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“I'll provide the sacrifice!” Kim Walker

5.9. ANÁLISES E DISCUSSÕES

De acordo com as evidências apresentadas, observou-se que as percepções das empresas de prestação de serviços de TI à APF, mantiveram um determinado equilíbrio em relação aos relatos que foram capturados das empresas entrevistadas.

O processo de contratação de soluções de TI da APF, previsto na IN/SLTI/04 2014, ainda é desconhecido por diversas empresas, assim como pelos os próprios órgãos ligados à APF que não o utilizam integralmente. Embora diversas ações venham sendo executadas pela própria APF, em parceria com o TCU, ainda são encontrados desafios no contexto. Estes desafios estão bastante atrelados a legislação brasileira rígida e a baixa capacidade e maturidade do governo e das empresas de TI no contexto brasileiro.

Durante a condução das entrevistas, foi mantido a intensa preocupação em identificar as reais percepções das empresas, quando estão executando contratos de

serviços de TI com órgãos da APF. Ou seja, durante as entrevistas, não limitou-se em capturar o entendimento dos conceitos, cláusulas contratuais e ou obrigações legais, mas sim, levantar as reais percepções das empresas com base no roteiro de perguntas. Este roteiro de perguntas foi estruturado contendo um conjunto de conceitos relacionados a serviços de TI, contextualizando a prestação de serviços de TI, estando atrelado a estrutura do processo de contratação se soluções de TI, previsto na IN/SLTI/04 2014.

Quando muitos participantes das entrevistas foram perguntados, por exemplo sobre como a empresa decidiu prestar serviço de TI à APF, muitos responderam que “entraram por tabela”, que tinham conhecimento de um produto específico, porém não tinha a dimensão da burocracia associada. Uma outra empresa relatou que foi uma decisão estratégica e que, apesar do conhecimento de processos que está empresa tinha, considerava excessivo o tamanho da cobrança feita pelo governo. Ainda sobre esta pergunta, outra empresa corrobora, afirmando que a tendência de mercado os levou a esta opção, mas ressaltou que hoje percebe fortemente as diferenças entre vender para o governo e para o mercado privado, principalmente pela burocracia associada e pelos excessos de documentos existentes.

Ainda neste contexto, um participante foi questionado sobre o planejamento realizado para atender os serviços de TI que foram solicitados pelo governo e, o mesmo respondeu que “o planejamento é realizado em função do que temos como prática, sem considerar as exigências da legais atreladas ao processo, sendo esta uma falta de conhecimento nossa”. Já outra empresa respondeu que “o planejamento era muito reativo e sempre muito corrido e com o passar do tempo, embora sem enxergar nenhum benefício em diversos aspectos, começaram a planejar de tanto errar”. Um outro caso citado destaca que “não existe nenhum valor percebido pela empresa em relação ao planejamento como é realizado atualmente, sendo que este é feito apenas para cumprir as exigências da contratante”.

Em relação ao acompanhamento dos serviços prestados, um entrevistado afirmou que “ o acompanhamento é informal embora tenhamos registros dos pontos mais críticos. Noto que a maior preocupação do cliente é em cumprir os editais, já a nossa é entregar valor para receber pelo serviço de TI prestado”. Uma outra empresa enfatiza com a seguinte afirmação “no acompanhamento existem diversos conflitos, principalmente em relação as entregas e critérios de aceitação e o governo quase não colabora nas validações, sendo bem comum a existência de incoerências em relação ao que se pede”. Na mesma perspectiva de acompanhamento dos serviços de TI executados, um participante ressalta “o

acompanhamento era reativo, mas com base no que já sabíamos que seríamos cobrados. As vezes fazíamos entregas sem atender os critérios de aceitação, mas nunca passava despercebido. Éramos penalizados e tinha uma devolução para correção”.

Sobre o encerramento dos contratos e/ou ciclos de entrega, uma empresa respondeu que “as vezes se tem o encerramento e mesmo assim o trabalho continua, por não conseguir entregar tudo que era previsto e/ou pela quantidade de coisas que foram exigidas”. Outro participante ressalta que “para que haja um encerramento de fato, é importante um bom relacionamento com o cliente e todos os envolvidos, ou do contrário, este encerramento pode ser bastante demorado e dificultoso”. Alinhado à estas respostas, uma outra empresa diz que “os encerramentos de projetos e/ou de contratos tem atrelados conflitos de garantias”, ou seja, independente do que esta definido em contrato, é preciso atentar-se tanto para o mesmo quanto para as solicitações do cliente e/ou fiscal do contrato.

Por fim, uma descoberta enfatizada na percepção dos entrevistados é que “vender para o governo é difícil, trabalhoso e ele paga barato pela quantidade de cobranças realizadas”. Outro participante afirma que “vender para o governo requer mais capacidade das empresas. O processo é longo, demorado, custoso, oneroso e, consequentemente, isso leva a empresa a cobrar mais pelos serviços prestados”. Outra empresa contribui afirmando que “é muita exigência tanto para pequenas, médias, ou grandes empresas. Que se pede demais e se paga muito pouco por este serviço e isso não é fácil”.

Com base nas percepções das empresas que foram relatadas, existe uma convergência em relação as respostas e todas elas remetem aos desafios e as dificuldades vivenciados na prestação de serviços de TI à APF. Estes desafios são sustentados por várias questões desde as cobranças do governo, até mesmo a falta de capacidade das empresas.

Os resultados reforçam a preocupação existente em alinhar os objetivos da contratante e contratada, de forma que estes objetivos estejam em uma mesma direção, facilitando assim, o dia-a-dia das empresas.

5.10. FATORES RELEVANTES NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TI À APF