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Na realização dos perfis de resistividade para a detecção da interface água doce/água salgada, procurou-se um local próximo da linha de costa, relevo o mais aplanado possível e afastado de habitações ou explorações agrícolas. A zona escolhida para o efeito foi a secção NW de Aguçadoura.

A localização dos pontos onde se realizaram os perfis de resistividade está marcada na figura 4.31.

Figura 4.31: Localização dos pontos onde se realizaram os perfis de resistividade.

No ponto P.R.1 realizou-se um perfil de resistividade com um

espaçamento, entre os electrodos, de 1 metro. Avançando alguns metros para interior, tem-se o ponto P.R.2 com um espaçamento entre os electrodos de 2 metros. Por último o ponto P.R.3, onde se realizou -se um perfil de

resistividade, para espaçamentos entre os electrodos de 2 metros, 4 metros e 5 metros, respectivamente.

Figura 4.32: Perfil de resistividade aparente 1 (P.R.1).

Figura 4.34: Perfil de resistividade aparente 3 (P.R.3) com espaçamento de 2 metros.

Figura 4.35: Perfil de resistividade aparente 3 (P.R.3) com espaçamento de 4 metros.

Figura 4.36: Perfil de resistividade aparente 3 (P.R.3) com espaçamento de 5 metros.

Analisando estes perfis, conclui-se que à medida que se avança para interior, a água salgada deverá ocorrer para profundidades superiores a 24 metros, logo o mecanismo de intrusão salina não parece um caso importante.

Conclusões

O estudo da qualidade das águas subterrâneas do aquífero livre da

Zona Vulnerável nº 1 (Esposende – Vila do Conde) pós em destaque a

contaminação destas águas resultante, pelo menos em parte, da agricultura intensiva que aí se pratica. A textura dos solos agrícolas da região proporciona permeabilidades elevadas que favorecem a percolação das águas de rega até à zona saturada, arrastando consigo os fertilizantes adicionados aos solos. Nestas condições, a composição das águas subterrâneas está essencialmente controlada pela prática agrícola, acabando por apresentarem mineralizações muito superiores ao que seria espectável, tendo em conta o contexto geológico em que ocorrem. Teores anormalmente elevados de alguns constituintes como o cálcio, o magnésio, os sulfatos e os nitratos, não podem ser explicados por

processos naturais, nomeadamente a interacção água – rocha, havendo

necessidade de considerar influências antropicas. Não obstante a proximidade ao mar, a mineralização das águas subterrâneas em estudo não parece estar condicionada de forma significativa pelos sais marinhos, quer através de aerossóis atmosféricos, quer por meio da intrusão salina.

Em síntese, as águas do aquífero livre em estudo apresentam, de um modo geral, elevado perigo de salinização dos solos e mostram-se pouco adequadas à prática agrícola. A situação apresentada pode-se agravar com o prolongar do tempo se a situação, não for investigada com mais pormenor em futuros estudos.

De forma a salvaguardar os recursos hídricos e a continuidade da prática agrícola na região em estudo, propõe-se as seguintes sugestões de mitigação para a região em estudo:

o a adopção de boas práticas agrícolas, concretamente as relacionadas com a fertilização dos solos, minimizando o impacto já verificável ou na melhor das hipóteses, reverter o processo de degradação da qualidade das águas subterrâneas, sem impacto significativo sobre a produtividade agrícola;

o a alteração da textura quase exclusivamente arenosa dos solos, pela adição de componentes mais finos, aumentaria a capacidade da reserva utilizável, diminuindo a frequência da rega e a quantidade de água gravítica;

o a aplicação no sistema de rega do método gota a gota, havendo com isso poupança no consumo de água e energia, prevenindo desperdícios e aumentando a eficácia na produção;

o a monitorização periódica das captações e solos subjacentes;

o a realização de campanhas de sensibilização entre a comunidade agrícola e estudantil, para que haja uma maior compreensão e conhecimento acerca do problema apresentado na região em estudo.

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