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CAPÍTULO II – FARELO DE CASTANHA DE CAJU NA ALIMENTAÇÃO DE

2.8 Análises estatísticas

As análises estatísticas dos dados foram realizadas utilizando-se o SAS (2000). Os dados foram submetidos à análise de variância segundo um modelo inteiramente casualizado e os graus de liberdade referentes aos níveis de inclusão do FCC, excluindo-se o nível zero de inclusão (controle), foram desdobrados em polinômios, para estabelecer a curva que melhor descrevesse o comportamento dos dados. Para comparação dos resultados obtidos com cada um dos níveis de inclusão em relação aos obtidos com o nível zero de inclusão (controle), foi utilizado o teste de Dunnett, a 5% de significância.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As médias de temperatura ambiente mínima e máxima e umidade relativa do ar no galpão durante o período experimental foram 27,51ºC, 30,70ºC e 78%, respectivamente.

Os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes e os valores energéticos das rações experimentais são apresentados na Tabela 4. De acordo com a análise de regressão, o FCC em níveis acima de 5% promoveu redução linear no coeficiente de digestibilidade da matéria seca (CDMS) (Y = 74,46 – 0,40X; R2 = 0,95) e nos valores de energia metabolizável aparente (EMA) (Y = 3.497 – 0,007X; R2 = 0,86) e energia metabolizável aparente corrigida para o balanço de nitrogênio (EMAn) (Y = 3.412 – 0,009X; R2 = 0,96). No entanto, não foram observadas diferenças significativas para o coeficiente de digestibilidade do nitrogênio (CDN) e energia bruta (CDEB) entre os níveis testados.

Na comparação de médias pelo teste Dunnett (5%), observou-se que as rações contendo FCC a partir do nível de 20% de inclusão apresentaram CDMS, EMA e EMAn significativamente menores do que os determinados para a ração controle.

Tabela 4 – Coeficientes de digestibilidade e valores de energia metabolizável das rações para codornas de corte contendo diferentes níveis do farelo de castanha de caju

Níveis de inclusão (%) Parâmetros1 CDMS (%) CDN (%) CDEB (%) EMA (Kcal/kgMS) EMAn (Kcal/kgMS) 0 71,32 45,06 76,53 3.460 3.316 5 72,36 41,87 77,46 3.468 3.374 10 69,95 40,36 76,68 3.395 3.297 15 69,06 42,40 77,96 3.418 3.289 20 67,42* 43,05 77,60 3.365* 3.236* 25 63,78* 42,14 76,67 3.307* 3.176* Média 68,92 42,52 77,13 3.401 3.279 CV2 (%) 3,30 9,88 1,92 2,21 1,91

Efeitos – ANOVA3 p-valor

Nível 0,0001 0,3435 0,2567 0,0003 0,0001

Análise de Regressão p-valor

Linear 0,0001 0,5269 0,6565 0,0001 0,0001

Quadrática 0,2772 0,9618 0,3293 0,6017 0,8400

1CDMS = Coeficiente de digestibilidade da matéria seca; CDN = Coeficiente de digestibilidade do nitrogênio; CDEB = Coeficiente de digestibilidade da energia bruta; EMA = Energia metabolizável aparente; EMAn = Energia metabolizável aparente corrigida para o balanço de nitrogênio; 2CV = Coeficiente de variação; 3ANOVA = Análise de variância; *Diferente estatisticamente em relação ao tratamento controle pelo teste de Dunnet (p<0,05).

Considerando que as rações experimentais foram formuladas para serem isonutritivas, esperava-se que a energia metabolizável da ração não variasse entre os tratamentos. Entretanto, houve redução linear dos valores energéticos da ração a partir de 5% de inclusão do FCC. Esse resultado pode ser associado à qualidade bromatológica do FCC, pois segundo Soares et al. (2007), por se tratar de um subproduto, o FCC apresenta composição variável em função do processamento a que foi submetido. Assim o nível de tanino que, normalmente é em torno de 0,26%, pode aumentar pela maior presença de película da amêndoa e cascas da castanha. Além disso, a qualidade e disponibilidade dos nutrientes pode ser comprometida pela maior proporção de amêndoas ou pedaços da amêndoa queimados pelo calor, visto que o superaquecimento de um alimento pode acarretar desnaturação da proteína, promover elevação da ocorrência da reação de Maillard, tornando alguns aminoácidos indisponíveis, principalmente a lisina e ainda causar o comprometimento da disponibilidade de alguns carboidratos.

