragem 0 0

É incapaz de expressar criatividade 0 0

Expressa sentimento de pesar 0 0

Expressa alteração do comportamento: raiva 0 0 Não se interessa pela natureza/ambiente 0 0

Fonte: Tratamento dos dados - QSR NVivo 8

4.2 – AS INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM: CATEGORIZAÇÃO

A partir da análise realizada foram encontradas as intervenções que apresentamos no quadro nº 6. Para o tratamento de dados das entrevistas da 2ª fase a categorização foi realizada à posteriori e foram consideradas as categorias que a seguir se apresentam, onde as

112 “referências” indicam novamente a frequência com que as categorias aparecem referidas nas entrevistas consideradas as “fontes”.

Quadro 6 – Organização de dados para as intervenções de enfermagem

Tema 2 Categorias Fonte Referencias

Intervenções de enfermagem

Oferecer ajuda 2 4

Alimentar a esperança 2 2

Solicitar apoio da equipa de cuidados paliativos

1 1

Mostrar disponibilidade 2 4

Encaminhar para o capelão/ministro de culto

2 3

Escutar/Falar com o doente relativamente à sua situação de doença

10 28

Fornecer informações para saber lidar com a sua situação de doença

1 1

Incluir a família nos cuidados 4 9 Não alimentar falsas esperanças 1 1 Apoiar a reconciliação com a família 1 1 Perceber a situação concreta do doente 1 1

Solicitar apoio do médico 1 1

Solicitar apoio dos voluntários 1 1 Fonte: Tratamento dos dados - QSR NVivo 8

Apresentam-se também no quadro nº 7, os dados agora ordenados para melhor perceção da evidência encontrada.

Quadro 7 – Ordenação de dados para as intervenções de enfermagem

Tema 2 Fonte Referências

Escutar/Falar com o doente relativamente à sua situação de doença 10 28

Incluir a família nos cuidados 4 9

Oferecer ajuda 2 4

Mostrar disponibilidade 2 4

Encaminhar para o capelão/ministro de culto 2 3

Promover a esperança 2 2

Solicitar apoio da equipa de cuidados paliativos 1 1 Fornecer informações para saber lidar com a sua situação de doença 1 1

Não alimentar falsas esperanças 1 1

Apoiar a reconciliação com a família 1 1

Perceber a situação concreta do doente 1 1

Solicitar apoio do médico 1 1

Solicitar apoio dos voluntários 1 1

113 Verifica-se que as intervenções mais valorizadas foram “escutar ou falar com o doente relativamente à sua situação de doença “e “incluir a família nos cuidados”. As restantes intervenções tiveram pesos relativamente baixos mas que consideramos significativas porque fazem sentido quando integradas nos discursos dos enfermeiros, cujos excertos apresentamos na discussão dos dados.

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