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4 METODOLOGIA

4.1 ANÁLISES DOS IMPACTOS

Muito se falou nesse trabalho sobre as origens e os problemas da geração dos resíduos, bem como, da solução através do estimulo à reciclagem desses materiais. Tentativas de mostrar os ganhos obtidos com esta prática também foram efetuadas, mas nenhuma demonstrou com tanto detalhamento os efeitos para frente e para trás sentido ao longo da cadeia produtiva dos setores ofertantes e demandantes desses resíduos secundários. Então, para que seja possível explicitar quais as verdadeiras economias geradas direta e indiretamente na economia brasileira para o ano de 2004, advindos do consumo de matérias-primas secundárias provenientes da reciclagem de resíduos sólidos, optou-se por adotar o modelo simples com a presença de excedente, proposto por Leontief.

Esse modelo postula que o produto total de uma determinada economia é dado pela somatória do que foi consumido intermediariamente ( )m com o produto líquido da economia. ( )f , conforme abaixo descrito.

q=m+ f (9)

Dado que a Matriz Tecnológica A é a matriz dos coeficientes técnicos de produção, e cada

ij

a representa a proporção monetária fixa do produto do setor i utilizado como insumo produtivo na produção de uma unidade monetária do bem do setor j temos, conforme exposto

por Oliveira Filho (2004)13, que o consumo produtivo intermediário total de uma economia é dado pela equação abaixo:.

.

m=A q (10)

Onde:

[ j]

m= m , é o vetor de consumo produtivo intermediário total e cada m representa o valor j total do produto j consumido produtivamente em toda a economia, para todo j=1,...,n;

[ ]j

q= q , é o vetor de produto total e cada q representa o valor da produção total do setor j, j

para todoj=1,...,n;

[ ij]

A= a , é a matriz dos coeficientes tecnológicos e cada aij representa a proporção monetária do insumo i gasto na produção de uma unidade do bem do setor j, para todo i=1,...,n e

1,..., j= n;

A partir dessa relação básica serão analisados e mensurados os impactos para frente e para trás ao longo da cadeia produtiva oriundos da utilização de matérias-primas secundárias, em pretensão às matérias-primas virgens no processo produtivo. Da forma apresentada, a equação (10) permite indicar a quantidade direta, em termos monetários, de insumos (m) consumidos intermediariamente para que a produção ( q ) fosse produzida, dada uma tecnologia ( A ).

Ao introduzir o conceito de reciclagem no modelo, assumindo que os produtos que até então possuíam como destino final os aterros e/ou lixões serão reciclados, essa metodologia de análise nos permite mensurar a economia direta de insumos e recursos para o país, provenientes da parcela da produção total que retorna ao processo produtivo, num determinado ano, na forma de matéria-prima secundária. Para tal, redefini-se q como sendo

t nr pr

q=q =q +q , em que nr

q representa o vetor de produção total da economia não

13

reciclável14 e pr

q o vetor de produção total da economia reciclável no ano15. Assim, temos que:

.

t t

m =A q (11)

Como o estudo aqui proposto é estático e os valores dos vetores m e q são conhecidos e constantes, temos m como t mv ms

m =m +m , em que mv

m é o vetor de consumo intermediário, valorado em termos monetários, dos insumos primários e ms

m o vetor de consumo intermediário, valorado em termos monetários, dos insumos secundários. Admitindo-se que estes insumos sejam substitutos perfeitos, isto é, na proporção de um para um, e que qpr ≠0 , ou seja, realmente uma parcela da produção total dos setores j retorna ao ciclo produtivo devido à sua reciclagem, na forma de matéria-prima secundária, então, existe um vetor que indica a economia direta de recursos para o sistema produtivo, na medida em que este deixa de consumir insumos primários para utilizar os reciclados, antes desperdiçados em aterros e lixões.

A análise direta para trás, ou à montante, teve como base a equação abaixo descrita:

. ms pr j j m =A q (12) Onde pr j

q representa o vetor da produção total setorial que foi gerada e reciclada na economia no ano de 2004. Este vetor coluna será constituído de valores nulos em todos os setores j , com exceção daquele que apresentou alguma produção reciclada, pr 0

j

q ≠ . Já o vetor coluna

ms j

m mostra a quantidade dos insumos secundários, criados diretamente pela reciclagem da produção setorial ( pr

j

q ), que foram consumidos produtivamente na economia, ambos

14

Os produtos considerados não reciclados serão todos aqueles que devido a alguma restrição econômica e/ou técnica não são passíveis de reciclagem, estando de fora da cadeia produtiva.

15

valorados em termos monetários, dada uma tecnologia A verificada para o ano em análise – pressupondo coeficientes fixos de produção16.

Além disso, será possível efetuar uma análise de sensibilidade, propondo uma variação identificar quais os setores mais impactados diretamente pela reciclagem individual de cada produto reciclado, explicitando inclusive os valores desses impactos.

Ao contrário da análise para trás, a análise para frente, ou à jusante, nos permite indicar quais são os valores dos impactos diretos e a magnitude dos recursos poupados, valorados em termos monetários, induzidos na produção setorial total ( t

j

q ), caso os setores industriais consumam intermediariamente mais matérias-primas secundárias do que primárias. Para que estes impactos diretos sejam verificados, a matriz tecnológica A deve pós-multiplicar o vetor coluna ms

j

m que conterá valores nulos com exceção daquela matéria-prima secundária a ser consumida. Em termos matemáticos :

.

r ms

j j

q =m A (13)

Assim, a análise para frente, ou à jusante, ao longo do processo produtivo é efetuada com base na equação (13), onde qrj representa a produção total do setor j , medida em termos

monetários, derivada do consumo intermediário de matérias-primas secundárias, ms j

m , obtidas com a reciclagem de pr

j

q . Também será possível destacar os setores mais impactados diretamente e/ou indiretamente para frente, advindos do incentivo ao uso de matérias recicladas no ciclo produtivo.

Cabe ressaltar que o estudo a ser efetuado da sensibilidade dos impactos da reciclagem de resíduos tal qual exposto acima, também será realizado para avaliar os impactos ao longo da cadeia produtiva. Para isso bastará a substituição da Matriz dos Coeficientes Técnicos A pela Matriz de Impactos Diretos e Indiretos Z.

16

A hipótese de coeficientes técnicos fixos de produção se deve ao fato da análise ser estática para o ano de 2004.

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