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3. Capítulo 1 Produção e qualidade de frutas de 'Aromas' e 'Albion' durante

3.3 Resultados e discussão

3.3.3 Análises físico-químicas

Para as variáveis de diâmetro e comprimento da fruta, houve interação entre os fatores cultivar e mês de avaliação (Tabela 8). Sendo assim, os níveis dos fatores em que ocorreu diferença significativa foram comparados entre si. A cultivar Aromas apresentou maior diâmetro de fruta no mês de novembro, além de maior média juntando-se os três meses de avaliação. Entretanto, o comprimento das frutas de 'Albion' foi superior em todas as avaliações. Fagherazzi (2013) avaliando a caracterização físico-química de cultivares de morangueiro, também constataram maior comprimento de frutas de 'Albion' (45 mm) em comparação à 'Aromas' (41 mm), porém não observaram diferença significativa entre o diâmetro das frutas. Witter et al. (2012) relataram valores semelhantes ao presente estudo utilizando a cultivar Aromas, constatando frutas com diâmetro de 31 mm e comprimento de 35 mm. O diâmetro e o comprimento de frutas de 'Albion' encontrados por Guimarães et al. (2013) foram de 26 e 30 mm, respectivamente.

O maior diâmetro e comprimento de fruta para 'Aromas' foi observado em novembro. 'Albion' também produziu frutas com maior comprimento em novembro, porém sem diferir de outubro (Tabela 8). Geralmente, as maiores frutas são produzidas em período próximo ao pico de colheita, pois a maioria das frutas são originadas de flores primárias e secundárias (OLIVEIRA; SCIVITTARO, 2008).

O diâmetro das frutas é utilizado para realizar a classificação do morango, sendo a classe 15, aquela que agrega as frutas que possuem de 15 a 35 mm de diâmetro e classe 35, a que possui frutas com diâmetro acima de 35 mm (PBMH; PIMo, 2009). Visando esta classificação, apenas as frutas de 'Aromas' no mês de novembro obtiveram a classe 35, sendo as demais frutas agrupadas na classe 15.

Tabela 8- Tamanho médio de fruta no primeiro ciclo produtivo em função dos meses

de coleta. Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, 2015.

Cultivar Outubro Novembro Janeiro Média

Diâmetro de fruta Aromas 29,26 aC 36,03 aA 32,38 aB 32,56 a Albion 29,95 aA 31,78 bA 31,78 aA 31,17 b CV% 9,00 5,39 Comprimento de fruta Aromas 33,31 bB 41,51 bA 35,25 bB 37,59 b Albion 40,66 aAB 45,35 aA 37,95 aB 41,32 a CV% 8,87 5,72

Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

No segundo ciclo produtivo, observou-se diferença significativa apenas entre as cultivares, sendo as frutas de 'Albion' 7,4 mm mais compridas do que frutas de 'Aromas' (Tabela 9). Apesar de não ter sido realizada comparação entre os dois ciclos produtivos, pode-se observar que o tamanho de fruta no segundo ciclo diminui consideravelmente. De acordo com as Normas de Classificação de Morango (PBMH; PIMo, 2009), que agrupam frutas de acordo com o diâmetro equatorial, os resultados desta pesquisa encontram-se de acordo com o previsto pelas normas de classificação, demonstrando que todas as frutas apresentaram diâmetro na classe entre 15 mm e 35 mm.

Tabela 9- Tamanho médio de fruta de cultivares de morangueiro no segundo ciclo

produtivo em função da data de poda. Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, 2015.

Cultivar Diâmetro de fruta (mm) Comprimento de fruta (mm)

Aromas 24,1ns 28,6 b Albion 24,4 36,0 a Data de poda 1 de Março 23,8ns 31,4ns 15 de Março 24,6 31,8 1 de Abril 24,3 31,8 15 de Abril 24,2 34,2 Sem poda 24,6 32,2 CV% 9,2 10,0

Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

ns

Não significativo a 5% de probabilidade de erro.

