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Fórmula 3 – Teste T de Student (Fonte: SKOOG, 2006)

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.4 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

Os resultados obtidos se encontram descritos no Quadro 8 e registrados no apêndice C.

Amostra Micro-organismos

Coliformes fecais Escherichia coli Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa

AM01 Presença Presença - Presença

AM02 Presença Presença - Presença

AM03 Presença Presença - Presença

AM04 Presença - Presença Presença

AM05 - Presença - Presença

AM06 Presença Presença Presença -

AM07 Presença Presença - Presença

AM08 - - Presença Presença

AM09 Presença Presença - Presença

AM10 Presença Presença Presença Presença

Todas as amostras apresentaram algum tipo de contaminação microbiana. Em todos os ensaios observou-se um número significativo de colônias de bactérias, estima-se a presença de mais de 106 UFC/mL em cada placa. A Farmacopeia Brasileira (2019) não determina o limite para contagem de bactérias para produtos saneantes, entretanto, pode-se ter uma estimativa comparando-se com os valores especificados para cosméticos de 5 x 103UFC/ mL.

O resultado geral acima obtido revela a falta de higiene durante o processo de fabricação e o potencial risco ao qual o consumidor está sujeito quando adquire esse tipo de produto. A ausência das Boas Práticas de Fabricação faz com que a contaminação por patógenos possa ser oriunda das matérias-primas, dos equipamentos e ambientes produtivos, dos manipuladores envolvidos e dos materiais de embalagem (Pinto et al., 2003). Essa carga microbiana pode levar ao comprometimento do desempenho do produto devido à quebra da estabilidade da formulação, alteração das características físicas e aparência, levando à inativação dos princípios ativos e excipientes da formulação.

Pinto et. al. (2003) afirma que contaminantes, especialmente, bactérias gram negativas (por exemplo: Escherichia, Pseudomonas e Salmonella) podem se multiplicar em espaços como juntas e válvulas onde ocorrem acúmulo de água e de produto ocasionando contaminação persistente e de difícil eliminação. Em áreas úmidas da produção como pias e drenos, ocorrem acúmulos e proliferação de Pseudomonas e Acinetobacter. A Pseudomonas aeuginosa por sua vez, é um patógeno oportunista em humanos e apresenta alta resistência a agentes antimicrobianos como quaternários de amônio (OLIVEIRA; CAETANO; GOMES, 2012).

A própria água utilizada como matéria-prima no processo pode ocasionar contaminações uma vez que, por se tratar de produtos clandestinos, nenhuma preocupação com a qualidade da mesma é imposta. O uso de embalagens recicladas na maioria das vezes também constitui uma fonte de contaminação.

O ar também pode ser fonte de contaminações, através de partículas de poeira e escamas de pele que são veículos de esporos bacterianos e cocos. As escamas da pele transportam contaminantes da microbiota normal como Staphylococcus aureus e dependendo da higiene dos operadores Salmonella e Escherichia coli (SIRONI, 2009).

Outro tipo de contaminação, difícil de prever, é a contaminação pós-fabricação, ocasionada durante o uso ou estocagem do produto no comércio (PINTO ET AL.2003). Uma prática muito comum pelos consumidores é a abertura das embalagens, que normalmente não apresentam lacre, para conferir o odor e aparência do produto. Este fato também representa uma provável causa de contaminação (OLIVEIRA; CAETANO; GOMES, 2012).

Segundo Pinto et. al. (2003) outros fatores podem estar envolvidos na sobrevivência e no crescimento dos microrganismos, dentre eles estão: a faixa de pH do produto, a atividade de

água, a disponibilidade de nutrientes e oxigênio, a pressão osmótica e a tensão superficial do produto são alguns dos fatores que podem dificultar e até mesmo impedir o crescimento microbiano.

Como visto, pode-se concluir que os altos níveis de contaminação observado nas amostras, em estudo, são coerentes, tendo em vista as diversas fontes possíveis de contaminantes assim como a ausência de princípios ativos nas amostras.

5.5 DETERMINAÇÃO DOS VALORES DE pH

As análises de pH foram feitas em leitura direta do produto puro e em solução aquosa de 1%. A Anvisa não estipula uma faixa específica de pH para produtos saneantes desinfetantes, cabendo ao fabricante fornecer o seu valor (ou faixa) de referência. A variação no valor de pH, fora do intervalo declarado pelo fabricante, pode comprometer estabilidade do produto e interferir na ação desinfetante (INMETRO, 2008).

De maneira geral, os produtos industriais por serem fiscalizados, normalmente apresentam valores de pH dentro de uma faixa de valores próximo à neutralidade; já os produtores clandestinos não têm esse tipo de preocupação e, muitas vezes, não possuem equipamentos para realizar tal medida e portanto são produtos que apresentam parâmetros físico-químicos muito variáveis (OLIVEIRA; CAETANO; GOMES, 2012).

Os resultados encontrados estão dispostos na tabela a seguir (Quadro 9):

Amostra pH pH 1% AM01 5,04  0,01 4,81  0,01 AM02 5,26  0,01 5,80  0,01 AM03 4,79  0,01 5,50  0,01 AM04 6,20  0,01 6,53  0,01 AM05 5,81  0,01 6,17  0,01 AM06 4,27  0,01 5,43  0,01 AM07 5,02  0,01 5,96  0,01 AM08 7,25  0,01 6,09  0,01 AM09 4,40  0,01 5,55  0,01 AM10 6,78  0,01 5,95  0,01 Média 5,48 5,78

As amostras apresentaram certa variação nos valores de pH do produto puro, variando de 4,27 a 7,25.

A RDC N°59/2010 registra que produtos de risco 2 na forma pura podem apresentar valores de pH em uma grande faixa, podendo inclusive ser igual ou menor que 2 ou maior que 11,5, para produtos cáusticos e corrosivos.

Um levantamento das informações das análises de desinfetantes realizadas em 45 amostras, no Setor de Cosméticos e Saneantes do INCQS, no período de 2003 a 2019, para produtos registrados possibilitou constatar que os valores de pH estavam dentro de uma faixa de valores próximo à neutralidade.

Observando os dados obtidos para valores de pH do produto puro e associando com os resultados das análises de contaminação biológica pode-se inferir que valores mais ácidos estão associados a proliferação de bactérias. Os desinfetantes por serem substâncias compostas, na maioria das vezes, por 90% de água e compostos orgânicos apresentam condições excelentes para crescimento e proliferação de microrganismos.

Ao realizar a medida de pH dos produtos clandestinos, verificou-se que 7 amostras apresentaram pH inferior a 6. Normalmente, isso ocorre devido à degradação anaeróbica da amostra acarretar a liberação de ácido sulfídrico e, consequentemente a diminuição do pH do produto, que é favorecida em frascos fechados (ALVES, 2014).

As amostras sendo oriundas de diferentes regiões mostraram diferentes graus de contaminação e pH, o que mostra que provavelmente os fabricantes disponham de condições de higiene totalmente diferentes.

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