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As análises da discussão dos 6 torcedores de futebol nos permitiu identificar tópicos discursivos como “medo”, “insegurança”, “morte” e macro-tópico “violência no futebol” que, por sua vez, apareceram recorrentemente nas análises. Estas também nos permitiram investigar e descrever redes de integração conceitual, que emergiam no plano cognitivo- conceitual dos interlocutores no fluxo discursivo. No excerto (I) logo abaixo, descrevemos veículos metafóricos e metonímicos que conectados aos tópicos discursivos contribuem para a descrição sistemática da conceitualização ad hoc que emerge no fluxo da interação discursiva, ou seja, a metáfora sistemática. Vejamos:

Excerto I

3.Moderador Quando vocês ouvem a expressão violência no futebol, qual a primeira coisa que vem na cabeça?

4.Fábio Medo. 5.Moderador Medo?

6.Moderador..Pode ficar a vontade, fala. 7.Marcelo <XX>

8.Moderador Pode falar!

9.Carlos Pensa em violência nos estádios, né? 10.Carlos . A gente fica até meio –

11.Carlos Tem até medo de levar nossos filhos pra –

12.Carlos . A gente quer se divertir um pouco com eles mas não pode ir, a gente não pode ir temendo à violência.

Observemos que o tópico discursivo medo surge na linha 4 do excerto acima, na fala de Fábio e, em seguida, é retomado por Carlos na linha 11, sendo conectado à metonímia “violência” (relação efeito pela causa) na linha 12: “...temendo à violência.” Carlos teme a ações praticadas por agentes da violência, ensejo que pode ter como efeito a violência. Assim a relação metonímica causa-efeito é invertida para efeito-causa, na fala de Carlos, linha 12. Consta, portanto, neste excerto, uma conexão do tópico discursivo “medo” com o veículo metonímico “violência”. No entanto, devemos lembrar que o tópico pode não aparecer no plano lingüístico-discursivo e apresentar-se de forma latente, partilhado sociocognitivamente entre os falantes, fato que, além de outros, também nos levou a usar a teoria da integração conceitual, para o plano cognitivo-conceitual, conjugando-a com a abordagem de metáforas sistemáticas, no plano lingüístico-discursivo. Mas, enfim, os caminhos pelos quais os tópicos discursivos percorreram o discurso conectando-se aos veículos metafóricos e/ou metonímicos se deram, em grande parte, no plano lingüístico-discursivo, ou seja, da forma como acabamos

de descrever anteriormente com base no excerto I. Ou seja, o tópico discursivo aparece na fala de um participante do grupo, depois pode ser retomado na fala de outro e conectado a um veículo. Podemos tomar a análise acima como exemplo disso, vejamos, portanto: o tópico discursivo medo conectado ao veículo metonímico violência aparece na fala de Fábio, linha 4, depois, na linha 5, na do Moderador, depois, na linha 11, na fala de Carlos e ainda na fala deste, o tópico discursivo medo aparece de forma latente na linha 12, o que pode ser observado pelo verbo “temendo”. É também nesse sentido que podemos observar o percurso do tópico discursivo, que ora se apresenta explicito, ora implícito, latente. Isso também reflete a necessidade de conjugar duas teorias, cada uma delas com mais especificidade a planos distintos, uma para o lingüístico-discursivo (CAMERON; MASLEN, 2010); outra, para o cognitivo-conceitual (FAUCONNIER; TURNER, 2002, 2007). O percurso percorrido pelo tópico discursivo medo e sua conexão com o veículo metonímico violência contribuíram para a emergência de um padrão que se estabilizou temporariamente no discurso. Esse padrão é justamente uma das metáforas sistemáticas que encontramos e que será detalhada no desenvolvimento das análises. Nesse sentido, antecipamos que o percurso percorrido por outros tópicos ligados a outros veículos metafóricos e/ou metonímicos também contribuíram para a emergência dessa mesma metáfora sistemática à qual aludiremos mais adiante. Os tópicos discursivos mais recorrente foram: medo, morte, insegurança e o macro-tópico violência no futebol.