Com relação às variáveis de sólidos solúveis, acidez titulável e relação SS/AT das frutas, não houve interação entre os fatores cultivar e mês de avaliação. Sendo assim, os fatores foram analisados separadamente, podendo-se observar na Tabela 10 que a cultivar Albion apresentou superioridade em todas as variáveis analisadas. Apesar das frutas de 'Albion' conterem maior acidez titulável (0,95%), a relação entre SS/AT foi superior (8,94), devido ao maior teor de sólidos solúveis contido nas frutas dessa cultivar (Tabela 10). As frutas de 'Aromas' demonstraram menor qualidade, contendo 6,34 °Brix, 0,80% e 7,94 de teor de sólidos solúveis, acidez titulável e relação SS/AT, respectivamente.

O maior teor de sólidos solúveis em frutas de 'Albion' pode ser atribuído ao menor número de frutas por planta (Tabela 5), ocorrendo menor diluição de fotoassimilados para cada fruta. De acordo com Garate et al. (1991), quanto maior o número de frutas e de estolões emitidos pelas plantas, menor será o teor de sólidos

solúveis em cada fruta, corroborando com os resultados do presente estudo, no qual 'Aromas' obteve maior número de frutas e estolões por planta (Tabelas 3 e 5). Entretanto, sabe-se que o teor de sólidos solúveis também é influenciado por condições ambientais, além de aspectos nutricionais e genéticos (PINELI et al., 2011). Adicionalmente, as plantas de 'Aromas' obtiveram maior quantidade de folhas (Tabela 3), ocasionando maior sombreamento das frutas, no qual causa redução de açúcares totais e aumento do teor de água (OSMAN; DODD, 1994; AWANG; ATHERTON, 1995). Segundo Chitarra e Chitarra (2005), o morango deve conter pelo menos 7 °Brix e no máximo 0,8% de acidez. As frutas de 'Albion' apresentaram teor adequado de sólidos solúveis, no entanto, somente a cultivar 'Aromas' não superou o limite máximo adequado de acidez das frutas recomendado por estes autores.

A relação entre o teor de açúcar e acidez é um importante parâmetro para determinar a maturação das frutas (CECATTO et al., 2013). Além disso, a relação entre estas duas variáveis está diretamente ligada à aceitação do produto, observando-se que maiores valores de SS/AT proporcionam melhor percepção do sabor da fruta, sendo preferido pelos consumidores (RESENDE et al., 2008). De acordo com Chitarra e Chitarra (2005), espera-se que frutas de morango apresentem relação mínima de 8,75, no qual apenas na cultivar Albion constatou-se valor acima deste recomendado.

Estudos realizados por outros autores, demonstram variação nos resultados referentes às variáveis sólidos solúveis e acidez titulável para as cultivares Aromas e Albion. Camargo et al. (2011), avaliando a qualidade pós-colheita de frutas produzidas em diferentes sistemas de cultivo, relataram valores superiores de sólidos solúveis e acidez titulável para a cultivar Aromas em relação ao presente estudo, porém menor relação SS/AT. Por outro lado, menores valores de sólidos solúveis foram obtidos por Calvete et al. (2010) utilizando esta mesma cultivar. Para a cultivar Albion, observou-se variação de 6,21 °Brix a 6,95 °Brix nos estudos realizados por Mazaro et al. (2013) e Antunes et al. (2014b), sendo ambos os valores abaixo dos encontrados no presente estudo. Essas variações nos resultados podem estar relacionados com as variáveis ambientais de radiação solar, temperatura e umidade do ar durante o período de produção das frutas, as quais mudam entre as diferentes regiões e épocas do ano (ANDRIOLO et al., 2009).

Embora não tenha sido observada diferença significativa entre os meses de avaliação para a variável sólidos solúveis, a menor acidez detectada no mês de outubro proporcionou melhor relação de SS/AT do que em fevereiro (Tabela 10). De acordo com Darnell (2003), a redução do período entre o aparecimento da flor e a colheita da fruta em épocas mais quentes, como ocorre no verão, ocasiona a produção de frutas de menor qualidade. Wang e Camp (2000) confirmaram que a qualidade das frutas é afetada pela cultivar e condição ambiental, constatando que menores temperaturas diminuem a velocidade de maturação das frutas, propiciando frutas maiores e de melhor qualidade.