Os resultados médios obtidos para o desempenho das aves submetidas aos diferentes tratamentos são apresentados na Tabela 5. A inclusão do farelo da castanha de caju em níveis acima de 5% na ração promoveu aumento linear no consumo de ração (Y = 241,88 + 1,07X; R2 = 0,92) e prejuízo na conversão alimentar (Y = 2,12 + 0,008X; R2 = 0,88) na fase de 7 a 21 dias de idade. Entretanto, o ganho de peso não variou significativamente entre os níveis estudados. No período de 7 a 42 dias de idade, também se observou um aumento linear no consumo de ração (Y = 832,55 + 5,62X; R2 = 0,99), prejuízo na conversão alimentar (Y = 3,71 + 0,01; R2 = 0,59), bem como ausência de efeito significativo sobre o ganho de peso.

Na comparação de médias pelo teste de Dunnett (5%) observou-se diferença significativa apenas para o consumo de ração no período 7 a 42 dias de idade, onde as aves alimentadas com 25% de inclusão do FCC consumiram maior quantidade de ração em relação às do grupo controle.

Considerando que o consumo voluntário de ração em aves é regulado, principalmente, pela quantidade de energia das rações disponível para os processos metabólicos das aves, como houve redução na energia metabolizável com os níveis crescentes de inclusão do FCC, o aumento no consumo de ração pode ser atribuído a uma tentativa fisiológica das codornas em atender suas exigências nutricionais. Por sua vez, o prejuízo na conversão alimentar pode ser associado ao maior consumo de ração com níveis crescentes de FCC sem alterações significativas no ganho de peso das aves.

Tabela 5 – Desempenho de codornas de corte alimentadas com rações contendo diferentes níveis do farelo de castanha de caju

1CV = Coeficiente de variação; 2ANOVA = Análise de variância; * Diferente estatisticamente em relação ao tratamento controle pelo teste de Dunnett (P<0,05).

Os resultados obtidos para as codornas de corte diferem em parte dos relatados para frangos de corte na literatura, onde Ojewola et al. (2004) observaram que o consumo de ração e o ganho de peso não foram influenciados pela inclusão do FCC, enquanto, a conversão alimentar melhorou com a inclusão de até 22,55% do FCC para substituir 75% da proteína do farelo de soja. Agbede (2006) verificaram que o consumo de ração e a conversão

Níveis de inclusão (%)

Parâmetros avaliados

Consumo (g/ave) Ganho de Peso (g/ave) Conversão Alimentar (g/g) Fase Inicial (7 a 21 dias)

0 256,13 117,29 2,19 5 245,00 113,13 2,17 10 255,16 116,59 2,20 15 257,11 117,46 2,19 20 266,11 116,78 2,28 25 266,35 115,16 2,32 Média 257,48 116,05 2,22 CV1 (%) 4,70 4,73 4,89

Efeitos – ANOVA2 p-valor

Nível 0,0058 0,5460 0,0369

Análise de Regressão p-valor

Linear 0,0001 0,4705 0,0028

Quadrática 0,4073 0,0837 0,4049

Período Total (7 a 42 dias)

0 891,04 231,67 3,85 5 865,18 223,52 3,88 10 881,26 237,99 3,71 15 917,03 235,33 3,90 20 948,93 233,45 4,06 25 971,98* 240,41 4,05 Média 911,89 233,74 3,91 CV1 (%) 5,40 6,16 4,58

Efeitos – ANOVA2 p-valor

Nível 0,0002 0,2042 0,0011

Análise de Regressão p-valor

Linear 0,0001 0,0560 0,0016

alimentar não foram influenciados pela inclusão do FCC, enquanto, o ganho de peso aumentou com a inclusão de até 28,20% do FCC para substituir 50% da proteína do farelo de soja. Freitas et al. (2006) observaram que a inclusão do FCC em níveis de até 25% na rações de frangos de corte promoveu aumento linear no ganho de peso, em todas as fases e melhora na conversão alimentar, na fase inicial e no período total. Enquanto, o consumo não foi influenciado significativamente.

Para as características de carcaça (Tabela 6), observou-se que a inclusão do farelo da castanha de caju na ração não influenciou significativamente (P>0,05) o rendimento de carcaça, peito, coxa + sobrecoxa e a proporção de fígado, moela e gordura abdominal.