Vale dizer ainda que veículos metafóricos e metonímicos surgiram, recorrentemente, formando redes e ou agrupamentos de metáforas e metonímias linguísticas semanticamente semelhantes entre si que se conectavam tanto ao tópico medo quanto, em outros trechos, aos tópicos insegurança, morte e, sobretudo, ao macro-tópico violência no futebol, dentro de uma sistematicidade sugerida pela abordagem da metáfora guiada pelo discurso (CAMERON, 2003, 2007, 2008; CAMERON; MASLEN, 2010). Vejamos agora o próximo excerto cujas análises acentuam mais a convergência das duas teorias com as quais trabalhamos:

Excerto II

20.Marcos A liberdade da gente tá na mão do – 21. Marcos povo, né? Como é que eu posso dizer? 22. Marcos .. Na mão dos vagabundos, né?

23. Marcos . Porque quem vai pro estádio fazer a confusão não é o torcedor, né? 24.Marcos É o vagabundo infiltrado no meio do torcedor.

25.Antônio A violência <XX>, passa se preocupa logo, não sabe se o filho vai e volta 26.Carlos Sabe que vai –

27.Antônio Vai mas não sabe se volta.

O tópico discursivo insegurança pode ser observado logo de início na fala de Marcos, nos trechos que vão da linha 20 à 22: “a liberdade da gente...tá na mão dos vagabundos”. Vale observar a natureza implícita desse tópico, uma vez que não aparece diretamente nas falas dos participantes. No entanto, a fala do participante Marcos demonstra por meio de veículos metafóricos (liberdade da gente) e metonímicos (ta na mão...) que ele se sente inseguro para exercer livremente seu direito de ir e vir. A palavra liberdade apresenta-se metaforicamente como um objeto de posse que, nessa situação, Marcos o declara como pertencente aos agentes da violência, concluindo a expressão por meio do veículo metonímico “na mão dos vagabundos”. No mesmo trecho, ambos os veículos metafóricos e metonímicos estão conectados ao tópico insegurança. Observemos que o tópico discursivo insegurança está implícito e percorre a interação discursiva através dos veículos metafóricos e dos metonímicos, conectando-se a estes. O tópico insegurança funcionou como atrator caótico, na abordagem cameroniana, pois consistiu em colocar ordem na aparente desordem da interação discursiva, isto é, consistiu em chamar o discurso para uma estabilização temporária. Nesse sentido, o tópico discursivo insegurança, abordado neste excerto II, e o tópico medo, visto no excerto I, contribuíram ambos para a emergência da mesma metáfora sistemática atinente à conceitualização da violência no futebol. Isso pode ser observado porque os reportados tópicos discursivos como se estivessem abrigados no macro-tópico violência no futebol. Mas, ainda em se tratando do tópico insegurança, do excerto II, vale lembrar que se trata de um tópico implícito, o que nos leva a evocar, além das análises de plano lingüístico-discursivo, uma análise de base cognitiva.

Também é válido dizer que não é apenas o fato de o tópico discursivo ser implícito que nos leva a conjugar as aportes teóricos cognitivos e discursivos, mas toda a sistematicidade teórica já apresentada exaustivamente em capítulos anteriores sobre a relação dos sistemas linguagem e cognição. Posto isso, observemos o seguinte: Cameron (2003, 2005, 2007, 2008), Cameron et al. (2009) e Cameron e Maslen (2010) não aclaram que aparato cognitivo-conceitual subjaz, por exemplo, aos veículos metafóricos. Considerando isso, vejamos como a teoria da integração conceitual, de Fauconnier e Turner (2002, 2007) pode explicar, no plano cognitivo-conceitual, o veículo metafórico “liberdade” que aparece na linha 20, na fala de Marcos. Então, vejamos:

Observando o termo “liberdade” no trecho em questão, considerando a teoria da integração conceitual, consta que há uma rede de escopo único na qual emerge a integração conceitual em que a palavra liberdade é metaforizada como objeto de posse. Na rede de escopo único, há dois frames distintos ligados cada um a um espaço de entrada distinto, ou

seja, um frame para liberdade e um para objeto de posse. As projeções interespaciais são bidirecionais entre as contrapartes liberdade e objeto de posse. No entanto, importa dizer que é apenas um dos frames que se projeta no espaço de integração, que é o do espaço de entrada do elemento liberdade. Nesse sentido, a rede de escopo único realizou um tipo de projeção metafórica. Deve-se ressaltar que não se deve confundir, aqui, a rede de escopo único com uma metáfora conceitual, como alguém poderia alegar, haja vista a bidirecionalidade das projeções entre os elementos de contraparte nos espaços de entrada. Talvez ainda fosse possível argumentar que no espaço genérico houvesse uma metáfora conceitual, no entanto, na estrutura geral da IC em questão o que ocorre, de fato, é a estruturação dinâmica de uma rede de escopo único em que elemento liberdade emerge no espaço de integração como objeto de posse. Já podemos perceber aqui que enquanto, de um lado, no plano discursivo, a abordagem de metáforas sistemáticas discorre sobre as “palavras”, ou seja, sobre as pistas que auxiliam a construção de sentido; de outro, ou seja, no plano cognitivo-conceitual, a teoria da integração foca o que subjaz às palavras. Agora, retomemos a abordagem de Cameron ainda sobre o excerto II.

Na linha 24, Marcos usa um veículo metafórico “infiltrado no meio” e dois metonímicos, “vagabundo” e “torcedor”, no momento em que fala “é o vagabundo infiltrado no meio do torcedor”. O veículo metafórico “infiltrado no meio” reflete certa proximidade espacial entre o agente da violência e o torcedor. A proximidade entre o agente da violência e o torcedor reflete, por seu turno, o risco que o torcedor corre ao exercer seu direito de ir e vir ao estádio. O veículo metafórico “infiltrado” conecta-se, portanto, ao tópico insegurança. Os veículos metonímicos, vagabundo e torcedor, representam categorias inteiras, por meio de uma relação parte-todo. Nesse sentido, os veículos metafóricos e metonímicos mencionados conectam-se ao tópico discursivo insegurança. Vejamos agora o excerto (III):

Excerto III

29.Carlos Eu sou uma pessoa que sou fanática pelo Ceará e tudo, eu vou pro estádio e eu gosto de ir no caminho do torcedor –

30.Alex <XX> O cara ainda vai com medo ainda, vai com medo – 31.Carlos Não sei o que vai acontecer –

32.Alex <XX> A pessoa vai assim, não sabe se volta, não sabe se volta. 33.Carlos Eu gosto de usar a camisa –

34. Alex Infelizmente tá assim.

35. Carlos Eu gosto de usar a camisa da torcida organizada, eu gosto 36. Carlos . Mas só que eu não me misturo com eles.

37. Antônio Dois

38. Carlos Mas se alguém me pegar vestido com aquela camisa na saída do estádio, na <XX>, sei lá.

No excerto acima, na linha 29, Carlos usa o veículo metafórico “gosto de ir no caminho do torcedor”, metaforizando o deslocamento espacial do torcedor e promovendo, logo em seguida, a retomada da discussão na qual o tópico medo se inscreve. A retomada desse tópico pode ser observada na linha 30, em que o informante Alex usa um veículo metonímico “O cara vai com medo ainda”, conectando-o ao tópico discursivo medo. Esta conexão entre veículo metonímico e tópico “medo” assinala que o deslocamento espacial do torcedor é atemorizado pela “violência no futebol”. Mais adiante, nas linhas 33 e 35, Carlos usa respectivamente o veículo metonímico “camisa” e “camisa da torcida organizada” como uma espécie de identidade com os torcedores organizados, no entanto, na linha seguinte usa um veículo metafórico para negar sua inserção no grupo: “mas não me misturo com eles.” Notemos que este veículo metafórico “misturo” apresenta semelhança semântica com o veículo “infiltrado” expresso pelo informante Marcos, no excerto (II), na linha 24: é o vagabundo infiltrado no meio do torcedor. No entanto, o veículo metafórico “misturo”, nessa ocasião, não se conecta ao mesmo tópico cujo veículo “infiltrado” se conecta. O veículo “misturo” usado por Carlos está mais possivelmente ligado a um tópico particular do próprio falante em que pretende assegurar que não é um agente da violência; enquanto que o veículo “infiltrado” usado por Marcos, como na análise do excerto II, está conectado ao tópico insegurança, pois reflete uma proximidade espacial do agente da violência em relação ao torcedor. Por outro lado, podemos observar que, mesmo com tais diferenças, há um ponto em comum entre estes veículos, ambos estão sendo utilizados para falar de proximidade, seja identitária ou espacial. Ou seja, nesses contextos, misturar e/ou infiltrar é estar próximo. Por esse prisma, é possível notar um compartilhamento semântico entre estes veículos nessa interação discursiva.

