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No que se refere ao Plano Nacional de educação (2011-2020), de acordo com Moll (2012), o projeto foi enviado em 15 de dezembro de 2010 ao Congresso Nacional e convertido em projeto de Lei n° 8.035/2010. Segundo Moll (2012), a proposta do novo PNE apresenta 10 diretrizes, 20 metas e estratégias para sua concretização, organizadas a partir da mesma visão sistêmica trazida em 2007 pelo PDE. No que se refere ao campo da Educação Integral em jornada diária ampliada, o PNE propõe a meta seis, que é oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica, além de seis estratégias específicas:

6.1 - Estender progressivamente o alcance do programa nacional de ampliação da jornada escolar mediante oferta de educação básica pública em tempo integral, por meio de atividades interdisciplinares e de acompanhamento pedagógico, de forma que o tempo de permanência de crianças, adolescentes e jovens na escola ou sob sua responsabilidade passe a ser igual ou superior a sete horas diárias durante todo o ano letivo, buscando atender a, pelo menos, metade dos alunos matriculados nas escolas contempladas pelo programa. 6.2 - Institucionalizar e manter, em regime de colaboração, programa nacional de ampliação e reestruturação das escolas públicas por meio da instalação de quadras poliesportivas, laboratórios, bibliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e outros equipamentos, bem como de produção de material didático e de formação de recursos humanos para a educação em tempo integral. 6.3 - Fomentar a articulação da escola com os diferentes espaços educativos e equipamentos públicos como centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, museus, teatros e cinema. 6.4-Estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação da jornada escolar de estudantes matriculados nas esteias da rede pública de educação básica por parte das entidades privadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical de forma concomitante e em articulação com a rede pública de ensino. 6.5 - Orientar, na forma do art. 13, § Io, I, da Lei n° 12.101, de 27 de novembro de 2009, a aplicação em gratuidade em atividades de ampliação da jornada escolar de estudantes matriculados nas escolas da rede pública de educação básica de forma concomitante e em articulação com a rede pública de ensino. 6.6 - Atender as escolas do campo na oferta de educação em tempo integral considerando as peculiaridades locais.

No que se refere ao primeiro tópico de estratégia, entende-se que estender e universalizar o programa e ampliar a jornada escolar, em tempo integral e para uma formação

integral, é urgente, mas se percebem propostas vagas, ou seja, menciona-se que “pretende-se estender”, “se fará o esforço”, etc.

A interdisciplinaridade e o acompanhamento podem ser importante, desde que seja efetiva e planejada no sentido de uma formação plena e não apenas a mera ampliação de funções da escola. Por fim, reitera-se que é necessária, fundamental e inadiável a universalização do atendimento com qualidade.

Entende-se que é fundamental a ampliação e reestruturação das escolas públicas, assim como a produção de material didático e de formação de recursos humanos, inclusive e, sobretudo, para a educação em tempo integral.

Percebe-se nos tópicos dois e três uma profunda contradição com o tópico anterior, pois a articulação da escola com espaços e equipamentos públicos e privados, se por um lado pode e deve ser importante, por outro pode representar a desresponsabilização pela construção de espaços. Tal como analisamos anteriormente, é necessária a construção de espaços nas escolas em caráter de urgência, é necessária a valorização da escola e da educação como um todo.

No quarto tópico estratégico, percebe-se mais um reforço da lógica de ampliar o envolvimento e a articulação com o setor privado, ou seja, abre-se mais prerrogativa para os empresários atuarem na educação. No item cinco, percebe-se a orientação para a gratuidade em atividades de ampliação da jornada escolar para estudantes da rede pública. Já no item seis aborda-se a importância que deve ser dada à educação no campo, pois já se manifestou o interesse em estudar a implementação nas escolas do campo, ampliando a oferta em tempo integral considerando as peculiaridades locais.

De acordo com Moll (2012), o texto proposto para o novo PNE expressa alguns dos processos de mobilização da sociedade de uma agenda de implantação e implementação de uma política de Educação Integral. Na trilha desse processo, além dos elementos já mencionados, a Câmara Federal, que constituiu comissão especial, no ano de 2009, para o debate da Proposta de Emenda Constitucional n° 134/07, prevê o atendimento em tempo integral nas escolas públicas.

Além disso, a Conferência Nacional de Educação (CONAE, 2010), realizada em Brasília no mês de abril de 2010, pautou o debate da Educação Integral, no sentido de propiciar condições para que as políticas educacionais promovam o direito do aluno à formação integral com qualidade e viabilizem um projeto de Educação Integral, conforme citado abaixo:

Diante dessas considerações, torna-se essencial viabilizar um projeto de educação integral voltado para a ampliação de tempos, espaços e oportunidades educacionais, como importantes alternativas para a democratização da educação, a inclusão social e para a diminuição das desigualdades educacionais. Nessa linha de pensamento, compreende-se que a escola não é o único espaço formativo da nossa sociedade. Mesmo sendo a sua ação necessária e insubstituível, ela não é suficiente para dar conta da educação integral. Assim, a escola é constantemente desafiada a reconhecer os saberes da comunidade, os espaços sociais e os diferentes atores sociais que podem promover diálogos, trocas e transformações, tanto dos conteúdos escolares, quanto da vida social. E, nesse sentido, o desafio da escola é o de articular e coordenar o conjunto de esforços dos diferentes atores, políticas sociais e equipamentos públicos, para cumprir o projeto de educação integral (CONAE, 2010, p. 42).

Ainda segundo o documento da CONAE (2010, p. 57), é feita importante lembrança sobre o financiamento da educação básica que se relaciona com o PME, ou seja, “a diferenciação dos coeficientes de remuneração das matrículas, pois a escola de tempo integral recebe 25% a mais por aluno matriculado”. Porém, a Escola de tempo Integral deve conceber um projeto político-pedagógico que melhore a prática educativa, com reflexos na qualidade da aprendizagem e da convivência social. É de suma importância conceber um projeto com conteúdos, metodologias e atividades diversos.

2.9 A RELAÇÃO DO PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO COM O PROGRAMA