Tabela 6 – Características de carcaça de codornas de corte alimentadas com rações contendo níveis crescentes de farelo de castanha de caju

Níveis de Inclusão (%)

Parâmetros avaliados (%)

Carcaça Peito Coxa+Sobrecoxa Fígado Moela Gordura

0 70,47 41,63 24,33 2,75 2,49 1,84 5 70,05 40,79 24,45 3,10 2,64 1,72 10 70,21 41,31 24,29 2,86 2,57 1,79 15 69,94 41,88 24,32 2,71 2,70 1,62 20 69,94 40,78 23,81 2,73 2,51 1,87 25 69,21 41,47 23,61 2,81 2,69 1,87 Média 69,97 41,31 24,13 2,82 2,60 1,78 CV(%)1 5,95 4,21 6,11 25,55 13,56 25,46 ANOVA2 p- valor Nível 0,9669 0,3158 0,4474 0,5953 0,3422 0,5046

Análise de Regressão p- valor

Linear 0,5213 0,5165 0,0522 0,1830 0,8621 0,2778

Quadrática 0,6777 0,3791 0,6328 0,1959 0,5579 0,4976 1CV = Coeficiente de variação; 2ANOVA = Análise de variância; (P>0,05) Efeito estatístico não significativo.

Segundo Freitas et al. (2006), se o valor nutricional do alimento for bem avaliado, é pouco provável que as características da carcaça sejam influenciadas pela inclusão do mesmo em rações isonutritivas. No entanto, se o valor de energia metabolizável de um alimento foi subestimado ou superestimado, a sua inclusão na ração pode ocasionar mudanças na relação energia: proteína da ração e, assim, proporcionar modificações no rendimento de carcaça e até mesmo nos cortes da carcaça.

Nesse contexto, o fato das aves alimentadas com FCC terem apresentado aumento no consumo de ração para manter o ganho de peso, embora as rações tenham sido calculadas para serem isonutritivas, pode ser um indicativo de um menor aproveitamento dos nutrientes da ração e de uma modificação na relação energia: nutrientes disponíveis para os processos

metabólicos das aves. No entanto, a ausência de diferenças significativas entre as características de carcaças das aves submetidas aos diferentes tratamentos, indica que a magnitude dessas modificações não foi suficiente para influenciar as variáveis de características de carcaça avaliadas.

Os resultados obtidos para as características de carcaça das codornas de corte se assemelham a alguns relatos da literatura sobre o efeito da inclusão do FCC na alimentação de frangos de corte. Freitas et al. (2006) observaram que o rendimento de carcaça e a proporção de gordura abdominal não foram influenciados pelo nível de até 25% de FCC na ração dos frangos. Entretanto, Agbede (2006) relataram maior quantidade de gordura abdominal nas aves alimentadas com FCC em relação as aves alimentadas com ração sem esse ingrediente, enquanto, a proporção de peito, coxa e sobrecoxa não variou entre os tratamentos.

Na Tabela 7 são apresentados os resultados da análise econômica. Excluindo-se o tratamento controle, pode-se observar que com a inclusão do FCC nas rações na fase de 7 a 21 dias de idade, houve redução linear no gasto com alimentação (GA) por quilograma do ganho de peso (Y = 1,20 – 0,01X; R2 = 0,80), aumento linear no índice de eficiência econômica (IEE) (Y = 92,06 + 0,39X; R2 = 0,84) e redução linear no índice de custo (IC) (Y = 108,85 – 0,42X; R2 = 0,82). No período total (7 a 42 dias de idade) também se observou redução no GA (Y = 3,52 – 0,01X; R2 = 0,71), aumento linear no IEE (Y = 91,66 + 0,40X; R2 = 0,69) e redução linear para o IC (Y = 109,32 – 0,43X; R2 = 0,69).

Quando comparados pelo teste de Dunnett (5%), os níveis de inclusão a partir de 10% de FCC apresentaram resultados de GA, IEE e IC significativamente melhores que os obtidos com a ração controle, que apresentou o maior gasto por quilograma produzido e, consequentemente, os piores índices de eficiência econômica e custo tanto para a fase de 7 a 21 quanto para a fase de 7 a 42 dias de idade.

Os resultados obtidos para a viabilidade econômica da inclusão do FCC na ração de codornas de corte se apresentam semelhantes aos relatados por Freitas et al. (2006) que avaliaram a inclusão do FCC em ração para frangos de corte, e verificaram redução linear no gasto com alimentação, aumento linear no índice de eficiência econômica e redução linear no índice de custo à medida que o FCC foi aumentando na ração até o nível de 25%.

Tabela 7 – Avaliação econômica da inclusão do farelo de castanha de caju na alimentação de codornas de corte

¹ANOVA = Análise de variância; ²CV = Coeficiente de variação; (P>0,05) Efeito estatístico não significativo; * = Diferente em relação ao controle pelo teste de Dunnett (P<0,05).