Voltando ao excerto (III), temos ainda que, na linha 38, Carlos retoma o veículo metonímico “camisa”, usado em linhas anteriores, associando-o aos tópicos medo e insegurança: “...se alguém me pegar usando aquela camisa na saída do estádio...” Logo em seguida, na linha 39, Alex, por sua vez, também faz uso desse veículo metonímico, associando-o aos tópicos medo e insegurança: “...Aí o pessoal apanha por causa que tá usando a camisa, mesmo não sendo do - ...”. Importa lembrar que o veículo “camisa” oscila no continuum que vai do seu uso mais básico ao menos básico (CAMERON; MASLEN, 2010), ou seja, grosso modo: do literal ao figurado. O veículo metonímico camisa apareceu recorrentemente refletindo a ideia de pertencimento clubísitico, bem como representando um conjunto de torcedores que usam a camisa da torcida organizada.

Nesse sentido, os veículos metafóricos e os metonímicos foram se readaptando recorrentemente no fluxo da interação discursiva, formando redes de metáforas e de metonímias semanticamente semelhantes entre si, conectadas aos tópicos discursivos medo, insegurança e, sobretudo, ao macro-tópico em debate, ou seja, à violência no futebol, os quais percorriam o discurso ora explicitamente, ora implicitamente.

Se considerássemos apenas a rede de veículos metonímicos ligada ao tópico insegurança, poderíamos propor uma metáfora sistemática que não esperávamos encontrar: CAMISA É PROTEÇÃO, uma vez que o veículo metonímico camisa foi usado recorrentemente também como um aparato de proteção ao torcedor que faz um simulacro de pertencimento a uma torcida organizada no intuito de sentir-se seguro, atenuando sua vulnerabilidade a ataques desta mesma torcida organizada na qual se insere. Nesse sentido, o tópico discursivo insegurança vinculado ao veículo metonímico camisa configuravam-se como atrator caótico, pois chamou o discurso para uma estabilização temporária, a qual emergiu como a metáfora sistemática proposta: CAMISA É PROTEÇÃO.

No plano cognitivo-conceitual, ao manipular o veículo metonímico camisa, ambos os participantes, ou seja, Carlos e Alex constroem dinamicamente a integração conceitual por rede de escopo único em que apenas um dos espaços de entrada se projeta no espaço de integração, realizando uma compressão metonímica, que podemos chamá-la também de integração por metonímia no espaço de integração, com base em Fauconnier e Turner (2007). Para esta integração conceitual, o tópico discursivo insegurança, comportou-se diferentemente do que vimos na anterior abordagem cameroniana, pois ele não se apresentou como caótico. O tópico discursivo insegurança atraia a formação da IC, mas como atrator de médio desempenho, ou seja, como atrator não-caótico, em específico, como atrator de ponto fixo. Isto significa que, para a IC, em vez de atrair uma estabilização temporária, o atrator em questão chamou o sistema (rede de escopo único) para um equilíbrio que refletiu “ideia fixa” da metonímia para a situação discursiva. Alguém poderia até tentar contra-argumentar a diferença entre equilíbrio e estabilização temporária nesse ponto. Mas discorrer sobre isso, aqui, fugiria aos nossos propósitos, uma vez que as teorias referentes aos sistemas complexos já se destinam, em certo aspecto, a dar conta dessa questão. Por outro lado, podemos dizer sumariamente que a estabilização temporária é atraída por atrator caótico, e o sistema continua a interação; enquanto que o equilíbrio do sistema é atraído por atrator não-caótico, ocasião em que a interação sistemática se encerra, e o sistema morre. Nesse contexto, não se está dizendo que a interação cognitiva “morreu”, mas sim que a rede sistemática, no caso, a de escopo único, que se formara para integração metonímica do termo “camisa” ocorreu e, em

seguida, atingiu um equilíbrio, deixando um efeito de “ideia fixa”, pela atração do tópico discursivo insegurança que lhe fora um atrator de ponto-fixo, não-caótico, portanto. Por outro lado, lembremos que este mesmo atrator apresentou-se como atrator caótico para a abordagem de Cameron. Posto isso, retomemos a abordagem desta autora:

