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Ana Oliveira & Alexandra Baudouin

PALAVRAS-CHAVE: Educação Artística, Arte, Imaginação e criatividade, Experimentação RESUMO:

• Educação Artística e trabalhos recentes neste âmbito;

• Pesquisas efectuadas sobre experiências educativas realizadas pelo artista Bruno Munari

no campo de processos de criação que interligam a imaginação, a criatividade e a inven- ção, a que ele chamou “Laboratórios”. Estes forneciam ferramentas criativas com as quais as participantes desenvolveriam uma consciência mais livre;

• Teorias do desenvolvimento da participante, em particular a de Lev Vygotsky, autor que teorizou aspectos importantes sobre o desenvolvimento da imaginação e a promoção de interacções sociais na aprendizagem para o desenvolvimento integral da participante. A oficina/workshop que propomos tem como objectivo permitir a construção de outras formas de conhecimento e contribuir para encontrar uma expressão plástica individual.

O desenho de um programa subjacente à oficina proposta baseou-se fundamentalmente na pesquisa teórica de três áreas:

A estes contributos teóricos acrescentaram-se os de John Dewey, que colocou a participante como elemento central da educação; o conceito de estádios de desenvolvimento infantil de Jean Piaget e ainda teorizações de Gianni Rodari que salientou a imaginação e a criatividade como estímulos enriquecedores para o desenvolvimento da participante.

A partir destes marcos teóricos construiu-se um programa de educação artística que aproxima a participante da expressão livre, munindo-a de um vasto e profundo conhecimento dos mate- riais e suas características, do seu comportamento a acções e técnicas específicas, para a cria- ção de obras de linguagem plástica. Implementado em forma de oficinas o programa visa criar uma experiência estética e artística, baseando-se numa metodologia que na literatura é apon- tada como criadora do desenvolvimento de uma relação entre a sensibilidade, a fantasia, a cri- atividade, a imaginação e a curiosidade das participantes no seu percurso de desenvolvimento individual e social. É uma destas oficinas que vimos aqui propor.

A sessão de trabalho irá incidir na observação prática de exercícios para estimular a criativida- de propostos por Bruno Munari no livro, “Fantasia” (2007) sistematizado por Beba Restelli em “Giocare com il tatto” (2002) e relatados como processo de educação por Roberto Pitarello em “Il mio primo laboratorio creativo” (2009). De entre as inúmeras possibilidades incidiremos no trabalho desenvolvido com o projector de diapositivos e a maneira como a luz define a maté- ria, consequentemente a observação e compreensão dos materiais naturais e não naturais.

Este programa de educação artística baseia-se, por conseguinte, nos seguintes pressupostos:

• Apresentar um modelo de educação artística que estimula a criatividade, trabalhando a partir da imaginação.

• Apresentar detalhadamente os instrumentos e materiais, assim como o seu modo de fun- cionamento e características. • Construir uma imagem sem uso de um desenho preparatório.

• Questionar como a imagem é alterada pela luz, pela projecção e pela sua textura. • Mostrar como construir e reconstruir uma imagem.

• Analisar como uma mensagem visual é recebida.

• Despertar o interesse para a investigação e a experimentação na criação artística, já que “Pensar exige tranquilidade, persistência, seriedade, exigência, método, ciência.” (Nóvoa, 2005, p.6).

• Desenvolver no trabalho de grupo competências para a tolerância e a compreensão de personalidades diferentes.

No decurso da realização da oficina será possível realizar o processo de análise do todo para o pormenor, nos elementos expressivos, criando a possibilidade de observação de uma dada imagem como se contemplada ao microscópio. Analisando e debatendo, defendendo as escolhas dos materiais, inverte-se o movimento inicial, do pormenor para o geral.

Acredita-se que um programa de educação artística que abrange várias áreas do conhecimento humano e que respeita o processo de pensamento individual conduz a realizações sérias, criativas e enriquecedoras do processo de educação de participantes e jovens. PLANEAMENTO:

• Duração da sessão: 1h 30 minutos;

• Temática: A luz - OFICINA DAS TRANSPARÊNCIAS • Grupos de 8 a 10 participantes

LOCAL: a definir.

Necessidades básicas: mesas e lugares sentados para 8 participantes. Mesas dispostas em ilha rectangular. Tela de projecção para uso de projector de slides. Tomada eléctrica. Possibilidade de criar momentos de penumbra no local da oficina.

PROGRAMA:

Explorar como funciona e de que forma pode a luz alterar o aspecto dos materiais. Aprender a manobrar um objecto técnico e através da exploração das transparências e as opacidades dos materiais construir imagens.

Passo a passo:

Em primeiro lugar é apresentada a “máquina” – projector de diapositivos – como funciona e o comportamento do feixe de luz. De seguida apresenta-se os materiais disponíveis para traba- lhar e demonstra-se como se manipulam os caixilhos de diapositivos. É então que os partici- pantes são convidados a explorar e construir o seu diapositivo com os materiais por si eleitos.

A lista de materiais é extensa e vai desde o grão de arroz, ao fio de lã, pena de ave, floco de aveia, papel de celofane, cola, casca de cebola... etc.

Segue-se então a projecção de todos os diapositivos construídos. Os primeiros resultados são acidentais. Cada participante é convidado a falar livremente da sua (ou de outra) imagem pro- jectada, sendo convidado a dizer ao grupo que materiais colocou no caixilho, o comportamen- to destes face à luz (graus de opacidade e transparência) e o que a imagem projectada lhe faz lembrar (o que vê de novo ou de estranho). Estes são os mecanismos para criação de compe- tências técnicas, estímulo da criatividade e pensamento livre. No fluir do laboratório as imagens invocam cenários e com elas podemos construir histórias, criando narrativas colectivas a partir de estímulos visuais. É então que os participantes são convidados a escolher imagens ordenando-as e conjuntamente construir uma história, desen- volvendo assim no trabalho de grupo competências para a tolerância e a compreensão de vá- rias personalidades individuais. Referências: http://munarinspiration.wordpress.com/of

BIBLIOGRAFIA

Dewey, J. (2002). A Escola e a sociedade e A participante e o currículo. Relógio d’Água Editores, Lis- boa.

Fontes, A. e Freixo, O. (2004). Vygotsky e a aprendizagem cooperativa. Livros Horizonte, Lisboa. Jaquith, D. (2011). “When is creativity? Intrinsic motivation and autonomy in children’s artmaking”.

Art Education. Vol. 64, No.1, p. 14-19.

Munari, B. (2007). Fantasia. Edições 70, Lisboa.

Nóvoa, A. (2005). Evidentemente. Histórias da educação. ASA Editores, Lisboa.

Pitarello, R. (2009). Il mio primo laboratorio creativo. La Scuola del Fare, Castelfranco veneto, Italia.

Restelli, B. (2002). Giocare con il tatto - Per una educazione plurisensoriale secondo il metodo Bruno Munari. Franco Angeli, Milão. Rodari, G. (2006). Gramática da Fantasia. Editorial Caminho, Lisboa.

Sprinthall, N. A. & Sprinthall, R. C. (1993). Psicologia educacional. McGRAW-HILL, Portugal. Vygotsky, L. (2009). A Imaginação e arte na infância. Relógio d’Água Editores, Lisboa.

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