Considerando que, no período total de criação (7 a 42 dias de idade), o desempenho e as características de carcaça das aves alimentadas com os diferentes níveis de inclusão do FCC foram semelhantes ao do grupo controle e que o aumento do FCC nas rações melhorou a viabilidade econômica, pode-se inferir que é possível incluir até 25% do FCC na

Níveis de Inclusão (%)

Parâmetros avaliados Gasto com Alimentação

(R$/Kg de ganho)

Índice de Eficiência

Econômica (%) Índice de Custo (%) Fase Inicial (7 a 21 dias)

0 2,05 89,89 111,44 5 1,93 95,11 105,22 10 1,91* 97,00* 103,56* 15 1,84* 99,78* 100,33* 20 1,86* 99,14* 101,00* 25 1,84* 100,44* 99,78* Média 1,91 96,81 103,65 CV1 (%) 4,89 4,93 4,97

Efeitos – ANOVA2 p- valor

Nível 0,0001 0,0002 0,0001

Análise de Regressão p-valor

Linear 0,0237 0,0164 0,0180

Quadrática 0,4198 0,4398 0,4514

Período Total (7 a 42 dias)

0 3,61 89,22 112,11 5 3,46 93,22 107,56 10 3,22* 100,33* 99,89* 15 3,29* 98,33* 102,11* 20 3,25* 98,43* 101,71* 25 3,22* 100,56* 100,00* Média 3,34 96,62 103,98 CV1 (%) 4,50 4,53 4,43

Efeitos – ANOVA2 p- valor

Nível 0,0001 0,0001 0,0001

Análise de Regressão p- valor

Linear 0,0115 0,0149 0,0143

ração das codornas de corte. Este nível é semelhante ao indicado por Freitas et al. (2006), acima do recomendado por Ojewola et al. (2004) e abaixo do proposto por Agbede (2006) para frangos de corte.

4 CONCLUSÃO

Recomenda-se a inclusão do farelo de castanha de caju na ração de codornas destinadas á produção de carne em níveis de até 25%.

REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO III

CAPÍTULO III – FARELO DE COCO NA ALIMENTAÇÃO DE CODORNAS DE CORTE

RESUMO

Objetivou-se com esta pesquisa avaliar os efeitos do nível de inclusão do farelo de coco (FCO) sobre a digestibilidade dos nutrientes, desempenho e características de carcaça de codornas de corte, assim como a viabilidade econômica. Foram utilizadas 432 codornas de corte com 7 dias de idade, distribuídas em um delineamento inteiramente casualizado, com 6 tratamentos e 9 repetições de 8 aves cada. Os tratamentos foram obtidos com a inclusão do FCO nos níveis de 0, 5, 10, 15, 20 e 25%. Conforme a análise de regressão, a inclusão do FCO, em níveis acima de 5%, promoveu redução linear na digestibilidade da matéria seca e da energia bruta e efeito quadrático na digestibilidade do nitrogênio e valores de energia metabolizável. Entretanto, em relação aos resultados obtidos com a ração sem o FCO (grupo controle), observou-se redução na digestibilidade da matéria seca a partir de 15% de inclusão do FCO. Não houve efeito significativo dos tratamentos sobre o desempenho nas diferentes fases de criação e sobre as características de carcaça, entretanto, a inclusão do FCO melhorou linearmente a viabilidade econômica, sendo possível se obter melhores resultados em relação ao grupo controle a partir de 15% de inclusão do FCO. Diante dos resultados, o farelo de coco pode ser utilizado na alimentação de codornas de corte em níveis de até 25%.

Palavras-chave: Cocos nucifera L., Coturnix coturnir coturnix,desempenho, digestibilidade, energia metabolizável, rendimento de carcaça.

CHAPTER III – COCONUT MEAL IN THE FEEDING OF MEAT QUAILS ABSTRACT

This research was conducted to evaluate the effects of the level of inclusion of coconut meal (COM) on nutrient digestibility, performance and carcass characteristics of meat quails, as well as economic viability. We used 432 meat quails with seven days of age, distributed in a completely randomized design with six treatments and nine replicates of eight birds each. Treatments were obtained with inclusion of COM at levels of 0, 5, 10, 15, 20 and 25%. According to the regression analysis, the inclusion of COM, at levels above 5%, provided a linear reduction in digestibility of dry matter and crude energy and quadratic effect on nitrogen digestibility and metabolizable energy. However, for the results obtained from the diet without the COM (control group), there was a reduction in dry matter digestibility as from 15% inclusion of COM. There was insignificant effect of treatments on performance at various phases of creation and on carcass characteristics, however, the inclusion of COM promoted a linear improvement the economic viability, it is possible to obtain better results in relation the control group as from 15% inclusion of COM. Considering the results, the coconut meal can be used as feed for meat quails at levels up to 25%.