No que diz respeito a metáforas sistemáticas, vale ressaltar também que o veículo metonímico “camisa” também se insere em uma rede maior ligada aos já mencionados e recorrentes tópicos medo, insegurança e ao macro-tópico violência no futebol, que por seu turno, para o plano discursivo-linguístico, configuram-se como atratores caóticos, uma vez que levam a discussão para uma estabilização temporária, podendo ser vista como uma conceitualização ad hoc que emerge do e no discurso como metáfora sistemática. Vejamos agora o excerto IV:

Excerto IV

130. Alex Mas, infelizmente, têm esses caras que vão se infiltrar nas torcidas que é pra poder-

131.Alex ..Sujar o nome da torcida 132.Antônio É como meu pai, meu pai – 133.Carlos <XX> Qual a torcida mais violenta.

134.Antônio Meu pai torce Ceará, meu pai deixou de ir, mas acho que ele não paga não, já é de idade, ele deixou de ir pra estádio e ele disse: <Q Rapaz, prefiro ir pra uma briga de galo do que pro estádio Q>.

135.Alex <XX>

136.Antônio Pelo menos nas brigas de galo tem torcida não, é só aposta, só quem morre é um dos dois galos, a gente só faz receber o dinheiro e no estádio é arriscado a gente morrer, morrer jogador, morrer policial, morrer todo mundo.

137.Carlos Têm dois futuros, ou vão só os vagabundos ou –

138.Carlos .Daqui pra frente, ou futuramente, ou só vai ter vagabundo no estádio e torcedor e torcedor que é torcedor não vai querer ir mais.

O contexto no qual este excerto se insere inicia-se pelas perguntas do moderador referentes aos riscos da violência no futebol e ao que poderia vir a acontecer, no futuro, em relação a essa violência. Nesse sentido, vale atentar para o fato de que a primeira expressão dos falantes diante disso foi a resposta imediata de Carlos, ao dizer: “A morte”, na linha 114, que, por sua vez, não está incluída no excerto por razões técnicas. Já na linha 130, que é a que inicia este excerto, o veículo metonímico “caras” e o metafórico “infiltrar” reaparecem, basicamente, com os mesmos sentidos já discutidos em excertos anteriores, no entanto voltados para a ideia cronológica de tempo futuro. Na linha 131, o informante Alex conclui seu raciocínio com o veículo metafórico “Sujar”. Porém não há uma relação direta entre esse último veículo e os tópicos medo e insegurança, para que possamos incluí-lo na rede de

metáforas ligadas a esses tópicos. Na linha 134, ao reproduzir a voz e o posicionamento do próprio pai em relação à violência no futebol, Antônio diz: <Q Rapaz, prefiro ir pra uma briga de galo do que pro estádio Q>; na sequência, na linha 136, recompondo a própria fala, Antônio retoma o tópico “morte” trazido por Carlos na linha 114, e o distribui, no momento em que compara o risco de ir ao estádio com o risco de ir a uma rinha de galo. Nesse sentido, Antônio inicia a distribuição com: “...a gente morrer...” e arremata com o “morrer todo o mundo”. Mas notemos que o verbo morrer aqui não está se articulando como veículo metafórico, ela apenas retomo o tópico “morte”, situação que aproxima a fala de Carlos, na linha 138, desse tópico. Assim, Carlos, referindo-se a um tempo cronológico futuro, diz que “... ou só vai ter vagabundo no estádio e torcedor, e torcedor que é torcedor não vai querer mais ir”. Notemos que na fala de Carlos, o deslocamento do torcedor, como visto nas análises anteriores, é novamente associado ao tópico medo e, agora, também ao tópico morte, uma vez que a fala antecedente à de Carlos, traz os mencionados tópicos discursivos, direta e/ou

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