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4 ANÁLISES DOS RESULTADOS

4.1 Aplicação do PBL no processo de ensino-aprendizagem na disciplina perícia

4.1.2 Análise das Tutorias (sala de aula)

A aplicação do PBL ocorreu em uma unidade no segundo semestre de 2016 e no primeiro semestre de 2017, abrangendo duas turmas do curso diurno de graduação em Ciências Contábeis. A carga horária total da disciplina é de 60 horas/aula divididas em 03 unidades de 20 horas/aula cada uma. As turmas tiveram, nas duas primeiras unidades, aulas com a metodologia tradicional e a intervenção do PBL ocorreu na última unidade correspondendo a 20 horas/aulas.

A descrição da aplicação do PBL foi realizada em 11 aulas, o Quadro 17 apresenta a estruturação do método em sala de aula, sendo a primeira aula para explanação do método, as demais foram as tutorias e, por fim, a apresentação do trabalho final dos alunos.

O Quadro 17 a seguir, transcreve o protocolo que foi elaborado através da observação participante (Apêndice A).

Quadro 17 - Estruturação das aulas da disciplina perícia contábil

TUTORIA CONTEÚDO ATIVIDADE

1 Explanação sobre a metodologia PBL Avaliação do conteúdo, questionário do inventário de Kolb

2 Entrega do Processo e Leitura (técnica de conhecimento)

Leitura e entendimento do processo judicial

3 Orientação sobre Ritos Processuais Orientação da literatura específica

4 Elaboração do Planejamento de Trabalho e Proposta de honorários

Orientação da literatura específica

5 Elaboração do Planejamento de Trabalho e Proposta de Honorários

Entrega do Planejamento e Proposta dos Honorários

6 Elaboração do Referencial Teórico e Termo de Diligência

Orientação da literatura específica

7 Elaboração do Referencial e Termo de Diligência

Entrega do Referencial e Termos de Diligência

8 Elaboração das respostas dos Quesitos Orientação da literatura específica

9 Elaboração das respostas dos Quesitos Entrega final das respostas aos quesitos do processo

10 Elaboração de Laudo Pericial Orientação da literatura específica

11 Resposta ao questionário sobre Apuração de Haveres.

Entrega final do Laudo Pericial

Aplicação da avaliação dos conteúdos (mesma aplicada no primeiro dia de aula)

Fonte: Dados da pesquisa, 2017.

A tutoria 1 traz a apresentação do método PBL na unidade 3. A professora orientou como aconteceriam as tutorias e os conteúdos que envolveriam aquela unidade. Em seguida, foi aplicada uma avaliação do conteúdo que seria desenvolvido contendo 07 (sete) questões objetivas.

Ainda no primeiro dia de aula foi aplicado um questionário do inventário de Kolb para definir a predominância do estilo de aprendizagem dos alunos da turma.

Na tutoria 2 foi disponibilizado o processo judicial eletrônico para que os alunos iniciassem a leitura para entendimento sobre o que se debatia nos autos; na sequência, foram apresentados os ritos processuais e a literatura pertinente, solicitando que fosse elaborado o planejamento do trabalho, ou seja, uma proposta de honorários conforme determinam as Normas NBC-TP-01 e NBC-PP-01 do CFC (tutorias 3, 4 e 5).

Em seguida, foi solicitado dos alunos a elaboração do referencial teórico e termo de diligência (tutorias 6 e 7), elaboração das respostas aos quesitos (tutorias 8 e 9) e, por fim, a elaboração do laudo pericial contábil de acordo com a literatura pertinente ao assunto e aplicação da avaliação dos conteúdos, a mesma avaliação aplicada no primeiro encontro pedagógico (tutorias 10 e 11).

As tutorias ocorreram conforme orientação da metodologia PBL, ou seja, sem aula expositiva. Os alunos buscaram os conteúdos sozinhos, sem que houvesse interferência do professor, que apenas indicou a literatura a ser pesquisada e os orientou a construir o seu próprio conhecimento.

Os professores das duas turmas que participaram da intervenção do método revelaram aos alunos que, naquela unidade, a estratégia de ensino que seria utilizada para atingir os objetivos da disciplina seria o método PBL, cujo foco está na aprendizagem baseada em problemas com a participação ativa dos alunos.

Os grupos foram definidos aleatoriamente pelos professores composto por cinco alunos, que deveriam participar ativamente em um trabalho coletivo, além de contribuir para as discussões, buscando alternativas de recursos necessários, pesquisas, além de propor soluções para o problema apresentado no âmbito de um processo judicial real. Além disso, os alunos deveriam assumir, alternadamente, os papéis e responsabilidades de escolher, entre eles, o líder para administrar o funcionamento do grupo, gerenciando as atividades; o redator para tomar notas dos tópicos discutidos em grupo, fazer a redação dos relatórios; o porta-voz responsável por fazer colocações nos momentos de discussão em sala de aula e apresentar o resultado do trabalho; os demais componentes ficaram de contribuir em todas as fases do processo.

Na observação participante, foi possível perceber o entrosamento e o comprometimento de alguns componentes de cada grupo e, em alguns casos, o grupo completo envolvido e motivado com a intervenção do método. Contudo, percebeu-se que havia alguns alunos dispersos com muitas dúvidas e pouco estimulados para participar da intervenção pedagógica, a qual definiram como “método muito trabalhoso”.

Esse achado vai de encontro aos resultados do estudo de Martins e Frezatti (2015), para os quais o método PBL proporcionou a integração entre os acadêmicos e as empresas a partir da resolução de problemas práticos e reais.

No que se refere às habilidades, o estudo considerou, na intervenção pedagógica, um conjunto de normas, técnicas, métodos, estratégias e procedimentos imprescindíveis para a realização do trabalho com o objetivo de relacionar a vida acadêmica dos alunos com a atuação profissional de perito contador. Com isso, foi possível desenvolver a competência técnica contábil e as habilidades de solução de problemas, comunicação oral, escrita, trabalho em equipe e liderança.

Nesse sentido, Fletry e Fleury (2004) defendem que a competência é o saber agir responsável, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades que têm a função de agregar, ao indivíduo, a capacidade de exercer seu papel na sociedade.

Em relação às atitudes, o objetivo foi proporcionar, ao aluno, o desenvolvimento de um conjunto de valores, normas e comportamentos que possam instigar os alunos a adotarem comportamentos que possibilitem ações de coletividade de acordo com princípios éticos e de

responsabilidade social. O estudo de Frezatti et al (2014) procurou entender o equilíbrio e o desequilíbrio do CHA (Conhecimento, Habilidades e Atitudes), de modo que os resultados demonstraram que o método PBL proporciona, aos alunos, uma aprendizagem planejada.

No que se refere à competência profissional, as atitudes desenvolvidas durante a disciplina abrangeram uma postura de análise crítica e o conhecimento científico do conteúdo que foi exposto de forma que o próprio aluno buscou construir o seu conhecimento. Para Cyrino e Toralles-Pereira (2004), o método PBL induz o aluno a promover seu próprio conhecimento, não se resumindo na resolução de problemas reais, mas numa pedagogia baseada no construtivismo (TAM, 2007).