Keywords: carcass yield, Cocos nucifera L., Coturnix coturnir coturnix, digestibility, metabolizable energy, performance.

1 INTRODUÇÃO

A demanda por uma atividade rentável e alternativa à atividade avícola tradicional tem despertado o interesse dos produtores pela coturnicultura de corte. Entretanto, assim como em outras produções de aves, a alimentação é o principal fator que onera os custos de produção. Nesse contexto, o aproveitamento de subprodutos de agroindústrias regionais na composição de rações pode ser uma alternativa para reduzir os custos de produção sem afetar o desempenho das aves.

O Nordeste brasileiro é o maior produtor de coco do país, e o farelo de coco, subproduto do processamento agroindustrial para extração do óleo, destaca-se como um alimento alternativo em função de sua composição química, principalmente, o teor de proteína acima de 20%. Segundo Silva et al. (2008), o farelo de coco obtido em uma agroindústria cearense apresentou variação na composição química e maiores valores de energia metabolizável em relação aos apresentados em algumas tabelas brasileiras de composição de alimentos para aves (EMBRAPA, 1991; ROSTAGNO et al., 2011).

Há algum tempo o farelo de coco vem sendo usado na alimentação animal e alguns estudos (JÁCOME et al., 2002; BRAGA et al. 2005; SUNDU et al. 2006; LIMA et al., 2007; BASTOS et al. 2007; FREITAS et al. 2011) mostraram que o farelo de coco também pode ser fornecido com sucesso para as aves, utilizando-se níveis que não tragam prejuízos no desempenho zootécnico e sejam economicamente viáveis.

Porém, um fato a ser considerado sobre a utilização do farelo de coco na alimentação de frangos de corte é que os resultados das pesquisas têm apresentando resultados variáveis quanto ao melhor nível de inclusão desse alimento nas rações. De acordo com Jácome et al. (2002) a inclusão de 20% de farelo de coco não influenciou o desempenho de frangos de corte. Porém, Sundu et al. (2006) observaram que o aumento dos níveis de inclusão do farelo de coco nas rações reduziu o ganho de peso dos frangos de corte, em razão da redução no consumo e da digestibilidade dos nutrientes da ração.

Bastos et al. (2007) concluíram que o farelo de coco pode ser utilizado para alimentação de frangos de corte a partir da segunda semana de idade, em níveis de até 5% na ração, para a fase de 7 a 21 dias de idade, e de até 17,5% na ração, para a fase de 21 a 42 dias. Em estudo mais recentes, Freitas et al. (2011) avaliaram a substituição da proteína do farelo de soja pela do farelo de coco em rações contendo farelo de castanha de caju e constataram que pode-se recomendar a substituição de até 20% da proteína bruta, uma vez que o desempenho e as características de carcaça das aves alimentadas com este nível não foram

significativamente inferiores aos obtidos para o grupo controle, além de ser economicamente viável. Conforme os autores, esse percentual de substituição resultou na inclusão de 10,88 e 9% de farelo de coco nas rações para a fase inicial e final, respectivamente.

Quanto ao uso do farelo de coco na alimentação de codornas de corte não foram encontrados relatos na literatura. Porém, Silva et al. (2008) constataram que as codornas de postura apresentaram maiores coeficientes de digestibilidade dos nutrientes e valores de energia metabolizável em relação ao resultados obtido com frangos de corte para o farelo de coco. Por sua vez, Lima et al. (2007) constataram que para a utilização do farelo de coco na composição das rações para aves, deve-se atentar para a composição e os valores de energia metabolizável desse subproduto, pois as alterações promovidas na digestibilidade dos nutrientes e no valor nutricional das rações que contém esse farelo podem determinar a quantidade a ser incluída na ração.

Nesse contexto, objetivou-se avaliar os efeitos da inclusão de diferentes níveis do farelo de coco na ração para codornas de corte sobre a digestibilidade dos nutrientes das rações, desempenho e características de carcaça das aves, assim como a viabilidade econômica da criação.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Setor de Avicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará (UFC), Campus do Pici, Fortaleza - Ceará, no período de 26 de Julho a 05 de Setembro de 2011, com uma duração de 42 dias.

2.1 Delineamento experimental

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com seis tratamentos e nove repetições de oito aves cada. Os tratamentos consistiram de uma ração controle à base de milho e farelo de soja, e os demais, com a inclusão de farelo de coco nas proporções de 5, 10,

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