Tabela 10- Sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT) e relação SS/AT de morangos

no primeiro ciclo produtivo em função dos meses de colheita. Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, 2015.

Cultivar SS (°Brix) AT (% ácido cítrico) SS/AT

Aromas 6,34 b 0,80 b 7,94 b Albion 8,48 a 0,95 a 8,94 a Mês Outubro 7,41ns 0,82 b 8,96 a Fevereiro 7,41 0,93 a 7,93 b CV% 9,25 9,30 9,56

Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

ns

Não significativo a 5% de probabilidade de erro.

No segundo ciclo produtivo, assim como no primeiro, a cultivar Albion obteve frutas de qualidade superior (Tabela 11). Os valores encontrados para esta cultivar foram de 8,51 °Brix, 0,92% e 9,29 para sólidos solúveis, acidez titulável e relação SS/AT, respectivamente. Para a cultivar Aromas foram verificados valores menores para estas mesmas variáveis. Vale ressaltar que as frutas de ambas as cultivares apresentaram boa qualidade no segundo ciclo, verificando-se valores semelhantes ou superiores aos obtidos no primeiro ciclo, contrariando estudo realizado por Antunes et al. (2014b), que avaliando a qualidade das frutas de morango durante dois ciclos consecutivos, observaram qualidade superior no primeiro ciclo. Neste estudo citado, as frutas de 'Albion' apresentaram no segundo ciclo apenas 5,89 °Brix e relação SS/AT de 4,41, além de elevada acidez (1,34%). Durante os dois ciclos produtivos, a qualidade das frutas no presente estudo foi superior aos valores relatados por Antunes et al. (2014b). Além da influência do manejo realizado e das condições climáticas em cada local de cultivo, possivelmente foram obtidas frutas de melhor qualidade no presente estudo, devido à coleta de frutas com 100% de

maturação para realização das análises, diferentemente do estudo citado, no qual os autores relatam coleta de frutas com 75% de coloração vermelha.

Embora as frutas sejam colhidas geralmente com 75% de coloração vermelha, devido à alta perecibilidade do produto, sabe-se que frutas completamente maduras apresentam melhor qualidade. Ornelas-Paz et al. (2013), avaliando a qualidade de frutas de morangueiro em seis estádios de maturação, constataram que frutas com 75% de coloração vermelha contém 7,5 °Brix, 0,9% de acidez e 8,4 de relação SS/AT, sendo de menor qualidade que as frutas completamente maduras, no qual apresentam 9,0 °Brix, 0,7% de acidez e 12,9 de relação SS/AT. A realização da poda drástica das plantas não influenciou o teor de sólidos solúveis, entretanto as podas realizadas a partir de 15 de março proporcionaram diminuição da acidez das frutas, além de maior relação SS/AT do que as plantas que não foram podadas, possivelmente em virtude da maior exposição das frutas à radiação (Tabela 11).

Tabela 11- Sólidos solúveis (SS), acidez titulável (AT) e relação SS/AT de frutas de

cultivares de morangueiro no segundo ciclo produtivo em função da data de poda. Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, 2015.

Cultivar SS (°Brix) AT (% ácido cítrico) SS/AT

Aromas 6,33 b 0,74 b 8,53 b Albion 8,51 a 0,92 a 9,29 a Data de poda 1 de Março 7,12ns 0,85 ab 8,34 ab 15 de Março 1 de Abril 7,64 7,41 0,80 bc 0,82 bc 9,64 a 8,98 a 15 de Abril 7,54 0,79 c 9,52 a Sem poda 7,39 0,90 a 8,07 b CV% 8,9 5,1 11,3

Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

ns Não significativo a 5% de probabilidade de erro.